Bota fora de Nhô Chico
Cornélio Pires
Caiu
Nhô Chico morto, ao fim
da janta,
Papou tatu ervado e foi
caipora.
O
povo segue o enterro,
reza e chora:
-
“Coitado de Nhô Chico
Couro D’Anta!”
O
avarento vivia de
penhora.
Sovinaria nele era já
tanta,
Que
engastalhava o cuspe na
garganta
Com
pena de jogar o cuspe
fora...
Mas
Nhô Chico sabia tanto
ensino!
Assunto o céu sereno e
não atino
Por
onde sobe ele e se
agasalha...
Pasmo, vejo o caixão
roxinho perto;
Nhô
Chico está no corpo, de
olho esperto,
Caçando aflito um bolso
na mortalha...
Do livro O espírito
de Cornélio Pires,
obra mediúnica
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier.
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