O dízimo e a Casa
Espírita
O dízimo já era
praticado antes da vinda
de Jesus. Encontra-se
muito claro no Antigo
Testamento e
significava a décima
parte consagrada a Deus.
A Lei requeria que a
décima parte do grão, do
vinho, do azeite
produzido a cada ano,
assim como os
primogênitos dos
rebanhos e das manadas,
e de tudo mais que se
produzisse, fosse
entregue aos levitas e
sacerdotes, com o
objetivo de manterem os
templos em
funcionamento. Podemos
constatar essa prática
no Pentateuco: terceiro
livro (Levítico,
27:30-32), no quinto
livro (Deuteronômio,
14:22), e ainda em
Neemias, 10:32, nos
livros históricos.
O interessante, ao
abordarmos essa questão,
é percebermos que Jesus
não o condenou, mas foi
além ao dizer: “Ai de
vós, escribas e fariseus
hipócritas! Pois que
pagais o dízimo da
hortelã, do endro e do
cominho, e desprezais o
mais importante da lei:
a justiça, a
misericórdia e a fé;
devíeis, porém, fazer
estas sem omitir
aquelas”. (Mateus,
23:23.)
O que podemos aferir
dessa advertência de
Jesus é que Ele, em
momento algum, criticou
ou proibiu a ajuda
monetária à manutenção
dos templos, mas
cobrava, sim, o
cumprimento da Lei de
Amor, convidando todos
ao exercício da
beneficência, da
indulgência e do perdão.
Vivendo em um mundo
material, não ignorava
as necessidades básicas
para a sobrevivência do
que quer que fosse
material – templo ou
corpo físico.
E se isso era verdadeiro
na época de Jesus, muito
mais o é hoje. Assim, se
transportarmos tudo isso
para a Casa Espírita,
independentemente de sua
dimensão ou complexidade
de funcionamento,
perceberemos, sem
qualquer sombra de
dúvida, que os recursos
financeiros são
fundamentais para que
ela se mantenha de
portas abertas.
Cada Casa Espírita
possui uma dinâmica de
trabalho e sabe do que
necessita para atender
às suas necessidades.
Por essa razão, cabe a
cada um de nós que
frequentamos o grupo,
contribuir
espontaneamente, no
limite de nossas posses
(financeiramente ou
tempo disponível) – o
óbolo da viúva é o mais
claro exemplo –, para a
manutenção desses
prontos-socorros em
funcionamento, voltados
para o atendimento aos
necessitados do corpo e
da alma, como já
estivemos um dia.
Todavia, é de suma
importância não
confundirmos atividades
destinadas à manutenção
física da instituição
com a cobrança pela
assistência espiritual,
envolvendo o passe
magnético, as reuniões
mediúnicas de
desobsessão ou a venda
de água magnetizada, por
exemplo. Qualquer
atividade de assistência
espiritual que envolva o
concurso dos Espíritos
deve ser totalmente
gratuita, lembrando a
assertiva de Jesus aos
discípulos: “Curai os
enfermos, expeli os
demônios; dai de graça o
que de graça
recebestes”.
Mas, também, é que a
venda de quadros,
elaborados nas reuniões
de pintura mediúnica e a
de livros psicografados
são sempre revertidas –
independentemente dos
custos materiais que
eles envolvem para suas
elaborações – para as
obras de assistência
social que a instituição
desenvolve. É difícil
imaginar uma casa
espírita sem seu braço
social, porque contraria
um dos pilares da
Doutrina Espírita: Fora
da caridade não há
salvação. Ambas as
formas de assistência
devem seguir paralelas
em atendimento à saúde
integral do homem: pão
para o corpo, pão para o
Espírito.
Com a afirmação que faz
e o preceito que
estabelece, o Mestre
determina que não se
deve cobrar por aquilo
por que nada se pagou. O
dom de curar, de afastar
os Espíritos não
evangelizados, de levar
alívio aos que sofrem,
tudo isso foi dado de
graça por Deus.
Como colocar preço no
sorriso que recebe o
assistido na casa de
Jesus? A entrevista que
orienta e alivia, a
palestra que consola,
esclarece e reconforta,
o passe que acalma,
minimiza e cura a dor,
como cobrar por isso?
Não se pode, porque não
se pode colocar preço no
que emana do coração.
Mas, diferentemente do
dízimo obrigatório, o
espírita não deveria se
furtar a colaborar
materialmente com a Casa
que o acolhe e lhe
proporciona as
oportunidades de
trabalho para sua
elevação espiritual,
doando um pouco do muito
que recebe todos os dias
– em atendimento ao
convite de Jesus – e
ajudar, pois toda
colaboração é muito
bem-vinda se vier em
nome do Mestre de todos
nós.