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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 423 - 19 de Julho de 2015

LEDA MARIA FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)

 

  

O dízimo e a Casa Espírita


O dízimo já era praticado antes da vinda de Jesus. Encontra-se muito claro no Antigo Testamento e significava a décima parte consagrada a Deus. A Lei requeria que a décima parte do grão, do vinho, do azeite produzido a cada ano, assim como os primogênitos dos rebanhos e das manadas, e de tudo mais que se produzisse, fosse entregue aos levitas e sacerdotes, com o objetivo de manterem os templos em funcionamento. Podemos constatar essa prática no Pentateuco: terceiro livro (Levítico, 27:30-32), no quinto livro (Deuteronômio, 14:22), e ainda em Neemias, 10:32, nos livros históricos.

O interessante, ao abordarmos essa questão, é percebermos que Jesus não o condenou, mas foi além ao dizer: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pois que pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e desprezais o mais importante da lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas sem omitir aquelas”. (Mateus, 23:23.)

O que podemos aferir dessa advertência de Jesus é que Ele, em momento algum, criticou ou proibiu a ajuda monetária à manutenção dos templos, mas cobrava, sim, o cumprimento da Lei de Amor, convidando todos ao exercício da beneficência, da indulgência e do perdão. Vivendo em um mundo material, não ignorava as necessidades básicas para a sobrevivência do que quer que fosse material – templo ou corpo físico.

E se isso era verdadeiro na época de Jesus, muito mais o é hoje. Assim, se transportarmos tudo isso para a Casa Espírita, independentemente de sua dimensão ou complexidade de funcionamento, perceberemos, sem qualquer sombra de dúvida, que os recursos financeiros são fundamentais para que ela se mantenha de portas abertas.

Cada Casa Espírita possui uma dinâmica de trabalho e sabe do que necessita para atender às suas necessidades. Por essa razão, cabe a cada um de nós que frequentamos o grupo, contribuir espontaneamente, no limite de nossas posses (financeiramente ou tempo disponível) – o óbolo da viúva é o mais claro exemplo –, para a manutenção desses prontos-socorros em funcionamento, voltados para o atendimento aos necessitados do corpo e da alma, como já estivemos um dia.

Todavia, é de suma importância não confundirmos atividades destinadas à manutenção física da instituição com a cobrança pela assistência espiritual, envolvendo o passe magnético, as reuniões mediúnicas de desobsessão ou a venda de água magnetizada, por exemplo. Qualquer atividade de assistência espiritual que envolva o concurso dos Espíritos deve ser totalmente gratuita, lembrando a assertiva de Jesus aos discípulos: “Curai os enfermos, expeli os demônios; dai de graça o que de graça recebestes”.

Mas, também, é que a venda de quadros, elaborados nas reuniões de pintura mediúnica e a de livros psicografados são sempre revertidas – independentemente dos custos materiais que eles envolvem para suas elaborações – para as obras de assistência social que a instituição desenvolve. É difícil imaginar uma casa espírita sem seu braço social, porque contraria um dos pilares da Doutrina Espírita: Fora da caridade não há salvação. Ambas as formas de assistência devem seguir paralelas em atendimento à saúde integral do homem: pão para o corpo, pão para o Espírito.

Com a afirmação que faz e o preceito que estabelece, o Mestre determina que não se deve cobrar por aquilo por que nada se pagou. O dom de curar, de afastar os Espíritos não evangelizados, de levar alívio aos que sofrem, tudo isso foi dado de graça por Deus.

Como colocar preço no sorriso que recebe o assistido na casa de Jesus? A entrevista que orienta e alivia, a palestra que consola, esclarece e reconforta, o passe que acalma, minimiza e cura a dor, como cobrar por isso? Não se pode, porque não se pode colocar preço no que emana do coração. Mas, diferentemente do dízimo obrigatório, o espírita não deveria se furtar a colaborar materialmente com a Casa que o acolhe e lhe proporciona as oportunidades de trabalho para sua elevação espiritual, doando um pouco do muito que recebe todos os dias – em atendimento ao convite de Jesus – e ajudar, pois toda colaboração é muito bem-vinda se vier em nome do Mestre de todos nós.

 
 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita