Jesus de Nazaré, um
personagem especial
Aconteceu há dois mil
anos. Nasceu uma criança
diferente que
surpreendeu a todos.
Quando aos 13 anos,
conversava com os sábios
da igreja de então
coisas que somente os
doutores da lei
discutiam, com sabedoria
e profundidade.
Aos 30 anos começou uma
caminhada que operou a
mudança de nossa
história, dividindo-a em
antes e depois de
Cristo. A
única referência de
Jesus era ele próprio,
um personagem especial,
nunca visto antes. Filho
de um carpinteiro e de
uma dona de casa, que
estudou numa espécie de
convento da época. Ele
nunca escreveu um
livro, mas escreveu
algumas palavras no
chão, diante da mulher
acusada de
adultério; não comandou
um exército, mas foi
temido pelo rei Herodes.
Não se preocupou
em ocupar um cargo
político, mas conquistou
muitos seguidores.
Jamais teve uma
propriedade, os peixes e
pães foram doados, o
jumento cedido para
entrar triunfante na
cidade, o barco onde
levou suas riquezas –
seus ensinamentos – era
dos amigos pescadores e,
por fim, o seu túmulo
foi emprestado por José
de Arimateia. O que era
dele e fez questão de
carregar foi sua cruz,
como marco de uma nova
maneira de viver, com
perdão incondicional e
amor até mesmo aos
inimigos.
Jesus
costumava viajar afastando-se
somente alguns
quilômetros do seu
vilarejo,
atraindomultidõesimpressionadascomsuas
palavras esclarecedoras,
provocativas e
misteriosas, usadas nas
parábolas. E com seus
feitos de curas e
recuperação de doentes e
doenças, sem nunca usar
medicamentos. Sabe-se de
uma vez em que teria
usado cuspe para molhar
a poeira do chão e curar
um cego.
Apesar de não sair de
seu Estado, a projeção
de Jesus de Nazaré
extrapolou fronteiras e
fez divisão no mundo,
entre muitas crenças,
pelas suas palavras
firmes, pelas críticas
mordazes a autoridades
dogmáticas, e pela
poesia de seu sermão da
montanha, cujas
mensagens só seriam
decifradas
posteriormente: "Bem-aventurados
os puros de coração
porque eles verão a
Deus, bem-aventurados os
mansos e pacíficos
porque herdarão a Terra"
– só a reencarnação
poderia explicar tais
afirmativas positivas do
Mestre.
Muitos dos sábios e
profetas passaram. Jesus
foi o foco de milhares
de teses, estudos e
livros, muitos numa
controvérsia sem-fim.
Para mim, entre esses
livros, o que melhor
definiu as lições do
homem que nasceu em
Belém é O Evangelho
segundo o Espiritismo,
conceituando sua moral e
explicando os princípios
da vida espiritual, a
reencarnação, a
pluralidade de mundos
habitados, a comunicação
com os Espíritos, as
desigualdades sociais, a
justiça e o
amor-caridade como
salvação das criaturas.
Arnaldo Divo Rodrigues
de Camargo é
editor da Editora EME,
com especialização em
dependência química.