Regilda Medeiros, de Roterdã,
Holanda, em carta publicada
nesta mesma edição,
pergunta-nos: - Quem foi
Daniel Dunglas Home?
Nascido em Currie, perto de
Edimburgo, na Escócia, em
março de 1833, Home, que
faleceu em junho de 1886,
aos 53 anos de idade, é
considerado com inteira
razão um dos maiores médiuns
de efeitos físicos da
história do Espiritismo.
Allan Kardec a ele se
referiu em dois longos
artigos publicados na
Revue Spirite.
No primeiro, publicado em
fevereiro de 1858, quando
Home ainda não havia
completado 25 anos de idade,
o codificador do Espiritismo
escreveu:
"O Senhor Daniel Dunglas
Home nasceu em 15 de março
de 1833, perto de Edimburgo
(Escócia). Tem, pois, hoje,
24 anos. Descende da antiga
e nobre família dos Douglas
da Escócia, outrora
soberana. É um jovem de
talhe mediano, louro, cuja
fisionomia melancólica nada
tem de excêntrico; é de
compleição muito delicada,
de costumes simples e
suaves, de um caráter afável
e benevolente sobre o qual o
contato das grandezas não
lançou nem arrogância e nem
ostentação. Dotado de uma
excessiva modéstia, jamais
exibiu a sua maravilhosa
faculdade, jamais falou de
si mesmo, e se, na expansão
da intimidade, conta coisas
que lhe são pessoais, é com
simplicidade, e jamais com a
ênfase própria das pessoas
com as quais a malevolência
procura compará-lo. Vários
fatos íntimos, que são do
nosso conhecimento pessoal,
provam nele nobres
sentimentos e uma grande
elevação de alma; nós o
constatamos com tanto maior
prazer quanto se conhece a
influência das disposições
morais sobre a natureza das
manifestações.
O Senhor Home é um médium do
gênero daqueles que produzem
manifestações ostensivas,
sem excluir, por isso, as
comunicações inteligentes;
mas as suas predisposições
naturais lhe dão, para as
primeiras, uma aptidão mais
especial. Sob a sua
influência, os mais
estranhos ruídos se fazem
ouvir, o ar se agita, os
corpos sólidos se movem, se
erguem, se transportam de um
lugar a outro através do
espaço, instrumentos de
música fazem ouvir sons
melodiosos, seres do mundo
extracorpóreo aparecem,
falam, escrevem e,
frequentemente, vos abraçam
até causar dor. Ele mesmo
foi visto, várias vezes, em
presença de testemunhas
oculares, elevado sem
sustentação a vários metros
de altura.
Do que nos foi ensinado
sobre a classe dos Espíritos
que produzem, em geral,
essas espécies de
manifestações, não seria
preciso disso concluir que o
Sr. Home não está em relação
senão com a classe ínfima do
mundo espírita. Seu caráter
e as qualidades morais que o
distinguem, devem, ao
contrário, granjear-lhe a
simpatia dos Espíritos
Superiores; ele não é, para
esses últimos, senão um
instrumento destinado a
abrir os olhos dos cegos por
meios enérgicos, sem estar,
por isso, privado de
comunicações de uma ordem
mais elevada. É uma missão
que aceitou; missão que não
está isenta nem de
tribulações e nem de
perigos, mas que cumpre com
resignação e perseverança,
sob a égide do Espírito de
sua mãe, seu verdadeiro anjo
guardião.
A causa das manifestações do
senhor Home é inata nele;
sua alma, que parece não
prender-se ao corpo senão
por fracos laços, tem mais
afinidade pelo mundo
espírita do que pelo mundo
corpóreo; por isso ela se
prepara sem esforços, e
entra, mais facilmente que
em outros, em comunicação
com os seres invisíveis.
Essa faculdade se revelou
nele desde a mais tenra
infância. Com a idade de
seis meses, seu berço se
balançava inteiramente
sozinho, na ausência de sua
babá, e mudava de lugar. Nos
seus primeiros anos, era tão
débil que tinha dificuldade
para se sustentar; sentado
sobre um tapete, os
brinquedos que não podia
alcançar, vinham, eles
mesmos, colocar-se ao seu
alcance. Com três anos teve
as suas primeiras visões,
mas não lhes conservou a
lembrança. Tinha nove anos
quando sua família foi se
fixar nos Estados Unidos; aí
os mesmos fenômenos
continuaram com uma
intensidade crescente, à
medida que avançava em
idade, mas a sua reputação,
como médium, não se
estabeleceu senão em 1850,
por volta da época em que as
manifestações espíritas
começaram a se tornar
populares nesse país. Em
1854, veio para a Itália,
nós o dissemos, por sua
saúde; espanta Florença e
Roma com verdadeiros
prodígios. Convertido à fé
católica, nessa última
cidade, tomou a obrigação de
romper as suas relações com
o mundo dos Espíritos.
Durante um ano, com efeito,
seu poder oculto parece
tê-lo abandonado; mas como
esse poder estava acima de
sua vontade, ao cabo desse
tempo, assim como lhe havia
anunciado o Espírito de sua
mãe, as manifestações se
produziram com uma nova
energia. Sua missão estava
traçada; deveria
distinguir-se entre aqueles
que a Providência escolheu
para nos revelar, por sinais
patentes, a força que domina
todas as grandezas humanas.
Para o senhor Home, os
fenômenos se manifestam,
algumas vezes,
espontaneamente, no momento
em que menos são esperados.
O fato seguinte, tomado
entre mil, disso é uma
prova. Desde há mais de
quinze dias, o senhor Home
não tinha podido obter
nenhuma manifestação,
quando, estando a almoçar na
casa de um dos seus amigos,
com duas ou três pessoas do
seu conhecimento, os golpes
se fazem súbito ouvir nas
paredes, nos móveis e no
teto. Parece, disse, que
voltaram. O senhor Home,
nesse momento, estava
sentado no sofá com um
amigo. Um doméstico traz a
bandeja de chá e se apressa
em colocá-la sobre a mesa,
situada no meio do salão;
esta, embora fosse pesada,
se eleva subitamente e se
destaca do solo em 20 a 30
centímetros de altura, como
se tivesse sido atraída pela
bandeja; apavorado, o criado
deixa-a escapar, e a mesa,
de pulo, se atira em direção
do sofá e vem cair diante do
senhor Home e seu amigo, sem
que nada do que estava em
cima tivesse se desarrumado.
Esse fato, sem contradita,
não é o mais curioso
daqueles que teríamos a
relatar, mas apresenta essa
particularidade, digna de
nota, de ter-se produzido
espontaneamente, sem
provocação, num círculo
íntimo, onde nenhum dos
assistentes, cem vezes
testemunhas de fatos
semelhantes, tinha
necessidade de novos
testemunhos; seguramente,
não era o caso para o Senhor
Home de mostrar as suas
habilidades, se habilidades
havia." (Revue Spirite,
fevereiro de 1858.)
Na Revue Spirite de
setembro de 1863, Kardec
voltou a focalizar o grande
médium.
Um dos grandes pesquisadores
dos fenômenos espíritas e
cientista renomado, Sir
William Crookes, que também
presenciou fatos produzidos
pela mediunidade do Sr.
Home, aludindo ao médium,
declarou o seguinte:
“Jamais observei o mínimo
caso que me pudesse fazer
supor que ele enganasse. Era
muito escrupuloso e não
desaprovava que se tomassem
precauções contra a fraude.
Muitas vezes, mesmo, antes
de uma sessão, me dizia ele:
‘Procedei como se eu fosse
um prestidigitador, disposto
a enganar-vos; tomai todas
as precauções que a meu
respeito puderdes imaginar,
e não vos preocupeis com o
meu amor-próprio. Quanto
mais severas forem essas
precauções, mais evidente se
tornará a realidade dos
fenômenos’.” (No
Invisível, 3ª Parte. XXV - O
martirológio dos médiuns.)
Sobre o Sr. Home, sugerimos
aos interessados que leiam
também os textos seguintes,
disponíveis na internet:
http://www.feparana.com.br/biografia.php?cod_biog=65
http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/biografias/williancrookes.html
http://www.oconsolador.com.br/ano8/397/classicosdoespiritismo.html
http://www.oconsolador.com.br/ano3/108/estudandoasobrasdekardec.html
Seria igualmente importante
que vissem e ouvissem o
depoimento que o estimado
orador e médium Divaldo
Franco deu a respeito das
faculdades mediúnicas e do
trabalho realizado por
Daniel Dunglas Home. Eis o
link que remete ao vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=osmMIv354_I
Esperamos que as informações
acima satisfaçam à
curiosidade da leitora que
nos escreveu.
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