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O Espiritismo responde
Ano 9 - N° 424 - 26 de Julho de 2015
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 
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ESPIRITISMO SÉCULO XXI
 


 
Regilda Medeiros, de Roterdã, Holanda, em carta publicada nesta mesma edição, pergunta-nos: - Quem foi Daniel Dunglas Home?

Nascido em Currie, perto de Edimburgo, na Escócia, em março de 1833, Home, que faleceu em junho de 1886, aos 53 anos de idade, é considerado com inteira razão um dos maiores médiuns de efeitos físicos da história do Espiritismo.

Allan Kardec a ele se referiu em dois longos artigos publicados na Revue Spirite.

No primeiro, publicado em fevereiro de 1858, quando Home ainda não havia completado 25 anos de idade, o codificador do Espiritismo escreveu:

"O Senhor Daniel Dunglas Home nasceu em 15 de março de 1833, perto de Edimburgo (Escócia). Tem, pois, hoje, 24 anos. Descende da antiga e nobre família dos Douglas da Escócia, outrora soberana. É um jovem de talhe mediano, louro, cuja fisionomia melancólica nada tem de excêntrico; é de compleição muito delicada, de costumes simples e suaves, de um caráter afável e benevolente sobre o qual o contato das grandezas não lançou nem arrogância e nem ostentação. Dotado de uma excessiva modéstia, jamais exibiu a sua maravilhosa faculdade, jamais falou de si mesmo, e se, na expansão da intimidade, conta coisas que lhe são pessoais, é com simplicidade, e jamais com a ênfase própria das pessoas com as quais a malevolência procura compará-lo. Vários fatos íntimos, que são do nosso conhecimento pessoal, provam nele nobres sentimentos e uma grande elevação de alma; nós o constatamos com tanto maior prazer quanto se conhece a influência das disposições morais sobre a natureza das manifestações.

O Senhor Home é um médium do gênero daqueles que produzem manifestações ostensivas, sem excluir, por isso, as comunicações inteligentes; mas as suas predisposições naturais lhe dão, para as primeiras, uma aptidão mais especial. Sob a sua influência, os mais estranhos ruídos se fazem ouvir, o ar se agita, os corpos sólidos se movem, se erguem, se transportam de um lugar a outro através do espaço, instrumentos de música fazem ouvir sons melodiosos, seres do mundo extracorpóreo aparecem, falam, escrevem e, frequentemente, vos abraçam até causar dor. Ele mesmo foi visto, várias vezes, em presença de testemunhas oculares, elevado sem sustentação a vários metros de altura.

Do que nos foi ensinado sobre a classe dos Espíritos que produzem, em geral, essas espécies de manifestações, não seria preciso disso concluir que o Sr. Home não está em relação senão com a classe ínfima do mundo espírita. Seu caráter e as qualidades morais que o distinguem, devem, ao contrário, granjear-lhe a simpatia dos Espíritos Superiores; ele não é, para esses últimos, senão um instrumento destinado a abrir os olhos dos cegos por meios enérgicos, sem estar, por isso, privado de comunicações de uma ordem mais elevada. É uma missão que aceitou; missão que não está isenta nem de tribulações e nem de perigos, mas que cumpre com resignação e perseverança, sob a égide do Espírito de sua mãe, seu verdadeiro anjo guardião.

A causa das manifestações do senhor Home é inata nele; sua alma, que parece não prender-se ao corpo senão por fracos laços, tem mais afinidade pelo mundo espírita do que pelo mundo corpóreo; por isso ela se prepara sem esforços, e entra, mais facilmente que em outros, em comunicação com os seres invisíveis. Essa faculdade se revelou nele desde a mais tenra infância. Com a idade de seis meses, seu berço se balançava inteiramente sozinho, na ausência de sua babá, e mudava de lugar. Nos seus primeiros anos, era tão débil que tinha dificuldade para se sustentar; sentado sobre um tapete, os brinquedos que não podia alcançar, vinham, eles mesmos, colocar-se ao seu alcance. Com três anos teve as suas primeiras visões, mas não lhes conservou a lembrança. Tinha nove anos quando sua família foi se fixar nos Estados Unidos; aí os mesmos fenômenos continuaram com uma intensidade crescente, à medida que avançava em idade, mas a sua reputação, como médium, não se estabeleceu senão em 1850, por volta da época em que as manifestações espíritas começaram a se tornar populares nesse país. Em 1854, veio para a Itália, nós o dissemos, por sua saúde; espanta Florença e Roma com verdadeiros prodígios. Convertido à fé católica, nessa última cidade, tomou a obrigação de romper as suas relações com o mundo dos Espíritos. Durante um ano, com efeito, seu poder oculto parece tê-lo abandonado; mas como esse poder estava acima de sua vontade, ao cabo desse tempo, assim como lhe havia anunciado o Espírito de sua mãe, as manifestações se produziram com uma nova energia. Sua missão estava traçada; deveria distinguir-se entre aqueles que a Providência escolheu para nos revelar, por sinais patentes, a força que domina todas as grandezas humanas.

Para o senhor Home, os fenômenos se manifestam, algumas vezes, espontaneamente, no momento em que menos são esperados. O fato seguinte, tomado entre mil, disso é uma prova. Desde há mais de quinze dias, o senhor Home não tinha podido obter nenhuma manifestação, quando, estando a almoçar na casa de um dos seus amigos, com duas ou três pessoas do seu conhecimento, os golpes se fazem súbito ouvir nas paredes, nos móveis e no teto. Parece, disse, que voltaram. O senhor Home, nesse momento, estava sentado no sofá com um amigo. Um doméstico traz a bandeja de chá e se apressa em colocá-la sobre a mesa, situada no meio do salão; esta, embora fosse pesada, se eleva subitamente e se destaca do solo em 20 a 30 centímetros de altura, como se tivesse sido atraída pela bandeja; apavorado, o criado deixa-a escapar, e a mesa, de pulo, se atira em direção do sofá e vem cair diante do senhor Home e seu amigo, sem que nada do que estava em cima tivesse se desarrumado. Esse fato, sem contradita, não é o mais curioso daqueles que teríamos a relatar, mas apresenta essa particularidade, digna de nota, de ter-se produzido espontaneamente, sem provocação, num círculo íntimo, onde nenhum dos assistentes, cem vezes testemunhas de fatos semelhantes, tinha necessidade de novos testemunhos; seguramente, não era o caso para o Senhor Home de mostrar as suas habilidades, se habilidades havia." (Revue Spirite, fevereiro de 1858.)

Na Revue Spirite de setembro de 1863, Kardec voltou a focalizar o grande médium.

Um dos grandes pesquisadores dos fenômenos espíritas e cientista renomado, Sir William Crookes, que também presenciou fatos produzidos pela mediunidade do Sr. Home, aludindo ao médium, declarou o seguinte:

“Jamais observei o mínimo caso que me pudesse fazer supor que ele enganasse. Era muito escrupuloso e não desaprovava que se tomassem precauções contra a fraude. Muitas vezes, mesmo, antes de uma sessão, me dizia ele: ‘Procedei como se eu fosse um prestidigitador, disposto a enganar-vos; tomai todas as precauções que a meu respeito puderdes imaginar, e não vos preocupeis com o meu amor-próprio. Quanto mais severas forem essas precauções, mais evidente se tornará a realidade dos fenômenos’.” (No Invisível, 3ª Parte. XXV - O martirológio dos médiuns.)

Sobre o Sr. Home, sugerimos aos interessados que leiam também os textos seguintes, disponíveis na internet:

http://www.feparana.com.br/biografia.php?cod_biog=65

http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/biografias/williancrookes.html

http://www.oconsolador.com.br/ano8/397/classicosdoespiritismo.html

http://www.oconsolador.com.br/ano3/108/estudandoasobrasdekardec.html

Seria igualmente importante que vissem e ouvissem o depoimento que o estimado orador e médium Divaldo Franco deu a respeito das faculdades mediúnicas e do trabalho realizado por Daniel Dunglas Home. Eis o link que remete ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=osmMIv354_I

Esperamos que as informações acima satisfaçam à curiosidade da leitora que nos escreveu.
 

 


 
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