GEBALDO JOSÉ DE
SOUSA
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás
(Brasil)
|
|
Omissões
“Não sois
máquinas! Homens
é que sois.
Mais do que
máquina,
precisamos de
humanidade; mais
do que
inteligência,
precisamos de
afeição e
doçura.
Lutemos por um
mundo novo (...)
Um mundo bom que
a todos assegure
o ensejo de
trabalho, que dê
futuro à
mocidade e
segurança à
velhice.” –
Charles Chaplin,
Último Discurso
(O Grande
Ditador).
Vivemos tempos
de angústias, de
estraçalhamentos
da alma, nos
quais
presenciamos,
com absoluta
indiferença uns,
com muda
inquietação e
sentimento de
impotência
outros, a dor do
próximo, seja a
de irmão carnal
ou a de
companheiro de
trabalho, seja a
de familiar,
amigo ou
vizinho.
Uns veem e
fingem não ver,
outros veem,
aparentemente
sem meios de
amenizar a dor,
de estender mãos
aos caídos. À
nossa volta,
muitos vivem
dramas
dolorosos, vidas
preciosas se
estiolam.
Dentre esses
dramas,
destacam-se os
que envolvem os
alcoolistas, os
dependentes
químicos de toda
ordem, os
doentes mentais
e os portadores
de enfermidades
físicas graves.
A dor daqueles
que sucumbem
diante desses
males – e a de
seus familiares
e amigos – só é
menor do que o
nosso desamor.
Pois sobeja-nos
egoísmo,
omissão,
indiferença,
frutos do
“salve-se quem
puder” da vida
“moderna”, do
“cada um por si
e Deus por
todos”.
Desamor e
comodismo
endurecem-nos o
coração – o
músculo mais
sagrado de nosso
organismo! –,
cegam-nos os
olhos,
ensurdecem-nos
os ouvidos,
calam nossa voz,
petrificam-nos a
alma.
A nós, que tanto
prezamos nosso
corpo e ao qual
dispensamos os
maiores
cuidados, ver
petrificado o
coração é deixar
endurecer nossa
parte mais
nobre: nossa
alma eterna, que
pulsa no calor
de suas
incansáveis
batidas!
Não podemos nos
omitir diante de
quadros assim
dolorosos.
Além da cota de
amor de cada um,
doemos nossos
atos, nossa voz,
nosso braço
amigo, nossa
presença, nosso
“óbolo da
viúva”,
contribuindo,
dessa forma,
para amenizar a
dor de nosso
próximo.
Omissão é
atitude
criminosa, pois,
se a dor hoje
mora ao lado,
ela pode mudar
de endereço a
qualquer hora. E
só então veremos
a importância
da
fraternidade, da
solidariedade.
Fugir ao
comodismo,
visitando
companheiros e
familiares
enfermos, um dia
por mês que
seja, é nosso
dever. A dor do
outro pede a
renúncia ao
clube, à novela
ou a qualquer
outro programa.
Ouvir o que
sofre é nosso
dever. Para ele
é precioso um
sorriso
fraterno, o
afeto, um gesto
de carinho, um
momento de
compreensão e
entendimento, um
toque de mão.
Isso não nos
prejudicará em
nada. Ao
contrário,
levar-nos-á à
prática da
melhor ginástica
para a saúde do
coração: que é a
de aprender a
amar e de agir
para minorar o
mal à nossa
volta. Assim
agindo, todo
ganhará.
Amigos, após
longa
convivência ao
nosso lado, caem
vítimas de
derrame
cerebral, de
acidente, e
estão presos a
cadeiras de
rodas, ao leito
de dor, e nós –
a correr sem
parar, atrás da
sobrevivência,
de bens
materiais –, sem
nos lembrarmos
deles, sem
visitá-los de
tempos em
tempos! Nós,
seus “irmãos”,
os relegamos ao
abandono. Onde
está nossa
vivência cristã,
nessas horas?
Visitas
fraternas é um
princípio.
Comecemos por
elas, levando
apreço aos
enfermos,
demonstrando-lhes
que em nosso
peito pulsa um
coração amigo,
fraterno,
solidário na
alegria e na
dor.
Oremos por eles
a Deus, ao Deus
de Amor que nos
criou e nos
mantém a todos.
A partir daí, a
vida nos dirá o
que fazer, numa
dimensão mais
vasta, e como
agir, em
conjunto, para
viver, na
prática, os
ensinos do
Mestre Jesus!
Trabalhemos,
companheiros!
Trabalhemos e
oremos!
“Trabalhemos
como se tudo
dependesse de
nós; e oremos
como se tudo
dependesse de
Deus.”
“Não são
máquinas! Homens
é que sois.” –
lembra-nos o
imortal Carlitos,
que doava
simpatia e o pão
escasso ao
sofredor, nos
repetidos gestos
de ternura.
E os caídos das
ruas, das
calçadas,
vítimas do
desamor de uma
sociedade
desumana! Mas o
que é a
sociedade? A
sociedade somos
nós. Se ela é
desumana é
porque somos
desumanos, nós
que a
integramos.
O Espírito
Lázaro, em O
Evangelho
segundo o
Espiritismo
(cap. IX, item
oito, ed. FEB),
indica-nos que a
indiferença
moral
custar-nos-á
elevado preço:
“A virtude da
vossa geração é
a atividade
intelectual; seu
vício é a
indiferença
moral (...)
Submetei-vos à
impulsão que
vimos dar aos
vossos
Espíritos;
obedecei à
grande lei do
progresso, que é
a palavra da
vossa geração.
Ai do espírito
preguiçoso, ai
daquele que
cerra o seu
entendimento! Ai
dele! porquanto
nós, que somos
os guias da
Humanidade em
marcha, lhe
aplicaremos o
látego e lhe
submeteremos a
vontade rebelde,
por meio da
dupla ação do
freio e da
espora. Toda
resistência
orgulhosa terá
de, cedo ou
tarde, ser
vencida.”
Importa-nos
preservar o
coração, o
sentimento de
fraternidade, de
humanidade, nos
dias que
vivemos.
Podemos doar
mais ao nosso
próximo, ao
nosso irmão,
conhecido ou
não. Basta-nos o
anseio de sermos
úteis aos
semelhantes,
despertar e
agir.
Eventualmente
somos solidários
nas grandes
tragédias: nas
secas ou
enchentes
regionais, nos
terremotos de
outras terras, e
em tantas outras
ocasiões.
Sejamos
fraternos no dia
adia,
permanentemente,
também nas dores
menores.
Nossa vida
ficará mais
rica, mais
plena. Nossos
corações
pulsarão mais
vigorosamente.