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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 428 - 23 de Agosto de 2015

GEBALDO JOSÉ DE SOUSA
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás (Brasil)

 



Lição de Fé


“(...) quando o homem percebe a grandeza da Boa Nova, compreende que o Mestre não é apenas o reformador da civilização (...) mas também, acima de tudo, o renovador da vida de cada um (...).

Atingindo esse ápice do entendimento, a criatura (...) traz o Amigo Celeste ao santuário familiar, onde Jesus, então, passa a controlar as paixões, a corrigir as maneiras e a inspirar as palavras, habilitando o aprendiz a traduzir-lhe os ensinamentos eternos através de ações vivas, com as quais espera o Senhor estender o divino reinado da paz e do amor sobre a Terra.” 1


Neio Lúcio2 relata-nos – com a simplicidade e clareza peculiares aos seus textos que Jesus abriu, em casa de Pedro, o primeiro culto cristão do lar, comosementeira da felicidade e da paz (...)”.

Quantos, ao longo destes 2000 anos, experimentaram as sublimes alegrias que a prece no lar proporciona!

Quantos, nos dias atribulados de hoje, usufruem dessa doce felicidade que o estudo sistemático do Evangelho no Lar propicia àqueles que abrem as portas e os corações às bênçãos do Amor sem limites!

Quantos, contudo, ignoram esse abençoado recurso, à disposição de todos nós!

Aos cristãos, cumpre-nos o dever de sua divulgação e o incentivo dessa prática, pois o estudo do Evangelho é a maior dádiva que se pode cultivar entre as paredes de um lar e que só benefícios nos traz.

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Assídua trabalhadora da Casa Espírita ganhara dois exemplares de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, para repassá-los a frequentadores (as), carentes ou não, que demonstrassem vivo interesse pelo estudo das lições de Jesus, à luz da Doutrina Espírita, ou, mesmo, delas extremamente necessitados.

Ali predominava a frequência de pessoas de condição social muito humilde, sobretudo mulheres, crianças e jovens.

Ela bem conhecia os assistentes, pois coordenava, entre outras atividades, semanalmente, o trabalho da sopa, oferecida a mais de seiscentas crianças.

Ao assentar-se, em meio àquela concorrida assembleia, para ouvir a exposição evangélica daquela manhã de domingo, colocou os volumes no colo.

A companheira sentada à sua esquerda indaga-lhe para que eram aqueles livros.

Para doar– respondeu-lhe.

Eu quero um– foi a resposta.

Outra senhora, bem idosa, à sua direita, trabalhadora e conviva constante das sopas semanais, que atentamente ouvira o diálogo, acrescentou:

“Perciso do ôto”!

Ao que lhe objeta, carinhosamente, a portadora dos dois livros:

– “Pra que você quer o Evangelho, Maria, se não sabe ler?!”

Para sua e nossa surpresa, ouviu a seguinte afirmação:

“Ah! Mais eu faço o Culto do Evangelho no Lar, e num tenho O Evangelho segundo o Ispiritismo. No dia certo da semana, faço minhas oração. Rogo a Jesus pelos enfermo; pelos amigo e inimigo; pelos guvernanti; pelos que sofre e percisa de prece; pelos mau. E, porque num tenho esse livro tão bunito, pego essas mensage que ocêis dão no Centro e, se não ixiste alguma pessoa pra lê, coloco na mesa e digo prus isprito:

– Taí! Agora ocêis !”

É claro que levou seu presente. E bem o mereceu!

Além disso, um ou outro encarnado, eventualmente participava de seu estudo semanal do Evangelho, lendo-lhe as belas lições.

Quanta fé em suas palavras simples, sinceras e humildes! Analfabeta das letras do mundo, mas que, sabiamente, reconhecia o valor da oração no seu modesto barracão e bem sabia da presença de mensageiros celestes no seu estudo periódico, pois que os pressentia e lhes reconhecia a influência em sua vida e, por isso mesmo, dava-lhes a incumbência de ler as mensagens espíritas que recebia!

Na simplicidade e pureza de seu coração, o exemplo e o exercício vivo da fé!

Bela lição para todos nós, letrados e iletrados, especialmente para aqueles que, ainda que sabendo ler, somos escravos do materialismo, das paixões, do orgulho e não valorizamos ainda “a sementeira da felicidade e da paz (...)”. Ou que não sabemos orar, ou, ainda, por respeito humano, nos envergonhamos de fazê-lo em público. Se, em numerosa assembleia, solicitarmos a qualquer presente não integrado às tarefas do Centro Espírita, que faça uma prece, dificilmente iremos encontrar alguém habilitado a fazê-lo. Ou, se o fizer, poderá jamais voltar àquela Instituição!

Em público cultivamos, sem quaisquer constrangimentos, orgulhosamente, diversos vícios: do fumo ou do álcool; da cólera ou da maledicência; dos palavrões ou das piadas de mau gosto; mas envergonhamo-nos de orar, quando deveríamos, ao contrário, amar a oração, para nos tornarmos dignos do Pai que nos criou!

Por essas e outras, afirma-nos Jesus: “(...) Graças te rendo, meu Pai, Senhor do céu e da Terra, por haveres ocultado estas coisas aos doutos e aos prudentes e por as teres revelado aos simples e aos pequenos” (Mt, 11-25).

 

Referências:

1 . XAVIER, Francisco C. Jesus no Lar, pelo Espírito Neio Lúcio. 19 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1993, p. 12 (Prefácio de Emmanuel);

2. XAVIER, Francisco C. Jesus no Lar, pelo Espírito Neio Lúcio. 19 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1993, p. 15-17;

3. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 111 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996, p. 137: Cap. VII, item 7.


 

 


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