Lição de Fé
“(...) quando o homem
percebe a
grandeza
da Boa Nova, compreende que
o
Mestre
não
é
apenas
o
reformador
da
civilização
(...) mas também, acima de tudo, o
renovador
da
vida
de
cada
um
(...).
Atingindo esse ápice do entendimento, a criatura
(...) traz o
Amigo
Celeste
ao
santuário
familiar,
onde Jesus, então,
passa a controlar
as
paixões,
a
corrigir
as maneiras e a inspirar as palavras,
habilitando o
aprendiz
a traduzir-lhe
os
ensinamentos
eternos
através de ações vivas, com as quais espera o Senhor
estender
o divino reinado
da
paz
e do
amor
sobre a
Terra.”
1
Neio Lúcio2
relata-nos – com a simplicidade
e clareza
peculiares
aos seus textos – que Jesus abriu, em casa de Pedro, o primeiro culto cristão do lar, como “sementeira da felicidade
e da
paz
(...)”.
Quantos,
ao longo destes 2000 anos,
experimentaram
as
sublimes alegrias que a prece no lar
proporciona!
Quantos, nos dias
atribulados de
hoje,
usufruem dessa doce felicidade que o estudo sistemático do
Evangelho
no
Lar
propicia
àqueles
que abrem as portas e os corações
às
bênçãos
do
Amor
sem
limites!
Quantos, contudo,
ignoram
esse
abençoado recurso, à disposição de todos nós!
Aos
cristãos,
cumpre-nos o
dever
de
sua divulgação e o incentivo dessa
prática,
pois o estudo do
Evangelho é a
maior dádiva que se
pode
cultivar
entre
as
paredes
de
um lar e que só benefícios nos traz.
-.-
Assídua trabalhadora da Casa Espírita ganhara dois exemplares de “O Evangelho
segundo o
Espiritismo”,
para
repassá-los a
frequentadores
(as),
carentes ou não, que demonstrassem vivo interesse pelo estudo das lições
de Jesus, à
luz
da
Doutrina Espírita, ou, mesmo, delas extremamente
necessitados.
Ali predominava a frequência de
pessoas
de
condição
social muito humilde, sobretudo mulheres, crianças e jovens.
Ela bem conhecia
os
assistentes,
pois coordenava, entre
outras
atividades,
semanalmente,
o
trabalho
da
sopa,
oferecida a
mais
de seiscentas crianças.
Ao assentar-se,
em meio àquela concorrida assembleia,
para ouvir a exposição evangélica daquela manhã
de
domingo,
colocou os volumes no colo.
A
companheira sentada à sua esquerda
indaga-lhe
para
que
eram
aqueles
livros.
– Para doar– respondeu-lhe.
– Eu quero um–
foi a
resposta.
Outra senhora, bem idosa, à sua direita,
trabalhadora e
conviva constante das sopas semanais, que atentamente ouvira o diálogo,
acrescentou:
– “Perciso do
ôto”!
Ao
que lhe objeta, carinhosamente,
a portadora dos
dois
livros:
– “Pra
que
você quer o Evangelho,
Maria, se
não
sabe
ler?!”
Para sua e nossa surpresa,
ouviu a
seguinte
afirmação:
– “Ah!
Mais eu faço o Culto
do
Evangelho
no
Lar,
e num tenho O
Evangelho
segundo o
Ispiritismo. No
dia
certo
da
semana,
faço
minhas oração. Rogo a Jesus pelos enfermo; pelos amigo e inimigo; pelos
guvernanti;
pelos
que
sofre e percisa
de
prece; pelos mau. E, porque num tenho esse livro tão
bunito,
pego
essas mensage que ocêis dão no Centro
e, se não ixiste
alguma pessoa
pra lê, coloco
na
mesa
e digo prus
isprito:
– Taí!
Agora
ocêis
lê!”
É
claro que
levou
seu
presente.
E
bem o
mereceu!
Além
disso, um ou outro encarnado,
eventualmente participava de seu estudo semanal do Evangelho,
lendo-lhe as
belas
lições.
Quanta fé em
suas palavras
simples,
sinceras e
humildes!
Analfabeta das
letras do mundo,
mas que,
sabiamente,
reconhecia o
valor da oração
no seu modesto
barracão e bem
sabia da
presença de
mensageiros
celestes no seu
estudo
periódico, pois
que os
pressentia e
lhes reconhecia
a influência em
sua vida e, por
isso mesmo,
dava-lhes a
incumbência de
ler as mensagens
espíritas que
recebia!
Na simplicidade
e pureza de seu
coração, o
exemplo e o
exercício vivo
da fé!
Bela lição para
todos nós,
letrados e
iletrados,
especialmente
para aqueles
que, ainda que
sabendo ler,
somos escravos
do materialismo,
das paixões, do
orgulho e não
valorizamos
ainda “a
sementeira da
felicidade e da
paz (...)”. Ou
que não sabemos
orar, ou, ainda,
por respeito
humano, nos
envergonhamos de
fazê-lo em
público. Se, em
numerosa
assembleia,
solicitarmos a
qualquer
presente não
integrado às
tarefas do
Centro Espírita,
que faça uma
prece,
dificilmente
iremos encontrar
alguém
habilitado a
fazê-lo. Ou, se
o fizer, poderá
jamais voltar
àquela
Instituição!
Em público
cultivamos, sem
quaisquer
constrangimentos,
orgulhosamente,
diversos vícios:
do fumo ou do
álcool; da
cólera ou da
maledicência;
dos palavrões ou
das piadas de
mau gosto; mas
envergonhamo-nos
de orar, quando
deveríamos, ao
contrário, amar
a oração, para
nos tornarmos
dignos do Pai
que nos criou!
Por essas e
outras,
afirma-nos
Jesus: “(...)
Graças te rendo,
meu Pai, Senhor
do céu e da
Terra, por
haveres ocultado
estas coisas aos
doutos e aos
prudentes e por
as teres
revelado aos
simples e aos
pequenos” (Mt,
11-25).
Referências:
1 . XAVIER,
Francisco C.
Jesus no Lar,
pelo Espírito
Neio Lúcio.
19 ed. Rio de
Janeiro: FEB,
1993, p. 12
(Prefácio de
Emmanuel);
2. XAVIER,
Francisco C.
Jesus no Lar,
pelo
Espírito Neio
Lúcio. 19 ed.
Rio de Janeiro:
FEB, 1993, p.
15-17;
3. KARDEC,
Allan. O
Evangelho
segundo o
Espiritismo.
111 ed. Rio de
Janeiro: FEB,
1996, p. 137:
Cap. VII, item
7.