Damos continuidade ao estudo do livro O que é o Espiritismo, obra que surgiu em Paris em julho de 1859. O estudo será aqui apresentado em 19 partes. As páginas citadas no texto sugerido para leitura referem-se à 20ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira. As respostas às questões propostas encontram-se após o texto mencionado.
Questões para debate
A. Os incrédulos gostariam de presenciar os fenômenos para poderem crer. Dizem-lhes que, para isso, é preciso ter fé. Como pode alguém ter fé antecipada, se não lhe dão os meios de convicção de que a pessoa necessita para crer?
B. Qual foi o ponto de partida das ideias espíritas modernas?
C. Os Espíritos são seres abstratos ou possuem algum revestimento que os identifica?
Texto para leitura
53. Os juízos precipitados nesse assunto, como em todas as coisas, são sempre perigosos, porque eles podem ser desmentidos pelos fatos que ainda não se observaram. (Cap. I, Segundo Diálogo, pág. 86.)
54. Os Espíritos têm sua maneira de julgar as coisas, a qual nem sempre se coaduna com a nossa. Eles veem, pensam e agem segundo outros elementos, ao passo que a nossa vista é circunscrita pela matéria. Certos pormenores, para nós importantes, podem ser futilidades a seus olhos; em compensação, ligam às vezes importância a coisas cujo verdadeiro alcance nos escapa. (Cap. I, Segundo Diálogo, pág. 88.)
55. Para compreender os Espíritos é preciso nos elevarmos pelo pensamento acima do horizonte material e moral, colocarmo-nos no seu ponto de vista, pois não são eles que devem descer ao nosso nível. Os Espíritos gostam dos observadores assíduos e conscienciosos. (Cap. I, Segundo Diálogo, págs. 88 e 89.)
56. A ideia da existência dos Espíritos não preexistia, nem nasceu do cérebro de ninguém, mas nos foi dada pelos próprios Espíritos, e tudo o que soubemos depois, a seu respeito, foi-nos por eles ensinado. (Cap. I, Segundo Diálogo, pág. 91.)
57. Quem são os habitantes do mundo espiritual? São seres à parte, estranhos à Humanidade? São bons ou maus? Foi a experiência que permitiu solucionar tais problemas. (Cap. I, Segundo Diálogo, pág. 91.)
58. Há médiuns de efeitos físicos, isto é, aptos para produzir fenômenos materiais, como pancadas, movimentos de corpos etc. Há médiuns auditivos, falantes, videntes, desenhadores, músicos, escreventes. Esta última faculdade é a mais comum, a que melhor se desenvolve pelo exercício e também a mais preciosa. (Cap. I, Segundo Diálogo, pp. 94 e 95.)
59. A qualidade essencial de um médium está na natureza dos Espíritos que o assistem, nas comunicações que recebe, antes que nos meios de execução. (Cap. I, Segundo Diálogo, pág. 95.)
60. Não se deve tentar ensaio mediúnico algum antes de acurado estudo. As comunicações do além-túmulo são cercadas de mais dificuldades do que se pensa; elas não estão isentas de inconvenientes, e mesmo de perigos, para os que não têm a necessária experiência. (Cap. I, Segundo Diálogo, pp. 95 e 96.)
61. Os Espíritos sérios só comparecem às reuniões sérias, para onde os chamam com recolhimento e para coisas sérias. Não se prestam a responder a perguntas de curiosidade, de prova, ou com finalidade fútil. Os frívolos estão por toda a parte; calam-se nas reuniões sérias, mas tomam a desforra nas reuniões frívolas, divertindo-se, zombando e respondendo a tudo sem se importarem com a verdade. (Cap. I, Segundo Diálogo, pág. 97.)
62. Aquele que não se quer dar ao trabalho de estudar é antes guiado pela curiosidade que pelo desejo real de instruir-se. Ora, os Espíritos não gostam dos curiosos. A cobiça lhes é também antipática e eles recusam-se a prestar a tais pessoas qualquer serviço. (Cap. I, Segundo Diálogo, pág. 98.) (Continua no próximo número.)
Respostas às questões propostas
A. Os incrédulos gostariam de presenciar os fenômenos para poderem crer. Dizem-lhes que, para isso, é preciso ter fé. Como pode alguém ter fé antecipada, se não lhe dão os meios de convicção de que a pessoa necessita para crer?
Há nessa proposição um equívoco. Não se exige fé antecipada de quem quer estudar. O que se exige é boa-fé, que é, aliás, coisa bem diferente. (O que é o Espiritismo, capítulo I, Segundo Diálogo, págs. 86 e 87.)
B. Qual foi o ponto de partida das ideias espíritas modernas?
Eis, segundo Kardec, a marcha das coisas: fenômenos espontâneos se produziram, tais como ruídos estranhos, pancadas, movimentos de objetos etc., sem causa ostensiva conhecida, sob a influência de certas pessoas. Logo se reconheceu nesses ruídos e movimentos um caráter intencional e inteligente, do que se concluiu que: Se todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente tem uma causa inteligente. Quem era ela? Ela própria respondeu, declarando pertencer aos seres incorpóreos chamados Espíritos. A ideia dos Espíritos não preexistia nem lhe foi consecutiva, ou seja, não nasceu do cérebro de ninguém, mas foi dada pelos Espíritos mesmos. Os fatos subsequentes reforçaram essa ideia e, pouco tempo depois, nascia a doutrina espírita. (Obra citada, capítulo I, Segundo Diálogo, págs. 89 a 91.)
C. Os Espíritos são seres abstratos ou possuem algum revestimento que os identifica?
Os Espíritos possuem um invólucro, a que Kardec deu o nome de perispírito, espécie de corpo fluídico, vaporoso, diáfano, invisível no estado normal, mas que, em certos casos, pode tornar-se visível e mesmo tangível. (Obra citada, capítulo I, Segundo Diálogo, págs. 92 e 93.)