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O Espiritismo responde
Ano 9 - N° 428 - 23 de Agosto de 2015
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 
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ESPIRITISMO SÉCULO XXI
 


 
O leitor Manoel Antonio de Azevedo, em carta publicada nesta mesma edição, pede-nos que comentemos a mensagem publicada no item 19 do capítulo V de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, intitulada “O mal e o remédio”.

É bom lembrar inicialmente que o capítulo citado focaliza as aflições que acometem a criatura humana, examinando-as quanto às suas causas e à sua justiça. Adicionalmente, tece considerações sobre o esquecimento do passado e o tema resignação.

A mensagem “O mal e o remédio” foi transmitida em Paris, no ano de 1863, pelo Espírito de Santo Agostinho.

Reproduzimo-la: 

Será a Terra um lugar de gozo, um paraíso de delícias? Já não ressoa mais aos vossos ouvidos a voz do profeta? Não proclamou ele que haveria prantos e ranger de dentes para os que nascessem nesse vale de dores?

Esperai, pois, todos vós que aí viveis, causticantes lágrimas e amargo sofrer e, por mais agudas e profundas sejam as vossas dores, volvei o olhar para o Céu e bendizei do Senhor por ter querido experimentar-vos...

Ó homens! dar-se-á não reconheçais o poder do vosso Senhor, senão quando ele vos haja curado as chagas do corpo e coroado de beatitude e ventura os vossos dias? Dar-se-á não reconheçais o seu amor, senão quando vos tenha adornado o corpo de todas as glórias e lhe haja restituído o brilho e a brancura? Imitai aquele que vos foi dado para exemplo. Tendo chegado ao último grau da abjeção e da miséria, deitado sobre uma estrumeira, disse ele a Deus: "Senhor, conheci todos os deleites da opulência e me reduzistes à mais absoluta miséria; obrigado, obrigado, meu Deus, por haverdes querido experimentar o vosso servo!"

Até quando os vossos olhares se deterão nos horizontes que a morte limita? Quando, afinal, vossa alma se decidirá a lançar-se para além dos limites de um túmulo?

Houvésseis de chorar e sofrer a vida inteira, que seria isso, a par da eterna glória reservada ao que tenha sofrido a prova com fé, amor e resignação?

Buscai consolações para os vossos males no porvir que Deus vos prepara e procurai-lhes a causa no passado. E vós, que mais sofreis, considerai-vos os afortunados da Terra.

Como desencarnados, quando pairáveis no Espaço, escolhestes as vossas provas, julgando-vos bastante fortes para as suportar. Por que agora murmurar? Vós, que pedistes a riqueza e a glória, queríeis sustentar luta com a tentação e vencê-la. Vós, que pedistes para lutar de corpo e espírito contra o mal moral e físico, sabíeis que quanto mais forte fosse a prova, tanto mais gloriosa a vitória e que, se triunfásseis, embora devesse o vosso corpo parar numa estrumeira, dele, ao morrer, se desprenderia uma alma de rutilante alvura e purificada pelo batismo da expiação e do sofrimento.

Que remédio, então, prescrever aos atacados de obsessões cruéis e de cruciantes males? Só um é infalível: a fé, o apelo ao Céu. Se, na maior acerbidade dos vossos sofrimentos, entoardes hinos ao Senhor, o anjo, à vossa cabeceira, com a mão vos apontará o sinal da salvação e o lugar que um dia ocupareis... A fé é o remédio seguro do sofrimento; mostra sempre os horizontes do infinito diante dos quais se esvaem os poucos dias brumosos do presente. Não nos pergunteis, portanto, qual o remédio para curar tal úlcera ou tal chaga, para tal tentação ou tal prova. Lembrai-vos de que aquele que crê é forte pelo remédio da fé e que aquele que duvida um instante da sua eficácia é imediatamente punido, porque logo sente as pungitivas angústias da aflição.

O Senhor apôs o seu selo em todos os que nele creem. O Cristo vos disse que com a fé se transportam montanhas e eu vos digo que aquele que sofre e tem a fé por amparo ficará sob a sua égide e não mais sofrerá. Os momentos das mais fortes dores lhe serão as primeiras notas alegres da eternidade. Sua alma se desprenderá de tal maneira do corpo, que, enquanto se estorcer em convulsões, ela planará nas regiões celestes, entoando, com os anjos, hinos de reconhecimento e de glória ao Senhor.

Ditosos os que sofrem e choram! Alegres estejam suas almas, porque Deus as cumulará de bem-aventuranças. – Santo Agostinho. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, item 19.)

Na mensagem ora examinada o autor lembra-nos inicialmente a destinação da Terra como um mundo de provas e expiações, e não como um lugar de gozo ou de delícias, assunto a que ele se referira anteriormente em mensagem publicada no capítulo III, itens 13, 14 e 15, da mesma obra.

Em um mundo de provas e expiações, que é a atual condição da Terra, não reencarnam seres angelicais, mas Espíritos endividados perante a Lei e que, por isso, estão sujeitos ao processo depurador das provas, das expiações e das reparações, até que hajam merecido ascender a um planeta mais ditoso.

Na sequência, Santo Agostinho mostra-nos que nesse processo não existem injustiça ou acaso e que os males, as agruras e as vicissitudes da vida, longe de serem frutos de uma casualidade, são simples decorrência de escolhas que nós próprios fizemos.

É importante, nesse sentido, ressaltar este trecho da mensagem: 

“Como desencarnados, quando pairáveis no Espaço, escolhestes as vossas provas, julgando-vos bastante fortes para as suportar. Por que agora murmurar? Vós, que pedistes a riqueza e a glória, queríeis sustentar luta com a tentação e vencê-la. Vós, que pedistes para lutar de corpo e espírito contra o mal moral e físico, sabíeis que quanto mais forte fosse a prova, tanto mais gloriosa a vitória e que, se triunfásseis, embora devesse o vosso corpo parar numa estrumeira, dele, ao morrer, se desprenderia uma alma de rutilante alvura e purificada pelo batismo da expiação e do sofrimento”. 

O autor enfatiza, por fim, a importância da fé e da resignação diante das vicissitudes e dos desafios que enfrentamos, para que seus frutos sejam positivos e não tenhamos de repetir experiências que certamente não nos agradariam.

Concluindo, podemos afirmar que as considerações de Santo Agostinho estão perfeitamente afinadas com o ensinamento contido na questão 132 d´O Livro dos Espíritos, em que os instrutores espirituais, esclarecendo a finalidade da encarnação dos Espíritos, disseram:  “Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação.”

As ideias contidas na mensagem ora focalizada coadunam-se também com as informações constantes do cap. VII do livro O Céu e o Inferno, a que nos reportamos nesta mesma seção na semana passada, que o leitor poderá acessar clicando neste link: www.oconsolador.com

 
 


 
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