Em dia com a verdade...
Na dúvida, abstém-te,
diz um dos vossos velhos
provérbios. Não
admitais, portanto,
senão o que seja, aos
vossos olhos, de
manifesta evidência.
Desde que uma opinião
nova venha a ser
expendida, por pouco que
vos pareça duvidosa,
fazei-a passar pelo
crisol da razão e da
lógica e rejeitai
desassombradamente o que
a razão e o bom senso
reprovarem. Melhor é
repelir dez verdades do
que admitir uma única
falsidade, uma só teoria
errônea. (Erasto. In:
KARDEC, 2013a, p. 246,
it. 230.)
Estamos convivendo com
tempos difíceis, de
aferição de valores e de
breve separação entre o
trigo e o joio, como o
previra o Cristo.
Entretanto, algumas
ervas daninhas ainda
insistem em se infiltrar
no campo do Senhor e,
portanto, devemos estar
atentos, pois até mesmo
os “escolhidos” poderão
se perder no báratro da
inversão de valores que
atravessa nossa
sociedade atual.
O Espiritismo,
paradoxalmente, vê
crescer o número de seus
adeptos, assim como vê,
em suas próprias
fileiras, confrades e
médiuns invigilantes
tentando semear a
discórdia, o caos, a
desunião, mais
preocupados com seu
projeto de poder do que,
verdadeiramente, em
servir. Foi pensando
nessa possibilidade que
Allan Kardec (2013a, p.
368, it. 348) esclarece
que não somente os
grupos que realizam
trabalhos mediúnicos,
como também os que
estudam as manifestações
físicas, têm sua missão
individual [...] aquele
que atirasse pedras em
outro provaria, por esse
simples fato, a má
influência que o domina.
Desse modo, quando sob a
influência de mentes
doentias, encarnadas ou
desencarnadas, o médium
ou o espírita
invigilantes podem ser
portadores de mensagens
que, em lugar de
promover a união, o
fortalecimento das
instituições espíritas,
visam à desagregação, à
luta pelo poder, na
contramão da
recomendação de Jesus,
quando nos diz: “os meus
discípulos serão
reconhecidos por muito
se amarem” (João,
13:35).
Em suposta comunicação
mediúnica do Espírito
Juvanir Borges de Souza,
ex-presidente da
Federação Espírita
Brasileira (FEB),
desencarnado em 5 de
junho de 2010, ficamos
perplexos com o que ali
se encontra. Não nos
referiremos à negação,
pelo suposto Espírito,
da FEB como casa
máter do Espiritismo
no Brasil, contrariando
o que diz o Espírito
Humberto de Campos, na
obra Brasil, coração
do mundo, pátria do
evangelho, e outros
Espíritos superiores,
até mesmo por ser
irrelevante à extensa
obra febiana tal
reconhecimento pelos que
não conhecem bem sua
história, seu trabalho,
e a atacam
invigilantemente.
Entretanto, diversas
outras informações
contraditórias e
inverídicas podem ser
lidas na “mensagem”,
mesmo para os que não
queiram perder seu
precioso tempo com tais
supostos comunicados do
Além, tais como:
Diz a suposta entidade
que, em centenas de
casas espíritas, as
manifestações de
Espíritos estavam
“proibidas” e que, mesmo
nas reuniões da “própria
Federação”, foi barrado
e assistiu à
“mistificação
grosseira”. Muito
estranho. Reuniões
espíritas sem a
participação dos
Espíritos. Quanto à
mistificação grosseira,
cabe aos participantes
atentar para a
recomendação do Espírito
Erasto, citada no início
deste artigo. Nenhum
médium, por mais
confiável que seja, está
livre dela. O próprio
Chico Xavier admitiu ser
vítima de Espíritos
mistificadores, inúmeras
vezes, sem que, por
isso, sua missão deixe
de ter a importância que
tem (BARBOSA, 1982, p.
31).
Em outro parágrafo,
informa que está em
“região de reparação, de
recomposição”,
decepcionado “pelas
oportunidades perdidas”.
E ali, “nesse extenso
nosocômio”, também estão
“milhares de figuras”
que admirou e seguiu “há
décadas, na busca de
saídas para a sua
própria redenção”. Que
“figuras” são essas? Se
os que se esforçam em
praticar o bem estão
nessa situação,
imaginem-se os que assim
não agem...
Prosseguindo, diz que
esses Espíritos
estiveram “vinculados à
Federação ou a
instituições
independentes, como as
de São Paulo e Rio de
Janeiro, Minas, Rio
Grande do Sul e outras”.
Se assim fosse, quase
ninguém na Terra se
salvaria, amigo, e a
mensagem espírita, tal
qual a do Cristo, para
nada ou quase nada se
prestaria em nosso
aperfeiçoamento moral, o
que seria um absurdo,
pois Deus é Amor e
reconhece os nossos
esforços em superar
nossas más inclinações
morais, como o diz Allan
Kardec.
Critica editorial da
revista da FEB,
Reformador,
publicado em outubro de
1977 e outro em janeiro
de 1978, pela
“construção das
barreiras da instalação
dos ferrolhos, do
gradeamento da Doutrina
Espírita”, excluindo
“comunidades inteiras de
seres humanos
necessitadas de
esclarecimento”. Basta
que se leia os artigos
citados para se
constatar que, neles,
não há qualquer
manifestação de
desrespeito e de
intolerância para com os
adeptos de outras
religiões, mormente as
citadas. Dispensam-se,
assim, os
esclarecimentos que o
suposto Juvanir propõe,
o que, além de
demonstrar falta de
fraternidade, ainda
mostra desconhecimento
espiritual da
importância de todas as
manifestações sinceras
de religiosidade, o que
jamais foi o propósito
da FEB e nunca foi
desconhecido por seus
ex-presidentes.
O suposto Espírito
critica até mesmo as
“quilométricas e
balaustradas” insertas
por ele em Reformador,
e diz que sua obra
Tempo de transição
deveria ser chamada,
agora Tempo de
revisão. Uma
lástima, tal proposta.
Juvanir Borges de Souza
escreveu, não somente o
excelente livro
Tempos de transição,
como também Tempos de
renovação, Novos
tempos e Amai-vos
e instruí-vos. Que o
autor da mensagem
apócrifa não deve ter
lido, com certeza, caso
contrário não diria tal
absurdo. Talvez o autor
do texto desconheça até
mesmo o trabalho
excelente que a família
de Juvanir, com
humildade, amor e
perseverança vem
realizando, na seara
espírita, ao longo dos
anos, como o que
realiza, na atualidade,
sua filha, a doutora
Regina Lúcia Borges de
Souza, uma das diretoras
da Instituição, na sede
histórica da FEB, no Rio
de Janeiro.
Também quando diz:
“Abandonamos à
ignorância os humildes,
os analfabetos, os
sofredores, os
obsidiados, as vítimas
das trevas da
superstição que
deveríamos orientar,
esclarecer, libertar”,
demonstra desconhecer as
obras assistenciais da
FEB, quais sejam o
Núcleo Espírita Guillon
Ribeiro, em Santo
Antônio do Descoberto,
Goiás; a obra secular de
assistência social da
sede histórica, na
Avenida Passos, Rio de
Janeiro; o Lar Frederico
Fígner, na Asa Norte,
Brasília; o Museu
Espírita, em São Paulo,
e as próprias atividades
de esclarecimento,
orientação espiritual e
estudo na sede, em
Brasília.
Sob o título
“MEDIUNIDADE É BEM DA
HUMANIDADE!”, ignora o
trabalho da FEB,
federativas e inúmeros
centros espíritas,
quando diz que “é
indispensável,
inadiável, urgente que
se estabeleçam os cursos
de educação mediúnica,
as sessões
experimentais, as
reuniões de desobsessão,
de doutrinação e o
desenvolvimento das
diversas formas de
intercâmbio, seja
através da psicofonia,
da psicografia, da
mediunidade curativa e
até mesmo do estudo
visando ao aprimoramento
dos fenômenos físicos”.
Propõe estender o acesso
a essas reuniões às
pessoas do “vulgo”, para
que possam conhecer,
“participar, se
envolver, se beneficiar
disso”. Aqui, mais uma
vez, dá prova de
desconhecer que tudo
isso vem sendo
realizado, não somente
por dedicados seareiros
da Doutrina Espírita,
mas atendendo a
planejamento do Mundo
dos Espíritos, desde os
fenômenos de Hydesville,
nos EUA,à codificação de
Allan Kardec, pois a
Doutrina é deles, em
essência, e tem a
supervisão de Jesus
Cristo, que não
permitiria que qualquer
dos seus servidores
viesse trazer a
dissensão, a fraude e a
desunião entre os
verdadeiros espíritas,
que se esforçam pela
continuação da Sua Obra.
Traça uma série de
normas a serem aplicadas
às pessoas que
“comercializam a
mediunidade”, como se os
espíritas devessem
violentar o
livre-arbítrio alheio,
quando sabemos que, além
das obras da codificação
e das próprias
escrituras sagradas, há
milhares de outras obras
espíritas à disposição
de todos os que queiram
se aperfeiçoar
espiritualmente. Nenhum
desses comerciantes da
mediunidade deve
desconhecer estas
palavras de Jesus
Cristo: “dai de graça o
que de graça
recebestes”. Se assim
não o fazem, deverão
responder por seus
próprios atos ante a
Justiça Divina, quando
suas consciências
despertarem para a
Verdade, que é Deus em
nós.
O suposto Espírito
demonstra, ainda,
desconhecer os estudos
oferecidos pela própria
FEB, que Juvanir Borges
de Souza tão bem
presidiu. Desse modo,
comenta que, além de
O Evangelho segundo o
Espiritismo, Kardec
“deixava para nós, os
pósteros, a mensagem de
que também é necessária
a versão de ‘O Corão
segundo o Espiritismo’,
‘O Torah na visão
espírita’, ‘O Tao dentro
da realidade espiritual’
e assim por diante”.
Aliás, não somente se
contradiz, ao afirmar,
antes, ser contra o
oferecimento de estudo
da Doutrina aos jovens,
como demonstra
desconhecer que a FEB e
muitos centros espíritas
proporcionam cursos como
o Estudo Sistematizado
da Doutrina Espírita –
ESDE; o Estudo
Aprofundado da Doutrina
Espírita – EADE (onde
tais obras costumam ser
analisadas), o Estudo
das obras básicas etc.
Por fim, cita
equivocadamente como
sendo de Kardec a frase
“Amai-vos e
instruí-vos!”, não dele,
mas do Espírito de
Verdade, que se encontra
no capítulo VI d’O
Evangelho segundo o
Espiritismo.
Repetindo, o Espírito
Erasto, na mensagem
citada no introito deste
artigo: “Melhor é
repelir dez verdades do
que admitir uma única
falsidade, uma só teoria
errônea”, não tenhamos
dúvida de que este é o
caso da mensagem
“psicografada” em nossas
modestas observações.
Agora, sim, citando o
Espírito da Verdade,
diremos: “Espíritas,
amai-vos, este o
primeiro ensinamento;
instruí-vos, este o
segundo. No Cristianismo
encontram-se todas as
verdades; são de origem
humana os erros que nele
se enraizaram” (KARDEC,
2013, cap. VI, it. 5, p.
107). Busquemos a união,
a fraternidade e,
sobretudo, a compaixão
para com todos os nossos
irmãos em humanidade,
sejam eles espíritas,
católicos, budistas,
umbandistas, evangélicos
e até mesmo ateus. E não
nos esqueçamos de que a
mensagem consoladora do
Espiritismo requer de
nós o amor mútuo, “o
trabalho, a
solidariedade e a
tolerância”, como nos
recomendou Allan Kardec,
e é o lema da Federação
Espírita Brasileira.
Referências:
BARBOSA, Elias. No
mundo de Chico Xavier.
São Paulo: IDE, 1982.
KARDEC, Allan.
O Livro dos Médiuns.
Tradução de Guillon
Ribeiro. 81. ed. (ed.
histórica). Brasília:
FEB, 2013a.
______. O Evangelho
segundo o Espiritismo.
Tradução de Guillon
Ribeiro. 131. ed. (ed.
histórica). Brasília:
FEB, 2013b.
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