O self em
expansão
Este, sem
dúvida, é
assunto de muita
importância
porque nos leva
a reflexões
sobre nós e
nossa relação
com a
consciência.
Segundo
definições, a
consciência é
uma qualidade da
mente que
abrange
qualificações
tais como
subjetividade,
autoconsciência,
sapiência, e a
capacidade de
perceber a
relação entre
nós e um
ambiente. É
assunto muito
pesquisado na
filosofia da
mente, na
psicologia,
neurologia e
ciência
cognitiva.
Alguns filósofos
a dividem em
consciência
fenomenal, que é
a experiência
propriamente
dita; e
consciência de
acesso, que é o
processamento
das coisas que
vivenciamos
durante a
experiência.
Dentro desta
divisão,
consciência
fenomenal é o
estado de estar
ciente, tal como
quando dizemos
"estou ciente",
e consciência de
acesso se refere
a estar ciente
de algo ou
alguma coisa,
tal como quando
dizemos "estou
ciente destas
palavras".
Assim sendo,
podemos dizer
que consciência
é uma qualidade
psíquica, isto
é, que pertence
à esfera da
psique humana,
por isso diz-se
também que ela é
um atributo do
Espírito, da
mente, ou do
pensamento
humano. Ser
consciente não é
exatamente a
mesma coisa que
perceber-se no
mundo, mas ser
no mundo e do
mundo, para
isso, a
intuição, a
dedução e a
indução tomam
parte. Há ainda
alguns
neurocientistas
que
equivocadamente
a definem como
um processo
químico do
cérebro. Esta
tese não suporta
uma pesquisa
mais acurada
sobre o ser e a
existência.
O importante é
que comecemos a
nos interessar
por este
assunto. O homem
do futuro terá
que ser pleno,
integral e, para
tanto, profundo
conhecedor de si
mesmo. Não mais
viver por viver,
realizando de
forma automática
seus afazeres e
comunicando-se
trivialmente
como acontece
quase sempre em
nossas relações
interpessoais.
Cabe aqui
entendermos a
etimologia da
palavra
Consciência. Ela
vem de
conscientia de
consciens, de
conscire, que
significa estar
cientes e com a
intensidade do
saber. Também
encontramos uma
possível raiz
formada de
junção de duas
palavras do
latim;
conscius+sciens:
conscius (que
sabe bem o que
deve fazer) e
sciens
(conhecimento
que se obtém
através de
leituras; de
estudos;
instrução e
erudição). A
consciência
segundo o
psicólogo
canadense Steven
Pinker é “... a
função mental de
perscrutar o
mundo, pois que
a consciência é
a faculdade de
segundo momento
– ninguém pode
ter consciência
de alguma coisa
(objeto,
processo ou
situação) no
primeiro contato
com essa coisa;
no máximo se
pode
referenciá-la
com algum
registro
próximo, o que
permite afirmar
que a coisa é
parecida com
essa ou com
aquela outra
coisa de
domínio”.
Na questão 835
de O Livro dos
Espíritos
encontramos que
“A consciência é
um pensamento
íntimo, que
pertence ao
homem como todos
os
pensamentos”. E
no livro O que é
o Espiritismo,
escrito por
Allan Kardec,
verificamos no
capítulo 3, item
127, que “A
consciência é
uma recordação
intuitiva do
progresso feito
nas precedentes
existências e
das resoluções
tomadas pelo
Espírito antes
de encarnar.
Resoluções essas
que ele muitas
vezes esquece
quando
reencarna”. A
mentora
espiritual
Joanna de
Ângelis, em seu
livro: O Homem
Integral, nos
informa que a
consciência
emerge do
subconsciente,
como uma planta
se solta das
profundezas da
terra. António
Rosa Damásio é
um médico
neurologista,
neurocientista
português, que
trabalha no
estudo do
cérebro e das
emoções humanas.
É professor de
Neurociência na
Universidade da
Califórnia. E
ele nos traz
interessante
informação sobre
a consciência.
Segundo o
professor, em
seu livro: O
Mistério da
Consciência, a
consciência é
dividida em dois
tipos:
Consciência
Central e
Consciência
Ampliada.
Inspirados na
tese damasiana,
entendemos que a
consciência é
constituída com
uma espécie de
anatomia, que
pode ser
dividida,
didaticamente,
em três partes:
A primeira seria
uma consciência
de dimensão
fonte - onde as
coisas acontecem
de fato, o aqui
agora: o meu ato
de escrever e
dominar o
ambiente e os
equipamentos dos
quais faço uso,
o ato do
internauta de
ler, compreender
a leitura e o
ambiente que o
envolve em todos
os instantes
etc. Essa
dimensão da
consciência não
retrocede muito
ao passado e, da
mesma forma, não
avança para o
futuro; ela se
limita a
registrar os
atos presentes,
com um
espaço-tempo
(passado/futuro)
suficiente para
que os momentos
(presentes)
tenham
continuidade.
Segundo esta
tese podemos
dizer que a
consciência na
dimensão fonte é
o meu agora, o
que defino,
faço, busco
enquanto cumpro
meus objetivos
mais imediatos.
A segunda
dimensão é a
processual –
significando a
amplitude de
sistema que
abriga
expectativas,
perspectivas,
planos e
qualquer
registro mental
em aberto;
aquelas questões
que causam
ruídos e
impulsionam o
ser humano à
busca de
soluções. Essa
amplitude de
consciência
permite observar
questões do
passado e
investigar
também um pouco
do futuro. Aqui
consideremos que
somos uma
potência em
desenvolvimento.
Temos acessos
importantes em
nós mesmos. O
ideal é
direcionar
nossos
questionamentos
e buscas somente
para aquilo que
nos enriqueça de
harmonia, amor e
sabedoria. Vale
nos lembrarmos
da metáfora
aristotélica do
bloco de mármore
que é uma bela
escultura em
potencial
necessitando das
mãos ágeis e
sábias do
escultor para
concretizá-la. A
terceira
dimensão da
consciência,
como a entende o
professor
António Damásio,
trata-se da
dimensão ampla
que é uma região
de sistema que,
sem ser um
dispositivo de
memória, alberga
os conhecimentos
e experiências
que uma pessoa
incorpora na
existência.
Todos os
conhecimentos do
passado e
experimentações
pelas quais o
ser atravessou
na vida, como
por exemplo: uma
antiga profissão
que não se tem
mais qualquer
habilidade para
exercer guarda
registros
importantes que
servirão como
experiência em
outras práticas.
Digamos que é
como uma
dimensão
processual, onde
a amplitude da
consciência
permite examinar
o passado e
avançar no
futuro - tudo
dentro de
limites impostos
pelo próprio
desenvolvimento
mental do
indivíduo.
Resumindo,
podemos dizer
que todos
estamos
convocados para
o grande
acontecimento
individual que é
conhecer-se e
ouvir sua
consciência que
é o suporte
desperto do
Espírito que nos
indica novas
perspectivas ao
mesmo tempo em
que nos coloca
em relação
direta do que
somos e do que
já conseguimos
atingir dentro
do nosso
processo
evolutivo.
O escritor
espírita Pedro
Camargo, em seu
livro: O Mestre
na Educação, nos
diz que “A
consciência é o
juiz íntegro
cuja toga não se
macula e cuja
sentença
ouviremos
sempre, quer
queiramos, quer
não, censurando
nossa conduta
irregular. Esse
juiz, essa voz
débil, mas
insopitável, é a
centelha divina
que refulge,
através da
escuridão da
nossa
animalidade, é o
diamante que
cintila a
despeito da
negrura espessa
do rude
invólucro que o
circunda”.
Assim, podemos
dizer que a
consciência é o
quantum que já
despertamos em
nós do Deus que
habita o nosso
santuário
interno. É o
self em expansão
e fazendo-se
notar através de
atos virtuosos
que já
incorporamos em
nossos hábitos
comuns.
Emmanuel, em seu
livro que tem o
título do seu
nome: Emmanuel,
nos diz, no
capítulo 15, que
“É a
consciência,
centelha de luz
divina, que faz
nascer em cada
individualidade
a ideia da
verdade,
relativamente
aos problemas
espirituais,
fazendo-lhe
sentir a
realidade
positiva da vida
imortal,
atributo de
todos os seres
da Criação”.
Chegamos agora à
questão 621 de O
Livro dos
Espíritos. Nela
Allan Kardec,
estudando o
conhecimento das
Leis Naturais
instituídas por
Deus, faz o
seguinte
questionamento:
– E onde estão
escritas as Leis
de Deus?
– Na
consciência. –
Respondem
prontamente os
Espíritos
responsáveis
pela implantação
do Espiritismo
na Terra. E na
questão 621-a, o
Codificador
completa a
pergunta, quando
formula a
questão:
– Desde que o
homem traz na
consciência a
Lei de Deus, que
necessidade tem
que lha revelem?
– Ele a tinha
esquecido e
desprezado. Deus
quis que ela lhe
fosse lembrada.
–Respondem os
Espíritos. Ou
seja, estamos
indo em direção
a Deus. O nosso
roteiro é a
nossa
consciência,
pois que nela
estão escritos
os códigos que
nos levam a um
avanço destemido
e constante.
Ocorre que a
grande maioria
ainda prefere o
fazer trivial a
uma reflexão
importante e
necessária sobre
o que estamos
fazendo na vida
e quem
representamos
nela. Podemos
listar vários
tipos de
consciência.
Stanislav Groff,
psicólogo
transcendental
da atualidade,
classifica em
cinco os tipos
de consciência.
É um estudo
interessante e
que tem o aval
de Joanna de
Ângelis. O
primeiro nível é
o da consciência
de sono sem
sonhos. Nesse
estágio a pessoa
vive basicamente
para cumprir os
fenômenos
fisiológicos,
assim como:
comer, dormir,
reproduzir-se e
atender aos
prazeres
sensoriais
vinculados ao
ego. Na análise
de Joanna de
Ângelis, nesta
fase “... apenas
se tem como
fator
determinante os
fenômenos
orgânicos
automáticos que
se exteriorizam,
assim mesmo sem
o conhecimento
da consciência”.
Puro
automatismo. É
como se o
indivíduo não
fosse mais que
uma máquina de
fazer acontecer
os eventos
diários sem uma
análise, uma
conclusão, uma
síntese que o
enriqueça. É o
famoso: viver
por viver.
O segundo nível
de consciência é
classificado por
Stanislav Groff
como consciência
de sono com
sonhos. Nesse
nível de
consciência a
elaboração
onírica
intensifica-se,
demonstrando um
maior diálogo
entre o
consciente e o
inconsciente,
proporcionando a
liberação de
inúmeros
clichês. Ainda
há a
preponderância
dos desejos e
pulsões
controlando as
ações do
indivíduo,
embora já se
veja um suave
despertar.
Podemos definir
esses clichês
como símbolos
arquivados no
inconsciente e
formados ao
longo das
existências
passadas,
ficando como
marcas,
matrizes, onde o
Espírito busca
significados que
ampliem seus
entendimentos
sobre as coisas
que vê e sente.
E nos diz Joanna
de Ângelis: “...
ali a realidade
apresenta-se
ainda difusa,
cujos contornos
perdem-se em
vagos
delineamentos
que não lhe
correspondem à
exatidão”. É
como se víssemos
um camelo e não
soubéssemos
distingui-lo de
um dromedário.
Olhássemos o céu
e víssemos
apenas pontos
luminosos
brilhando à
noite, sem uma
introspecção do
que seriam as
estrelas, para
que foram
criadas, qual o
destino delas.
Nesse nível
ainda
confundimos gato
com lebre! Alhos
com bugalhos,
utilizando aqui
expressões
populares.
O terceiro nível
é o da
consciência do
sono acordado.
Agora já se
começa a ter uma
identificação
com a realidade.
Neste nível as
escolhas começam
a ser mais bem
elaboradas. Já
conseguimos
identificar,
mesmo que
levemente, o que
seja o bem do
mal, o belo do
feio, o valor da
cidadania e sua
adequação a ela.
É um nível onde
iniciamos a
autorrealização
tendo como
parâmetro a lei
de causa e
efeito. O
indivíduo toma
conhecimento de
que o que
plantar haverá
de colher. Daí o
cuidado no
plantio. Joanna
de Ângelis
avalia como
sendo “... a
determinação
pessoal, aliada
à vontade de
conduzir o ser
aos ideais de
enobrecimento, à
descoberta da
finalidade da
sua existência,
às aspirações do
que lhe é
essencial”.
Avaliamos esse
nível de
consciência como
sendo o ponto
chave do
despertamento do
indivíduo, pois
que à medida que
amadurecem as
reflexões em
torno desses
postulados,
avança de forma
mais determinada
para as próximas
etapas.
O quarto nível,
segundo
Stanislav Groff
e Joanna de
Ângelis, o
indivíduo começa
a ser o si para
si mesmo.
Vejamos o que
diz Groff: “O
ser
desidentifica-se
da persona, ou
seja, do ego
inferior e
imaturo,
desidentifica-se
igualmente do
coletivo e se
deixa conduzir
pelo self que é
a personalidade
maior”.
Identificamos
aqui figuras
importantes da
história. Homens
e mulheres que
entregaram suas
vidas por ideais
que beneficiaram
toda a
humanidade. Esse
nível de
consciência é
identificado
como sendo o da
Transcendência
do eu.
Anima-nos saber
que este é o
justo caminho a
ser trilhado por
todos nós. É
isto que os
Espíritos
Superiores nos
informam sempre
quando nos
aconselham ao
estudo e prática
do Evangelho de
Jesus. Ou seja:
há uma
finalidade e
essa finalidade
está ligada
diretamente aos
avanços dos
nossos níveis
conscienciais
dando lugar ao
nosso Deus
interior para
que Ele fale
através de nós e
que o outro O
sinta quando
estiver próximo
a nós. É esta a
finalidade para
o amai-vos e
instruir-vos que
o Espírito da
Verdade nos
aconselha
através do Livro
O Evangelho
segundo o
Espiritismo e,
ainda no mesmo
livro, a citação
de Allan Kardec:
“Reconhece-se o
verdadeiro
espírita pelo
muito que fizer
para domar suas
más
inclinações”. A
resultante será
sempre uma
consciência
livre dos níveis
iniciais,
obscuros,
estreitos e
sonolentos.
Completando as
nossas reflexões
sobre os
propostos níveis
de consciência,
vamos agora para
o quinto nível
que é o da
Consciência
Cósmica. Nesse
nível o ser
atinge a
perfeita
identificação
com os ideais
superiores da
vida, da qual
Jesus é o
exemplo
perfeito.
Podemos repetir
aqui a sua
palavra: “Eu e o
Pai somos um” e
que João anotou
no capítulo 20,
vv. 30, do seu
evangelho. Paulo
de Tarso,
escrevendo aos
Efésios no
capítulo 5, vv.
14, da sua
carta, disse com
ênfase e
autoridade:
“Desperta, ó tu
que dormes,
levanta-te
dentre os mortos
e Cristo
resplandecerá
sobre a tua
pessoa”.
Há ainda os
estados
alterados de
consciência
através das
drogas lícitas
ou não, momentos
de transtornos
frequentemente
motivados pela
ira ou ainda
originados pelo
êxtase das
emoções
superiores. Há
ainda a
consciência
culpada que, no
dizer de Manoel
Philomeno de
Miranda, em seu
livro Nos
Bastidores da
Obsessão, no
capítulo 4, “...
é sempre porta
aberta à invasão
da penalidade
justa ou
arbitrária. E o
remorso, que lhe
constitui dura
clave, faculta o
surgimento de
ideias fantasmas
apavorantes que
ensejam os
processos
obsessivos de
resgate das
dívidas”. E há
ainda a
consciência
normal que,
segundo Gustavo
Gelei, em seu
livro O Ser
subconsciente,
editado pela
FEB, “É o
resultado da
colaboração de
dois psiquismos,
o superior e o
inferior;
colaboração na
qual o psiquismo
superior
desempenha o
papel diretor e
centralizador”.
“A chave para
estarmos em
estado de
conexão
permanente com o
nosso eu
interior, ou
seja, nossa
consciência em
expansão é o
desejo de
senti-la em
todos os
momentos. Esta
prática pode
intensificar
nossos avanços,
transformando
nossas vidas.
Quanto mais nos
direcionarmos
para o nosso
campo interior,
mais cresce a
frequência
vibracional, tal
qual a luz que
vai ficando mais
forte quando
acionamos o
botão do dimmer”
– diz-nos
Eckhart Tolle da
Universidade de
Cambridge, em
seu livro O
Poder do Agora.
É-nos necessário
um olhar mais
profundo sobre
nós e o mundo
que nos rodeia.
Há muito que
fazer. Há muito
que realizar e
não podemos
ficar por aí
dormindo e
sonhando,
achando que
somos
super-homens ou
mulheres, numa
alucinação
onírica que a
nada nos levará.
O homem antigo,
cheio de rugas
de um passado
coalhado de
mandos e
desmandos,
ilusões,
narcisismos e
atitudes
imorais, deve
ceder espaços ao
novo que bate às
nossas portas.
Deus está dentro
de nós e somente
com a
consciência
expandida ou em
expansão é que
vamos senti-Lo.
Fora isto,
seremos sempre o
arrogante,
imaturo, matuto,
sensual, maioral
etc. A vida
espiritual é,
com efeito, a
verdadeira vida.
É a vida normal
do Espírito,
sendo-lhe
transitória e
passageira a
existência
terrestre,
espécie de
morte, se
comparada ao
esplendor e à
atividade da
outra, da vida
espiritual, como
nos informam os
Espíritos
Superiores. E
agora, a quem
seguir? A um
conjunto de
informações e
vivências que
nos mantêm
adormecidos,
consciencialmente,
ou a ações que
nos impelem a um
despertamento
para melhor
avaliarmos quem
somos neste
grande concerto
que é a vida
gerada e mantida
por Deus, de
quem somos
filhos?