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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 431 - 13 de Setembro de 2015

ANSELMO FERREIRA VASCONCELOS
afv@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)

 


Egoísmo e sociedade


O quadro geral predominante no Brasil na atualidade apresenta não apenas – como se isso fosse pouco – a desagradável experiência de se viver sob intensa incerteza decorrente de atores institucionais pusilânimes, despreparados e negligentes. Embora tenhamos adentrado em um novo milênio cheio de esperanças e expectativas positivas, ainda não conseguimos - consequência natural de uma retórica oficial oca e desfocada da realidade - sequer estabelecer, como nação, um rumo seguro, concreto e promissor. Não é por outra razão que uma miríade de desajustes e desacertos é ainda claramente observável em vários setores da sociedade, particularmente na administração pública do país.

Mas não é só isso, pois outros males não são exprobrados com a devida veemência. O retorno da inflação a patamares incivilizados – algo que os mais velhos enfrentaram estoicamente em outros tempos – é algo que demanda outras considerações referentes aos valores cultuados nesta terra. Para ilustrar o raciocínio descreverei brevemente uma situação vivenciada por um parente desse escriba. A personagem em questão foi encomendar recentemente, como o faz de tempos em tempos, um remédio manipulado numa farmácia concorrida no bairro onde reside.

Ao apresentar a receita à balconista ouviu o valor total de R$124,00 já com o desconto, pois o preço original era de R$133,00. Inconformada com o alto valor solicitou um novo desconto e recebeu uma redução para R$108,00. Afinal de contas, sessenta dias antes havia comprado o mesmo remédio naquele estabelecimento no qual é cliente habitual por R$94,00 (tinha, aliás, a nota fiscal em seu poder para comprovar). Diante da prova insofismável, a balconista aceitou a encomenda do produto acrescida de um pequeno aumento totalizando R$ 98,00. Moral da história: somos literalmente roubados por todos os lados, não apenas por meliantes contumazes que vivem disso.

As nossas instituições também foram inoculadas por esse vírus altamente pernicioso, letal, por sinal, à construção de sociedades equilibradas econômica e moralmente. De modo generalizado, as organizações têm manipulado vergonhosamente nas últimas duas décadas os preços e os volumes dos produtos e serviços em flagrante prejuízo dos consumidores desse país. Contudo, diferentemente do passado recente no qual havia o “anestésico” da correção monetária, o presente tem sido mais perverso já que inexistem contrapartidas de espécie alguma.

Assim sendo, caminhamos sob uma paisagem impregnada de egoísmo e insensibilidade na qual os mais ricos tornam-se cada vez mais ricos. A propósito, previsões recentemente publicadas alertam para o fato de que já em 2016 o grupo composto por 1% mais ricos do planeta vai superar a riqueza total dos 99% mais pobres. A mesma fonte lembra que, já em 2014, enquanto o grupo de 1% mantinha 48% de toda a riqueza, o dos 99% mais pobres detinha 52%. Contudo, desde 2010 esses números seguem tendências inversas, que favorecem a concentração.    

Especialistas no tema têm declarado que "A amplitude das desigualdades mundiais é vertiginosa". No caso brasileiro, é notório que a economia cambaleante e os preços inflados favorecem os mais ricos que tiram amplo mais proveito da situação, aliás, como sempre o fizeram. Os descalabros nessa área remetem, por outro lado, aos judiciosos comentários de Allan Kardec sobre o egoísmo, conforme estão exarados na obra O Livro dos Espíritos, questão nº 917, e que merecem a nossa reflexão. 

Ou seja, o Codificador da Doutrina Espírita observou que “Louváveis esforços indubitavelmente se empregam para fazer que a humanidade progrida. [...]. Entretanto, o egoísmo, verme roedor, continua a ser a chaga social. É um mal real, que se alastra por todo o mundo e do qual cada homem é mais ou menos vítima. Cumpre, pois, combatê-lo, como se combate uma enfermidade endêmica [...]” (ênfase nossa).

Como se lê, o problema é antigo e, como tal, continua ainda a exigir intensa atenção e combate. Os números acima mencionados sobre concentração de riqueza não deixam qualquer dúvida a respeito. Mas Kardec avançou a sua análise enfocando as causas: “[...] Procurem-se em todas as partes do organismo social, da família aos povos, da choupana ao palácio, todas as causas, todas as influências que, ostensiva ou ocultamente, excitam, alimentam e desenvolvem o sentimento do egoísmo. [...]”.

Não bastasse isso, ele também apontou soluções: “[...] Poderá ser longa a cura, porque numerosas são as causas, mas não é impossível. Contudo, ela só se obterá se o mal for atacado em sua raiz, isto é, pela educação, não por essa educação que tende a fazer homens instruídos, mas pela que tende a fazer homens de bem. A educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral [...]” (ênfase nossa).

Para arrematar, Kardec vaticinou que “O egoísmo é a fonte de todos os vícios, como a caridade o é de todas as virtudes. Destruir um e desenvolver a outra, tal deve ser o alvo de todos os esforços do homem, se quiser assegurar a sua felicidade neste mundo, tanto quanto no futuro”.

Portanto, eis o desafio que nos compete superar para que essa doença, que infelicita a tantos, seja banida desse mundo.  


 

 


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