Ações e reações
Todo problema deve
constituir um repto ao
valor moral do homem a
fim de ser solucionado.
Submeter-se passivamente
a qualquer conjuntura de
dor, ignorância e
sombra, resulta de
tácita covardia moral
ante a luta, na qual
todos devem investir e
empenhar esforços para a
superação das
dificuldades e a
instauração dos triunfos
que produzem seres
ditosos.
(FRANCO, 1976, p. 66.)
O amor – tanto quanto a
humildade – não deve ser
sentimento fingido, e,
sim, verdadeiro em nós.
Quando isso não ocorre,
cedo ou tarde acabamos
sendo desmascarados. Foi
por isso que Jesus nos
recomendou: “Seja o
vosso dizer: sim, sim;
não, não, porque o que
passa disso é de
procedência maligna”
(Mateus, 5:37).Jamais
nos esqueçamos,
entretanto, de que toda
a passagem do Cristo
pela Terra teve por fim,
principalmente, nos dar
exemplos de serviço
desinteressado em
benefício alheio. O que
ele nos quis demonstrar
é que quanto mais nos
dedicamos a servir,
desinteressadamente, ao
próximo, mais estamos
realizando em nosso
próprio benefício. Isso
não advém de cálculo,
nem é simploriedade, é
sublime. Está não
somente no Evangelho de
Jesus, como também n’O
Livro dos Espíritos,
questão 897.
Há pessoas, porém, que
estudam as obras
espíritas e as
escrituras sagradas 50,
60 anos, e ainda não
entenderam isso. Estão
sempre calculando o
valor de suas boas ações
e, portanto, não
demonstram a verdadeira
elevação espiritual,
embora isso seja melhor
do que nada. Mas
enquanto não aprendermos
a fazer o bem, sem
qualquer ideia de
retribuição, ainda
estaremos distantes do
entendimento do que é,
realmente, ser bom.
O interesse pessoal,
como lemos na questão
895, d’O Livro dos
Espíritos, é o
sinal mais
característico de nossa
imperfeição. Isso
não significa que nada
devamos fazer que
produza bons frutos, em
geral, e, sim, que
precisamos usar os
nossos talentos visando
ao bem comum, com
desapego às coisas
materiais e, mesmo, ao
reconhecimento deste
mundo.
Há pessoas que passam a
vida enganando-se a si
mesmas. Fingem ser o que
absolutamente não são,
mas sabem,
perfeitamente, que ainda
não o são e continuam
fingindo sê-lo, o que é
de uma hipocrisia
comparável à que o
Cristo identificou nos
cidadãos de sua época,
em especial, nos
fariseus.Infelizmente,
onde nunca deveria haver
hipocrisia, que é nas
casas religiosas, é
onde, não raro, nos
deparamos com ela. E tal
coisa ocorre em virtude
de o ser humano ser
ávido pelo poder. Desse
modo, quando não o
conquista na política,
nos centros acadêmicos,
na economia, corre para
os ambientes filosóficos
ou religiosos e disputa
os postos-chave, com
todos os recursos
disponíveis que acredita
possuir; em geral,por
julgar saber algo mais
que seus “seguidores”.
Mas uma coisa é saber,
outra é sabedoria. Saber
é conhecer algo,
sabedoria é utilizar
para o bem esse
conhecimento.
O pseudossábio, tão logo
alcança seu objetivo,
tira a máscara da
humildade e começa a
deixar rastos por onde
passa; mas,ao perder o
poder,ataca os que
considera inimigos e,
ainda, se julga
injustiçado pelos que o
viram sem a máscara da
hipocrisia. Como não
gostou de ser
“descoberto”, agride a
todos, indistintamente,
julgando-os também
mascarados. Seu objetivo
básico, porém, é um só:
reconquistar o poder,
ainda que tenha que
atacar instituições
seculares, que objetiva
substituir pela sua.
Os Espíritos superiores
estão atentos e sabem
perfeitamente do que é
capaz cada um de nós,
tanto para o bem, quanto
para o mal. Diz o
Espírito Manoel
Philomeno de Miranda que
“O abuso da força, do
poder econômico ou
social, da autoridade,
da inteligência, seja do
que for, produz a
desdita a que o mau
mordomo se arroja, em
demorada e aflitiva
recuperação” (FRANCO,
1976, p. 55).
Tenho para mim que o
comportamento abusivo
decorre de uma visão
equivocada, em relação
às atitudes alheias,
além de imaturidade
espiritual, na aplicação
prática dos
conhecimentos teóricos
que as obras superiores
nos proporcionam.
Infelizmente, nos dias
atuais, é recorrente a
seguinte dedução: Se
todo o mundo faz assim,
por que tenho que fazer
diferente? Não sou
melhor do que ninguém.
Outros dizem que
lugar de santo é no céu
e ainda estamos na
Terra, onde, segundo
Thomas Hobbes, “o homem
é o lobo do homem”. Não
necessariamente. Ainda
sou dos que acreditam na
humanidade real,
conforme exemplificou o
Cristo, ainda que meus
esforços, muitas vezes,
sejam baldos, na
correção de meus
defeitos. Persisto,
porém, pois estou certo
de que só o bem é
eterno.
Jesus recomendou-nos
amar os nossos inimigos
e orar pelos que nos
perseguem e caluniam.
Quem age visando a seus
próprios interesses
mundanos ainda não se
conscientizou de que não
é na Terra que temos de
colocar nossos tesouros,
“onde a traça e a
ferrugem tudo consomem e
onde os ladrões minam e
roubam, mas no céu”
(Mateus, 6:19).
O ambicioso pelo poder
ainda não percebeu que
todo poder emana de Deus
e que não somos
insubstituíveis, antes,
tudo o que fazemos
resulta, sempre, em
nosso próprio benefício
ou malefício.
Não falta quem leia
estes nossos modestos
apontamentos e os chame
de “simplistas”,
justamente por ainda
disputar as glórias
efêmeras do mundo, a
ascendência espiritual
sobre as demais pessoas,
a quem subestimam e
criticam. Daí vêm as
correções que, quando
decorrem de nossas
graves faltas para com a
Lei de Deus, impressa em
nossa consciência
(questão 621 d’O
Livro dos Espíritos),
provocam, em cada um de
nós, duros golpes,
físicos e morais. O
Espírito Miranda
exemplifica muito bem
esse processo corretivo,
que acarreta a
auto-obsessão, em
Tramas do destino,
nos seguintes trechos:
O maior inimigo do
paciente auto-obsidiado
é a sua consciência de
culpa, de que não se
esforça, realmente, por
libertar-se, conseguindo
merecimentos pelo uso
bem dirigido da força
que empreende para a
regularização dos erros
pungentes.
No capítulo das
auto-obsessões aparece
vasta gama de alienados,
egoístas, narcisistas,
hipocondríacos,
exibicionistas etc., em
cuja gênese da
enfermidade se fixam
complexas matrizes para
a fascinação e a
subjugação, que procedem
dos Espíritos infelizes
que são afins ou se lhes
vinculam por processos
cármicos redentores.
Em toda e qualquer
injunção, porém, a
psicoterapia do
Evangelho é o mais
eficaz medicamento para
a alma e,
consequentemente, para a
vida. (FRANCO, 1976. p.
66).
Esse processo é
consequente das atitudes
equivocadas de pessoas
egoístas, que visam
principalmente a seu
bem-estar e utilizam as
demais pessoas para
trabalharem em seu
ambicioso desejo de
dominação e de poder. A
esses, fica a
advertência de Paulo:
“Portanto, nós também,
pois que estamos
rodeados de uma tão
grande nuvem
de testemunhas, deixemos
todo o embaraço e o
pecado que, tão de
perto, nos rodeia, e
corramos com paciência a
carreira que nos está
proposta” — Paulo.
(HEBREUS, 12:1.)
Quem desejar ser o
maior, seja o servo de
todos, já dizia Jesus
(Mateus, 23:11). Somente
assim nossas ações
resultarão em reações
positivas, todas elas
baseadas no verdadeiro
entendimento da mensagem
do Cristo: “Meu reino
não é deste mundo”
(João, 18:36).
Referências:
ALMEIDA, João Ferreira
de. Novo testamento,
salmos e provérbios.
Rio de Janeiro:
Sociedade Bíblica do
Brasil. 2005.
FRANCO, Divaldo Pereira.
Tramas do destino.
Pelo Espírito Manoel
Philomeno de Miranda.
11. Ed. Rio de Janeiro:
FEB, 1976.
Acesse o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com