GEBALDO JOSÉ DE
SOUSA
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás
(Brasil)
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Outros benfeitores
Em nossa visão
limitada,
consideramos
benfeitores
apenas aqueles
que, de uma
forma ou de
outra, nos
alegram e
auxiliam: pais e
outros
familiares,
professores,
amigos generosos
e, de modo
geral, todos os
que agem
positivamente em
relação a nós e
àqueles a quem
amamos!
Os primeiros
deram-nos a vida
física, afeto,
sustento,
educação e muito
mais. Todos eles
nos educam ou
nos beneficiam
material ou
espiritualmente
– fato que nem
sempre
percebemos ou
valorizamos,
enquanto a vida
se desenvolve!
Contudo, os
Espíritos nos
revelam outra
natureza de
benfeitores,
como bem
exemplificou
Emmanuel1,
Espírito, na
página ‘O
benfeitor Júlio
Maria’:
“O BENFEITOR
JÚLIO MARIA
De 1932 a 1945,
o Padre Júlio
Maria, residente
em Manhumirim,
em Minas, não
deixou o pobre
Chico e seu
incansável Guia
Emmanuel em paz.
Criticou-os
tenaz e
injustamente. Os
trabalhos de
Emmanuel,
recebidos pelo
sensível Médium,
eram
esmerilhados,
apontados,
criticados,
obscurecidos,
adulterados.
Aconselhado pelo
Guia, o Chico
nada respondeu e
evitava, até em
família ou com
amigos, comentar
os doestos, as
verrinas, as
injustiças do
jornal O
Lutador. Mal
o recebia, no
entanto,
assustava-se,
adivinhando-lhe
a pancadaria...
(...)
Em 1945,
inopinadamente,
desencarna o
Padre Júlio
Maria. E
Emmanuel aparece
ao Chico e lhe
diz:
– Hoje, vamos
fazer uma prece
em conjunto e
toda particular
pelo nosso
grande benfeitor
Júlio Maria, que
acaba de
desencarnar em
Manhumirim,
conforme acaba
de anunciar a
Imprensa do
Rio...
– Não sabia! Mas
benfeitor, por
quê?!
– Sim,
benfeitor. Pois
durante 13 anos
seguidos
ajudou-nos a
compreender o
valor do
trabalho a bem
de nossa
melhoria
espiritual,
convidando-nos a
uma permanente
oração no
exercício
sublimativo de
ouvir, sentir e
não revidar,
lecionando o
adversário na
Lição do
silêncio.Quem
virá, agora,
substituí-lo?Substituir
quem nos
adversou e nos
limou, nos
maltratou e nos
possibilitou
melhoria
espiritual,
colóquio
permanente com o
Grande
Incompreendido,
o Injustiçado de
todos os tempos,
que é Jesus!”
Também Emmanuel2
– esse benfeitor
de todos nós –
preceitua:
(...) somos
devedores (...)
a quantos nos
perseguem e
caluniam;
constituem os
instrumentos que
nos trabalham a
individualidade,
compelindo-nos a
renovações de
elevado alcance
que raramente
compreendemos
nos instantes
mais graves da
experiência. São
eles que nos
indicam as
fraquezas, as
deficiências e
as necessidades
a serem
atendidas na
tarefa que
estamos
executando.
Os amigos, em
muitas ocasiões,
são
imprevidentes
companheiros,
porquanto
contemporizam
com o mal; os
adversários,
porém,
situam-nos com
vigor. (...).”
O Evangelho
segundo o
Espiritismo3
orienta-nos para
vencer a nós
mesmos, em
momentos dessa
gravidade:
“(...) Sede
pacientes. A
paciência também
é uma caridade e
deveis praticar
a lei de
caridade
ensinada pelo
Cristo, enviado
de Deus. A
caridade que
consiste na
esmola dada aos
pobres é a mais
fácil de todas.
Todavia, existe
outra muito mais
penosa e, por
conseguinte,
muito mais
meritória: a
de perdoarmos
àqueles que Deus
colocou no nosso
caminho para
serem
instrumentos do
nosso sofrer e
para provarem a
nossa paciência.
(...)
(...) O
sacrifício que
vos obriga a
amar os que vos
ultrajam e
perseguem é
penoso; mas é
precisamente
esse sacrifício
que vos torna
superiores a
eles. Se os
odiásseis, como
vos odeiam, não
valeríeis mais
do que eles.
(...) Embora a
lei de amor
mande que cada
um ame
indistintamente
a todos os seus
irmãos, ela não
resguarda o
coração contra
os maus
procederes; esta
é, ao contrário,
a prova mais
angustiosa,
(...)”.
Na página “Em
desobsessão”,
Albino Teixeira4
tece
considerações
preciosas sobre
“Aqueles
companheiros na
Terra:
que nos
desfiguram as
melhores
intenções;
que nos falham à
confiança;
que nos criam
problemas;
que nos
abandonam na
hora difícil;
que nos induzem
à tentação;
que nos impõem
prejuízos;
que nos criticam
os gestos;
que nos
desencorajam as
esperanças;
que nos desafiam
à cólera;
que nos
dificultam o
trabalho;
que nos agravam
os obstáculos;
que nos
perseguem ou
injuriam,
são geralmente
os examinadores
utilizados pela
Espiritualidade
Maior – através
do mecanismo das
provas – a fim
de saber como
vamos seguindo
na obra
libertadora da
própria
desobsessão.
Renteando com
eles, acalme-se,
observe,
aproveite,
agradeça e
abençoe”.
Observemos que
esses
personagens só
se tornam
benfeitores
quando adotamos
as lições
pregadas e
exemplificadas
por Jesus,
oferecendo-lhes
a outra face. Se
revidarmos mal
por mal,
perderemos
oportunidades
preciosas de
aprendizado e
crescimento
interior.
Referências:
1.
GAMA, Ramiro.
Lindos
Casos de Chico
Xavier.11.
ed. São Paulo:
LAKE, 1978, p.
190.
2.
XAVIER,
Francisco C.
Vinha de Luz.
Pelo Espírito
Emmanuel. 6 ed.
FEB: Rio de
Janeiro, 1981.
Cap. 41, p.
93/94.
3.
KARDEC, Allan.
O Evangelho
segundo o
Espiritismo.
Trad. Evandro
Noleto Bezerra.
Rio de Janeiro:
FEB, 2010. cap.
9, it. 7, p.
195; e cap. 12,
it. 10, p.
246/247.
4.
XAVIER,
Francisco C.
Paz e Renovação.Espíritos
Diversos. 2. ed.
Araras: IDE,
1983, cap. 4, p.
23/24.