Liberdade
Em filosofia, liberdade
pode ser compreendida
tanto negativa quanto
positivamente. Sob a
perspectiva negativa,
denota a ausência de
submissão e de servidão,
já na segunda, é a
autonomia e a
espontaneidade de um
sujeito racional.
Segundo o dicionário
Michaelis, “liberdade é
um estado de pessoa
livre e isenta de
restrição externa ou
coação física ou moral.
Poder de exercer
livremente sua vontade
ou condição do ser que
não vive em cativeiro”.
A busca da liberdade
sempre foi uma constante
na história da raça
humana. Ela compõe o
conjunto dos elementos
que habitualmente se
imagina sejam
necessários ao bem-estar
das criaturas. Parece de
pouca serventia possuir
alguns bens, da espécie
que sejam, sem a
liberdade de
desfrutá-los. Para ser
livre, muitas vezes o
homem trilhou caminhos
tortuosos.
Para Carlos Bernardo
González Pecotche
(1901-1963), a liberdade
é prerrogativa natural
do ser humano, já que
nasce livre, embora não
se dê conta até o
momento em que sua
consciência o faz
experimentar a
necessidade de exercê-la
como único meio de
realizar suas funções
primordiais da vida, e o
objetivo que cada um
deva atingir como ser
racional e espiritual.
Como princípio, assinala
ao homem e lhe
substancia sua posição
dentro do mundo, enfim,
é preciso vinculá-la
muito estreitamente ao
dever e à
responsabilidade
individual, pois estes
dois termos, de um
importante conteúdo
moral, constituem a
alavanca que move os
atos humanos,
preservando-se do
excesso, sempre
prejudicial à
independência e à
liberdade de quem nele
incorre.
A liberdade pode ser
dita de diversas formas:
liberdade do fazer; do
querer; autonomia;
direito ou participação
política. De várias
formas também ela se
emprega: como arma
política ou elemento
doutrinal; como simples
palavra ou como
conceito; como ideia
reguladora ou apelo à
experiência. Jesus
afirmou que o
conhecimento da verdade
nos libertaria. De fato,
uma compreensão mais
aprofundada das leis da
vida, ao despir o homem
de suas ilusões, livra-o
da mesquinhez, do
egoísmo e do orgulho.
Em O avesso da
liberdade, de Adauto
Novaes, há um grupo de
artigos dedicados ao que
poderia se chamar de
“transcendental: a
liberdade é pensável?”,
nos fazendo refletir em
quais impasses, as
dificuldades
conceituais, os
paradoxos que é preciso
vencer ou enfrentar para
que faça sentido o
emprego dessa noção?
Tudo depende do quadro
conceitual em que nos
movemos, por exemplo,
pensar a liberdade nos
quadros de uma doutrina
materialista. Como
pensar, sem fazer
recurso de outra
realidade senão a da
matéria, sem recorrer ao
espírito ou a qualquer
outra forma de dualismo,
a ação, a voluntariedade
e a liberdade que lhe
são próprias, se a
matéria é o elemento de
uma ordem natural, cujas
determinações ela sofre
desde o exterior?
Em O Livro dos
Espíritos, Allan
Kardec, ao buscar
respostas sobre a
liberdade absoluta,
encontra as sábias
palavras afirmando que o
homem não gozará de
absoluta liberdade
porque todos precisam
uns dos outros. No
convívio familiar ou
social, é impossível ser
totalmente livre. Os
seus direitos terminam
onde começam os direitos
do seu próximo, pois a
completa libertação
possível é a das
paixões, dos instintos
inferiores, que tanto
infelicitam a
humanidade. Ao traçar as
metas da vida, devemos
buscar antes
libertar-nos da dor e do
desequilíbrio. Para tal,
um padrão de conduta
reto e equilibrado,
marcado pelo bom senso,
sempre será o melhor
roteiro. No pensamento
goza o homem de
ilimitada liberdade,
pois que não há como
pôr-lhe peias. A
consciência é um
pensamento íntimo que
pertence ao homem, como
todos os outros
pensamentos, pois podem
reprimir-se os atos, mas
a crença íntima é
inacessível, exceto para
Deus.
O homem tem o
livre-arbítrio de seus
atos, ou seja, assim
como tem a liberdade
para pensar, tem
igualmente a de obrar.
Há, portanto, liberdade
de agir, desde que haja
vontade de fazê-lo.
Temos o poder para
imprimir na nossa
existência o padrão de
felicidade ou de aflição
com o qual desejamos
conviver. A liberdade é
Lei da vida, que faz
parte do concerto da
harmonia universal.
Somos o que de nós
próprios fazemos,
movimentando-nos no rumo
que elegemos. A busca da
felicidade é uma meta
comum entre todos os
seres humanos. Todos
almejamos, de alguma
forma, alcançá-la. Cada
ser a idealiza de modo
diferente dos demais.
Para alguns a felicidade
é ter uma família, para
outros é estar sadio e
sentir-se bem, ou ainda,
é confundida, por
alguns, com conforto
material. Na realidade,
sabemos que a felicidade
verdadeira não é deste
mundo, como nos ensinou
Jesus.
O homem só pode agir
sobre o mundo que o
rodeia e sobre sua
própria natureza,
aplicando os poderes que
em si possui, por meio
dos órgãos das suas
diversas faculdades. O
material de que hão de
ser feitas estas
faculdades tem que ser
perfeito: sentimentos
bons e generosos, uma
mente dotada e educada,
uma natureza espiritual
pura e profunda. Devemos
abrir os caminhos limpos
e puros através do
labirinto da vida, sem
jamais consentir em
desvios do propósito
traçado.
Avaliemos se nossos
atos, nossas escolhas de
agora, serão motivos de
sofrimento ou de ventura
mais adiante. Somos
livres para semear o que
bem nos aprouver,
conscientes, no entanto,
de que estaremos
obrigatória e
inafastavelmente
vinculados à colheita de
seus frutos. Saibamos
ser livres dos vícios
que corroem a raça
humana, e utilizemos da
Sabedoria para
orientar-nos no caminho
da vida; da Força para
nos animar a sustentar
em todas as dificuldades
e a Beleza para adornar
todas as nossas ações,
nosso caráter e nosso
Espírito.