“Romana Legio Omnia
Vincit”
Essa
expressão curiosa,
título do presente
artigo, um lema do
exército romano criado
pelo imperador Júlio
César (110 a.C. a 44
a.C.), traduzida do
latim, significa que
“Legião Romana a tudo
vence”, uma exaltação às
vitórias seguidas da
máquina de guerra que
Roma montou e que lhe
garantiu, em determinado
momento histórico, a
conquista de grande
parte do globo terrestre
e com isso influenciar
toda a cultura
ocidental. Hoje, está
nos anais da história...
O espírito desta frase
nos remete àquelas
pessoas que têm na vida
um tapete vermelho, que
tudo vencem e que sempre
se dão bem. Ilustrados
na literatura pelo Rei
Midas, pelo Gastão da
Disney, são antíteses do
Jó bíblico, com um
caminho florido e
ajustado no qual tudo
concorre para seu
sucesso. Pessoas “Omnia
Vincit”.
Certamente, conhecemos
muitas delas. Algumas
pessoalmente, outras,
apenas como
celebridades. Com fartos
atributos combinados e
valorizados pela
sociedade-beleza,
riqueza, inteligência,
fama, carisma, família
estruturada-,potências
que se somam ao seu
esforço e dedicação,
que, combinados com o
que chamamos
erroneamente de sorte,
tem-se que em tudo que
eles tocam vira ouro.
Objeto de inveja e de
admiração, esses
vencedores na ótica da
vida terrestre, pela
visão da vida maior,
carregam fardos, por
vezes imperceptíveis, no
orgulho e na vaidade que
os atormentam, no medo
do fracasso nunca
experimentado, na
solidão de não saber em
quem confiar, nas
ameaças do egoísmo que o
isolam do mundo, na
evidência que torna
postiças suas relações.
Seduzidos pelos gramados
verdes dos vizinhos,
esquecemos que essas
pessoas, para as quais
as coisas parecem
fáceis, esforçam-se e
lutam, em batalhas
internas e externas, e
apesar de parecer que
elas tudo vencem,
amargam também derrotas
em campos muitas vezes
desvalorizados. Imagine,
estimado leitor, no
exercício da
indulgência, a pressão
que sofrem esses
vencedores...
A doutrina espírita,
pela lógica da
reencarnação, vem trazer
a essa questão uma outra
percepção. É prova o
papel de perdedor, mas
também é a vitória no
mundo. Nas diversas
roupagens que
experimentamos,
crescemos na dor, mas
evoluímos também pelas
posições de mando e de
destaque, de maneiras
diferentes. Em tudo, a
lógica divina aproveita
para o crescimento do
Espírito. O que às vezes
ressoa como um canto de
sereia figura como uma
armadilha mortal, nos
ensina bem a literatura
espírita, por nos trazer
uma visão ampliada.
N’O Evangelho segundo
o Espiritismo, o
Espírito de Lacordaire,
em bela mensagem sobre o
bem e o mal sofrer, nos
diz que:“(...) poucos
sofrem bem, poucos
compreendem que somente
as provas bem suportadas
podem conduzir ao Reino
de Deus. (...) Tendes
ouvido frequentemente
que Ele não põe um fardo
pesado em ombros
frágeis. O fardo é
proporcional às forças,
como a recompensa será
proporcional à
resignação e à coragem”.
Mas temos dificuldade no
mundo, e em seus
valores, de identificar
o que são fardos e qual
o seu tamanho, e que
nestes também cabe o
“bem sofrer”!
A lei é de amor, e o
amor paira além dessas
relações. Muitos desses
iluminados, robustos em
inteligência e posses,
padecem da falta dessa
competência essencial e
encontram na cesta de
oportunidades que a vida
lhes oferta um caminho
para desenvolver esse
amor, às vezes
negligenciado. Jesus
dizia que venceu o
mundo...Interessante
refletir sobre que
natureza de vitória
seria essa!
Tudo é passageiro, é
experiência, é
aprendizado. Mesmo que
brademos para nós mesmos
que tudo vencemos,
sabemos que na verdade
não é bem assim. Todos
somos frágeis meninos
nas lutas da vida,
dependendo do pão nosso
de cada dia, da saúde,
da família e dos amigos.
Somos ovelhas do rebanho
divino e ele nos
pastoreia, cada um a seu
jeito, conforme sua
necessidade Espiritual.