Sem reencarnação,
estamos sem Deus!
Conta-se que Charles
Darwin, o primeiro a
publicar a teoria
evolucionista dos seres
contrapondo-se ao
criacionismo que
acreditava que tudo já
tinha sido criado como
estava e devia, não
acreditava em Deus pelo
fato que passo a narrar.
O estudioso identificou
uma vespa que perseguia
implacavelmente uma
espécie de aranha,
ferroava-a paralisando a
sua inimiga e nela
depositando seus ovos
cujas larvas, após
eclodirem,
alimentavam-se do corpo
do animal paralisado,
mas não morto, sentindo
esse último as dores de
ser devorado vivo. Se
não tivesse os
conhecimentos que a
Doutrina Espírita
proporciona a quem
deseja estudá-la, também
acompanharia o cientista
em sua descrença sobre
Deus.
Cito esse fato para
fazer uma introdução à
análise dos
acontecimentos
lamentáveis registrados
quando da fuga de
pessoas de seu país de
origem, onde uma das
consequências foi a
imagem documentada que
chocou o mundo de uma
pequena criança morta e
virada de bruços em uma
praia que o transitório
ser humano julga ser de
sua posse, não atentando
para a brevidade da vida
física que a ninguém
permite levar o que
realmente não está
insculpido em seu
espírito, quer seja de
bom ou de ruim. Um
incorruptível fiscal,
localizado à beira de
todos os túmulos que já
existiram, existem ou
venham a existir, por
mais suntuosos que eles
sejam ou mais ignorados
possam ter sido ou são,
não permite
absolutamente a ninguém
levar um único grão de
dividendo material que
tenha possuído.
Contemplando a cena
exibida ao mundo através
dos vários recursos
atuais de comunicação à
disposição do ser
humano, renovei a minha
convicção de que, sem a
reencarnação, Deus não
existe. Presenciei
também cenas chocantes
de policiais agredindo
senhoras com crianças de
meses ao colo,
procurando expulsá-las
de determinados locais,
sem a mínina
consideração para com a
fragilidade dos
pequeninos que mais
pareciam folhas soltas
ao sabor do vento da
violência que o ser
humano ainda é capaz de
ter em seu interior tão
vazio daquele amor que
orienta o amor ao
próximo como a nós
mesmos. E mais uma vez
pensei: sem a
reencarnação, Deus não
existe. Não que tenha
procurado associar tais
cenas a vínculos do
passado dessas criaturas
como, infelizmente, em
minha opinião, se faz
com frequência no meio
espírita. Por exemplo:
os jovens mortos em uma
boate no Rio Grande do
Sul foram associados a
antigos nazistas que
assassinavam judeus nas
câmaras de gás pelo fato
de muitos daqueles moços
desencarnarem vitimados
pelos gases tóxicos
liberados durante o
incêndio. Ora, se não
temos condições para
compreender o que é Deus
(veja bem: que é e não
quem é), como nos
lançamos à procura das
causas das tragédias
alheias? Que sabemos nós
sobre o Criador? Quem
consegue compreender em
toda a sua extensão e
profundidade o que é
Deus, senão os Espíritos
que já atingiram a
perfeição? Como, então,
pronunciar sentenças
sobre as tragédias que
ocorrem sob a vigilância
perfeita das Leis do
Universo?
Mas retornando à cena da
criança morta na praia
enquanto os pais
procuravam lugares mais
seguros para sobreviver,
fiquei meditando na
teoria absurda daqueles
que creem que a alma
(conceito de outras
religiões) tenha sido
criada no instante do
nascimento! Então Deus,
em toda a sua
onisciência, mesmo
sabendo o destino
daquela alma criada
naquele momento único,
teria consumado a sua
obra para que um ser
inocente e indefeso
morresse brutalmente
numa praia e naquelas
condições?!
Absolutamente não! Sem a
reencarnação, Deus não
existe.
Na Revista Espírita
do ano de 1867, mês de
setembro, página 373,
assim se pronuncia
Kardec sobre a
reencarnação: Com a
reencarnação,
desaparecem os
preconceitos de raças e
de castas, pois o mesmo
Espírito pode tornar a
nascer rico ou pobre,
capitalista ou
proletário, chefe ou
subordinado, livre ou
escravo, homem ou
mulher. De todos os
argumentos invocados
contra a injustiça de
servidão e da
escravidão, contra a
sujeição da mulher à lei
do mais forte, nenhum há
que prime, em lógica, ao
fato material da
reencarnação. Se, pois,
a reencarnação funda
numa lei da Natureza o
princípio da
fraternidade universal,
também funda na mesma
lei o da igualdade dos
direitos sociais e, por
conseguinte, o da
liberdade.
Aí, sim, consigo
continuar pelos milênios
afora minha busca para
compreender plenamente
um dia o que é Deus! Se
alguém provar, o que
duvido sempre, que a
palingenesia é uma
mentira, terá condenado
Deus à morte. Terei o
direito de juntar-me a
Charles Darwin, à sua
vespa e à sua aranha.
Ou a reencarnação é um
fato imutável ou a vida
é uma obra de um acaso
que debocha da vida e
dos próprios viventes.
Só existe uma
possibilidade da
reencarnação ser um
erro: se a aranha de
Charles Darwin vier a
voar e a vespa do
cientista a rastejar em
solo sendo caçada,
picada, paralisada e
devorada pelas crias do
aracnídeo.