Tormenta
Amaral Ornellas
O céu apaga a luz do
rútilo diadema.
Enquanto o Sol se põe
nas quebradas da serra,
A tempestade e a noite
amortalham a Terra
Aos cantochões do vento
içado a fúria extrema.
É a tormenta a fremir
que, cruel, desalgema
O corisco mortal que
fulmina e que aterra...
E o grito do trovão, nos
ares, ruge e erra
Entre sombras hostis,
sob a ira suprema.
E a Natureza clama,
estala e chora, cheia
Da pavorosa dor que a
vergasta e alanceia,
Mas, eis que a luta
cessa e refaz-se a
harmonia.
Assim também é a vida,
em martírios da prova.
Depois da treva imensa,
eis que a luz se renova
E a esperança ressurge
ao Sol de novo dia.
Soneto psicografado pelo
médium Francisco Cândido
Xavier, publicado no
livro Esperança e
Vida. |