Karla N. Bertone, do Rio
de Janeiro (RJ), em carta
publicada nesta mesma
edição, pergunta-nos: - Onde
e quando se iniciaram as
chamadas Semanas Espíritas?
Foi em 1939, na cidade
fluminense de Três Rios, que
surgiram as Semanas
Espíritas. Segundo
depoimento de uma testemunha
ocular desse acontecimento,
o confrade Antenor de Souza,
a inspiração do evento veio
por meio de alguns
confrades, como o Assis
Faria, o Cerqueira e outros,
que resolveram fazer um
ciclo de palestras, de
domingo a domingo.
A informação foi-nos dada
pessoalmente por Antenor de
Souza, em resposta a uma
pergunta que lhe fizemos: –
Quando surgiram as Semanas
Espíritas?
Respondeu-nos o citado
confrade:
– A primeira Semana Espírita
foi realizada em 1939 na
cidade de Três Rios (RJ).
Vários oradores ali
compareceram para as suas
pregações; depois Três Rios
parou com esse movimento. Em
1944, Leopoldo Machado
sugeriu que nos reuníssemos
e fizéssemos uma espécie de
Liga Hanseática, que é,
salvo engano, algo parecido
com as Nações Unidas de
hoje, em que cada um
defenderia os interesses dos
outros. Leopoldo lançou essa
proposta juntamente com a
ideia de cada cidade assumir
o compromisso de realizar
uma Semana Espírita por ano.
Então, passaram a ser seis
Semanas Espíritas: Cruzeiro
(SP), Nova Iguaçu (RJ),
Macaé (RJ), Juiz de Fora
(MG), Três Rios (RJ) e Barra
do Piraí (RJ), que não
conseguiu realizá-la. Por
causa disso, Barra do Piraí
saiu do circuito e entrou
Astolfo Dutra (MG). Havia
naquela época companheiros
que achavam que realizar
mais do que duas Semanas
Espíritas por ano era um
exagero, um absurdo...
A resposta acima faz
parte de uma entrevista
publicada em fevereiro de
1993 pelo jornal O
Imortal, reproduzida
anos depois na edição n. 11
da revista O Consolador
– eis o link:
http://www.oconsolador.com.br/11/entrevista.html
Para quem não sabe,
explicamos: Antenor de
Souza, que viveu na cidade
de Cruzeiro (SP), foi uma
lenda viva do movimento
espírita brasileiro. Não
havia então em todo o país
um dirigente espírita de
expressão que ele não
conhecesse pessoalmente.
Amigo de Leopoldo Machado, a
quem se ligou pelos laços
afetivos logo que se viram
pela primeira vez, Antenor
acompanhou o surgimento das
Semanas Espíritas e foi
exatamente por isso que o
ouvimos na sede da Fundação
Espírita Abel Gomes, por
ocasião da Semana Espírita
realizada em Astolfo Dutra
(MG) em julho de 1992.
Antenor de Souza,
infelizmente, já não mais se
encontra entre nós,
fisicamente falando.
Segundo Antenor, bem
diferentes do modelo atual,
as Semanas Espíritas daquela
época eram muito mais
fraternas. Cada atividade
era precedida do hino
"Alegria Cristã". Por
sugestão e obra de Leopoldo
Machado, peças de teatro
eram encenadas e, no que
constituiu realmente uma
ideia original, cada cidade
assumiu o compromisso de
realizar uma Semana Espírita
por ano. Assim é que os
confrades de Cruzeiro (SP),
Nova Iguaçu (RJ), Macaé
(RJ), Juiz de Fora (MG),
Três Rios (RJ) e mais tarde
Astolfo Dutra (MG) começaram
a promovê-las, embora não
tivessem o apoio da chamada
Casa-Máter do Espiritismo, a
Federação Espírita
Brasileira, cujos dirigentes
eram refratários à
realização de estudos nos
centros espíritas e a todo
movimento cultural espírita
que não tivesse seu aval.
Para eles, as semanas
espíritas não mereciam
apoio. Qual seria o motivo?
Eis o que Antenor
explicou:
– Porque o deles era um
Espiritismo conservador, um
Espiritismo que não tinha
muita fraternidade e que não
realizava um trabalho que
devia ser realizado, porque,
se é fato e digno de nota
que não se deve aceitar, a
priori, tudo aquilo que
aparece com o rótulo de
Espiritismo, também não se
pode negar tudo.
Curiosamente, foi em
julho de 1992 que se
iniciaram as Semanas
Espíritas de Londrina,
evento que, apesar de tantas
dificuldades e da falta de
apoio de vários centros
espíritas da cidade, acabou
tornando-se a principal
iniciativa no campo da
divulgação espírita da
região a que pertence a
cidade de Londrina.
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