GEBALDO JOSÉ DE
SOUSA
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás
(Brasil)
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Que fizestes do
filho confiado à
vossa guarda?
“É preciso
assumir a
responsabilidade
em ser pai ou
mãe. E
ser pai
implica estar disposto a enfrentar problemas, a preocupar-se, a
conviver
emocionalmente
com o filho.
(...) Propiciar aos filhos
uma educação que
possibilite à
criança:
crescer
satisfeita
com
o que faz, capaz de decidir o
que quer, e de enfrentar os inevitáveis percalços da vida.”
(Grifos do
original.)
– Bruno
Bettelheim1
– psicólogo
austríaco.
Educar os filhos
é a maior
responsabilidade
dos pais.
Colhemos na
Doutrina
Espírita –
riquíssima em
ensinamentos –
pequena amostra
destinada a bem
orientar-nos
nessa nobre
tarefa.
Eis, da obra
basilar2,
codificada por
Allan Kardec:
“(...) os
Espíritos dos
pais têm por
missão
desenvolver os
de seus filhos
pela
educação. Isto constitui para eles uma tarefa: Se
falharem, serão
culpados”.
(Grifo
do
original)
“Pode-se
considerar a
paternidade como
missão?”
“Sem dúvida é
uma missão. É,
ao mesmo tempo,
um dever muito
grande e que
envolve, mais do
que o homem
pensa, a sua
responsabilidade
quanto ao
futuro. Deus
colocou o filho
sob a tutela dos
pais, a fim de
que estes o
dirijam pelo
caminho do bem,
(...). Mas há
quem se ocupe
mais em
endireitar as
árvores do seu
jardim e fazer
que deem bons e
abundantes
frutos, do que
endireitar o
caráter de seu
filho. Se este
vier a sucumbir
por culpa dos
pais, sofrerão
os genitores as
consequências
dessa queda,
recaindo sobre
eles os
sofrimentos do
filho na vida
futura, (...)”
“(...) Não nos
referimos à
educação moral
pelos livros e
sim à que
consiste na
arte de formar
os caracteres,
àquela que
cria hábitos,
uma vez que a
educação é o
conjunto dos
hábitos
adquiridos.
Quando se pensa
na grande
quantidade de
indivíduos que
todos os dias
são lançados na
torrente da
população, sem
princípios, sem
freio e
entregues a seus
próprios
instintos, serão
de admirar as
consequências
desastrosas que
daí resultam?
(...)”
– Observação de
Allan Kardec à
Q. 685-a.
(Grifos do
original).
Eis citações de
O Evangelho
segundo o
Espiritismo3
– outra obra
básica a
integrar a
Codificação
Espírita, de
Allan Kardec,
que enfatiza
essa
responsabilidade
dos pais para
com os filhos:
“Quantos pais
são infelizes
com seus filhos,
porque não lhes
combateram as
más tendências
desde o
princípio! Por
fraqueza ou
indiferença
deixaram que
neles se
desenvolvessem
os germens do
orgulho, do
egoísmo e da
tola vaidade,
que produzem a
secura do
coração; depois,
mais tarde,
quando colhem o
que semearam,
admiram-se e se
afligem com a
sua falta de
respeito e a sua
ingratidão.
(...)”
“(...)
inteirai-vos dos
vossos deveres e
ponde todo o
vosso amor em
aproximar de
Deus essa alma:
esta é a missão
que vos está
confiada (...).
Lembrai-vos de
que Deus
perguntará a
cada pai e a cada
mãe:
Que
fizestes do
filho confiado à vossa guarda? (...)”
Emmanuel3,
Espírito,
destaca o valor
do lar, na
educação e
formação do
caráter dos
filhos:
“Qual a melhor
escola de
preparação
das
almas
reencarnadas, na Terra?
– A melhor
escola ainda é o
lar,
onde a criatura
deve
receber
as
bases
do
sentimento
e do
caráter.
Os
estabelecimentos
de ensino,
propriamente do
mundo, podem
instruir, mas só
o instituto da
família pode
educar. É por
essa razão que a
universidade
poderá fazer o
cidadão, mas
somente o lar
pode edificar o
homem. (...)”
Um dos erros da
família moderna
é descurar a
chamada educação
de berço. De
confiar essa
educação à
escola, que
também não se
acha, em sua
maioria e sob
muitos aspectos,
preparada nem
mesmo para a
parte que lhe
cabe realizar.
Os exemplos
edificantes, com
palavras, gestos
e atitudes; o
diálogo e a
vivência do amor
entre os pais;
os sentimentos e
os próprios
pensamentos que
cultivam no
ambiente do lar
ficam
registrados nas
almas infantis,
eis que criam
atmosfera
vibracional de
equilíbrio, por
elas
sintonizada.
“A coisa mais
importante que
um pai pode
fazer pelos
filhos é amar a
mãe deles.”
– Theodore M.
Hesburgh.
Educar os filhos
transforma
também os
próprios pais,
confirmando que
a família é um
dos mais
valiosos meios
de
aperfeiçoamento
dos Espíritos.
Humberto de
Campos4
narra episódio
envolvendo
criminoso tido
como um dos piores do presídio e uma filha deste último, acolhida
num asilo:
“Um dia, a
pequenita
adoece.
Compadecida, a
diretoria
do Asilo manda pedir ao Ministro da
Justiça consinta
que
aquele pai veja a sua filha, que vai morrer. O criminoso
é
levado
àquele estabelecimento de caridade,
em um carro forte. Fisionomia fechada, de homem-fera.
Ao ver, porém, a
pequenita,
atira-se de
joelhos,
abraça-a,
não
só
a ela,
mas
à
própria
cama em que ela se
deita, e
ali
fica
cerca
de uma
hora,
soluçando como uma criança.
A menina morre. O pai
regressou
para a
prisão.
No dia seguinte, porém, modificava-se
inteiramente,
sendo
hoje,
no
presídio
em
que
cumpre a
pena,
um
modelo pela conduta e, sobretudo, pela cordura do
coração”.
O fato ilustra a
importância da
paternidade e de
gestos de
humanidade para
com todos os
seres humanos:
até para
“homens-feras”!
REFERÊNCIAS:
1.
BETTELHEIM,
Bruno. Uma
vida para seu
filho:
citado por
Walter Barcelos
no artigo “A
arte de criar os
filhos”, em “A
Flama Espírita”
n. 2.573 e
transcrito na
Revista
“INFORMAÇÃO” n.
243 (fev./97),
p. 14/15.
2.
KARDEC,
Allan. O
Livro dos
Espíritos.
Trad. Evandro
Noleto Bezerra,
2. ed. 1. reimp.
Rio de Janeiro:
FEB, 2011. q.
208; 582 e
685-a.
3.
KARDEC,
Allan. O
Evangelho
segundo o
Espiritismo.
Trad. Evandro
Noleto Bezerra.
Rio de Janeiro:
FEB, 2010. cap.
5, it. 4, p.
112; cap. 14,
it. 9, p. 294.
4.
XAVIER,
Francisco C.
O Consolador.
Pelo
Espírito
Emmanuel. 7. ed.
Rio de Janeiro:
1977. q. 110, p.
72/73.
5.
CAMPOS,
Humberto.
Sepultando os
meus
mortos. OPUS
Editora Ltda.,
1983. Cap. XX: O
castigo da
virtude, p.
109/110.