Brasil: o futuro
só
a nós
pertence?
Ao
divisarmos, em
horizonte
próximo, o
alvorecer do
terceiro
milênio, temos
consciência de
que estamos nos
despedindo da
noite escura do religiosismo cego
e dogmático. De
fato, ansiamos
por contemplar,
sob a luz de um
sol amoroso e
racional, o céu
azul do bom
senso livre das
obscuras nuvens
do fanatismo.
Enfim, se
avizinha o
milênio no qual
não mais
erigiremos
totens aos
deuses ou
Espíritos, mas
sentiremos o
“Deus em nós”,
como disse o
grande mestre
Jesus. A grande
procura da
Verdade Externa
será substituída
pela percepção
da Luz que pulsa
no inconsciente
puro de todos
nós.
A visão estreita
do criacionismo
cederá à
compreensão do
evolucionismo
espiritualista
ou um
neoevolucionismo.
O destino e a
responsabilidade
dos seres
deixarão de ser
atribuídos a
Deus, para serem
assumidos pelos
próprios
indivíduos.
A concepção
medieval do religiosismo institucionalizado,
que grassa qual
erva daninha nos
canteiros da
nossa morada
planetária,
cederá lugar à
religiosidade
sem cultos
externos, mas
expressa no amor
universal.
Na história de
nosso planeta,
muitos
emissários do
Alto renasceram
em períodos
críticos, ou
momentos
especialmente
favoráveis, com
o fito de
impulsionar a
evolução de
nosso orbe.
Comunidades
inteiras também
foram deslocadas
para o nosso
globo, vindas de
outros astros e
até de outras
constelações,
procurando
acelerar o
processo
evolutivo
terráqueo.
Vieram conviver
conosco,
contribuindo
para que
pudéssemos
galgar novos
degraus na
escada do
progresso.
Seres de luz ou,
como preferimos
designar, amigos
sábios e
bondosos, tais
como Emmanuel,
assim se referem
à civilização
egípcia
primitiva e à
judaica, bem
como aos arianos
e hindus de
épocas remotas.
Os povos
citados, apesar
de estarem aqui
renascendo como
degredados
planetários, ou
“expulsos de um
paraíso”,
cumpriram, em
nosso meio,
aspectos
missionários
tais como o de sacudir
os terráqueos da
sonolenta
caminhada na
estrada do
progresso.
Sob a orientação
sábia e amorosa
do Cristo,
Entidade
responsável por
nosso planeta
(segundo
Emmanuel),
continuaram a
aportar na
Terra,
periodicamente
ao longo da história,
grupos de
Espíritos que se
localizaram em
determinadas
regiões (ou
países),
formando bases
sólidas em
terrenos
propícios para
edificar a
construção de
sociedades mais
justas e sábias
no contexto de
nossa humanidade
terrestre.
O projeto
“celestial” do
crescimento rumo
à sabedoria e à
felicidade é
amplo - visa a
atingir todas as
criaturas. Não
há “povo eleito”
(ou nação
privilegiada);
todos que assim
se consideraram
ruíram fragorosa
e
vergonhosamente.
O grande mestre,
quando aqui
esteve vestindo
a roupa física
do filho de José
e Maria, já nos
dizia: “Nenhuma
das ovelhas se
perderá”.
Cidades
populosas do
globo receberam,
então, pelas
vias da
reencarnação,
inúmeros homens
cultos e
generosos.
Filósofos,
artistas e
outros
iluminados
procuraram
despertar a
sensibilidade
humana em todos
os recantos de
nossa morada
terrestre.
Brilhantes
mestres do
cérebro e do
coração criaram,
assim, diversas
escolas na
Grécia antiga,
assumindo o leme
intelectual do
barco terreno. A
Verdade
Universal, que
não tem
conotação
religiosa
sectária, foi
pregada às
multidões. A
partir das
terras helênicas
foi novamente
despertada a
cultura, a
democracia, e os
diversos valores
éticos da época,
como uma
esperança de
renovação da
consciência
planetária.
Inúmeras
verdades foram
semeadas por
Sócrates e
outros
plantadores do
verbo divino do
amor e da
sabedoria. No
entanto,
faltaram braços
para as
colheitas
sucessivas e os
frutos luminosos
acabaram por se
perder.
Séculos mais
tarde, a família
romana ergue-se
cheia de
tradições belas,
como o respeito
à figura da
mulher e a
compreensão dos
deveres do
homem.
Aprimoram-se
vínculos
familiares e os
conceitos da
virtude em
relação à
própria Grécia.
Institui-se a
liberdade
religiosa, sendo
o Panteão o
exemplo clássico
da tolerância;
no seu templo
chegaram a
existir estátuas
de trinta mil
deuses
diferentes.
Patrícios e
plebeus, depois
de agitadas
desavenças,
conseguem
equilibrar-se no
respeito mútuo
em leis que
expressavam
avanço na área
dos direitos
humanos. A Lei
Canuleia passa
a permitir
casamentos entre
patrícios e
plebeus. A
harmonia se
desenvolve
chegando até a Lei
Ogúlnia, que
possibilitaria
aos plebeus,
também,
exercerem
funções
sacerdotais.
As falanges de
luz, em todas as
épocas da
história,
exerceram
intenso trabalho
junto a
comunidades e
povos visando
implantar, em
inúmeros
projetos,
núcleos de paz,
harmonia,
justiça e
sabedoria.
Voltemos os
olhos para o
Egito atual. Há
nesse
respeitável país
muito pouco do
brilho
proveniente da
luz intelectual
e moral do seu
passado que
impressionou a
humanidade.
A saudosa Grécia
de Péricles, que
teve em Sócrates
seu expoente
maior, hoje se
nivela a
inúmeros países
do nosso globo
terrestre.
Nossa querida
Roma de tempos
remotos, também
se desviou do
planejamento
elevado que os
Espíritos de luz
lhe
oportunizaram.
Da administração
enérgica, plena
de sabedoria e
justiça, a
antiga água
cristalina
esvaiu-se na
sede do poder e
poluiu-se na
corrupção mais
vil. O Panteão
democrático cede
lugar à
Inquisição de
triste memória.
“Brasil, coração
do mundo e
pátria do
evangelho”, mais
uma das
tentativas de se
estabelecer um
núcleo de
fraternidade,
tolerância, amor
e sabedoria.
Diz o adágio
popular: “O
destino só a
Deus pertence”.
Pobre ilusão! Se
o destino só a
Deus
pertencesse, com
certeza não
haveria
estupros,
torturas, crimes
hediondos ou
suicídios.
É preciso que
acordemos do
sono medieval no
qual ainda vemos
Deus como um ser
emocional
passível de ser
agradado ou
desagradado por
atos humanos.
Deus é imutável!
A força
universal, ou o
Amor
Onipresente, não
se entristece
nem se alegra,
não pune nem
premia. Seus
atributos de
onipresença e
imutabilidade
não interferem
nos atos nem do
país nem de nós
mesmos,
individualmente.
Naturalmente, as
emanações de luz
sobre todos nós
são contínuas.
São inúmeros os
mensageiros do
amor e da
sabedoria que
renascem em
nossas terras
propagando a paz
e estimulando o
exercício
saudável da
razão.
Tomemos cuidado
para não
infantilizarmos
conceitos
maiores
acreditando
sermos melhores
do que nossos
vizinhos de
fronteiras, ou
de outros
continentes.
Qualquer
olhadela mais
lúcida e atenta
aos jornais
demonstra que,
por aqui, não
são raros
desvios graves
em todos os
sentidos do bom
senso e da ética
universal.
Projetos
espirituais são
projetos, não
são ainda fatos.
Abandonemos
qualquer ideia
que nos recorde,
mesmo que de
longe, a
concepção
absurda de povo
eleito ou terra
santa.
Na matemática do
destino é
preciso somar
trabalho e bom
senso sem
subtrair as
percepções da
realidade,
evitando
divisões
desnecessárias
para, assim,
multiplicar os
resultados na
tabuada do amor.
Ricardo Di
Bernardi é
médico
homeopata.