Erick Fromm afirma que
“o inconsciente só o é
em relação ao estado
normal de atividade”,
“são simplesmente
estados mentais
diversos, que se referem
às modalidades
existenciais
diferentes”. Assim,
podemos admitir que a mente
consciente constitui
apenas parte do
psiquismo total. Existe
uma vida psíquica
chamada de
“inconsciência”. Esta
atividade psíquica é o
principal protagonista
quando o sono retira a
outra de cena. Na
realidade o inconsciente
acha-se representado
naquela fração do sonho
que se registra na
memória consciente.
O que se deve pensar das
significações atribuídas
aos sonhos?
O Livro dos Espíritos (O.L.E.),
questão 404.
São verdadeiros no
sentido de que
apresentam imagens que
para o Espírito têm
realidade, porém que,
frequentemente, nenhuma
relação guardam com o
que se passa na vida
corporal. São também um
pressentimento do
futuro, permitido por
Deus, ou a visão do que
no momento ocorre em
outro lugar a que a alma
se transporta.
Não se contam por muitos
os casos de pessoas que
em sonho aparecem a seus
parentes e amigos, a fim
de avisá-los do que a
elas está acontecendo?
Que são essas aparições
senão as almas ou
Espíritos de tais
pessoas a se comunicarem
com entes caros?
Quando tendes certeza de
que o que vistes
realmente se deu, não
fica provado que a
imaginação nenhuma parte
tomou na ocorrência,
sobretudo se o que
observastes não vos
passava pela mente
quando em vigília?
O.L.E. q. 401. A
alma é um ser pensante
que permanece ativo
durante o sono? Existem
provas materiais da
atividade da alma
durante o sono? Como
interpretá-los? Durante
o sono, a alma repousa
como o corpo?
“Não, o Espírito jamais
está inativo. Durante o
sono, afrouxam-se os
laços que o prendem ao
corpo e, não precisando
este então da sua
presença, ele se lança
pelo espaço e entra em
relação mais direta com
os outros Espíritos.”
Relato de pesquisadores
1. A enciclopédia de
Diderot (Denis,
1713-1784), no verbete
“Sonambulismo”, relata a
história de um jovem
sacerdote que se
levantava à noite,
dirigia-se ao seu
escritório e escrevia
longos sermões e
retornava ao leito.
Existem relatos
da resolução de
problemas matemáticos
que não eram resolvidos
quando os indivíduos
estavam acordados.
2. Seis meses depois o
indivíduo sonha com o
local em que perdera o
canivete. Ao despertar
procura e acha o objeto
(F.H. Myers, La
Concience Subliminale,
Annales Phychiques).
O Livro dos Espíritos,
questão 402. Como
podemos julgar da
liberdade do Espírito
durante o sono?
“Pelos sonhos. Quando o
corpo repousa,
acredita-o, tem o
Espírito mais faculdades
do que no estado de
vigília. Lembra-se do
passado e algumas vezes
prevê o futuro. Adquire
maior potencialidade e
pode pôr-se em
comunicação com os
demais Espíritos, quer
deste mundo, quer do
outro...”
Pode-se provocar sonhos
por hipnose e induzir
uma pessoa a sonhar com
outra?
3. Sim, responde o Dr.
Sherenk-Notzing
(Munique-Alemanha) após
experiência hipnótica
com a sensitiva
(clarividente) Lina.
Seus resultados são
muito importantes para a
discussão do homem como
um ser de natureza
biopsicossocioespiritual.
O pesquisador deu à
sensitiva, a ordem
pós-hipnótica de sonhar,
na noite seguinte, com
uma determinada pessoa,
não esquecer o sonho e
contá-lo no dia
imediato. Pela manhã, ao
acordar, e em presença
dos pesquisadores,
contou o que aconteceu
durante a noite. A
hipótese de uma
transmissão, através do
pensamento de um dos
pesquisadores
auxiliares, era inviável
por vários motivos, até
porque uma visita casual
de uma amiga do Sr. F.L.
foi relatada pela
clarividente e
identificada,
posteriormente, com base
na descrição da
sensitiva.
Visitas durante o sono
O Livro dos Espíritos,
questão 414. Podem duas
pessoas que se conhecem
visitar-se durante o
sono?
“Certo e muitos que
julgam não se conhecerem
costumam reunir-se e
falar-se. Podes ter, sem
que o suspeites, amigos
em outro país. É tão
habitual o fato de irdes
encontrar-vos, durante o
sono, com amigos e
parentes, com os que
conheceis e que vos
podem ser úteis, que
quase todas as noites
fazeis essas visitas.”
Sob o ponto de vista
biomédico, como podemos
perceber que uma pessoa
está sonhando?
Por estranhos movimentos
oculares produzidos em
certa etapa do sonho. O
período REM (rapid eye
movements) é “paradoxal”
porque no ápice do
relaxamento vamos
encontrar uma atividade
intensa de numerosas
estruturas cerebrais,
com variação da
frequência das ondas
cerebrais e traçado
próximo ao do estado de
vigília. Há nessa fase
anulação do olfato e
paladar, mas as células
nervosas enviam
estímulos ao ouvido, aos
olhos e ao sentido do
equilíbrio. Quando
acordadas neste período
as pessoas eram capazes
de contar um sonho.
Como interpretar o sonho
que tivemos com um ente
querido já desencarnado?
A tarefa não é muito
fácil porque estamos
mergulhados numa matéria
muito densa. No entanto,
o Espírito André Luiz
(médico desencarnado)
nos oferece um exemplo
muito bom e que é
encontrado no “Os
Mensageiros” (FEB)
capítulo 38, quando a
neta sonha com a avó
desencarnada e faz a
interpretação da
mensagem recebida.
Dupla vista e sonho:
algo em comum?
O Livro dos Espíritos,
q. 420. Podem os
Espíritos comunicar-se,
estando completamente
despertos os corpos?
“O Espírito não se acha
encerrado no corpo como
numa caixa; irradia por
todos os lados. Segue-se
que pode comunicar-se
com outros Espíritos,
mesmo em estado de
vigília, se bem que mais
dificilmente.”
O Livro dos Espíritos,
questão 447. O fenômeno
a que se dá a designação
de dupla vista tem
alguma relação com o
sonho e o sonambulismo?
“Tudo isso é uma só
coisa. O que se chama
dupla vista é ainda
resultado da libertação
do Espírito, sem que o
corpo seja adormecido. A
dupla vista ou segunda
vista é a vista da
alma.”
Mas, como entender este
sonho que fala do
futuro. Como
explicá-lo?
Allan Kardec, no Livro
“A Gênese” discute o
assunto na “Teoria da
Presciência”.
André Luiz relata que
Nieta fora transportada
ao salão acolhedor de
Dona Isabel. Aniceto,
espírito instrutor,
aclara que numerosos
irmãos encontram-se
neste pouso de trabalho
espiritual, na esfera a
que os encarnados
chamariam sonho.
Complementa dizendo que
nestas ocasiões, no
entanto, não é fácil
transmitir mensagens de
teor instrutivo
utilizando lugares
comuns contaminados de
matéria mental mais
grosseira.
No salão acolhedor de
Dona Isabel, os
espíritos André Luiz,
Vicente e Aniceto
observavam. Muitos
recém-chegados pareciam
convalescentes. Alguns
se mantinham de pé, sob
o amparo de braços
carinhosos. Eram os
amigos encarnados a se
valerem do
desprendimento parcial,
pelo sono físico, que se
reuniam a nós,
aproveitando o auxílio
de entidades generosas e
delicadas.
O caso Nieta e a avó
desencarnada
A maior parte não
entendia com precisão, o
que se lhes desejava
dizer. Revelavam boa
vontade na recepção dos
conselhos, mas grande
incapacidade de
retenção. "Entre eles e
nós existe um espesso
véu. É a muralha das
vibrações." "Eis por que
raramente estão lúcidos
ao nosso lado."
Aniceto amplia a
instrução: "vejam aquela
jovem senhora encarnada
(Nieta), em conversa com
a vovozinha que trabalha
conosco em Nosso Lar. André
Luiz observa que uma
anciã (avó
desencarnada), de olhos
brilhantes e gestos
decididos, abraçava-se à
neta”.
"Nieta - exclamava
a velhinha, em tom
firme -,
não dês tamanha
importância aos
obstáculos. Esquece os
que te perseguem, a
ninguém odeies. Conserva
tua paz espiritual,
acima de tudo. Tua mãe
não te pode valer agora,
mas crê na continuidade
de nossa vida. A vovó
não te esquecerá. A
calúnia, Nieta, é uma
serpente que ameaça o
coração; entretanto, se
a encararmos de frente,
fortes e tranquilas,
veremos a breve tempo,
que a serpente não tem
vida própria. É víbora
de brinquedo a se
quebrar como o vidro,
pelo impulso de nossas
mãos. E, vencido o
espantalho, em lugar da
serpente, teremos
conosco a flor da
virtude. Não temas,
querida! Não percas a
sagrada oportunidade de
testemunhar a
compreensão de
Jesus!..."
A jovem não respondia,
mas seus olhos
semilúcidos estavam
cheios de pranto.
Demonstrava uma
consolação divina,
recostada ao seio
carinhoso da devotada
velhinha.
Perguntou André Luiz,
intrigado, ao
orientador. - Esta
irmã se lembrará de
tudo, ao despertar no
corpo físico?
Qualidade do
desprendimento no sono
Aniceto sorriu e
esclareceu:
_ "Sendo a avó mais
evoluída e, examinando
ainda a condição dos
planos de vida em que
ambas se encontram, a
jovem encarnada está sob
domínio espiritual da
benfeitora. Entre ambas
há uma corrente
magnética recíproca,
salientando-se, porém,
que a vovó amiga detém
uma ascendência
positiva. A neta não vê
o ambiente com precisão,
nem ouve as palavras
integralmente”.
“Não nos esqueçamos que
o desprendimento no sono
é fragmentário e que a
visão e audição,
peculiares ao encarnado,
se encontram nele também
restritas.”
Aniceto complementa: "o
fenômeno é mais de união
espiritual que de
percepções sensoriais,
propriamente ditas. A
jovem está recebendo
consolações, de Espírito
a Espírito".
Como a pergunta de
André Luiz fora
parcialmente respondida,
Aniceto continua a
explicação:
"Ao despertar, Nieta
não se recordará de
todas as minúcias deste
venturoso encontro que
acabamos de presenciar.
Se Nieta não vai se
recordar, de que então
adiantou encontrar-se
com a sua avó, em sonho?
Aniceto, que parecia
saber a dúvida que
passava pela mente de
todos, ampliou:
"acordará, porém,
encorajada e bem
disposta, sem poder
identificar a causa da
restauração do bom
ânimo. Dirá que sonhou
com a avó num lugar onde
havia muita gente, sem
recordar as minudências
do fato, acrescentando
que viu, no sonho, uma
cobra ameaçadora, que
logo se transformou em
serpente de vidro,
quebrando-se ao impulso
de suas mãos, para
transformar-se em
perfumosa flor, da qual
ainda conserva a
lembrança agradável do
aroma. Afirmará que
soberano conforto lhe
invadiu a alma e, no
fundo, compreenderá a
mensagem consoladora que
lhe foi concedida”.
O que se dá quando finda
o sono
Vicente, curioso,
perguntou: - "não
se lembrará das palavras
ouvidas?"
Nieta precisaria ter
adquirido profunda
lucidez no campo da
existência física –
prosseguiu Aniceto,
explicando – e devo
esclarecer que recordará
as imagens simbólicas da
víbora e da flor, porque
está em relação
magnética com a
veneranda avozinha,
recebendo-lhes a emissão
de pensamentos
positivos. A benfeitora
não fala apenas. Está
pensando fortemente
também. A neta, todavia,
não está ouvindo ou
vendo pelo processo
comum, mas está
percebendo claramente a
criação mental da anciã
amiga, e dará notícia
exata dos símbolos
entrevistos e arquivados
na memória real e
profunda. Desse modo,
não terá dificuldade
para informar-se quanto
à essência do que a
bondosa avó deseja
transmitir-lhe ao
coração sofredor,
compreendendo que a
calúnia, quando fere uma
consciência tranquila,
não passa de serpente
mentirosa, a
transformar-se em flor
de virtude nova, quando
enfrentada com o valor
duma coragem serena e
cristã.
André Luiz diz que a
lição fora profundamente
significativa, porque
começara a adquirir
amplas noções do
intercâmbio entre as
duas esferas e
lembrou-se do longo
esforço dos que indagam
o mundo dos sonhos.
Quanta riqueza psíquica,
suscetível de conquista,
se pesquisadores
conseguissem deslocar o
centro de estudo, das
ocorrências fisiológicas
para o campo das
verdades espirituais!
Fontes:
“A visão Espírita dos
Sonhos” e “O Sonho de Nieta e o Pesadelo de
Teresa”.
Portal A ERA DO ESPÍRITO
-
http://www.aeradoespirito.net/ArtigosLCF/INDICE_ArtigosLCF.html