CLÁUDIO BUENO DA SILVA
Klardec1857@yahoo.com.br
Osasco, SP
(Brasil)
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Alguém já voltou pra
dizer como é?
Uma frase muito ouvida
entre frívolos ou
indiferentes é a de que
“não se sabe o que há
depois da morte, já que
ninguém voltou pra dizer
como é”.
O respeito ao próximo
nos impõe a obrigação de
sermos condescendentes e
indulgentes com aqueles
que pensam assim. Não se
pode condená-los. O
desconhecimento talvez
se deva ao fato de não
terem tido acesso a
informações dessa ordem,
não estarem preparados
para o entendimento, ou
até mesmo ao comodismo e
à preguiça intelectual
que levam muitos a
desconsiderar os temas
importantes da vida.
É curioso notar como
mostram desinteresse se
o assunto vem à tona. A
impressão que dão é que
não existem Espíritos,
não se comunicam, e
pronto! Se não dizem
isso, sabemos que pensam
assim. Desconhecem os
fenômenos e as pesquisas
psíquicas por completo.
Contudo, os temas
espiritualistas sempre
foram amplamente
comentados na literatura
e na imprensa mundiais;
a cultura popular e as
tradições dos povos
estiveram o tempo todo
cheias de histórias
místicas que as
comunidades cuidaram de
disseminar. As Artes
sempre contribuíram
muito para a sugestão da
transcendentalidade.
Atualmente os veículos
de comunicação discutem
fartamente essas
questões. A literatura
espírita enche
prateleiras de
livrarias, bancas,
feiras, displays em
redes de mercado e
shoppings. O problema da
morte, da sobrevivência
depois dela, da
comunicabilidade entre
homens e Espíritos está
fartamente estudado e
descrito numa quantidade
incalculável de obras,
em muitos idiomas.
Os Espíritos sempre
contaram como é o seu
mundo e nos últimos
séculos (principalmente
XIX e XX), de forma mais
organizada, têm descrito
em minúcias o que
pensam, o que
fazem, como vivem
no lado “invisível” da
vida. Há milhares de
páginas falando
disso.Desse modo, alguns
descrentes, que antes
eram refratários, têm se
aproximado das ideias
espiritualistas que
poderão abrir-lhes
caminhos importantes
para melhor compreensão
da vida e de sua
superior finalidade. Mas
falta muito ainda! A
maioria não percebe
nada!
Não há maldade neles,
antes, ingenuidade e
desinteresse. São bons,
cumprem seus deveres e
vão vivendo, mas estão
visceralmente ligados ao
corpo, sensíveis apenas
àquilo que diz respeito
às suas relações vitais
com o trabalho, o
descanso, a alimentação,
os compromissos sociais,
a sobrevivência,
enfim... O que foge à
esfera do pragmático
está distante das suas
cogitações. Vivem
descuidados, esquecidos
da alma, onde se
“oculta” um mundo real e
fascinante de que eles
sequer suspeitam.
Não há premeditação
nesse modo de ser, e sim
instinto, que flui com
naturalidade. Absorvidos
pela densidade da vida
material, com seus
problemas e seus
atrativos, não conseguem
enxergar novos caminhos.
Quase não olham para os
lados e raramente olham
para o alto.
É assim que nos
deparamos com irmãos que
não ouvem música (a
clássica lhes causa
sono), não gostam de
flores, de vegetação;
têm ojeriza aos animais;
não leem nem se dispõem
a estudar; desprezam
programas culturais em
favor da agitação ou do
ócio; vinculam o prazer
ao vício; associam
progresso ao acúmulo de
bens; não se abalam com
o infortúnio alheio...
Não há como julgá-los
por não terem acuidade
espiritual,
sensibilidade estética,
preocupações
filosóficas, senso
crítico. São pessoas
como quaisquer outras,
humanamente falando.
Fazem parte da mesma
humanidade heterogênea,
inteligente, pobre,
sensível, egoísta,
civilizada, brutal...
São partes de um todo
social que, malgrado os
pessimistas, avança,
progride devagar, mas
progride.
Allan Kardec deixou à
posteridade um grande
ensinamento, inspirado
pelo evangelho e baseado
na verdadeira caridade:
“os fortes devem ajudar
os fracos, os que estão
na dianteira, auxiliar
os retardatários”.
Esse pensamento simples
estimula a solidariedade
humana e, mostrando que
o indivíduo é superior
ao que lhe está atrás,
mas inferior ao que lhe
está à frente, instituía
igualdade entre os
homens.
Portanto, ninguém é
melhor que ninguém nem
superior absoluto. Há
relatividade em tudo. O
senhor Tempo convencerá
os indiferentes quanto
aos saberes do Espírito
que regerão a sociedade
humana, aí sim, chamada
civilizada.
E, respondendo direta e
enfaticamente à pergunta
inicial, dizemos: - Sim,
muitos já voltaram. Uma
legião imensa já veio
contar, em detalhes,
como é “lá”.