Quantas vezes não temos a
impressão de que alguém está
a nos dizer: “Vá por aqui”,
ou “Não vá por aí...!” Ou,
ainda, uma vontade súbita de
fazer algo surge dentro de
nós e, quando passa o tempo,
percebemos que o que fomos
levados a fazer revestiu-se
de profundo significado para
nossas vidas.
O caso que vamos apresentar
mostra bem um desses
acontecimentos que viria a
ser espontaneamente revelado
por Chico Xavier vinte anos
depois do ocorrido. O fato é
narrado por Ida Rossi
Severino e encontra-se
registrado no livro “Lições
de Sabedoria – Chico Xavier
nos 22 anos de Folha
Espírita”, editado pela
própria FE, editora
jornalística Ltda.
Ouçamos a narrativa:
- Transcorriam os anos
difíceis da última guerra.
Meu esposo é farmacêutico,
formado pela Universidade de
São Paulo. Tínhamos uma
farmácia na pequena cidade
de Severínia, na região da
Araraquarense, e resolvemos
transportá-la para Buritama,
vilarejo da Noroeste,
situada entre Birigui e
Monte Aprazível.
Estávamos casados fazia uns
dez anos e nossa família
cada vez ficava mais
numerosa. Como a cidadezinha
não era dotada de energia
elétrica, resolvemos nos
abastecer de uma quantidade
razoável de gasolina, para
termos o combustível de
reserva necessário para o
Petromax e o querosene para
as lamparinas.
Levávamos uma vida
maravilhosa, eu e meu
esposo: durante o dia o
trabalho na botica e, à
noite, as tarefas
espirituais no Centro
Espírita Discípulos de
Jesus, dirigido pelo meu
cunhado, Luiz Antônio
Severino, atualmente
inspetor de farmácia da Zona
Sul de São Paulo.
Como mãe espírita, sempre
fiz questão que meus filhos
frequentassem o Centro, por
isso aprontava-os com muito
carinho para as reuniões,
cuidando para que nós e a
petizada não chegássemos
atrasados. Em uma dessas
noites, enquanto meu esposo
saía com os pequenos,
carregando ao colo o caçula
de seis meses, fiquei com a
incumbência de fechar a
casa; mas, ao dar a volta na
chave, ouço uma voz
feminina, advertindo-me
claramente: “Ida, cuidado
com o fogo na tua casa”.
Fiquei muito chocada com o
aviso. Preveni meu
companheiro e ele logo
concluiu que se nós
tivéssemos algum incêndio em
casa seria por intermédio
das lamparinas.
Recomendou-me que as
escondessem todas e, de
fato, quando voltamos do
Centro segui a orientação de
Severino.
Durante sete dias
consecutivos ouvi a mesma
voz advertindo-me sobre o
fogo. No oitavo dia, meu
marido estranhou que eu não
estivesse pronta para a
reunião. Indagou qual era o
motivo, pois eu nunca
faltava. Não pude explicar,
mas o fato é que eu estava
muito preocupada. Comecei a
passar a roupa e estranhei
que meu filho Gamaliel
tivesse me dito “boa-noite”
sem vir me beijar, como
fazia habitualmente.
Decorridos uns vinte
minutos, Paulo, meu filho
mais velho, havia terminado
a tarefa escolar e, ao
deitar-se, deparou com a
cama do irmão pegando fogo:
Liel colocara a lamparina
acesa sobre a cama; esta
entornara e o fogo já se
alastrava por quase todo o
leito.
Paulo voltou dizendo:
- Mamãe, vai ver o fogaréu
que está lá no quarto.
Eu estava atendendo um
senhor que desejava um
colírio e pedi a ele que me
auxiliasse a debelar o fogo.
Agimos imediatamente e,
graças a Deus, tudo não
passou de um grande susto.
Como Severino previra, o
fogo veio por intermédio da
lamparina. E sabem os meus
leitores onde se encontrava
o combustível guardado em
estoque? A uns dois metros
distante do fogo.
Fiquei muito grata ao bom
Deus por ter poupado,
através da voz espiritual, a
vida de meus filhos.
Decorridos muitos anos,
mudamos para São Paulo,
instalando nossa botica no
bairro de Vila Matilde.
Quando Lenita, minha filha,
terminou o vestibular,
prestou exames na Faculdade
de Medicina de Uberaba e lá
permaneceu durante os seis
anos de curso. Por ocasião
de sua formatura, fomos até
Uberaba, aproveitando para
fazer uma visita a Chico
Xavier, nosso bondoso
médium. Na sexta-feira, dia
13 de dezembro de 1962,
entreguei a ele uma torta
feita por mim e que tem
receita exclusiva de minha
avó paterna. No dia
seguinte, sábado, às
despedidas, Chico
perguntou-me se o recheio da
torta eu havia adquirido nas
grandes confeitarias de São
Paulo. E eu lhe respondi que
não, era receita de minha
avó paterna. Imediatamente,
ele virou-se para o lado e
disse: É a vovó Maria
Zerbini. Descreveu-a
então com detalhes,
acrescentando: há muitos
anos ela livrou seu lar de
um pavoroso incêndio!
Fiquei emocionada com a
revelação. Vinte anos
depois, eu vim a saber que a
voz feminina que eu não
conseguira identificar, e
que nos salvara na pequenina
Buritama, era a de minha
inesquecível avó.
Voltei muito feliz para
casa, abençoando a Doutrina
Espírita – o verdadeiro
Consolador prometido por
Jesus!
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