Armas de fogo e
Evangelho
não combinam
entre si
A imprensa
noticiou que
estudantes dos
EUA lutam pela
liberação do
porte de armas
dentro das
universidades
americanas.
Desde 2006,
quando a Corte
de Utah aprovou
a lei que
garante aos
estudantes,
professores e
funcionários de
todas as
universidades
públicas do
Estado o direito
de portar armas
de fogo no
campus, o
revólver passou
a fazer parte do
material escolar
de cada aluno.
Parece trecho de
um texto de
ficção, mas,
infelizmente,
não é.
Atualmente, 48
Estados
americanos têm
amparo legal
para que se ande
armado em locais
públicos, como
cinemas,
teatros, igrejas
e shoppings.
Desse total, 16
Estados proíbem,
explícita e
terminantemente,
o uso de armas
em instituições
de ensino,
enquanto os
demais Estados
deixam que a
decisão fique a
cargo das
próprias
universidades -
que, em sua
grande maioria,
opta pelo veto,
graças a Deus!
Utah é o único
Estado que
consente portar
armas de fogo
nos campus de
suas
universidades
públicas - nove,
no total.
O movimento
(criado no dia
seguinte ao
ataque mais
letal a
instituições de
ensino dos EUA,
que deixou um
total de 32
mortos) conta
com mais de 30
mil
simpatizantes,
espalhados em 44
Estados
americanos. A
rigor, fazer das
universidades
áreas livres,
para porte de
armas de fogo,
no uso
defensivo, não
as torna lugares
mais seguros.
Recentemente, 15
Estados
americanos deram
início a
discussões sobre
possíveis
alterações na
legislação que
rege o controle
de armas em seus
territórios.
A liberalização
do porte de
armas nos
campus,
principalmente,
causa-nos
tristeza e muita
preocupação,
sobretudo,
porque não
resolverá o
problema da
violência. Muito
pelo contrário,
estimulará, na
vida acadêmica,
que adolescentes
pratiquem atos
infracionais de
enorme
intensidade e
cada vez
maiores, porque
"as armas" foram
criadas para
"matar". Sabemos
que a crueldade
ocorre em todos
os segmentos
sociais, e
sempre haverá
uma combinação
de eventos que
pode
consubstanciar-se
numa
carnificina. A
solução,
obviamente, terá
de nascer de um
esforço
concentrado,
envolvendo o
Estado,
psicólogos,
estudantes e
suas famílias.
Apesar de a
sociedade
estadunidense
ter erigido
parte de seus
valores sob a
mira de
espingardas,
metralhadoras e
pistolas, e a
despeito dessas
armas
simbolizarem a
"autonomia" do
cidadão e as
"liberdades
individuais"
perante o
Estado, as
armas, nos EUA,
projetaram essa
nação ao ranking
de a mais
violenta do
mundo, pelos
índices de
criminalidade
apontados.
Alguns definem o
homem como um
autômato, uma
máquina,
composto de
engrenagens
complexas,
dinâmicas,
harmônicas, e
que pode, ao
mesmo tempo, ser
contraditório.
Essa contradição
pode remeter o
homem a fugir
dos padrões
sociais e
arrojá-lo a uma
alienação. (1)
André Luiz em
Conduta Espírita
admoesta:
Esquivar-se do
uso de armas
homicidas, bem
como do hábito
de menosprezar o
tempo com
defesas
pessoais, seja
qual for o
processo em que
se exprimam.
Pois o servidor
fiel da Doutrina
possui, na
consciência
tranquila, a
fortaleza
inatacável. (2)
Os espíritas
cônscios
acreditam,
obviamente, que
uma das soluções
para a
criminalidade
seja a proibição
da venda de
armas de fogo em
todo o
território
nacional,
ressalvada a
aquisição pelos
órgãos federais
de segurança
pública, os
estaduais, os
municipais, e
pelas empresas
de segurança
privada,
regularmente
constituída na
forma prevista
em lei. A Pátria
do Evangelho é
grande produtora
de armas,
contrastando com
o compromisso
espiritual. Por
isso, cremos que
a sua
comercialização
no mercado
interno,
principalmente,
é prática
abominável, pois
torna a
violência cada
vez mais letal.
Temos outra
preocupação:
Estatísticas
demonstram que
armas
armazenadas em
casas de família
ou locais de
trabalho, por
civis, acabam
sendo furtadas
e/ou utilizadas
por malfeitores,
até mesmo contra
seus
proprietários em
ações
criminosas.
Outro número
significativo é
o dos acidentes
domésticos,
envolvendo,
principalmente,
crianças e
adolescentes,
que, ao
manejarem armas
de fogo, sem
qualquer
habilidade,
acabam
disparando-as
acidentalmente,
provocando
lesões graves ou
homicídios. Há
estudos
internacionais
que apontam as
armas de fogo
como
responsáveis por
65% dos
homicídios nos
fins de semana,
sendo que,
aproximadamente,
28% dessas armas
provêm de
"homens de bem".
Há dois mil anos
Jesus ensinou:
Haveis aprendido
o que foi dito
aos Antigos: Vós
não matareis, e
todo aquele que
matar merecerá
ser condenado
pelo julgamento.
Mas eu vos digo
que todo aquele
que se
encolerizar
contra seu irmão
merecerá ser
condenado pelo
julgamento; que
aquele que
disser a seu
irmão Racca,
merecerá ser
condenado pelo
conselho; e que
aquele que lhe
disser Vós
sois louco,
merecerá ser
condenado ao
fogo do inferno.
(3)
No Brasil,
cremos que a
criminalidade
tem seus fulcros
na desigualdade
social, no
elevado índice
de desemprego,
na urbanização
desordenada e,
de modo
destacado, na
difusão
incontrolada da
arma de fogo,
sobretudo
clandestina,
situações essas
que contribuem,
de forma
decisiva, para o
aumento do
crime.
Consterna-nos
saber que, ao
lado dos EUA, a
"Pátria do
Evangelho" é um
dos líderes
mundiais em
casos de mortes
produzidas com a
utilização de
armas de fogo. A
sociedade
brasileira
precisa buscar
soluções
efetivas para o
problema da
violência
urbana. Por
sólidas razões,
cremos ser falsa
ou perfunctória
a "proteção"
oferecida pelas
armas dentro de
casa,
especialmente
considerando o
potencial de
alto risco do
uso da arma por
familiares
inabilitados,
que podem causar
efeitos danosos
irreparáveis na
vida doméstica
dos seus
familiares.
A cada dia
sucumbem muitos
jovens e
adolescentes que
são
comercializados
para o mercado
do tráfico de
armas, algemados
nos ambientes
regados por
alucinógenos e
profunda
violência, onde
são perpetrados
crimes
inconcebíveis
sob o estímulo
da miséria moral
e da obsessão.
Acreditamos que
quaisquer
investimentos de
recursos em
armamentos são
inúteis e
desnecessários.
Evidentemente,
não somos tão
ingênuos ao
ponto de pensar
que a restrição
(proibição) do
uso de armas de
fogo equacione,
definitiva e
imediatamente, o
problema da
violência
social. Sabemos,
porém, que as
armas de fogo
podem ser
substituídas por
outras, talvez
não tão
"eficientes"
quanto a
eliminar o
próximo, mas,
sobretudo,
quanto a
preservá-lo das
práticas de
extermínio.
Na ausência de
estrutura da
aparelhagem
repressora e
preventiva do
Estado, as armas
de fogo
continuarão
chegando às mãos
dos indivíduos
descompromissados
com o bem e
fazendo suas
vítimas. Por
isso, urge
meditar que
devemos aprender
a desarmar,
antes de tudo,
nossos
Espíritos. Isso
só será possível
pela prática do
amor e da
fraternidade,
onde a paz será
a consequência.
Quando falamos
em paz, a
personificação
deste conceito
tem em Mahatma
Gandhi sua
melhor
identificação. O
Iluminado da
Índia conseguiu
libertar os
hindus do tacão
do império
inglês, sem
permitir o
disparo de um só
tiro de arma de
fogo, em face da
sua magna
filosofia de não
violência.
Referências
bibliográficas:
1. Fuga da
própria
realidade. Pode
ser definida
como uma
vivência no
imaginário. O
imaginário se
torna uma
realidade para o
alienado, porém
esta é
distorcida da
verdadeira
realidade.
2. Vieira,
Waldo. Conduta
Espírita, Rio de
Janeiro: Ed FEB,
2003, cap. 18.
3. Mateus, 21 e
22.