Reencarnação – princípio
evolutivo
Nosso tema está ligado
ao conceito de
reencarnação, que
significa nascer em
outros corpos, tantas
vezes quantas forem
necessárias, com a
finalidade de
evoluirmos. Mas o que
acontece conosco entre o
nascer novamente e o
morrer mais uma vez,
atendendo a essa
necessidade evolutiva?
É através da família que
funciona o princípio da
reencarnação. Por isso
ela tem função educadora
e regenerativa.
Quando estamos no plano
espiritual, ou seja,
desencarnados, e se
aproxima o dia da volta
a um novo corpo de
carne, alguns de nós nos
sentimos apavorados ante
a expectativa desse novo
empreendimento.É como
estar arrumando a mala
para uma viagem, através
de mares revoltos e não
sabemos se chegaremos
com êxito ao final da
travessia.
Alguns pontos são
programados antes de
nascermos. Pontos
importantes como: quem
serão nossos pais, se
casaremos ou não, que
profissão teremos e qual
será o gênero da nossa
morte, entre outros. Mas
não saberemos disso.
Essa programação,
estabelecida
anteriormente,
dependerá, para ser
executada, do nosso
livre-arbítrio, da nossa
vontade. Por isso é uma
programação e não uma
determinação. Portanto,
não existe fatalismo.
Dessa forma, poderemos
seguir um caminho oposto
ao que nos foi
delineado.
A programação é sempre
feita obedecendo às leis
divinas, e através dela
teremos o que
necessitamos para nosso
crescimento espiritual.
Nascemos, assim,com as
condições internas e
externas propícias ao
nosso adiantamento.
Parece claro, portanto,
que temos o corpo ideal,
a família necessária, o
lugar propício e a
melhor profissão para
saldarmos, diante de
Deus, os nossos débitos
com suas leis. Bendito
seja, pois, o retorno ao
corpo, através do qual
poderemos nos empenhar,
de novo, em trabalho e
aprendizado daquilo que
deixamos de fazer ou que
fizemos malfeito.
Assim, partimos para uma
nova viagem, levando na
bagagem os recursos que
conquistamos até aquele
momento, aquisições
feitas ao longo das
existências, sejam elas
boas ou más, pois são as
nossas aquisições.
No campo afetivo não
será diferente: teremos
ao nosso lado pessoas
que conquistamos, seja
pelo afeto, seja pelo
desamor. Conseguimos,
então, compreender,
porque são tão
importantes as obras que
realizamos, em todos os
setores da vida, entre o
nascer novamente e o
morrer mais uma vez.
Existe uma frase de
Emmanuel, estimado
instrutor espiritual,
que abre uma porta para
que possamos compreender
o que Jesus pretendeu
dizer com “Necessário
vos é nascer de novo”.
Diz ele: “Falhas do
passado procuram-te o
espírito irresponsável,
seja no corpo, na
família, na sociedade ou
na profissão, pedindo-te
reajuste”.
Essas palavras de
Emmanuel permitem-nos
refletir nos caminhos
que temos para esse
recomeçar, porque todas
as vezes que falamos em
renascer só pensamos em
reencarnação na carne,
ou seja, em novo corpo
físico para continuar o
processo evolutivo.
Entretanto, quando
paramos e prestamos
atenção ao que acontece
ao nosso redor e em
nossa própria vida,
podemos nos dar conta de
que esse renascimento é
contínuo e não apenas
após morrer e renascer
em novo corpo.
Senão, vejamos: os anos
se sucedem, sempre, da
mesma maneira, e isto é
um processo matemático:
depois de 2010 virá,
necessariamente, 2011.
Mas os dias não. Estes,
se prestarmos atenção,
são sempre novos. Temos,
então, 365 novas
oportunidades, a cada
ano, para a renovação
moral, para realizarmos
coisas incríveis, em nós
e para aqueles que estão
ao nosso redor. Já
imaginaram o que poderá
acontecer durante toda
uma existência?
Diante desta
constatação, fica uma
pergunta que
necessitamos fazer a nós
próprios e que não pode
mais ser adiada: “o que
estamos fazendo com esse
tempo precioso?”
Tristemente, a maioria
de nós mantém-se
guardando os detritos e
as sombras do passado,
mesmo aqueles que vêm
revestidos, mascarados
de encantamento e prazer
ilusórios. Se, ao invés
de conservarmos esse
vinagre e esse fel,
ainda hoje, porque não
guardarmos na memória
apenas o que foi bom e
justo, belo e nobre? O
que aconteceu, já
aconteceu. Já passou e
deve ficar como lição
para que o nosso
presente, nosso renascer
neste dia, seja baseado
na experiência vivida
que nos enriquece, que
nos permite caminhar,
hoje, com segurança.
Uma outra atitude que,
infelizmente, ainda
mantemos como resquício
desse passado, já tão
repleto de enganos, é o
de deixar que outros
façam aquilo que nos
compete. Continuamos
esperando que os amigos
espirituais, nossos
benfeitores, realizem
por nós e para nós
aquilo que o comodismo
não nos permite fazer.
Tornamo-nos, assim,
escravos de nossas
próprias imperfeições.
O ensinamento de Jesus
de que é necessário
nascer de novo,
alerta-nos para esse
comportamento de
desleixo, de descaso
para com nossas
obrigações diante da
Vida. A nossa
negligência nos fará
retornar ao corpo
material,
necessariamente, com
cargas de trabalho muito
maiores do que a que
supomos ter hoje.
Reportando-se à questão
676, de O Livro dos
Espíritos, Emmanuel
diz que “a cada momento,
o Criador concede a
todas as criaturas a
bênção do trabalho, como
serviço edificante, para
que aprendam a criar o
bem que lhes cria
luminoso caminho para a
glória na Criação”(4).
Todavia, o fato de
praticarmos o bem, de
sermos fraternos com os
companheiros
necessitados e
trabalharmos como
auxiliares de Jesus na
Seara do Pai não nos
exime dos compromissos
anteriormente assumidos,
por conta dos nossos
enganos.
O trabalho é uma dádiva
celeste, porque nos
fortalece para termos
condições melhores de
suportar a carga de
comprometimento que
trazemos, e nos protege
para que não venhamos a
falir outra vez,
aumentando, ainda mais,
a carga de dificuldades
que já possuímos.
É através dele que
quitamos o passado, que
criamos condições para
nos realizarmos no
presente, garantindo,
por isso mesmo, os
créditos para o futuro.
Vale a pena meditar a
respeito desses
ensinamentos, que nos
chegam através do
Espiritismo. Vale a pena
fazer uma limpeza em
nossa bagagem, jogando
fora o orgulho, carga
perniciosa que pesa em
nossa economia moral.
Vale a pena nos
livrarmos do egoísmo,
bagagem pesada e
perigosa. É um trabalho
diário, individual e
intransferível.
A cada manhã, meus
irmãos, ao acordarmos,
agradeçamos ao Pai a
nova oportunidade que
surge, junto com o Sol
ou a chuva, para a nossa
renovação, para o nosso
renascer. Ela não
acontece apenas quando
retornamos ao mundo
material para novas
experiências e entre
elas a de refazer
caminhos. Ela acontece
todos os dias ao
renascermos para a
Vida.
Bibliografia:
1 – KARDEC, Allan. O
Evangelho segundo o
Espiritismo – Cap.
IV.
2 –XAVIER, F. C.
Fonte Viva – ditado
por EMMANUEL (Espírito).
16ª ed., RIO DE JANEIRO/
RJ: Federação Espírita
Brasileira - lição 56.
3 – __________
Palavras de Vida Eterna,
UBERABA/MG: Edição CEC –
1955. Lição 177.
4 –__________
Religião dos Espíritos,
8ª ed., RIO DE
JANEIRO/RJ: Federação
Espírita Brasileira –
pág. 115.
5 – __________ Vinha
de Luz - 14ª ed.,
RIO DE JANEIRO/ RJ:
Federação Espírita
Brasileira – lição 169.