Médiuns e
Mediunidade
Cairbar
Schutel
(Parte 13)
Damos sequência ao
estudo metódico e sequencial do livro
Médiuns e Mediunidade,
de autoria de
Cairbar Schutel,
publicado originalmente
em 1923 pela Casa
Editora O Clarim, de
Matão (SP). O estudo
basear-se-á na 7ª edição
da obra, publicada em
1977. |
Questões preliminares
A. Para bem discernir a
qualidade dos Espíritos
que se comunicam em
nossas reuniões, que
conselho foi dado aos
homens pelo evangelista
João?
"Amados, não creais em
todo o Espírito, mas
provai os Espíritos,
para ver se vêm de Deus,
porque muitos falsos
profetas têm aparecido
no mundo." Essa
recomendação está
contida no cap. IV da 1ª
Epístola escrita por
João, autor do 4º
evangelho canônico e do
Apocalipse.
(Médiuns e Mediunidade,
cap. XXVI –
Discernimento dos
Espíritos.)
B. Existe um critério
para distinguirmos os
Espíritos que se
manifestam em nossas
sessões?
Sim. Para a distinção
dos Espíritos devemos
usar o mesmo critério
que usamos na distinção
dos homens, pela
linguagem e pelo trato.
Allan Kardec propõe uma
comparação bem
interessante, que serve
positivamente de norma
para o julgamento que
devemos fazer dos
Espíritos que se
comunicam. Diz ele:
"Suponhamos que um homem
receba vinte cartas de
pessoas que não conhece;
pelo estilo, pelos
pensamentos e enfim por
um milhão de
circunstâncias, julgará
quais são as instruídas
ou ignorantes, polidas
ou malcriadas;
superficiais, profundas,
frívolas, orgulhosas,
sérias, levianas,
sentimentais. O mesmo
acontece aos Espíritos;
deve-se considerá-los
como correspondentes que
nunca vimos, e
perguntar-se o que se
devia pensar do saber e
caráter de um homem que
dissesse ou escrevesse
coisas semelhantes.
Pode-se estabelecer como
regra invariável e sem
exceção que a linguagem
dos Espíritos está
sempre na razão do grau
de sua elevação. Não só
realmente os superiores
não dizem senão coisas
boas, mas também
dizem-nas em termos que
excluem qualquer
trivialidade; por muito
boas que possam ser, se
forem desbotadas por uma
expressão que demonstre
baixeza, é um sinal
indubitável de
inferioridade; com mais
forte razão se o
conjunto das
comunicações ferir as
conveniências com
expressões grosseiras”.
(Médiuns e Mediunidade,
cap. XXVI –
Discernimento dos
Espíritos.)
C. Que cuidado devemos
ter com as comunicações
mediúnicas que
recebemos?
O Espírito de São Luís
deu-nos, a esse
respeito, um conselho
que devemos meditar e
procurar adotar sempre
em nossos trabalhos:
"Qualquer que seja a
confiança legítima que
vos inspirem os
Espíritos que presidem
os vossos trabalhos, há
uma recomendação que não
cessaremos de repetir, e
que deveis ter sempre na
ideia quando vos
entregardes aos estudos:
é que deveis pensar,
refletir e sujeitar ao
rigoroso e severo exame
da razão todas as
comunicações que
receberdes, e que não
deixeis, logo que
qualquer ponto vos
pareça suspeito,
duvidoso ou obscuro, de
pedir as explicações
necessárias para vos
certificardes".
(Médiuns e Mediunidade,
cap. XXVI –
Discernimento dos
Espíritos.)
Texto para leitura
214. As sessões práticas
devem ser privativas,
com número reduzido de
assistentes
convencionados, que
deverão ser assíduos às
reuniões. Elementos
estranhos prejudicam de
certa forma o bom
resultado dos trabalhos.
(Médiuns e Mediunidade,
cap. XXV – Organização
dos centros de estudo e
experiências.)
215. A pessoa que dirige
a sessão deve contar com
um bom Guia Espiritual e
esforçar-se pelo próprio
aperfeiçoamento,
procurando
desembaraçar-se das
paixões más. (Médiuns e
Mediunidade, cap. XXV –
Organização dos centros
de estudo e
experiências.)
216. A união é
indispensável, porque
sem união não há amor
fraternal; sem união os
experimentadores podem
ser vítimas de Espíritos
zombeteiros e
ignorantes. É preciso
evitar divergências e
discórdias, que só
contribuem para desviar
as atenções do
verdadeiro fim da
reunião. (Médiuns e
Mediunidade, cap. XXV –
Organização dos centros
de estudo e
experiências.)
217. O ciúme é terrível
atrativo dos Espíritos
inferiores; a inveja é
um ímã que atrai
Espíritos egoístas e
orgulhosos, que
prejudicam sobremodo o
bom curso dos trabalhos.
(Médiuns e Mediunidade,
cap. XXV – Organização
dos centros de estudo e
experiências.)
218. O silêncio e o
recolhimento são
condições essenciais
para comunicações
sérias. (Médiuns e
Mediunidade, cap. XXV –
Organização dos centros
de estudo e
experiências.)
219. Convém deixar o
Espírito falar e em
poucas palavras
pedir-lhe que se dê a
conhecer, auxiliando
também aos assistentes a
compreenderem o motivo
da sua manifestação.
(Médiuns e Mediunidade,
cap. XXV – Organização
dos centros de estudo e
experiências.)
220. É indispensável,
enfim, boa ordem para
que se obtenha bom
resultado, e os próprios
Espíritos Guias
encarregar-se-ão do
mais, desde que se
mantenha no núcleo a
unidade de espírito pelo
vínculo da paz. (Médiuns
e Mediunidade, cap. XXV
– Organização dos
centros de estudo e
experiências.)
221. A distinção dos
Espíritos é um trabalho
de interesse para o
estudante e para os
centros constituídos.
Esta parte experimental
do Espiritismo é a que
apresenta mais
dificuldades, justamente
pelos embaraços com que
lutam os investigadores
no discernimento dos
Espíritos. (Médiuns e
Mediunidade, cap. XXVI –
Discernimento dos
Espíritos.)
222. Não há dúvida de
que, para bem discernir
os Espíritos, é preciso
ser dotado de uma
faculdade mediúnica,
denominada pelo Apóstolo
Paulo, no cap. XII, 10,
da 1ª Epístola aos
Coríntios: DOM DO
DISCERNIMENTO DOS
ESPÍRITOS. Trata-se de
uma mediunidade como
outra qualquer e que
exige muito estudo,
muito trabalho, muita
perspicácia. (Médiuns e
Mediunidade, cap. XXVI –
Discernimento dos
Espíritos.)
223. A formação do
critério influi
valorosamente para a
posse desse DOM. O homem
de critério, em geral, é
médium discernidor.
(Médiuns e Mediunidade,
cap. XXVI –
Discernimento dos
Espíritos.)
224. As pessoas
criteriosas são
meditativas,
observadoras,
reservadas; embora
excessivamente
racionais, quando têm a
felicidade de conhecer o
Espiritismo, deixam agir
o sentimento onde a
razão não atinge, e os
Mensageiros do Senhor
lhes são solícitos para
os auxiliarem nos
estudos e investigações
a que se entregam.
(Médiuns e Mediunidade,
cap. XXVI –
Discernimento dos
Espíritos.)
225. Os Espíritos que
vêm se comunicar são
aqueles mesmos que
viveram em forma carnal
neste mundo: uns
atingiram uma esfera de
conhecimentos e virtudes
que lhes dão a
santidade; outros
continuam tal qual eram
na Terra: menos bons,
turbulentos, viciosos,
zombeteiros. Entre um e
outro extremo é
inumerável o grau de
adiantamento e
progresso.
226. Allan Kardec, em
O Livro dos Espíritos,
faz um esboço da Escala
Espírita, cuja leitura
recomendamos a todos,
para maior
esclarecimento da
matéria que nos prende a
atenção. Também em O
Livro dos Médiuns
ele trata magistralmente
do assunto. (Médiuns e
Mediunidade, cap. XXVI –
Discernimento dos
Espíritos.)
227. Os evangelistas de
todas as idades não têm
se esquecido de
recomendar aos neófitos
o discernimento dos
Espíritos, para o bom
resultado de seus
estudos no campo
espinhoso da
experimentação. Nos
primeiros tempos do
Cristianismo as
comunicações com os
Espíritos se
intensificaram tanto que
o Evangelista João, na
1ª Epístola, cap. IV, 1,
diz: "Amados, não creais
em todo o Espírito, mas
provai os Espíritos,
para ver se vêm de Deus,
porque muitos falsos
profetas têm aparecido
no mundo". (Médiuns e
Mediunidade, cap. XXVI –
Discernimento dos
Espíritos.)
228. A prece de coração,
feita com verdadeiro
desejo de obter
conhecimentos, favorece
sobremodo a boa
assistência espiritual.
O Mestre dos Mestres,
segundo refere o
Evangelista Lucas, cap.
XI, v. 10, dizia:
"Aquele que pede, obtém;
o que procura encontra;
abrir-se-á ao que bater.
Se vós, sendo maus,
sabeis dar boas coisas
aos vossos filhos, com
muito mais forte razão
vosso Pai Celestial
enviará um BOM ESPÍRITO
aos que lho pedirem".
(Médiuns e Mediunidade,
cap. XXVI –
Discernimento dos
Espíritos.)
229. Para a distinção
dos Espíritos devemos
usar o mesmo critério
que usamos na distinção
dos homens, pela
linguagem e pelo trato.
Allan Kardec propõe uma
comparação bem
interessante, que serve
positivamente de norma
para o julgamento que
devemos fazer dos
Espíritos que se
comunicam. Diz ele:
"Suponhamos que um homem
receba vinte cartas de
pessoas que não conhece;
pelo estilo, pelos
pensamentos e enfim por
um milhão de
circunstâncias, julgará
quais são as instruídas
ou ignorantes, polidas
ou malcriadas;
superficiais, profundas,
frívolas, orgulhosas,
sérias, levianas,
sentimentais. O mesmo
acontece aos Espíritos;
deve-se considerá-los
como correspondentes que
nunca vimos, e
perguntar-se o que se
devia pensar do saber e
caráter de um homem que
dissesse ou escrevesse
coisas semelhantes.
Pode-se estabelecer como
regra invariável e sem
exceção que a linguagem
dos Espíritos está
sempre na razão do grau
de sua elevação. Não só
realmente os superiores
não dizem senão coisas
boas, mas também
dizem-nas em termos que
excluem qualquer
trivialidade; por muito
boas que possam ser, se
forem desbotadas por uma
expressão que demonstre
baixeza, é um sinal
indubitável de
inferioridade; com mais
forte razão se o
conjunto das
comunicações ferir as
conveniências com
expressões grosseiras”.
(Médiuns e Mediunidade,
cap. XXVI –
Discernimento dos
Espíritos.)
230. Eis outras
observações sobre o
assunto feitas por
Kardec: "A linguagem
deixa ver sempre a
origem, quer pelo
pensamento que traduz,
quer pela forma; e,
ainda quando o Espírito
quisesse iludir a
respeito da sua suposta
superioridade, bastaria
conversar algum tempo
com ele para apreciá-lo.
A bondade e a
benevolência são ainda
atributos essenciais dos
Espíritos bons. Não têm
ódio aos homens, nem aos
Espíritos; lamentam as
fraquezas, criticam os
erros, mas sempre com
moderação, sem fel nem
animosidade. Cumpre
também notar, para o bom
discernimento, que a
inteligência por si só
não é sinal de
superioridade; a
inteligência, a bondade,
a moral, precisam
caminhar a par”.
(Médiuns e Mediunidade,
cap. XXVI –
Discernimento dos
Espíritos.)
231. Um Espírito pode
ter uma linguagem muito
rica, uma terminologia
complicada, demonstrar,
enfim, conhecimentos,
mas ser inferior em
moralidade. O mesmo
acontece, também com a
maioria dos doutos.
(Médiuns e Mediunidade,
cap. XXVI –
Discernimento dos
Espíritos.)
232. O Espírito de São
Luís deu-nos o seguinte
conselho, que muito
orientará os estudantes:
"Qualquer que seja a
confiança legítima que
vos inspirem os
Espíritos que presidem
os vossos trabalhos, há
uma recomendação que não
cessaremos de repetir, e
que deveis ter sempre na
ideia quando vos
entregardes aos estudos:
é que deveis pensar,
refletir e sujeitar ao
rigoroso e severo exame
da razão todas as
comunicações que
receberdes, e que não
deixeis, logo que
qualquer ponto vos
pareça suspeito,
duvidoso ou obscuro, de
pedir as explicações
necessárias para vos
certificardes". (Médiuns
e Mediunidade, cap. XXVI
– Discernimento dos
Espíritos.)
(Continua no próximo
número.)