Uma leitora de São Paulo
(SP), em carta publicada
nesta mesma edição,
pergunta-nos:
“Em que sentido a riqueza
pode ser uma prova? Qual é a
finalidade de prova assim,
que tanto as pessoas na
Terra almejam? Basta ver uma
casa lotérica nos finais de
semana, apinhada de pessoas
que sonham com um dos
prêmios sorteados pela Caixa
Econômica Federal.”
De fato, é difícil acreditar
que a riqueza, tanto quanto
a beleza estonteante,
constitua uma das provas que
necessitamos enfrentar em
nossa passagem pela
experiência reencarnatória.
Tal é, no entanto, o
ensinamento espírita.
Riqueza e pobreza nada mais
são que provas, pelas quais
o Espírito necessita passar,
tendo em vista um objetivo
mais alto, que é atingir a
meta a que estamos
destinados, ou seja, a
perfeição.
Com esse propósito, Deus
concede a uns a prova da
riqueza, e a outros a da
pobreza, para
experimentá-los de modos
diferentes. Aliás, segundo
relatos inúmeros feitos por
autores respeitáveis, tais
provas são com frequência
escolhidas pelos próprios
Espíritos antes de sua
imersão no corpo.
Tanto uma quanto outra –
ensina o Espiritismo – são
provas difíceis, visto que,
se na pobreza o Espírito
pode ser tentado à revolta e
à blasfêmia contra o
Criador, na riqueza expõe-se
ele ao abuso dos bens que
Deus lhe empresta,
deturpando-lhe, muitas
vezes, seus objetivos.
A pobreza é, para os que a
sofrem, a prova da paciência
e da resignação.
A riqueza é, para os que a
usufruem, a prova da
caridade e da abnegação.
Jamais esqueçamos: a
existência corpórea, por
mais longa, é passageira e a
morte do corpo priva o homem
de todos os recursos
materiais de que
eventualmente disponha no
plano terráqueo.
Pobres e ricos retornam,
portanto, à vida espiritual
em idênticas condições, o
que mostra que a condição de
rico e a condição de pobre
não passam de expressões
transitórias.
Evidentemente, nenhuma das
provas citadas constitui
obstáculo à chamada
salvação. Se fosse assim,
Deus, que as concede, teria
dado a seus filhos um
instrumento de perdição,
ideia que repugna à razão.
No tocante à riqueza, não é
difícil perceber que, pelas
tentações que gera e pela
fascinação que exerce, além
de arriscada, pode ser até
mais perigosa que as demais
provas que nos aparecem ao
longo da vida.
Certamente foi isso que
Jesus quis enfatizar quando
declarou que é mais fácil um
camelo passar pelo buraco de
uma agulha que um rico
entrar no reino dos céus. O
Mestre fazia alusão aos
males e às ilusões a que a
riqueza pode conduzir o
homem desprevenido,
constituindo, porém, um erro
deduzir de suas palavras que
ao rico esteja vedado o
acesso à salvação, ou seja,
à ascensão a planos
evolutivos mais elevados.
Se a riqueza somente males
houvesse de produzir, Deus
não a teria outorgado aos
homens. Mas, longe disso, se
a riqueza não constitui
elemento direto de progresso
moral, é, sem dúvida,
poderoso elemento de
progresso intelectual.
Com ela pode o homem
melhorar a situação material
do mundo em que vive,
ampliar a produção de bens,
criar maiores e melhores
recursos sociais por meio do
estudo, da pesquisa e do
trabalho. Eis por que é
considerada elemento de
progresso.
Se, todavia, o indivíduo que
a detém se torna egoísta,
orgulhoso e insaciável, e a
desvia do seu objetivo
providencial, prestará
contas de seus atos ante a
Justiça Divina, enquanto
outros terão, por sua vez,
oportunidade de fruí-la e
provar, por suas atitudes,
que é possível vencer essa
difícil prova.
Numa interessante mensagem
que o leitor pode conferir
no cap. II, Segunda Parte,
do livro O Céu e o
Inferno, de Allan
Kardec, aquela que se chamou
na Terra condessa Paula,
desencarnada aos 36 anos de
idade em 1851, declarou o
seguinte:
“Em várias existências
passei por provas de
trabalho e miséria que
voluntariamente havia
escolhido para fortalecer e
depurar o meu Espírito;
dessas provas tive a dita de
triunfar, vindo a faltar no
entanto uma, porventura de
todas a mais perigosa: a da
fortuna e bem-estar
materiais, um bem-estar sem
sombras de desgosto. Nessa
consistia o perigo. E antes
de o tentar, eu quis
sentir-me assaz forte para
não sucumbir. Deus, tendo em
vista as minhas boas
intenções, concedeu-me a
graça do seu auxílio. Muitos
Espíritos há que, seduzidos
por aparências, pressurosos
escolhem essa provas, mas,
fracos para afrontar-lhes os
perigos, deixam que as
seduções do mundo triunfem
da sua inexperiência.”
Após as palavras acima
reproduzidas, a ex-condessa
Paula acrescentou:
"Trabalhadores! estou nas
vossas fileiras: eu, a dama
nobre, ganhei como vós o pão
com o suor do meu rosto;
saturei-me de privações,
sofri reveses e foi isso que
me retemperou as forças da
alma; do contrário eu teria
falido na última prova, o
que me teria deixado para
trás, na minha carreira.
Como eu, também vós tereis a
vossa prova da riqueza, mas
não vos apresseis em pedi-la
muito cedo. E vós outros,
ricos, tende sempre em mente
que a verdadeira fortuna, a
fortuna imorredoura, não
existe na Terra; procurai
antes saber o preço pelo
qual podeis alcançar os
benefícios do
Todo-Poderoso.” (O Céu e
o Inferno, Segunda Parte,
cap. II, A condessa Paula.)
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