ANDRES GUSTAVO ARRUDA
andres.gustavo57@hotmail.com
Caxias do Sul,
RS (Brasil)
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A virtude
dos fortes
“Sem a humildade, apenas
vos adornais de virtudes
que não possuís,
como se
trouxésseis um vestuário
para ocultar as
deformidades do vosso
corpo.”
(Lacordaire,
O Evangelho segundo o
Espiritismo, cap.
VII, item XI.)
O progresso moral do ser
demanda, como é cediço,
muito tempo e muito
esforço, através dos
quais o homem vai
amealhando novas
experiências,
conhecimentos e
virtudes, que, por
extensão, fazem nele
emergir as forças
interiores da alma.
Contudo, à medida que o
homem dá mais
importância aos bens
terrenais do que aos
espirituais – os únicos
que lhe podem assegurar
a verdadeira
felicidade–, apega-se ao
exterior, tira Deus do
centro e coloca-se no
lugar d’Ele.
Há, neste sentido, uma
interessante frase do
Espírito Paulo de Tarso,
inserta na quarta parte,
cap. II, pergunta n.º
1009 de O Livro dos
Espíritos: “Gravitar
para a unidade divina,
esse é o objetivo da
Humanidade”. Gravitar,
em sentido estrito,
significa girar em
torno. Nesta
perspectiva, a bem de
nosso progresso, devemos
deixar Deus no centro.
Para isso, porém, é
necessário que sejamos
humildes.
Quando o orgulho
sobressai em nossas
atitudes, ficamos presos
às nossas próprias
limitações e incapazes,
portanto, de avançar
para as conquistas
superiores. Na sociedade
terrena atual viceja, de
modo geral, o culto ao
materialismo, disso
resultando numa completa
inversão de valores.
Neste diapasão, adverte
Joanna de Ângelis
que:
Há uma confusão muito
grande entre os valores
éticos que alçam os
indivíduos aos patamares
da grandeza moral e
aqueles que degradam,
que vendem sensações
soezes, como se a
existência humana
devesse estar sempre num
circo, dando
prosseguimento
indefinido ao burlesco,
ao cínico, ao
despudor...
Em assim sendo, a falta
de resistências morais
dá azo a que
permaneçamos, não
raramente, adstritos a
comportamentos impostos
por indivíduos que se
consideram heróis da
atualidade. Ante
isso, cumpre-nos citar
novamente o pensamento
da Benfeitora Espiritual
acima mencionada:
O heroísmo não se
expressa através da
vilania, da deformidade,
do grotesco, mas, sim,
em decorrência da
coragem e da envergadura
que caracterizam os
espíritos fortes,
humanos e dignificadores
da sociedade.
[...] Todo e qualquer
investimento aplicado na
transformação dos
recursos espirituais
para melhor e do esforço
contínuo em favor da
promoção da sociedade
constitui ato de
heroísmo. Não apenas
aqueles que tornam os
seus realizadores
conhecidos e comentados
pelo grupo social, mas
especialmente quando
passam ignorados,
constituindo admirável
empreendimento interior
em benefício da
harmonia.
(Grifos nossos.)
Desta forma, inferimos
que é ato de coragem
lutar contra toda essa
onda de materialismo e
insensatez que grassa em
nosso planeta nestes
turbulentos dias. Para
tal, é preciso ter
coragem para fazer
diferente. E ser humilde
é fazer diferente, pois
a humildade é panaceia
contra os males
originados pelas
suscetibilidades do
amor-próprio. Eis por
que consideramos a
humildade como sendo
a virtude dos fortes.