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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 440 - 15 de Novembro de 2015

ELSA ROSSI
elsarossikardec@gmail.com

Londres, Inglaterra

 

   

Conhecendo culturas com respeito e amor!


O seu canto é singelo, usual em seu país, um dialeto africano, mas que mesmo sem sabermos do que se tratava, sentíamos nele a vibração de amor em cada palavra. A musicalidade do poema tocava a alma de todos os presentes naquele domingo, no final de uma tarde ensolarada de Londres.

O assunto da palestra chamara a atenção dos frequentadores de vários grupos de Londres e de outras cidades mais próximas. Afinal, ali estaria a presidente fundadora da SEAKA - Sociedade Espírita Allan Kardec de Angola. Entre vários departamentos, a SEAKA tem a Casa do Caminho André Luiz. O tema da noite: A PEDAGOGIA DO AMOR, CASA DO CAMINHO.

Com seu turbante vistoso, seu porte elegante, a africana angolana Dra. Amélia Carlos Cazalma iniciou sua apresentação com a música. Todos pegos de surpresa, sentiram-se imersos na melodia, que introduzia a palestra que ela, Dra. Amélia, traria, fazendo de suas palavras um livro aberto de emoções. Recordei-me, ao ver as fotos mostradas na tela, dos dias em que visitei Angola, em nome do Conselho Espírita Internacional, no ano de 2010. A área do projeto social que visitei é de 422.000 m2. Fora uma semana em que cada dia era uma página que eu preenchia com inúmeras experiências. Os slides ali apresentados já estavam mais atualizados do que eu registrara em minha mente. 

Fui agraciada em um dos dias no ano de 2010 quando, em Angola, com uma apresentação das trabalhadoras, uma dança com várias senhoras e senhoritas, dança típica de Angola, dentro da Casa do Caminho André Luiz. Fecho os olhos e, mesmo agora, passados cinco anos, posso vê-las dançando no avanço de dois passos, voltando um, numa coreografia africano-angolana muito linda, calma, num colorido dos turbantes e das roupas típicas. Uma música e dança saudáveis que falavam da história desse povo que, apesar de guerras e sofrimentos, é um povo que zela pela família.

Amélia enfatizou muitas vezes: o povo angolano valoriza a amizade e não abandona os idosos. Os amigos são mais que amigos, são irmãos que adentram os lares a qualquer hora e são bem-vindos. Sempre o lema um por todos e todos por um é usado, válido e vivenciado. Amélia ilustrou que, quando ainda jovem, passou pela desencarnação do esposo e da filhinha. Os amigos, os familiares dividem a dor, assim minimizando o sofrimento de um, por todos, e todos se ajudando, focando naquele que mais precisa no momento. Vivem o Evangelho, vivem a moral do Cristo.

Novamente, em minha memória, voltaram os momentos da distribuição do pão feito e assado dentro da própria Casa do Caminho, pelos alunos da Panificação, entre outros 14 cursos profissionalizantes. Momentos nos quais ajudei a distribuir os pacotes de pães para crianças, e essas não paravam de chegar, como que brotavam do chão a cada instante que eu me virava para pegar mais pães do cesto... Lembrei-me da maternidade, onde os leitos nunca estão vazios. Lá estivera nosso querido Nestor Masotti (na época, Secretário Geral do Conselho Espírita Internacional) em sua visita, em companhia de Rogério Bertoni, em 2012, quando teve oportunidade de presenciar um bebê no colo da mãe minutos após nascer. As grávidas não desejam outro atendimento que não seja o da Casa do Caminho, onde recebem passes, orações e canto. Estatísticas feitas pela médica com as pacientes grávidas mostram as ecografias antes e depois do passe e da música. Experiências se repetem, para depois poderem usar esse material informativo, científico, na valorização da prece, do canto e do passe espiritual.

Fico sempre maravilhada ao ouvir novamente que a Escola Fundamental utiliza por lei o currículo do Ministério de Educação, adicionado de três outros obrigatórios na Escola H. Pestalozzi, que atende em torno de 1.300 crianças/dia: Evangelização e Moral, Comunidade. Assim, ora eu olhava os slides que Dra. Amélia mostrava na tela, com o salão já repleto, ora eu fechava os olhos e lembrava os momentos, os dias, em Angola. Realmente, a dimensão física deste conglomerado de atendimento ao povo carente da região de Viana, Kapalanga, a Leprosária da Funda e outros afazeres dos trabalhadores da SEAKA e da Casa do Caminho, totalmente gratuitos para a população carente, nos deixam a certeza de que há sempre o que fazer, onde quer que seja, seja nestas terras ou outras terras de além-mar.


Elsa Rossi, escritora e palestrante espírita brasileira radicada em Londres, é membro da Comissão Executiva do Conselho Espírita Internacional (CEI). 


 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita