Apresenta-nos, o livro de
Reis, no velho Testamento,
um interessante desafio do
profeta Elias ao então rei
de Israel, Acabe. Elias pede
que sejam amontoadas duas
pilhas de lenha seca e que
os sacerdotes de Baal a
acendam pela força do Deus
em que acreditavam. Após
mais de quatro horas de
insucesso, o tempo se
encerrou. Então, o profeta,
que era um notável médium de
efeito físico, assumiu sua
parte e em poucos minutos,
após pedir ao Deus único uma
prova de Sua existência,
imediatamente as labaredas
surgiram incendiaram toda a
lenha, que antes haviam sido
molhadas, por ordem do
próprio Elias, para
dificultar mais o processo.
Isso seria o suficiente para
que aquelas tribos
retomassem sua devoção ao
verdadeiro Deus. Mas Elias,
tomado provavelmente pela
indignação do que assistia
naquela época, quando todos
os profetas do Deus único
foram perseguidos até a
morte, sendo ele o único
sobrevivente, exige que
Acabe, o rei, agora
amedrontado, desse cabo da
vida daqueles sacerdotes, o
que imediatamente foi feito.
Foram levados para as
margens do ribeirão Quison e
todos os quatrocentos foram
decapitados (Primeiro livro
de Reis, capítulos 17 e 18 –
Velho Testamento).
Em entrevista à Folha
Espírita, para o livro
“Lições de Sabedoria”,
Fernando Worm pergunta a
Chico Xavier se a
decapitação de João Batista,
a pedido de Salomé, filha de
Herodíades, não seria
consequência daquele ato de
Elias, uma vez que o próprio
Cristo afirmara ser ele a
reencarnação do profeta,
enquanto descia o monte
Tabor na companhia de alguns
de seus discípulos.
Fernando diz que antes de
Chico responder por escrito,
ele fez um breve comentário:
Observe que após a morte de
Batista, que entristeceu ao
Mestre, Jesus prefere não
mais falar no Precursor. Por
quê? Se João Batista tivesse
se encomendado à
Misericórdia Divina e não só
à Sua Justiça é bem possível
que outro teria sido o seu
fim.
Todos nós, inferiores ou
evoluídos, devemos invocar
sempre a misericórdia, que é
amor sublime.
E, então, Chico tomou de um
lápis e começou a escrever:
Conforme ensinamentos da
Espiritualidade Superior,
sempre que estejamos em
função da justiça devemos
exercê-la com misericórdia.
Cremos sinceramente que João
Batista, o Precursor, era
Elias reencarnado. O
respeito devido ao Evangelho
não nos permite anatomizar o
problema da morte de João
Batista. Mas perguntamos a
nós mesmos, na intimidade de
nossas orações, se ele não
se teria exonerado do rigor
do carma, caso agisse com
misericórdia no exercício do
que era considerado de
justiça para a família de
Herodes. É um ponto de
minhas reflexões na
veneração com que cultivo o
amor pelos vultos
inesquecíveis do
Cristianismo.
Fonte: “Lições de
Sabedoria”, livro editado
pela Editora Jornalística
Fé, de São Paulo, em 1996.
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