CLÁUDIO BUENO DA SILVA
Klardec1857@yahoo.com.br
Osasco, SP
(Brasil)
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A urgência da caridade
moral
No último século a
população da Terra
aumentou muito, a
civilização humana se
desenvolveu rápida e
selvagemente, e na mesma
proporção em que pôs
brilhantemente a
inteligência a seu
serviço, enfatuou-se com
o egoísmo, a
indiferença, a ganância
e o desvio ético-moral.
O reinado das
facilidades materiais,
alimentado pela
voracidade comercial
sempre crescente de
grupos poderosos, criou
um fosso imenso entre o
que se acha ser o melhor
para o homem e as
verdadeiras necessidades
do Espírito.
As aflições se acumulam
em demasia. As pessoas,
as famílias, os grupos
sociais manifestam
desorientação. Nossa
individualidade virou
massa, estamos
perdendo a identidade e
sendo arrastados pela
ditadura desumana das
forças econômicas
globais que visam a
lucro apenas e dão pouca
chance a outros tantos
poderes da manifestação
humana que poderiam
trazer mais equilíbrio
às relações na Terra. As
regras dessa ditadura
econômica são frias,
objetivas, não cedem um
milímetro ao sentimento,
e como visam a números e
cifras, passam como
rolos compressores sobre
as populações
subdesenvolvidas
marginalizadas, mas, ao
final, sobre todas as
outras, de mil maneiras.
Esse relevo
desproporcional (ou
distorcido) da Economia
na condução do destino
dos povos na Terra – me
parece – afeta não só as
relações de poder entre
as nações, mas tem
reflexos profundos sobre
as populações e os
indivíduos, na medida em
que gerencia – de certa
forma – sua vida
particular e social,
ditando o que podem ter
e até o que podem ser.
Em quem ou em que
confiar?
Deseducado, o homem sabe
pouco sobre si mesmo e
das questões
fundamentais da vida.
Afinal, para que se
vive, mesmo? E depois
desta vida, o que virá?
Muitos não acreditam que
ela continue, e, se
acreditam, não fazem a
menor ideia de como
seja. As seculares
religiões dogmáticas
tradicionais explicam
muito pouco a um rebanho
que em boa parte não
quer ouvir explicações.
A filosofia
contemporânea está mais
preocupada em ser
“moderna” do que em
ajudar o homem a
conhecer-se. A ciência
se basta explicando a
matéria. Em quem ou em
que confiar? Nos falsos
líderes religiosos e
suas falsas prédicas que
não melhoram as almas
que lotam os templos
gigantescos em busca de
salvação? Nos líderes
políticos
imperfeitamente humanos?
Nos homens de ciência,
hoje mais preocupados em
dar respostas
satisfatórias a seus
financiadores do que em
atender às urgências
humanas?
Há como reverter esse
quadro
Os cristãos do mundo
poderão contribuir
bastante para o momento
atual se estudarem o
espírito dos ensinos
do Cristo, e então,
sabendo o suficiente
para mudar a si mesmos,
e fazendo saber para que
cada um transforme o seu
meio, perseguirão metas
para o futuro. Os homens
de ciência, descendo
alguns degraus da
escadaria de glórias
passageiras, poderão
compreender melhor a sua
inelutável
subalternidade a Deus,
acelerando o processo de
moralização da ciência.
A filosofia, desprendida
do “glamour” dos nossos
dias e aplicada no
descobrimento da
verdadeira essência do
homem, poderá ajudar a
“explicar” com mais
segurança. Os políticos
do mundo, considerando a
política como “a ciência
de criar o bem de
todos”, conforme definiu
Bezerra de Menezes,
representarão os povos.
A educação integral,
contemplando o espírito,
formará o indivíduo
moralizado e cívico. Os
artistas, enobrecidos,
recuperarão a dignidade
da Arte.
O discurso é utópico
ainda, contudo a
realidade que se
enfrenta hoje no mundo
parece ser essa e toda
fuga parecerá omissão ou
covardia. Todos podem
trabalhar para reversão
desse quadro, cada um
com a sua ferramenta.
Para realizar tudo isso
é preciso acreditar que
é possível, ter o ideal
do bem e buscar essa
direção. Cada um fazendo
a sua parte, o tempo
será um grande aliado.
A caridade moral
Creio que nunca a
caridade moral se fez
tão necessária como nos
dias atuais.
Os livros espíritas
falam da excelência
desse sentimento para
aliviar as aflições, as
incertezas, o medo, os
conflitos íntimos nesse
mundo materializado.
Não há uma pessoa que
não precise de
orientação, de
esclarecimento. Não há
quem não esteja pedindo
para ser compreendido em
suas razões, ouvido em
seus apelos. Quantos não
veriam seus tormentos
suavizados tão só com o
apoio de alguém?
Quando não encontramos
resposta amiga e lúcida
para os nossos
sofrimentos; quando
percebemos o abismo que
há entre a palavra e a
ação, passamos ao
desânimo e até à
descrença, e dela, a
situações piores. Muitas
vezes sem preparo,
procurando ajuda, caímos
em ciladas que a má-fé e
o materialismo travestem
de muitas formas. Uns se
socorrem na religião,
outros se afastam dela.
Uns mergulham em viagens
alucinantes, outros
adotam a violência como
argumento. Uns passam a
controlar, outros se
entregam.
As pessoas estão
confusas, principalmente
neste período turbulento
de crises variadas, onde
só não “cairão” os que
tiverem estrutura moral
para se sustentarem. Com
a desorientação, com
muitas forças se
digladiando, há campo
mais que propício para
os maus influírem junto
ao indivíduo, na
família, nos grupos, na
sociedade. Tanto os maus
daqui, quanto os de
“lá”, que também
desenvolvem programas e
métodos para se
intrometerem onde
queiram e possam. Nunca
é demais lembrar a
orientação preventiva de
Jesus, baseada na
prudência: “Orai e
vigiai”. Essa orientação
do Mestre faz toda a
diferença nos dias de
hoje. Ou se atende, ou
se fica exposto.
O que esperar de nós?
Os espíritas (mas não só
eles), que têm aprendido
na teoria e na prática
um pouco da ciência de
viver, precisam, nesse
clima, dar o exemplo,
dar o testemunho do que
aprenderam até aqui,
pois é isso o que os
bons Espíritos esperam
de nós. E a caridade bem
compreendida e aplicada
segundo a consciência é
o melhor recurso de
saneamento das relações.
O pensamento construtivo
e humilde deve fazer
parte do seu mundo
íntimo e do seu
cotidiano, assim como a
moderação. O espírita é
o que menos tem
desculpas a dar, e menos
reclamações a fazer.
O seu comportamento,
portanto, com esses
recursos que está
aprendendo a
desenvolver, em qualquer
área que viva e atue, é
modelo de boa
inspiração, de contágio
positivo. Assim estará
influindo no meio social
concretamente. Se cada
um se predispuser a
fazer a sua parte bem
feita, veremos surgir um
movimento em cadeia,
cada vez mais forte. A
força das ideias de
inspiração moral,
surgindo de muitos
lugares, estimulará
novas adesões, e as
transformações começarão
a ocorrer.
Portanto, não nos
preocupemos
demasiadamente com a
ciência que não crê, com
os filósofos que
desprezam a melhor parte
do ser, com os políticos
que trabalham em causa
própria, com os
religiosos que não
servem a Deus. Usemos a
nossa estratégia, qual
seja: respeitar o
próximo, perdoar, não
julgar sem base, não
revidar, pagar o mal com
o bem, não fazer ao
outro o que não queremos
que nos façam. São
propostas de realização
espiritual pelas quais
devemos lutar. Os homens
de bem têm instrumentos
valiosos para
influenciar as pessoas,
levando-as à conduta
otimista, assertiva,
confiante e cheia de
esperança. Tudo isso é
possível e deve ser
tentado e vivido.
Bom será que possamos
dizer, o quanto antes,
com o coração: “Eu creio
em Deus. Deus para mim é
uma realidade. Eu
acredito no futuro que
nos aguarda cheio de
boas novidades. Eu tenho
fé inabalável porque
aprendi à luz da razão,
e hoje sei. Estou bem e
estarei melhor, porque o
progresso é Lei de Deus
criada para a evolução
de tudo e de todos, e a
minha vida faz parte do
plano de Deus. Embora
construa particularmente
a minha felicidade,
jamais serei feliz
sozinho. Portanto, para
contar com a aprovação
de Deus tenho o dever de
auxiliar na construção
da felicidade do
próximo. E assim,
todos”.