As Vidas de Jésus
Gonçalves
Nascido em Borebi, SP,
em 12 de julho de 1902,
o poeta, jornalista e
teatrólogo Jesus
Gonçalves, futuramente,
iria acrescentar um
acento agudo no “e” da
primeira sílaba do seu
nome, e passaria a
assiná-lo como Jésus,
por não se considerar
digno de usar o mesmo
nome do Cristo. Esse
poeta, desde os 27 anos,
passou a sofrer do Mal
de Hansen, e desencarnou
vitimado por essa
terrível doença em 16 de
fevereiro de 1947, antes
de completar 45 anos de
idade. Eis seu primeiro
soneto, psicografado por
Chico Xavier e inserido
na obra Parnaso de
além-túmulo.
Anjo de redenção
Do céu desceste
resplendente e puro
E no santo mistério em
que te apagas
Vestiste-me o burel de
sânie e chagas
E algemaste-me a lenho
estranho e duro.
Nume solar pairando no
monturo,
Terno, escondendo as
flores com que afagas,
Ouviste-me, em silêncio,
o choro e as pragas,
Doce e invisível no
caminho escuro!...
Mas, da cruz de feridas
que me deste,
Libertaste meu ser à Luz
Celeste,
Onde, sublime e fúlgido,
flamejas!
E agora brado, enfim, de
alma robusta:
— Deus te abençoe, ó Dor
piedosa e justa,
Anjo da redenção!
Bendito sejas!...
Esse Espírito, de 370 ou
375 a 410, viveu na
Terra como o rei
visigodo (35 a 40 anos)
chamado Alarico I, que
tomou e saqueou Roma em
410, mesmo ano em que
morreu, quando se
dirigia com seu exército
à África, intencionando
também conquistá-la e se
tornar o homem mais
poderoso do mundo. Na
cidade de Cosenza,
Itália, uma tempestade
dizimou seu Exército
junto com ele. E seu
sonho de conquista
terminou ali. Conta-se
que, antes dessa
fatídica viagem, foi
procurado por Santo
Agostinho, o qual lhe
pediu clemência para com
o povo romano e, de
certa forma, foi
atendido, pois Alarico
determinou que nenhuma
igreja fosse atacada.
Desse modo, quem ali se
abrigou foi poupado
pelos seus soldados.
De 458 a 507 (50 anos
aproximadamente) foi sua
nova existência na
Terra. Renasceu no mesmo
país e recebeu o nome de
Alarico II. Ainda ávido
pelo poder e pelas
conquistas, foi
derrotado e morto pelo
exército do rei francês
Clóvis, na batalha de
Vouillé, na França.
De 1585 a 1642 (sua
existência conhecida
mais longa, de 57 anos)
viveu na França, onde
foi 1º ministro francês
por 18 anos. Foi o
Cardeal Richelieu, 1º
ministro francês. Dizem
que tinha mais poder do
que o próprio rei Luís
XIII. Influenciou Luís
XIV, Napoleão e De
Gaulle. Católico
fervoroso e político de
extrema habilidade, era
impiedoso com os que
considerava inimigos do
Estado.
Duas de suas frases
famosas: 1ª - “Para mim,
existem dois deuses:
Deus e a França”; 2ª –
“O homem é imortal, sua
salvação está no outro
mundo; o Estado não, sua
salvação é agora ou
nunca”.
Não teve piedade por
muitos povos, que deixou
na miséria em guerras de
conquista, embora São
Vicente de Paula tivesse
apelado para o seu
sentimento cristão com o
seguinte pedido:
“Clementíssimo Senhor,
dá-nos Paz. Tem
compaixão de nós. Dá paz
à França”.
Desencarnou vítima de
estranha doença: tumores
de diagnóstico
desconhecido invadiram
todo o seu corpo.
De 1902 a 1947 (44,7
anos). Foi o tempo de
sua última existência.
Nasceu em Borebi, SP, e
ficou órfão de mãe aos
três anos. Aos 14 anos,
criou a bandinha de
Borebi. Era conhecido
por sua liderança nas
festas e quermesses
locais.
Aos 17 anos, mudou-se
para Bauru e cursou o
ginasial incompleto no
colégio São José. Fundou
a “Jass Band” de Bauru e
escreveu peças de
teatro, que também
representava. Ainda
colaborava com o jornal
“Correio da Noroeste”
dessa cidade.
Aos 20 anos, foi
tesoureiro da Prefeitura
e, aos 22, casou-se com
Theodomira de Oliveira,
viúva que tinha dois
filhos. Jésus teve com
ela outros quatro
filhos, mas em 1930 ela
desencarnou, vítima de
tuberculose.
Casou-se, então, com a
vizinha, Anita Vilela,
com quem viveu 12 anos,
já portador de
Hanseníase, desde os 27
anos. Devido à doença,
teve que entregar os
filhos à tutela de
parentes, aposentou-se
prematuramente e passou
um tempo vivendo de
favores.
O amigo João Martins
Coub cedeu-lhe um
terreno onde plantava
melancia e outras
frutas. Porém, em 1933,
o Serviço Sanitário da
cidade o recolheu e
afastou do convívio
familiar, internando-o
no Asilo-Colônia Aymorés,
em Bauru.
Embora muito querido e
dedicado às artes, nessa
época, declarava-se
ateu, por não considerar
justa sua situação ante
a ideia de um Deus
equânime e bom. No
asilo-colônia Aymorés,
onde ficou de 1933 a
1937, era chamado de
mestre e admirado por
sua imensa disposição e
capacidade para o
trabalho. Criou o
pequeno jornal do asilo,
intitulado “O momento”,
produziu textos e
participou de peças
teatrais. Também criou a
“Jazz Band Aymorés”,
pois tinha especial
talento para a música.
Após muita insistência,
e com problemas sérios
de fígado, tentou se
internar no Hospital
Padre Bento, em
Guarulhos, SP, mas,
durante a viagem, passou
mal em Pirapitingui e
acabou seus dias
internado no hospital
dessa cidade paulista.
Ali fundou o Jazz Band
de Pirapitingui, a Rádio
Clube de Pirapitingui e
o Nosso Jornal,
periódico interno do
Hospital.
Ficou viúvo novamente e
se casou com Isabel
Loureano, apelidada de
Ninita, que também era
portadora de Hanseníase
e cega. A esposa, que
era espírita, acabou
convertendo-o ao
Espiritismo. Certo dia
em que sentia muita dor
no fígado, Jésus colocou
um copo com água sobre
uma mesa e disse: “Se
Deus existe, mesmo,
dou-lhe cinco minutos
para esta água se
transformar em remédio.
A água, imediatamente,
tomou uma coloração
esbranquiçada, ele a
bebeu e melhorou das
dores que sentia.
Convenceu-se
definitivamente...
Fundou o Centro Espírita
Santo Agostinho em
Pirapitingui, em
homenagem ao santo que
lhe rogou para poupar a
população romana do
massacre de suas tropas,
quando Jésus estivera
encarnado com o nome de
Alarico I. O Centro
Espírita Santo
Agostinho, após sua
desencarnação, passou a
ser administrado por
Ninita, sua última
esposa.
Eis seu novo soneto,
psicografado por Chico
Xavier e publicado em
1962:
REENCARNAÇÃO
Há séculos, num carro de
esplendores,
Minha vida era a
angústia de outras
vidas,
Estraçalhava multidões
vencidas,
Coroado de púrpura e de
flores.
Depois... a morte, os
longos amargores...
Depois ainda... a volta
a novas lidas,
O berço pobre, o manto
de feridas,
A solidão e os prantos
redentores.
Volve do rei antigo um
réu que espanta,
E o Senhor concedeu-me a
lepra santa
Para cobrir-me em chagas
benfazejas!...
Mas, hoje, livre enfim
de toda algema,
Posso saudar a dor justa
e suprema:
— Emissária da luz,
bendita sejas!...
A história de Jésus
Gonçalves é uma prova da
Bondade e Misericórdia
de Deus para conosco,
seus filhos, a quem
destina a felicidade
pela iluminação
gradativa de nossas
almas, mas não nos
isenta de expiar e
reparar todas as nossas
dívidas. Pois o
arrependimento sincero
nos permite a
reabilitação perante as
Leis Divinas, porém não
nos dispensa de suas
consequências. É por
isso que Jesus Cristo
afirmou: “a cada um
segundo as suas obras”
(Mateus, 16:27).
Pensemos, falemos e
ajamos sempre no bem e,
ainda que tenhamos que
reparar incontáveis
dívidas de negro
passado, jamais
estaremos órfãos do amor
e da proteção de nosso
Pai Celestial.
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