Continuamos nesta edição o estudo do livro Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas, obra publicada por Allan Kardec no ano de 1858. As páginas citadas no texto sugerido para leitura referem-se à edição publicada pela Casa Editora O Clarim, com base na tradução feita por Cairbar Schutel.
Questões para debate
A. Existe diferença entre os vocábulos evocação e invocação?
B. Que é clarividência? podemos dizer que clarividência e lucidez são sinônimos?
C. Qual o conceito de magnetismo animal e donde se derivou essa expressão?
Texto para leitura
11. Agênere: variedade de aparição tangível, estado de certos Espíritos que podem revestir momentaneamente a forma de uma pessoa viva, a ponto de iludir completamente os observadores. (Vocabulário, pág. 18.)
12. Alma: dotada de inúmeros significados, a doutrina espírita diz que alma espírita, ou simplesmente alma, é o ser imaterial, distinto e individual unido ao corpo que lhe serve de invólucro temporário, isto é, o Espírito quando encarnado, e que somente pertence à espécie humana. (Vocab., págs. 18 e 19.)
13. Alucinação: aparente percepção de objetos externos, não presentes no momento; devaneio; ilusão. Os fenômenos espíritas que provêm da emancipação da alma provam que o que se qualifica de alucinação é, muitas vezes, uma percepção real análoga à da dupla vista, do sonambulismo ou do êxtase, provocada por um estado anormal, um efeito das faculdades da alma desprendida dos laços corpóreos. (Vocab., pág. 19.)
14. Anjo: segundo a doutrina espírita, os anjos não são seres à parte e de uma natureza especial: são os Espíritos da primeira ordem, isto é, os que chegaram ao estado de puros Espíritos depois de terem sofrido todas as provas. (Vocab., págs. 19 e 20.)
15. Arcanjo: a palavra anjo é um termo genérico que se aplica a todos os Espíritos puros. Se admitirmos, relativamente aos anjos, diferentes graus de elevação, poderemos, para empregar termos conhecidos, designá-los pelas palavras arcanjos e serafins. (Vocab., págs. 20 e 21.)
16. Ateu, ateísmo: o ateísmo é a negação absoluta da Divindade. Toda religião repousa necessariamente na crença em uma divindade. O ateísmo absoluto tem poucos prosélitos, porque o sentimento da divindade existe no coração do homem, independentemente de qualquer ensino. O ateísmo e o Espiritismo são incompatíveis. (Vocab., pág. 21.)
17. Deísta: aquele que crê em Deus, sem admitir o culto exterior. Sem razão, confunde-se às vezes deísmo com ateísmo. (Vocab., pág. 22.)
18. Demônio: tanto em grego como em latim, demônio se aplica aos seres incorpóreos, bons ou maus, e que se supõe terem conhecimentos e poder superiores aos do homem. Nas línguas modernas esta palavra é geralmente tomada em má acepção, que se restringe aos gênios malfazejos. Os Espíritos ensinam que Deus, sendo soberanamente justo e bom, não pode ter criado seres votados ao mal e desgraçados por toda a eternidade. Segundo eles, não há demônios na acepção absoluta e restrita desta palavra; há apenas Espíritos imperfeitos, que podem, todos eles, aperfeiçoar-se por seus esforços e por sua vontade. Os Espíritos da 9a classe (Espíritos impuros) seriam os verdadeiros demônios, se esta palavra não implicasse a ideia de uma natureza perpetuamente má. (Vocab., págs. 22 e 23.)
19. Demonologia, demonomancia: demonologia é o mesmo que demonografia – tratado da natureza e da influência dos demônios. Demonomancia significa o pretenso conhecimento do futuro pela inspiração dos demônios. (Vocab., pág. 23.)
20. Deus: inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. É eterno, imutável, imaterial, único, todo poderoso, soberanamente justo e bom, e infinito em todas as suas perfeições. (Vocab., pág. 23.)
21. Diabo: segundo a crença vulgar, é um ser real, um anjo rebelde, chefe de todos os demônios e que tem um poder bastante grande para lutar contra o próprio Deus. Ele conhece nossos pensamentos mais secretos, insufla todas as más paixões e toma todas as formas para nos induzir ao mal. Segundo a doutrina espírita, o diabo é a personificação do mal; é um ser alegórico que resume em si todas as paixões más dos Espíritos imperfeitos. Seus chifres e a cauda são o emblema da bestialidade, isto é, da brutalidade e das paixões animais. (Vocab., pág. 23.)
22. Duendes: Espíritos travessos, mais traquinas do que maus, pertencentes à classe dos Espíritos levianos. (Vocab., pág. 24.)
23. Emancipação da alma: estado particular da vida humana durante o qual a alma, desprendendo-se de seus laços materiais, recupera alguma das suas faculdades de Espírito e entra mais facilmente em comunicação com os seres incorpóreos. (Vocab., pág. 24.)
Respostas às questões propostas
A. Existe diferença entre os vocábulos evocação e invocação?
Sim. Embora tenham a mesma raiz, vocare: chamar, invocação e evocação não são sinônimos perfeitos. Evocar é chamar, fazer vir a si, fazer aparecer por cerimônias mágicas, por encantamentos. Invocar é chamar a si ou em seu socorro um poder superior ou sobrenatural. Invoca-se Deus pela prece. Na religião católica invocam-se os Santos. Toda prece é uma invocação. A invocação está no pensamento; a evocação é um ato. Na invocação o ser ao qual nos dirigimos nos ouve; na evocação ele sai do lugar em que estava para vir a nós e manifestar sua presença. A invocação não é dirigida senão aos seres que supomos bastante elevados para nos assistir. Evocam-se tanto os Espíritos inferiores como os superiores. (Vocabulário Espírita, págs. 35 e 36.)
B. Que é clarividência? podemos dizer que clarividência e lucidez são sinônimos?
Lucidez e clarividência designam a faculdade de ver sem o auxílio dos órgãos da visão. É um atributo inerente à própria natureza da alma ou do Espírito e que reside em todo o seu ser; eis por que em todos os casos em que há emancipação da alma, o homem tem percepções independentes dos sentidos. A palavra clarividência é mais geral; lucidez diz-se mais particularmente da clarividência sonambúlica. Um sonâmbulo é mais ou menos lúcido, conforme a emancipação da alma seja mais ou menos completa. (Vocabulário Espírita, págs. 21, 37 e 38.)
C. Qual o conceito de magnetismo animal e donde se derivou essa expressão?
O magnetismo animal pode ser assim definido: ação recíproca de dois seres vivos por intermédio de um agente especial chamado fluido magnético. A expressão magnetismo animal (do gr. e do lat. magnes, ímã) surgiu por analogia com o magnetismo mineral. Tendo a experiência demonstrado que essa analogia não existe, ou é apenas aparente, a denominação deixou de ser exata. Todavia, como está consagrada por um uso universal e como, além disso, o epíteto que se lhe acrescenta não permite equívoco, haveria mais inconveniência do que utilidade em mudar esse nome. Algumas pessoas substituem-na pela palavra Mesmerismo; entretanto esta expressão não prevaleceu. (Vocabulário Espírita, págs. 38 e 39.)