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Reconciliação:
uma conexão entre a
criatura e o Criador
Tema é abordado no mais
recente livro do Dr.
Andrei Moreira,
homeopata e presidente
da Associação
Médico-Espírita
de Minas
Gerais
Publicado pela AME
Editora, com sede em
Minas Gerais, o livro
Reconciliação foi
lançado em junho deste
ano durante o MEDNESP,
congresso
médico-espírita do
Brasil, é um verdadeiro
sucesso! De leitura
simples e grande
abrangência de temas
sobre o adoecer da alma
e sua reconexão com o
Criador, a obra,
dividida em três partes,
nos apresenta o que é a
desconexão, quais os
sintomas da ruptura com
o Criador e como
reconectar-se, inserindo
elementos para a cura
real do Espírito.
Conversamos com o autor
da obra, Dr. Andrei
Moreira (foto),
que nos fala um pouco
mais sobre o livro.
O que te inspirou a
escrever o livro
Reconciliação?
Minha inspiração foi a
percepção de que tanto o
Evangelho quanto o
Espiritismo e a
filosofia homeopática,
na sua vertente
espiritualista, falavam
a mesma realidade da
doença primária do homem
como a desconexão
criatura-Criador, que
está tão bem
representada no
arquétipo do filho
pródigo, apresentado por
Jesus. Então, nesta obra
nós integramos estas
filosofias a conceitos
da constelação familiar
segundo Bert Hellinger,
que nos remete à conexão
com o essencial,
propondo um olhar para
aquilo que promove a
reconexão com a fonte,
com nós mesmos, com a
família e com o Pai.
No livro você fala em
uma desconexão entre
Deus e a criatura. Quais
os níveis dessa
desconexão e por que
isto acontece nos dias
de hoje?
Essa desconexão se
apresenta das mais
distintas maneiras, mas
podemos observar dois
padrões decorrentes
dela: o da menos valia e
o da hipertrofia do ego.
Quando desconectados da
fonte não sabemos nada,
e vivemos os sintomas da
insuficiência, na
consciência do que
perdemos e do que não
podemos, como a galha
desconectada da árvore
que sabe que sem a seiva
essencial nada pode
produzir. Nesta menos
valia, brigamos conosco
mesmo, na autoacusação e
com a vida, nas críticas
e julgamentos,
projetando nossa
insatisfação nas pessoas
e circunstâncias, quando
ela decorre da não
conexão com a fonte em
nós, o Deus imanente.
Para fugir desta dor da
desconexão nós vamos
para o outro polo, o da
hipertrofia do ego, em
que nos projetamos sobre
o outro como se fôssemos
maiores ou melhores, na
arrogância, no orgulho
ou na vaidade, como
defesa para não lidar
com o sentimento real de
inferioridade decorrente
da desconexão. Como em
um pêndulo, alternamos
estes estados, o da
menos valia e o da
hipertrofia do ego, como
sintomas da desconexão.
Todos os dois polos são
falsos. Como ensina o
benfeitor Dias da Cruz,
na obra Pílulas de
Confiança,
psicografada por nós
(Ame Editora), “o homem
não é pequeno como quer
na menos-valia, nem
grande como pretende na
hipertrofia de si mesmo,
mas, conectado em Deus,
é uma pequena fagulha
luminosa, tão grande
quanto o tamanho da
vontade do Pai para sua
vida”. Este é o
verdadeiro poder do
Espírito, o da força
decorrente da conexão
com o Pai, com o afeto,
com o amor. Ora, o que
pode uma pequena fagulha
luminosa? Pode incendiar
a Terra. Mas quando a
criatura conectada vive
a grandeza do filho de
Deus, não é o ego que é
exaltado e sim a
presença do Pai na
criatura, como bem disse
Jesus em “O Sermão da
Montanha”: “Brilhe,
pois, a vossa luz diante
dos homens, para que
vejam as vossas boas
obras e glorifiquem a
vosso pai que está nos
céus”.
As mágoas, dificuldades
ou mesmo a ingratidão
são fatores que
dificultam a
reconciliação entre
casais, familiares ou
amizades. As pessoas
envolvidas percebem
estes traços?
As mágoas e a ingratidão
são decorrentes de
exigências na alma e
sempre impedem a
reconciliação. As mágoas
se estabelecem quando as
expectativas e os
interesses são
frustrados ou quando as
idealizações não são
correspondidas, na
grande maioria dos
casos. Trata-se,
portanto, de uma
projeção egoica sobre o
outro que deve cumprir
aquilo que a nossa
fantasia, decorrente de
necessidades afetivas
imaginárias, estabeleceu
para ele. Frequentemente
o que ocorre na relação
de casal e com os outros
é uma projeção de
questões que dizem
respeito não àquela
relação mas à relação
com os pais. Quando não
tomamos o amor dos pais
como é e como pode ser,
sustentando a crítica, o
julgamento e a exigência
interior, deixamos de
beber da fonte essencial
do afeto incondicional e
do amor infinito que
vibra em cada célula de
nosso corpo, como
herança dos pais e então
trazemos para a relação
de casal e com a vida
necessidades e demandas
que não poderão ser
satisfeitos. Somente o
amor dos pais é fonte
abundante de vida, pois
eles representam Deus
para a criatura na
encarnação e eles, do
jeito que são ou foram,
são os pais de que cada
um de nós precisávamos,
de acordo com nossa
história evolutiva.
A falta de conciliação
pode levar a uma falta
de paz interior e
consequentemente a
estados enfermiços,
tanto da saúde física
como emocional?
Sim, a desconexão com a
fonte suprema da vida é
a causa básica de nosso
adoecimento físico e
emocional. As células
obedecem ao campo
magnético mental e
emocional do Espírito,
que as comanda e a
postura deste perante as
leis divinas é o fator
de equilíbrio ou
desiquilíbrio do corpo.
A homeopatia nos ensina
que os estados de
menos-valia resultam em
lesões orgânicas de
destruição tecidual
enquanto as posturas de
hipertrofia do ego estão
diretamente vinculadas
às lesões hipertróficas
no organismo físico.
Da mesma maneira, a
harmonia emocional é
consequência da conexão
com a fonte interior,
com o belo e com o bem,
na sintonia com o amor
universal, em suas
múltiplas expressões e
isto promove vida e vida
em abundância.
Qual o primeiro passo
para a reconciliação?
A reconciliação decorre
do estabelecimento de um
lugar de amor para tudo
e para todos no coração,
quando abandonamos o
papel de vítima e
passamos a olhar o outro
com humanidade, de igual
para igual, sem as
ilusões da superioridade
ou da inferioridade,
sempre falsas. Todo ser
é digno, toda criatura é
divina.
A paz se estabelece
quando a alma se abre
para o fluxo do amor
livre, que leva ao mais,
enriquecendo a vida de
percepções e realizações
elevadas. Nesse
sentido, o primeiro
passo para a
reconciliação é a
desistência. Para
reconciliar-se consigo
mesmo, com os outros e
com a vida é preciso
desistir de exigir e de
esperar algo irreal de
si mesmo ou dos outros.
A desistência das
idealizações e das
exigências infantis só é
possível quando a pessoa
passa a beber de sua
fonte original, o amor
dos pais, e, por
consequência, o amor de
Deus, nutrindo-se do
essencial. E para fazer
isto não é necessário
mudar nada nem ninguém,
senão a postura interna
perante os pais,
aprendendo a aceitá-los
como são ou como puderam
ser, e conectando-se à
sua força de vida.
Qual o caminho para
conexão com a abundância
do amor na vida, nesta
visão?
Abundância não é excesso
nem supérfluo.
Abundância é conexão com
o essencial. Não importa
se o solo é limitado ou
o espaço reduzido.
Importa apenas que as
raízes estejam bem
conectadas, bebendo da
fonte que produz a seiva
da vida. Assim também na
relação dos filhos com
os pais. Todo pai é
solo, toda mãe,
nutriente. Para o
sucesso na vida basta
que o filho esteja
conectado à força de
ambos. Assim, pode
florescer na alegria da
continuidade.
A produtividade não
decorre do excesso de
nutriente nem da
exigência deste ou
daquele elemento. O
aparente pouco é sempre
suficiente, quando
essencial. Quando o
filho toma dos pais o
amor que estes têm para
lhe dar, do jeito que
ele é ou que pôde ser,
sem mais exigências,
críticas ou julgamentos,
este amor vem carregado
de força e vigor que
leva sempre ao mais. O
resultado é uma explosão
de vida e de alegria de
viver!
Para saber mais:
“Reconciliação: consigo
mesmo, com a família,
com Deus”.
Andrei Moreira, AME
Editora, 2015.
www.ameeditora.com.br/loja
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