A Vida no Outro Mundo
Cairbar
Schutel
Parte 2
Continuamos nesta edição
o estudo metódico e
sequencial do livro A
Vida no Outro Mundo,
de autoria de Cairbar
Schutel, publicado
originalmente em 1932
pela Casa Editora O
Clarim, de Matão (SP).
Questões preliminares
A. São poucos os homens
que se preocupam
realmente com as
chamadas questões
transcendentais?
Sim. Segundo Cairbar
Schutel, são
relativamente poucos os
que pensam no dia de
amanhã a não ser para
auferir bastardos
lucros. Embora
registrado há mais de 80
anos, seu pensamento
parece bem atual, haja
vista o número enorme de
empresários, políticos e
pessoas abastadas que se
valem de todos os meios
para aumentar ainda mais
seu patrimônio. (A
Vida no Outro Mundo –
Cap. II – O Problema da
Imortalidade.)
B. Que importância pode
ter a admissão da
imortalidade na vida das
pessoas?
Importância enorme. A
sabedoria e as virtudes
nunca terão grande razão
de ser enquanto os
homens se
desinteressarem pela
imortalidade, porque ela
é, no entendimento de
Cairbar Schutel, o ponto
de partida para todos os
estudos, a rocha sobre a
qual se deverá erguer o
grande edifício, o
enorme monumento onde
pontificarão a Ciência,
a Religião, a Filosofia,
as Artes. A própria Paz,
interna e externa, não
se conseguirá, nos
países e nas nações, sem
a Luz da Imortalidade,
assim como sem ela é
impossível manter a
Fraternidade entre os
povos. (A Vida no
Outro Mundo – Cap. II –
O Problema da
Imortalidade.)
C. Existimos ou não
existimos? Continuaremos
a viver após a morte
corpórea? Em face de
tais dúvidas, que
devemos fazer?
Meditar, pensar sobre o
assunto: esse é o
primeiro trabalho a
realizar. Esqueçamo-nos
por um momento das
ilusões que nos fascinam
e embrutecem; encaremos
a realidade sem temor;
tomemos a sério a vida,
para que a vida se nos
mostre tal como é, sem
enganadoras aparências.
Fiquemos certos de que
não teremos paz, nem
saúde, nem religião, nem
sabedoria, nem
felicidade, sem que o
grande mistério do "ser"
ou "não ser" fique
resolvido. (A Vida no
Outro Mundo – Cap. II –
O Problema da
Imortalidade.)
Texto
para leitura
21. A Humanidade,
deslocada dos legítimos
preceitos da moral –
Moral Divina, Religião
de todos os tempos e de
todos os povos, que foi
substituída
criminosamente por
mandamentos humanos e
cultos esdrúxulos – não
cogita, mormente nos
tempos em que nos
achamos, dos seus
deveres e seus destinos.
(A Vida no Outro
Mundo – Cap. II – O
Problema da
Imortalidade.)
22. São relativamente
poucos os que pensam no
dia de amanhã a não ser
para auferir bastardos
lucros. Entretanto, a
pequena, a
insignificante fração
que constitui esses
poucos, esforça-se e
trabalha, uns para a
conquista de uma crença
verdadeira que bem lhes
oriente no caminho da
vida, outros, para verem
resolvido, no nosso
planeta, o grande
problema, o problema
máximo cuja resolução é,
de fato, o que nos
oferece maiores
promessas, mais
valorosos benefícios.
(A Vida no Outro Mundo –
Cap. II – O Problema da
Imortalidade.)
23. A Imortalidade é,
com efeito, o pivô sobre
o qual se devem
movimentar todos os
cometimentos para uma
orientação segura da
vida. A sabedoria e as
virtudes nunca terão
grande razão de ser
enquanto os homens se
desinteressarem pela
imortalidade. (A Vida
no Outro Mundo – Cap. II
– O Problema da
Imortalidade.)
24. A resolução do
grande problema afeta
por tal forma todas as
ramificações do saber
humano, que
permaneceremos
estacionários se os
homens continuarem a pôr
à margem esta questão de
interesse político,
religioso, científico e
social, pois, de fato, é
ela a base fundamental
de todos os problemas
que inflamam o cérebro e
fazem palpitar o
coração. (A Vida no
Outro Mundo – Cap. II –
O Problema da
Imortalidade.)
25. Ela é, na verdade, o
ponto de partida para
todos os estudos. É
sobre essa rocha que se
deverá erguer o grande
edifício, o enorme
monumento onde
pontificarão a Ciência,
a Religião, a Filosofia,
as Artes. A própria Paz,
interna e externa, não
se conseguirá, nos
países e nas nações, sem
a Luz da Imortalidade,
assim como sem ela é
impossível manter a
Fraternidade entre os
povos. (A Vida no
Outro Mundo – Cap. II –
O Problema da
Imortalidade.)
26. Pascal dizia com
suma razão: "A
imortalidade é o nosso
primeiro interesse, é
uma coisa de tal
importância que é
preciso ter perdido toda
a sensibilidade para ser
indiferente ao seu
conhecimento". Com
efeito, não é a solução
desse problema que
aclara a nossa razão,
ilumina o nosso destino,
dá sentido ao nosso
futuro pessoal, à nossa
existência? Não é a
solução desse problema
que nos dá uma
orientação firme,
norteando a nossa vida
ao influxo de nobres
paixões, de uma moral
legitima e edificante?
(A Vida no Outro
Mundo – Cap. II – O
Problema da
Imortalidade.)
27. Poderão a negação e
a dúvida produzir
semelhante milagre,
formar caracteres,
arregimentar-nos para
enfrentar os dissabores
da existência, as
decepções cotidianas que
nos assaltam e oprimem?
Quem não se viu ainda em
frente do desespero,
quem não se deteve à
porta fechada de um
túmulo, quem não viu
desaparecer do seu
convívio um ente
querido, quem, nos
momentos angustiosos,
não disse para si mesmo:
A morte é o fim de toda
essa tragédia que os
homens representam no
grande palco do mundo?
(A Vida no Outro
Mundo – Cap. II – O
Problema da
Imortalidade.)
28. Os nossos entes
amados, objetos da nossa
afeição, aqueles que
constituíram nossos
melhores afetos, nossa
veneração, nosso amor,
serão dissolvidos,
extintos nos abismos do
nada? Será que não somos
mais que um volume de
carne cobrindo um
esqueleto, formando ao
todo uma combinação de
oxigênio, hidrogênio,
azoto e carbono? Será
que não somos mais que
uma armação de ossos
coberta de albumina e
fibrina, com uma rede de
nervos imersa num lago
de água? (A Vida no
Outro Mundo – Cap. II –
O Problema da
Imortalidade.)
29. Os pensadores, os
que procuram encarar a
vida tal como é, não
teriam meditado nunca?
Não lhes teria passado
pela mente essas
naturalíssimas
conjeturas, essas
considerações que surgem
no nosso cérebro e em
nosso coração nos
momentos difíceis que
atravessamos, quando
sentimos a vida pesada,
quando o aguilhão das
contrariedades nos
assalta e oprime? E como
responder a todas essas
perguntas sem resolver o
grande problema que é a
chave principal, a chave
"mágica", que abre todas
essas portas fechadas à
nossa razão, à nossa
inteligência, ao nosso
sentimento, ao nosso
coração? (A Vida no
Outro Mundo – Cap. II –
O Problema da
Imortalidade.)
30. Darão, porventura,
as religiões sacerdotais
uma resposta a esses
quesitos que ensombram a
Humanidade? A Ciência
catedrática, com todos
os recursos que lhe têm
vindo das novas
descobertas e invenções,
será capaz de
responder-nos positiva e
categoricamente de modo
a satisfazer o nosso
entendimento e pôr um
paradeiro às ânsias que
se acentuam todos os
dias em nossa alma?
Finalmente, somos ou não
somos? Existimos ou não
existimos? Continuaremos
a viver após o último
ato da nossa existência
terrestre? Ao cair o
pano, restará de nós
alguma coisa, ou tudo se
extinguirá? (A Vida
no Outro Mundo – Cap. II
– O Problema da
Imortalidade.)
31. Meditemos sobre tudo
isso; pensemos: eis o
primeiro trabalho a
realizar. Esqueçamo-nos
por um momento das
ilusões que nos fascinam
e embrutecem; encaremos
a realidade sem temor,
porque, dela nos
desviando, só teremos
ilusões e desenganos.
Tomemos a sério a vida,
para que a vida se nos
mostre tal como é, sem
enganadoras aparências.
Fiquemos certos de que
não teremos paz, nem
saúde, nem religião, nem
sabedoria, nem
felicidade, sem que o
grande mistério do "ser"
ou "não ser" fique
resolvido. (A Vida no
Outro Mundo – Cap. II –
O Problema da
Imortalidade.)
(Continua no próximo
número.)
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