Amor e
instrução...
“Crede, amai,
meditai sobre as
coisas que vos
são reveladas;
não mistureis o
joio com a boa
semente, as
utopias com as
verdades.” – O
Espírito Verdade
(O Evangelho
segundo o
Espiritismo –
Cap. VI – item
5.)
Dezenove séculos
após a vinda do
Mestre Jesus,
surge o
Espiritismo,
doutrina
consoladora,
cujo papel
principal é o de
revivescer o
Evangelho,
aviltado ao
longo dos
séculos pela sua
submissão aos
desejos e
interesses
materialistas e
de poder
daqueles que se
atribuíram a
condição
imerecida de
“proprietários
dos ensinamentos
cristãos”.
Da mesma forma,
passados exatos
158 anos da
codificação da
Doutrina
Espírita, que
ofereceu visão
mais luminosa
para uma melhor
compreensão das
ideias
libertadoras do
Cristo,
enfrentamos
também muitas
dificuldades
para colocar em
prática seus
ensinos, em
função de nossas
próprias
limitações
espirituais,
que, muita vez,
nos induzem a
interpretar a
Doutrina
conforme nossos
interesses
individualistas,
“apossando-nos”
do conteúdo
doutrinário e
dando-lhe
caráter e
direção
diferentes da
pretendida pelo
Codificador
Allan Kardec. É
o mesmo
mecanismo
utilizado ao
longo dos
séculos e que,
novamente, tenta
impedir que a
luz brilhe para
todos.
Vemos
diariamente pela
mídia impressa
e, especialmente
pela Internet,
diversas
aberrações
classificadas
equivocadamente
como
“espíritas”, mas
que no fundo não
guardam relação
nenhuma com os
postulados
doutrinários.
São conceitos e
práticas, muitas
vezes baseados
em conhecimentos
de outras
correntes
espiritualistas,
e que passam a
ser considerados
como espíritas,
simplesmente
pelo fato de
estarem
relacionados com
mediunidade
ou pela simples
menção da
palavra
Espírito.
Livros e artigos
são produzidos
sem a menor
preocupação
doutrinária –
financeira, com
certeza, pois
este é um filão
muito rentável –
onde os autores,
ditos espíritas,
ignoram total ou
parcialmente a
espinha dorsal
do Espiritismo:
a codificação
kardequiana.
Há hordas de
Espíritos,
encarnados e
desencarnados,
ainda
irrefletidos e
apegados à
matéria, que
lutam para que a
purificação dos
seres humanos,
por meio de sua
renovação
interior, não
aconteça ou pelo
menos se atrase.
Porém, por mais
insistam nessa
atitude, temos a
confiança de que
Jesus está
atento na
coordenação do
caminhar
evolutivo de
todos nós,
orientando e
observando o
esforço
individual e
coletivo na obra
do bem. (1)
No entanto, é
importante que
reflitamos sobre
nossa
responsabilidade
pessoal com
relação ao
consumo ou
indicação desses
“produtos”,
somente pelo
modismo ou pela
aceitação
popular que
recebem. E
quanto às
editoras, qual o
seu real papel
diante desse
cenário?
Se
representantes
do movimento
espírita, muitas
vezes, agem
contrariamente a
esse código de
luz, que é a
codificação
kardequiana,
produzindo e
divulgando
ideias que
confrontam o bom
senso, sua viga
mestra, nada
poderemos dizer
dos leigos que,
sem um estudo
aprofundado,
lançam ideias
também
equivocadas para
o grande
público.
É mediunidade
nos animais
aqui; Espíritos
entrando no
corpo do médium
curador ali –
conforme o
conhecimento
vulgar de que o
Espírito se
apossa do corpo
do médium –
ideias que não
se coadunam com
a codificação. O
próprio Kardec
nos esclarece,
em O Livro dos
Médiuns, que
tais coisas
não existem.
O fenômeno de
comunicação
entre os
Espíritos
desencarnados e
os encarnados
ocorre de mente
para mente, por
meio do nosso
veículo de
exteriorização
espiritual, o
perispírito.
Assim, não há a
necessidade do
Espírito
comunicante
“entrar” no
corpo do médium
(conhecido como
incorporação,
aliás,
termo nunca
utilizado por
Kardec);
bem como não é
possível existir
mediunidade em
animais, pois o
“perispírito”
desses é de
natureza
inferior ao do
humano, não lhe
sendo possível
ser “médium”, na
acepção
doutrinária do
termo.
Vemos que nós
mesmos, no dia a
dia espírita,
promovemos esses
desencontros
doutrinários,
servindo de
parâmetro para a
divulgação de
ideias
fantasiosas que
nada têm a ver
com o
Espiritismo.
Outro aspecto
importante: é
preciso que
questionemos em
nossas casas
espíritas se
existem
companheiros
alheios à
profundidade e à
beleza dos
ensinos
doutrinários. Se
ainda existem
aqueles apegados
aos processos
fenomênicos,
notadamente nas
assistências
espirituais,
através da
recepção de
fluidos
(passes),
assumindo a
postura de
verdadeiros
dependentes
dessa expressão
de Misericórdia
e Compaixão
divinas. Não
queremos com
isso dizer que
não se deva
atender aos
necessitados que
chegam às casas
espíritas na
busca de alívio
e consolo, pois
aí está a
principal missão
do Espiritismo:
reviver a
mensagem cristã
em sua essência,
dando de graça
aquilo que de
graça se recebeu,
entretanto é
preciso que se
atente para o
real objetivo da
doutrina que é a
renovação de
todos nós, seres
imortais.
Muito embora a
conhecida, e
extremamente
citada, mensagem
do Espírito
Verdade, em
O Evangelho
segundo
Espiritismo,
no capítulo
referente ao
Cristo
Consolador: “Espíritas,
amai-vos.
Espíritas,
instruí-vos”,
percebemos que a
busca pelo
estudo
ainda é pequena
diante do enorme
conteúdo que
precisa ser
devidamente
compreendido e
assimilado.
Note-se
especialmente a
posição dos
verbos nessa
mensagem:
Amar e
Instruir.
Amar
significa doação
incondicional ao
nosso próximo,
podendo estar
ele em todos os
ambientes que
frequentamos. Em
casa, no
trabalho, e em
nossas
atividades
corriqueiras do
dia a dia, onde
encontramos
irmãos a nos
pedir atenção,
respeito e
consideração.
O segundo verbo
- instruir
- indica a
necessidade de
desenvolvimento
do Espírito
através do
conhecimento,
também
responsável pela
nossa ascensão
na escala
evolutiva.
Como estamos
cuidando desses
dois verbos em
nossas
atividades na
casa espírita?
Será que se está
dando a devida
atenção aos
mesmos?
Ao recebermos
aqueles que nos
procuram devemos
oferecer total
acolhimento para
que se sintam
“em casa”, por
meio do
entendimento,
apoio e
esclarecimento
em seus
processos de
renovação
espiritual,
encaminhando-os
para as
assistências
espirituais
indicadas,
conforme a
complexidade e
urgência de cada
caso.
Para tanto, é
fundamental que
se tenha na casa
espírita
companheiros de
trabalho
devidamente
preparados para
orientação e
encaminhamento
precisos. É
especialmente
desses
companheiros que
se espera a
prática do amor,
expressa na
atitude de
compreensão e,
principalmente,
no desejo de
ouvir as
dificuldades do
irmão à sua
frente,
demonstrando
empatia, sem a
preocupação
exagerada de a
tudo explicar e
justificar. Os
companheiros
recém-chegados
precisam muito
mais do
acolhimento, do
que de
exposições de
conhecimento ou
explicações
aprofundadas.
Como se diz no
jargão comum,
“querem colo!”.
Com o passar do
tempo, porém,
esses mesmos que
já frequentam
assiduamente o
núcleo
espírita-cristão,
demonstrando
melhora na sua
atitude diante
da vida, devem
ser naturalmente
conduzidos para
os cursos
doutrinários, em
cumprimento do
segundo verbo da
mensagem citada,
ou seja, o
INSTRUIR.
Pessoas há que
reduzem os
problemas “dos
outros” em
mediunidade
desequilibrada
ou obsessão.
Sabemos que, sem
dúvida, isso
acontece. Mas,
será que todos
os casos que
recebemos passam
por essa
simplificação? É
ainda comum
ouvir de pessoas
que atendem aos
que chegam à
casa espírita:
“Você tem
mediunidade e
precisa
desenvolver”.
Nada mais
antidoutrinário
afirmar-se uma
ideia como essa!
Em O Livro dos
Médiuns, Kardec
nos diz com
relação ao
desenvolvimento
da mediunidade
de psicografia,
por exemplo:
“Infelizmente,
até hoje,
por nenhum
diagnóstico se
pode inferir,
ainda que
aproximadamente,
que alguém
possua essa
faculdade.
Os sinais
físicos, em os
quais algumas
pessoas julgam
ver indícios,
nada têm de
infalíveis”.
E termina
dizendo: “Só
existe um meio
de se lhe
comprovar a
existência. É
experimentar”.
Outro escolho no
atendimento ao
recém-chegado é
dizer que o
problema
relatado é um
caso de
perseguição
espiritual – a
obsessão. Embora
possa ser
verdade, essa
informação nada
de positivo
poderá gerar
naquele coração
aflito, mas sim
medo ou
desconfiança, o
que servirá para
o afastamento do
mesmo de nossas
casas espíritas.
“Espíritas,
amai-vos!”,
isto é, tenham
caridade para
com o próximo,
tratando-os como
irmãos mais
necessitados e
encaminhando-os
para a
assistência
espiritual,
deixando para os
Espíritos que
dirigem a
instituição a
incumbência de
um diagnóstico
mais preciso do
que aquele
realizado pelo
encarnado, mesmo
que este seja
dotado de uma
sensibilidade e
inspiração
diferenciadas.
Lembremos que
não existem
médiuns
infalíveis, o
que só se pode
aprender
estudando, por
isso, o
“Espíritas,
instruí-vos!”.
Embora haja
muitas casas
pautadas na base
doutrinária
kardequiana,
devemos sempre
lembrar que
outras tantas
podem divergir
no sentido de
adotar métodos
próprios, muitas
vezes alheios à
codificação, o
que só vem a
depor contra a
própria casa e
seus dirigentes.
Lembremos que a
Doutrina é dos
Espíritos, e não
DOS ESPÍRITAS!
Estudo,
instrução,
dedicação na
busca do
aprendizado cada
vez maior, sem
achar que já
sabemos tudo – o
que não é
possível e nem
verdade em nosso
estágio
evolutivo –, é a
solução para
mantermos os
nossos pés na
estrada.
Atitudes em
contrário só
contribuirão
para desacertos
que vão gerar
impactos
profundos na
alma de alguém
que vem em busca
de auxílio e
poderá sair com
mais problemas
do que quando
chegou.
Para concluir
esta reflexão
vamos citar um
trecho do livro
Nos domínios da
Mediunidade,
onde o
Assistente Aulus
nos diz: “Importa
ponderar que
em qualquer
setor de
trabalho
a ausência de
estudo significa
estagnação.
Esse ou aquele
cooperador
que desista de
aprender,
incorporando
novos
conhecimentos,
condena-se
fatalmente às
atividades de
subnível..."
(grifo nosso).
Os dirigentes
devem oferecer o
exemplo a todos
os colaboradores
do núcleo
espírita,
transformando as
sementes de luz
da Doutrina em
frutos de ação
no bem,
inspirando-os
como verdadeiros
líderes
espíritas, pois,
em percebendo
essa atitude
sincera de busca
do conhecimento
da Doutrina, com
persistência e
profundidade,
sentirão que
devem também
caminhar para o
próprio
esclarecimento,
incorporando o
anseio de sempre
estudar, mais e
mais, os
conhecimentos
libertadores
dessa Doutrina
Consoladora
prometida por
Jesus.
Referências:
[1] KARDEC,
Allan. O
Livro dos
Espíritos
- Questão
781a — Que
se deve
pensar dos
que tentam
deter a
marcha do
progresso e
fazer que a
Humanidade
retrograde?
Resposta:
“Pobres
seres, que
Deus
castigará!
Serão
levados de
roldão pela
torrente que
procuram
deter”. (O
Livro dos
Espíritos –
Allan
Kardec.)
[2] KARDEC,
Allan. O
Livro dos
Médiuns.
Ed. FEESP.
2005, São
Paulo. Cap.
XVII –
Formação dos
Médiuns,
item 200.
[3] LUIZ,
ANDRÉ.
Nos Domínios
da
Mediunidade
[psicografia
de Francisco
C. Xavier].
Editora FEB
– 33ª.
edição.
2006.
Brasília-DF.
Cap. 17 –
Serviço de
passes.