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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 449 - 24 de Janeiro de 2016

PAULO OLIVEIRA
psdo2010@gmail.com
Santos, SP (Brasil)
    

 


Amor e instrução...

 

“Crede, amai, meditai sobre as coisas que vos são reveladas; não mistureis o joio com a boa semente, as utopias com as verdades.” – O Espírito Verdade (O Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. VI – item 5.)

 


Dezenove séculos após a vinda do Mestre Jesus, surge o Espiritismo, doutrina consoladora, cujo papel principal é o de revivescer o Evangelho, aviltado ao longo dos séculos pela sua submissão aos desejos e interesses materialistas e de poder daqueles que se atribuíram a condição imerecida de “proprietários dos ensinamentos cristãos”.


Da mesma forma, passados exatos 158 anos da codificação da Doutrina Espírita, que ofereceu visão mais luminosa para uma melhor compreensão das ideias libertadoras do Cristo, enfrentamos também muitas dificuldades para colocar em prática seus ensinos, em função de nossas próprias limitações espirituais, que, muita vez, nos induzem a interpretar a Doutrina conforme nossos interesses individualistas, “apossando-nos” do conteúdo doutrinário e dando-lhe caráter e direção diferentes da pretendida pelo Codificador Allan Kardec. É o mesmo mecanismo utilizado ao longo dos séculos e que, novamente, tenta impedir que a luz brilhe para todos.

Vemos diariamente pela mídia impressa e, especialmente pela Internet, diversas aberrações classificadas equivocadamente como “espíritas”, mas que no fundo não guardam relação nenhuma com os postulados doutrinários. São conceitos e práticas, muitas vezes baseados em conhecimentos de outras correntes espiritualistas, e que passam a ser considerados como espíritas, simplesmente pelo fato de estarem relacionados com mediunidade ou pela simples menção da palavra Espírito.


Livros e artigos são produzidos sem a menor preocupação doutrinária – financeira, com certeza, pois este é um filão muito rentável – onde os autores, ditos espíritas, ignoram total ou parcialmente a espinha dorsal do Espiritismo: a codificação kardequiana.


Há hordas de Espíritos, encarnados e desencarnados, ainda irrefletidos e apegados à matéria, que lutam para que a purificação dos seres humanos, por meio de sua renovação interior, não aconteça ou pelo menos se atrase. Porém, por mais insistam nessa atitude, temos a confiança de que Jesus está atento na coordenação do caminhar evolutivo de todos nós, orientando e observando o esforço individual e coletivo na obra do bem. (1)


No entanto, é importante que reflitamos sobre nossa responsabilidade pessoal com relação ao consumo ou indicação desses “produtos”, somente pelo modismo ou pela aceitação popular que recebem. E quanto às editoras, qual o seu real papel diante desse cenário?


Se representantes do movimento espírita, muitas vezes, agem contrariamente a esse código de luz, que é a codificação kardequiana, produzindo e divulgando ideias que confrontam o bom senso, sua viga mestra, nada poderemos dizer dos leigos que, sem um estudo aprofundado, lançam ideias também equivocadas para o grande público.


É mediunidade nos animais aqui; Espíritos entrando no corpo do médium curador ali – conforme o conhecimento vulgar de que o Espírito se apossa do corpo do médium – ideias que não se coadunam com a codificação. O próprio Kardec nos esclarece, em O Livro dos Médiuns, que tais coisas não existem. O fenômeno de comunicação entre os Espíritos desencarnados e os encarnados ocorre de mente para mente, por meio do nosso veículo de exteriorização espiritual, o perispírito.

Assim, não há a necessidade do Espírito comunicante “entrar” no corpo do médium (conhecido como incorporação, aliás, termo nunca utilizado por Kardec); bem como não é possível existir mediunidade em animais, pois o “perispírito” desses é de natureza inferior ao do humano, não lhe sendo possível ser “médium”, na acepção doutrinária do termo.


Vemos que nós mesmos, no dia a dia espírita, promovemos esses desencontros doutrinários, servindo de parâmetro para a divulgação de ideias fantasiosas que nada têm a ver com o Espiritismo.


Outro aspecto importante: é preciso que questionemos em nossas casas espíritas se existem companheiros alheios à profundidade e à beleza dos ensinos doutrinários. Se ainda existem aqueles apegados aos processos fenomênicos, notadamente nas assistências espirituais, através da recepção de fluidos (passes), assumindo a postura de verdadeiros dependentes dessa expressão de Misericórdia e Compaixão divinas. Não queremos com isso dizer que não se deva atender aos necessitados que chegam às casas espíritas na busca de alívio e consolo, pois aí está a principal missão do Espiritismo: reviver a mensagem cristã em sua essência, dando de graça aquilo que de graça se recebeu, entretanto é preciso que se atente para o real objetivo da doutrina que é a renovação de todos nós, seres imortais.


Muito embora a conhecida, e extremamente citada, mensagem do Espírito Verdade, em O Evangelho segundo Espiritismo, no capítulo referente ao Cristo Consolador: “Espíritas, amai-vos. Espíritas, instruí-vos”, percebemos que a busca pelo estudo ainda é pequena diante do enorme conteúdo que precisa ser devidamente compreendido e assimilado. Note-se especialmente a posição dos verbos nessa mensagem: Amar e Instruir.


Amar
significa doação incondicional ao nosso próximo, podendo estar ele em todos os ambientes que frequentamos. Em casa, no trabalho, e em nossas atividades corriqueiras do dia a dia, onde encontramos irmãos a nos pedir atenção, respeito e consideração.


O segundo verbo - instruir - indica a necessidade de desenvolvimento do Espírito através do conhecimento, também responsável pela nossa ascensão na escala evolutiva.


Como estamos cuidando desses dois verbos em nossas atividades na casa espírita? Será que se está dando a devida atenção aos mesmos?


Ao recebermos aqueles que nos procuram devemos oferecer total acolhimento para que se sintam “em casa”, por meio do entendimento, apoio e esclarecimento em seus processos de renovação espiritual, encaminhando-os para as assistências espirituais indicadas, conforme a complexidade e urgência de cada caso.


Para tanto, é fundamental que se tenha na casa espírita companheiros de trabalho devidamente preparados para orientação e encaminhamento precisos. É especialmente desses companheiros que se espera a prática do amor, expressa na atitude de compreensão e, principalmente, no desejo de ouvir as dificuldades do irmão à sua frente, demonstrando empatia, sem a preocupação exagerada de a tudo explicar e justificar. Os companheiros recém-chegados precisam muito mais do acolhimento, do que de exposições de conhecimento ou explicações aprofundadas. Como se diz no jargão comum, “querem colo!”.


Com o passar do tempo, porém, esses mesmos que já frequentam assiduamente o núcleo espírita-cristão, demonstrando melhora na sua atitude diante da vida, devem ser naturalmente conduzidos para os cursos doutrinários, em cumprimento do segundo verbo da mensagem citada, ou seja, o INSTRUIR.


Pessoas há que reduzem os problemas “dos outros” em mediunidade desequilibrada ou obsessão. Sabemos que, sem dúvida, isso acontece. Mas, será que todos os casos que recebemos passam por essa simplificação? É ainda comum ouvir de pessoas que atendem aos que chegam à casa espírita: “Você tem mediunidade e precisa desenvolver”. Nada mais antidoutrinário afirmar-se uma ideia como essa!


Em O Livro dos Médiuns, Kardec nos diz com relação ao desenvolvimento da mediunidade de psicografia, por exemplo: “Infelizmente, até hoje, por nenhum diagnóstico se pode inferir, ainda que aproximadamente, que alguém possua essa faculdade. Os sinais físicos, em os quais algumas pessoas julgam ver indícios, nada têm de infalíveis”. E termina dizendo: “Só existe um meio de se lhe comprovar a existência. É experimentar”.
[2]


Outro escolho no atendimento ao recém-chegado é dizer que o problema relatado é um caso de perseguição espiritual – a obsessão. Embora possa ser verdade, essa informação nada de positivo poderá gerar naquele coração aflito, mas sim medo ou desconfiança, o que servirá para o afastamento do mesmo de nossas casas espíritas.


“Espíritas, amai-vos!”
, isto é, tenham caridade para com o próximo, tratando-os como irmãos mais necessitados e encaminhando-os para a assistência espiritual, deixando para os Espíritos que dirigem a instituição a incumbência de um diagnóstico mais preciso do que aquele realizado pelo encarnado, mesmo que este seja dotado de uma sensibilidade e inspiração diferenciadas. Lembremos que não existem médiuns infalíveis, o que só se pode aprender estudando, por isso, o “Espíritas, instruí-vos!”.


Embora haja muitas casas pautadas na base doutrinária kardequiana, devemos sempre lembrar que outras tantas podem divergir no sentido de adotar métodos próprios, muitas vezes alheios à codificação, o que só vem a depor contra a própria casa e seus dirigentes.


Lembremos que a Doutrina é dos Espíritos, e não DOS ESPÍRITAS!
Estudo, instrução, dedicação na busca do aprendizado cada vez maior, sem achar que já sabemos tudo – o que não é possível e nem verdade em nosso estágio evolutivo –, é a solução para mantermos os nossos pés na estrada. Atitudes em contrário só contribuirão para desacertos que vão gerar impactos profundos na alma de alguém que vem em busca de auxílio e poderá sair com mais problemas do que quando chegou.


Para concluir esta reflexão vamos citar um trecho do livro Nos domínios da Mediunidade, onde o Assistente Aulus nos diz: “Importa ponderar que em qualquer setor de trabalho a ausência de estudo significa estagnação. Esse ou aquele cooperador que desista de aprender, incorporando novos conhecimentos, condena-se fatalmente às atividades de subnível..."
[3] (grifo nosso).
 

Os dirigentes devem oferecer o exemplo a todos os colaboradores do núcleo espírita, transformando as sementes de luz da Doutrina em frutos de ação no bem, inspirando-os como verdadeiros líderes espíritas, pois, em percebendo essa atitude sincera de busca do conhecimento da Doutrina, com persistência e profundidade, sentirão que devem também caminhar para o próprio esclarecimento, incorporando o anseio de sempre estudar, mais e mais, os conhecimentos libertadores dessa Doutrina Consoladora prometida por Jesus.



Referências:

 

[1] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos - Questão 781a — Que se deve pensar dos que tentam deter a marcha do progresso e fazer que a Humanidade retrograde? Resposta: “Pobres seres, que Deus castigará! Serão levados de roldão pela torrente que procuram deter”. (O Livro dos Espíritos – Allan Kardec.)

[2] KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Ed. FEESP. 2005, São Paulo. Cap. XVII – Formação dos Médiuns, item 200.

[3] LUIZ, ANDRÉ. Nos Domínios da Mediunidade [psicografia de Francisco C. Xavier]. Editora FEB – 33ª. edição. 2006. Brasília-DF. Cap. 17 – Serviço de passes.
 

 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita