Diálogo sobre Chico
Xavier
– Ah! Como gostaria de
ser como Chico Xavier!
– Você tem certeza
disso?
– Claro! Já pensou ver
Emmanuel vestido de
senador romano; receber
livros de André Luiz;
servir de veículo para
Scheilla destilar
perfumes pelo ambiente;
ditar orientações de
doutor Bezerra de
Menezes; psicografar
poemas de Maria
Dolores?!
– E você acha que o
Chico só via e convivia
com esses Espíritos?
– Como assim?!
– Foi o Chico quem
afirmou que quem vê o
lírio vê o sapo!
– Não entendi.
– Quem possui a vidência
enxerga também os
Espíritos inferiores,
muitos deles, com formas
assustadoras!
– Mesmo assim eu
gostaria de ser como o
Chico!
– Tem certeza disso?
– Como não?
– Vamos fazer um teste?
– Claro!
– Pois bem. Chico ficou
órfão aos cinco anos e
passou alguns anos com
uma pessoa que lhe
impunha grande
sofrimento físico sem
que ele nada fizesse.
Você tem ou teve um lar,
pai e mãe que o amam?
– Sim.
– Chico ficou gravemente
doente de um olho desde
1931, o que lhe impôs
grande sofrimento pelo
resto da existência.
Como vão as suas vistas?
– Ótimas.
– Chico sofreu dois
infartos que exigiram
tratamento e cuidados
pelo resto da vida
física. Como vai o seu
coração?
– Tudo normal.
– Chico trabalhou por 75
anos em favor dos
sofredores. Quanto
trabalha você?
– Algumas horas por
semana, se tanto.
– Chico foi caluniado,
perseguido, ironizado,
traído, e nada fez com
que desistisse de sua
tarefa. Já aconteceu
alguma dessas coisas com
você?
– Não.
– Você não acha que
querer ser igual ao
Chico é desejar
igualar-se à locomotiva
quando não servimos nem
para rebite dos trilhos?
– Mas é errado desejar
ser como ele?
– Não. É elogiável! Mas,
vejamos: você já visitou
favelas, presídios,
leprosários, hospital do
fogo selvagem? Conviveu
com mães desesperadas
que perderam seus
filhos; atendeu
pacienciosamente filas
intermináveis de
sofredores madrugada
adentro, pessoas
desejosas de praticar o
suicídio, ou coisas
semelhantes?
– Não.
– Chico nunca ficou com
nenhum tipo de lucro dos
mais de 420 livros
psicografados por ele.
Amava os animais e os
considerava como nossos
irmãos mais novos.
Recebeu vários bens
móveis e imóveis com
documentos passados em
seu nome e nunca ficou
com nenhum deles.
Suportou as limitações
do corpo envelhecido sem
nenhuma reclamação. Foi
assediado por Espíritos
desejosos de destruir
sua missão e nunca
sucumbiu. Nunca obteve
favores dos Espíritos
superiores pelo trabalho
que executou com
perfeição e jamais
solicitou por isso de
maneira direta ou
indireta. Mesmo
incompreendido por
vários espíritas sempre
perdoou e continuou sua
tarefa. Era capaz de
chorar por dentro e
sorrir para os
sofredores que o
buscavam aflitos.
– É!
– E então? Ainda
gostaria de ser como
ele? Possui todas essas
disposições que ele
teve?
– Tem razão! Se não sou
mesmo nem o rebite dos
trilhos, como ambicionar
ser a locomotiva como
ele foi!
– Muito bem! Começou
corretamente
reconhecendo seus
limites. Basta agora
colocar as mãos nos
pequenos trabalhos do
dia a dia para que um
dia você seja um fiel
servidor dos Espíritos
como o Chico foi. Por
enquanto, pensemos nos
rebites...