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Joias da poesia contemporânea
Ano 9 - N° 449 - 24 de Janeiro de 2016

 
 
 

O anjo e a lama 

Maria Dolores

 

Dia de inverno nevoento.

Desce um homem do carro,

Fita a longa extensão do caminho de barro

E acusa a terra, em volta,

Tomado de revolta,

Irritado e violento:

- Maldita lama!...

Não posso me arriscar

Neste caminho imundo;

Meu carro habituado à firmeza do asfalto,

Decerto tombaria em qualquer salto.

Maldita seja a hora

Em que saí de casa...

E disse para a esposa que o ouvia:

- Melhor voltarmos noutro dia.

E esquecer este chão que me enerva e me arrasa.

 

O solo humilde e escravo

Assinalou o agravo

E entrou em singular abatimento;

Mas um dos anjos de orientação

Do campo, que aguentava o assalto da garoa,

Parou no mesmo ponto, onde o homem gritara

E disse à terra úmida: - Perdoa

Os insultos que ouvistes...

Continua servindo... Não te acuses...

Chamam-te lama vil ou barro triste;

Entretanto, nas leis da natureza,

Ninguém consegue pão à mesa

Sem recorrer ao trigo que produzes.

Denominam-te chão lodoso e feio;

Nota, porém, os teus acusadores:

Querem consigo as flores

Que te nascem do seio.

O homem é um ser estranho; muita gente

Que te condena e te maldiz

Não conhece o tijolo, a telha e o corpo das paredes,

Com que fazes no mundo

Tanta gente feliz.

O asfalto, na verdade, é indício de progresso

Para as rodas de todos os matizes,

Mas não sabe o processo

De acalentar sementes e raízes

Para que a planta se estenda,

Por mágica oferenda

De supremo valor,

A colheita que ajuda a conservar

A fartura no lar

Onde a vida situa a presença do amor.

 

Lama, somente lama desprezível,

Chamam-te aí no mundo,

Mas quase ninguém sabe,

Talvez com exceção da mãe bovina,

Que Deus te honrou com a erva,

Pela qual a pastagem se conserva,

Para que o leite seja, ante a criança,

A essência da esperança,

Alimento e calor da Bondade Divina.

Não te magoem críticas e golpes,

Não olvides que, em ti, Deus resguarda e resume

A química da vida que transforma

O esterco envilecido em vagas de perfume!...

 

A gleba imensa ouvia a mensagem celeste;

Esqueceu toda a injúria... Parecia

Que a luz do sol voltando a beijava e envolvia,

Procurando aquecer-lhe

Todas as energias interiores...

Desde esse dia, a lama desprezada

Sentiu-se renascer para nova alvorada

E passou, de maneira invariável,

A responder sem mágoa a quaisquer agressores,

Trocando acusação, golpe e azedume

Por ondas generosas de perfume,

Em braçadas de flores.

 

Do livro Momentos de Ouro, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita