Tormentos da
Obsessão
Manoel Philomeno
de Miranda
(Parte 18)
Damos
prosseguimento
ao
estudo metódico
e sequencial do
livro Tormentos
da Obsessão, obra de
autoria de
Manoel Philomeno
de Miranda,
psicografada por
Divaldo P.
Franco
e publicada em 2001.
Questões
preliminares
A. De que modo a
Caravana se
deslocou para
realizar a
expedição
socorrista?
Sob o comando da
Rainha Isabel, o
grupo socorrista
valeu-se do
recurso da
volitação.
Graças à
velocidade do
deslocamento, a
viagem demorou
apenas vinte
minutos, quando
então todos
passaram a
sentir as
emanações
deletérias de
uma região
enfermiça e
sombria, onde
nenhum sinal de
vida se
manifestava.
Ali, ao lado de
pântanos
pútridos,
cavernas se
abriam profundas
em montanhas
escuras que
limitavam a área
do paul
dantesco.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
10 –
Experiências
gratificadoras.)
B. Que recursos
foram utilizados
pela Caravana
para recolher os
Espíritos em
condições de
serem levados,
para tratamento,
ao Sanatório
Esperança?
O grupo
utilizou, para
isso, redes e
macas. Assim que
a Rainha Isabel
ergueu o bordão
que levava, as
redes foram
atiradas sobre o
lameirão,
tornando
luminosas as
malhas que
pareciam
pirilampos sobre
o lodo. Muitas
cabeças que se
erguiam,
percebendo o
recurso que
poderia ser
salvador,
agarravam-se-lhes
e gritavam por
socorro,
enunciando os
nomes de Jesus,
de Deus, de
Maria, de alguns
dos santos das
suas antigas
devoções,
alardeando
arrependimento e
suplicando
amparo. De
energia
magnética muito
bem
constituídas, a
novo sinal as
redes foram
puxadas pelos
braços fortes
dos seus
condutores, mas
observou-se que,
enquanto algumas
se despedaçavam,
deixando no
lugar, em
agonia, aqueles
que as
seguraram,
outros eram
colhidos e
arrastados até
os caravaneiros
que os retiravam
e os colocavam,
debilitados, nas
macas que de
imediato eram
distendidas para
os receber.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
10 –
Experiências
gratificadoras.)
C. Que aspecto
apresentava
Ambrósio?
A fácies do
irmão Ambrósio,
tendo em vista
os sinais das
sevícias que lhe
haviam sido
aplicadas, tinha
um aspecto
dantesco. Os
traços humanos
haviam sofrido
graves
alterações e
todo ele se
apresentava
esquálido,
destroçado,
inspirando
compaixão e
produzindo
choque emocional
em quem o
fitasse.
Adormecido, ao
ser transportado
ressonava de
maneira
particular, em
um repouso
assinalado pelo
terror, natural
reminiscência
dos sofrimentos
e pavores que
experimentara
durante o largo
cativeiro
naquela região
de furnas
macabras.
Concomitantemente,
exteriorizava
odores pútridos
que remanesciam
da decomposição
cadavérica,
ainda impregnada
no perispírito,
que igualmente
se exteriorizava
sob deformações
responsáveis
pela maneira
como se
encontrava em
espírito.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
11 – O insucesso
de Ambrósio.)
Texto para
leitura
94. A
volitação
– Antes de
descer ao abismo
terrestre, e
porque todos se
encontrassem em
silenciosa
expectativa, a
Entidade
santificada
exorou a
proteção do
Médico divino
para o
ministério de
amor e,
silenciando,
avançou na
direção do
querido planeta.
Miranda relatou:
“Seria difícil
para mim
explicar o
admirável
fenômeno de
volitação que
nos reunia sob a
mesma vibração
no harmonioso
deslocamento.
Podíamos ver-nos
aproximando-nos
da Terra que se
agigantava
diante de nós
até pararmos em
um lugar
lúgubre, de
aspecto
truanesco. Não
haviam passado
vinte minutos,
segundo os meus
cálculos, e
sentíamos as
emanações
deletérias da
região enfermiça
e sombria, onde
nenhum sinal de
vida se
manifestava. Ao
lado de pântanos
pútridos,
cavernas se
abriam profundas
em montanhas
escuras que
limitavam a área
do paul
dantesco.
Reunindo-nos à
borda do
lamaçal,
demo-nos conta
da escuridão
reinante, como
se nuvens
carregadas
cobrissem a
área, vez que
outra sacudida
por trovões
espocantes e
relâmpagos
velozes.
Concomitantemente,
o exalar de
matéria em
decomposição e
os fogos fátuos
que eram
percebidos
falavam sem
palavras sobre a
zona morbífica
em que nos
adentrávamos”. A
Senhora
postou-se à
frente, enquanto
os cooperadores
de imediato a
seguiram
formando uma
fila indiana
silenciosa e
austera. O
pequeno grupo
ficou entre os
que carregavam
as tochas e os
padioleiros
vigilantes.
Erguendo o
bordão que
derramava suave
claridade,
iniciou-se a
marcha sobre o
tremedal. Os
archotes foram
acesos e
produziam uma
luz branca que
não se expandia,
suficiente
porém, para
iluminar o
charco que
borbulhava
ameaçador.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
10 –
Experiências
gratificadoras.)
95.
Vozerio e
pedidos de
socorro na treva
densa –
Acompanhando o
Dr. Inácio e
Alberto, que
seguiam as
pegadas que eram
deixadas pelos
visitantes,
Miranda mantinha
a mente em Jesus
e os sentimentos
adornados de
compaixão. Nesse
estado de alma
ele pôde
perceber que, de
momento a
momento, na
sombra das lamas
agitadas
erguiam-se
cabeças que
clamavam por
misericórdia e
apoio, para logo
afundarem no
lodo asfixiante.
O vozerio, as
exclamações, os
pedidos de
socorro e as
queixas
misturavam-se a
blasfêmias e
recriminações
que aumentavam à
medida que eles
adentravam a
furna aberta na
rocha por
antigas
correntes d’água,
que a tornavam
perigosa,
escorregadia...
A densa treva
era cada vez
mais escura,
impedindo quase
a irradiação dos
archotes acesos.
Entre um e outro
relâmpago, era
possível
perceber que
acima do lamaçal
pairavam
Entidades
perversas, que
pareciam flutuar
no ambiente, de
aspecto
indescritível,
que as
oleogravuras
religiosas não
conseguem imitar
pelo seu aspecto
degenerado e
apavorante. Elas
aplicavam relhos
naqueles que se
erguiam do
charco imundo
suplicando
amparo. “São os
perturbadores da
ordem que nos
visitam,
objetivando
roubar nossos
escravos.
Pancada
neles...” Dito
isso,
gargalhadas
estentóricas
produziam
estranhos ecos
na furna imensa.
“Ataquemo-los!”,
gritou alguém de
aspecto feroz,
exibindo sua
carantonha
deformada,
enquanto,
ameaçadoramente,
eliminava fumaça
arroxeada pelas
narinas,
erguendo
bidentes e
chibatas que
estalavam no ar
pesado.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
10 –
Experiências
gratificadoras.)
96. As
redes –
A caravana,
apesar das
ameaças,
avançava
decidida, entre
acusações e
doestos,
acrimônias e
agressões
verbais, até que
todos viram
erguer-se o
bastão da
Senhora e os
archotes
aumentaram a
luminosidade.
Nesse momento
apresentou-se
uma área imensa
dentro da
caverna, na qual
estorcegavam
Espíritos
aprisionados às
paredes, fazendo
recordar alguns
dos suplícios da
mitologia grega,
surrados sem
piedade, outros
acorrentados por
pés e mãos,
carregando
pedras pesadas e
removendo-as de
um para outro
lugar, enquanto
no lodo,
afogando-se sem
cessar, inúmeros
se erguiam e
novamente
desciam em
terrível e
inominável
sofrimento.
Novamente o
bordão se
ergueu, e as
redes foram
atiradas sobre o
lameirão,
tornando
luminosas as
malhas que
pareciam
pirilampos sobre
o lodo. Muitas
cabeças que se
erguiam,
percebendo o
recurso que
poderia ser
salvador,
agarravam-se-lhes
e gritavam por
socorro,
enunciando os
nomes de Jesus,
de Deus, de
Maria, de alguns
dos santos das
suas antigas
devoções,
alardeando
arrependimento e
suplicando
amparo. De
energia
magnética muito
bem
constituídas, a
novo sinal as
redes foram
puxadas pelos
braços fortes
dos seus
condutores, mas
observou-se que,
enquanto algumas
se despedaçavam,
deixando no
lugar, em
agonia, aqueles
que as
seguraram,
outros eram
colhidos e
arrastados até
os caravaneiros
que os retiravam
e os colocavam,
debilitados, nas
macas que de
imediato eram
distendidas para
os receber. Por
algumas vezes se
repetiu o
admirável
concurso de
proteção aos
infelizes.
Percebendo a
ocorrência,
seres
monstruosos, que
haviam sido
vítimas de
zoantropia por
hipnose e que se
deslocavam no ar
tentando impedir
o atendimento,
eram rechaçados
por outras redes
protetoras que
foram atiradas
sobre o grupo,
impossibilitando
qualquer
investida
maléfica dos
dominadores da
região.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
10 –
Experiências
gratificadoras.)
97.
Ambrósio,
desfalecido e
deformado, é
recolhido
– Enquanto se
travava uma
verdadeira
batalha, em que
os perversos
administradores
da área
purgatorial
tentavam anular
o esforço dos
missionários do
amor, o
venerando
Eurípedes
acercou-se de
uma parede que
exsudava
putrefação e
rompeu com as
mãos as cadeias
que prendiam um
Espírito
desfalecido e
deformado, que
lhe tombou nos
braços, antes
que os sicários
vigilantes
pudessem
interferir. Ato
contínuo, dois
auxiliares
tomaram-no e o
colocaram em
maca protetora,
iniciando-se o
retorno,
deixando para
trás o abismo
aterrador. Nesse
comenos, cães
amestrados foram
trazidos e
atiçados contra
a caravana.
Miranda não se
atreveu a
olhá-los na
escuridão
banhada
levemente pelos
archotes e os
relâmpagos
contínuos,
porque o
benfeitor o
inspirava à
oração e ao
mergulho íntimo
no amor de Deus.
Mais tarde, ele
veio a saber que
se tratava de
terríveis
mutilações
experimentadas
pelo perispírito
de muitos seres
desditosos que
se vitimaram na
Terra e foram
arrastados para
aquele sítio
infeliz, onde
experimentaram
hipnoses
terríveis e
deformantes.
Quando, por fim,
chegaram à orla
daquele
verdadeiro
purgatório, que
superava tudo
quanto a
imaginação pode
definir,
observou-se que
os Espíritos
recolhidos foram
de imediato
atendidos com
fluidoterapia,
recebendo
ligeiro asseio e
atendimento para
que viessem a
adormecer, a fim
de não serem
criados
impedimentos na
viagem de
retorno ao
Hospital.
Novamente sob o
comando da
Rainha Isabel, a
caravana
ascendeu. Logo o
grupo chegou e
os pacientes
foram levados
com o grupo de
visitadores,
enquanto o
enfermo
espiritual, que
fora retirado
das paredes e do
ergástulo, foi
encaminhado à
parte inferior
do nosso
Pavilhão, para
receber o
tratamento que
lhe seria
dispensado.
Tratava-se de
Ambrósio.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
10 –
Experiências
gratificadoras.)
98. A
fácies de
Ambrósio tinha
um aspecto
dantesco
– Diz Manoel P.
de Miranda que o
impressionara
profundamente a
fácies do irmão
Ambrósio, tendo
em vista os
sinais das
sevícias que lhe
haviam sido
aplicadas e que
lhe davam um
aspecto
dantesco. Os
traços humanos
haviam sofrido
graves
alterações e
todo ele se
apresentava
esquálido,
destroçado,
inspirando
compaixão e
produzindo
choque emocional
em quem o
fitasse.
Adormecido, ao
ser transportado
ressonava de
maneira
particular, em
um repouso
assinalado pelo
terror, natural
reminiscência
dos sofrimentos
e pavores que
experimentara
durante o largo
cativeiro
naquela região
de furnas
macabras.
Concomitantemente,
exteriorizava
odores pútridos
que remanesciam
da decomposição
cadavérica,
ainda impregnada
no perispírito,
que igualmente
se exteriorizava
sob deformações
responsáveis
pela maneira
como se
encontrava em
espírito.
Andrajoso, quase
despido, a
cabeleira
desgrenhada,
como se houvesse
crescido
desordenadamente,
misturava-se à
barba hirsuta,
de aspecto
imundo, a
envolver a
cabeça, o rosto
e parte do
tórax. Os seus
gemidos eram
gritos de
indefinível dor,
que antes
provocavam nos
algozes que o
martirizavam
chalaça e mais
azedume, e
agora, um grande
respeito e
compaixão em
nós. Naqueles
dédalos de onde
provinha, não
luziam a
misericórdia nem
a esperança, e
alguém menos
habituado ao
trabalho nas
zonas
espirituais
inferiores
suporia
tratar-se do
inferno
mitológico das
religiões,
ultrapassando,
porém, as
figurações
horrendas das
imaginações
terrestres.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
11 – O insucesso
de Ambrósio.)
99. Rainha
Isabel, de
Portugal
– Quando o Dr.
Inácio o
convidou a
visitá-lo, agora
internado em
nosso Pavilhão,
Miranda não
sopitou o
interesse de
aprender mais e,
rogando-lhe
licença,
apresentou-lhe
algumas das
inquietações que
lhe ardiam na
mente. Com a
afabilidade que
lhe é natural, o
distinto
esculápio não se
fez rogado,
permitindo
fossem-lhe
propostas as
questões. “Por
que a Caravana
era presidida
pela nobre
benfeitora de
Portugal?” – eis
a primeira
pergunta, que,
sem qualquer
enfado ou
indisposição, o
médico
respondeu:
“Desde quando
desencarnara,
deixando
luminosas lições
de caridade que
a celebrizaram
na Terra, e
podendo
desfrutar de
justas alegrias
em regiões
ditosas, a fim
de prosseguir no
seu
desenvolvimento
espiritual, a
extraordinária
Senhora optara
por continuar
amparando o povo
que o matrimônio
lhe havia
concedido para
ser também sua
família
espiritual. Por
consequência,
dedicou-se a
socorrer
igualmente os
desencarnados
retidos em
lúgubres
paisagens de
recuperação
dolorosa,
trabalhando para
retirá-los dali,
oferecendo-lhes
as oportunidades
sacrossantas do
amor e do
perdão. Face às
faculdades
mediúnicas
incontestáveis
que lhe
exornaram a
existência
física,
especialmente a
de ectoplasmia,
que lhe
permitira a
realização de
vários fenômenos
grandiosos e que
foram tomados
por milagres
pela ignorância
vigente na
época, poderia
movimentar essas
forças agora
intrapsíquicas,
direcionando-as
em favor dos
Espíritos mais
infelizes,
aprisionados ao
remorso, à
consciência
culpada, que se
tornaram vítimas
fáceis de si
mesmos e dos
seus adversários
inclementes quão
odientos”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
11 – O insucesso
de Ambrósio.)
(Continua no
próximo número.)