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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 453 - 21 de Fevereiro de 2016

HUGO ALVARENGA NOVAES
hugonovaes64@gmail.com
Santa Rita do Sapucaí, MG (Brasil)

 


O Espiritismo é o Consolador mencionado por Jesus


Graças ao Codificador e à “Espiritualidade Maior”, o Espiritismo é reconhecido pelos seus adeptos como sendo “O Consolador que Jesus prometera enviar aos homens”. 

Baseando-se no que o Divino Galileu disse, segundo consta no Evangelho de João, no capítulo 14, nos versículos de 15 a 17 e 26, podemos ler o seguinte texto: 

“Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós. Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” 

E o tempo passa... 

Dezenove séculos depois, nasceria na cidade de Lyon, França, um bebezinho do sexo masculino, o qual seria futuramente o codificador do Espiritismo, e que chamara “Hippolyte Léon Denizard Rivail” (1804-1869), todavia, usara o codinome de “Allan Kardec”, o qual é conhecido e respeitado mundialmente, justamente pela grande e rápida propagação da Doutrina Espírita. 

Um de seus livros, intitulado “A Gênese”, traz a seguinte revelação: 

“O Espiritismo, longe de negar ou destruir o Evangelho, vem, ao contrário, confirmar, explicar e desenvolver, pelas novas leis da Natureza, que revela, tudo quanto o Cristo disse e fez; elucida os pontos obscuros do ensino cristão, de tal sorte que aqueles para quem eram ininteligíveis certas partes do Evangelho, ou pareciam inadmissíveis, as compreendem e admitem, sem dificuldade, com o auxílio desta doutrina; veem melhor o seu alcance e podem distinguir entre a realidade e a alegoria; o Cristo lhes parece maior: já não é simplesmente um filósofo, é um Messias divino.” 1 

E logo após, completa dizendo: 

“Demais, se se considerar o poder moralizador do Espiritismo, pela finalidade que assina a todas as ações da vida, por tornar quase tangíveis as consequências do bem e do mal, pela força moral, a coragem e as consolações que dá nas aflições, mediante inalterável confiança no futuro, pela ideia de ter cada um perto de si os seres a quem amou, a certeza de os rever, a possibilidade de confabular com eles; enfim, pela certeza de que tudo quanto se fez, quanto se adquiriu em inteligência, sabedoria, moralidade, até à última hora da vida, não fica perdido, que tudo aproveita ao adiantamento do Espírito, reconhece-se que o Espiritismo realiza todas as promessas do Cristo a respeito do Consolador anunciado. Ora, como é o Espírito de Verdade que preside ao grande movimento da regeneração, a promessa da sua vinda se acha por essa forma cumprida, porque, de fato, é ele o verdadeiro Consolador.” 2 

O Espiritismo, como se sabe, é uma doutrina filosófica, cujos fundamentos estão centrados em fatos concretos e leis naturais ainda desconhecidas, ressaltando disso o seu aspecto científico. 

No entanto, essa doutrina, modificando profundamente o pensamento do homem sobre a sua natureza, abrange todas as questões morais e sociais, bem como as  de cunho religioso. 

Emmanuel, o sábio mentor de Chico Xavier, em seu esclarecedor livro “O Consolador”, nos relata que o Espiritismo tem um tríplice aspecto, que é o de ser, ao mesmo tempo, Ciência, Filosofia e Religião. 

Vejamos este trecho: 

“Podemos tomar o Espiritismo, simbolizado desse modo, como um triângulo de forças espirituais. 

A Ciência e a Filosofia vinculam à Terra essa figura simbólica, porém a Religião é o ângulo divino que a liga ao céu”. 3 

Equivocar-nos-íamos enormemente se pensássemos que a tarefa do Divino Rabi fosse apenas espalhar a Boa Nova entre seus iguais daquele tempo, e não para a humanidade do mundo inteiro e de todas as épocas. Ele, o Mestre dos Mestres, está sempre atento em relação aos destinos humanos, e sabe que não seria fácil para os homens trilhar o caminho da evolução espiritual, por isso prometera que enviaria mais tarde um Consolador, como se viu no Evangelho de João, para relembrar o que dissera e nos ensinar todas as coisas que não seriam entendidas naquela época. Em outras palavras: futuramente, o Cristo enviaria para nós, seres encarnados, um Consolador, que prometera outrora, o qual se tornaria a terceira revelação, que, a nosso ver, não é outra coisa senão a Doutrina codificada por Kardec. O Divino Jardineiro não poderia se apresentar como um ser encarnado, pois o corpo de carne é perecível. Lembremos suas palavras: “e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre” (João 14,16). 

Vemos na Doutrina Espírita o Consolador prometido, pois ela cumpre aquilo que o Sublime Nazareno prometera, ou seja, o conhecimento que faz que o homem saiba de onde vem, para onde vai e por que está neste planeta; faz com que a dureza das provações seja mais branda, pois acende em cada um a luz da esperança; além de despertar o sentimento de religiosidade natural que abre mão de dogmas, templos e hierarquias sacerdotais, fazendo com que se dê mais importância às obras do que à fé. 

Uma das principais características do Espiritismo é que ele nos aproxima do Supremo Arquiteto do Universo, assim como daquele que é o seu maior mensageiro aqui na Terra: Jesus, “O Cristo de Deus”. 

Seguindo estes raciocínios, perguntaremos a todos: 

Por que Deus, que é Onipotente, Onisciente e Onipresente, Soberanamente Justo e Bom, enviaria a este planeta um homem apenas, para esclarecer mais de 7 bilhões de seres humanos, quando poderia fazê-lo através de “diversos enviados de sua parte”, para confundir os orgulhosos e lembrar de maneira mais precisa que somos todos Espíritos em trânsito para a evolução? 

O Espiritismo, cumpre a promessa de Jesus, à medida que: 1. Ensina aos homens a observância das leis morais. 2. Os faz compreender o que o Cristo disse através de parábolas. 3. Vem nos abrir os olhos e ouvidos, porque nos fala tudo clara e logicamente. 4. Levanta-nos o véu do que está sobre certos mistérios. 5. Consola aos sofredores dando-lhes uma causa justa em relação àquilo que estão passando. 

O Mestre Nazareno disse-nos no Evangelho: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” 

Fica óbvio que os viventes da época de Jesus não tinham a mesma evolução; assim se justifica ele não ter dito tudo, preferindo deixar certas verdades na sombra até que os homens estivessem prontos para compreendê-las. Isto fica-nos claro na seguinte passagem bíblica: “Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora.” (João 16,12). 

Para nós, esta é uma prova incontestável da necessidade de se aguardar a evolução da humanidade, a fim de que ela possa suportar e entender certos conteúdos que não seriam compreendidos na época do Cristo. 

Segundo ele mesmo declarou, seus ensinamentos estavam incompletos; e mais ainda, anunciava a vinda daquele que os deveria completar, dizendo-nos também as seguintes palavras no Evangelho de Marcos: "Passará o Céu e a Terra, mas as minhas palavras não passarão.” (Marcos 13,31). 

Alguns pensam que é uma pretensão dos que professam o Espiritismo conferir a ele o título de “Consolador”. Entretanto, este nos fornece todas as respostas que tocam os nossos corações, consolando-nos e preenchendo as lacunas deixadas pela cultura humana. 

A conclusão a que chegamos é que: se o Espiritismo cumpre tudo aquilo que Jesus nos prometeu, e se além disso ele nos mostra de onde viemos, para onde vamos, o que estamos fazendo na Terra e como devemos viver neste planeta, não pode ser pretensão nossa acreditar que a religião codificada por Kardec é realmente “o Consolador prometido pelo Cristo”. 

Mas se alguém considerar que seja mesmo uma afirmação pretensiosa, então teremos que também considerar como pretensão o fato de Jesus ter dito que ele era “o caminho, a verdade e a vida”. (João 14,6). 

Somente através de uma reforma íntima ampla e persistente é que nós alcançaremos bem-aventuranças maiores tanto na Terra, quanto no Céu. 

Para finalizar, lembremo-nos do que disse um Espírito israelita, em Mulhouse, no ano de 1861: “Moisés abriu o caminho; Jesus continuou a obra; o Espiritismo a concluirá.” 4  

____________________

1 KARDEC, A. A Gênese, cap. 1, item 41 FEB.

2 IDEM, IBIDEM, item 42.

3 XAVIER, F. C. O Consolador, (definição), Rio de Janeiro FEB, 2003, p. 19.

4 KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 1, it 9, FEB.

 
 

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita