O bem,
lento e gradual
Robert Stephenson Smyth
Baden-Powell,
o criador do escotismo,
uma forma de educação de
jovens com a adoção de
um código moral e que
valoriza o contato com a
natureza, indicava aos
seus praticantes a
realização de uma boa
ação diária, pelo menos.
Um singelo mecanismo de
incentivo a prática
cotidiana do altruísmo,
do desenvolvimento de um
senso de perceber a
necessidade do nosso
próximo e se colocar
ali, ao feitio do bom
samaritano da parábola,
se disciplinando a cada
dia.
O filme “A corrente do
bem”, de 2000, dirigido
por Mimi Leder e tendo
como protagonistas Kevin
Spacey, Haley Joel
Osment e Helen Hunt,
narra a história
de um professor que
desafia seus alunos a
criar algo que possa
mudar o mundo, e um
deles, de forma simples
e surpreendente, cria um
novo jogo, chamado
“Passe para frente”, no
qual a cada benesse
recebida, você retribua
a três outras pessoas.
Outro singelo mecanismo
que sistematiza a
prática do bem,
garantindo que ela se
expanda no cotidiano e,
como proposto pelo
professor, realmente
mude o mundo. Mais um
exemplo de que o bem
surge na mente e no
coração, mas se realiza
no mundo concreto e que
precisamos realmente
sistematizar para
adquirir uma cultura do
bem, na ideia exposta
pelo Espírito André Luiz
no início da obra Nosso
Lar, que a “disciplina
antecede a
espontaneidade”.
Esses exemplos trazem
uma reflexão sobre a
prática do bem, tema
central do presente
artigo. O bem não se
mede por bolsas
distribuídas ou, ainda,
pelo valor investido, e
sim pelo avanço
espiritual que a
interação no bem nos
traz. Entretanto, isso
não inibe a necessidade
de artifícios didáticos
que nos ajudem a
ajustar-nos à senda do
bem, de forma cotidiana.
Esforços por uma boa
ação por dia, passar
para a frente o bem
recebido, fazer ao outro
o que desejamos a nós
mesmos, pequenos
exercícios que fazem o
nosso coração se
movimentar, cedendo o
homem velho e dando
espaço à angelitude
desejada.
Somente assim o amor sai
do discurso para a
prática, reino das dores
e necessidades. Não
adianta postar nas redes
sociais flores e rosas
e, ao passar na rua,
diante de uma iniquidade,
nos calarmos. A
encarnação se faz nos
desafios reais de cada
dia e precisamos, em
doses homeopáticas, nos
exercitarmos para, a
cada “aula”
reencarnatória,
avançarmos como
Espíritos.
O amor é uma arte que se
aprende e que se
aprimora. Razão maior de
nossa existência na
Terra, o aprendizado do
amor se constrói de
pequenas lições. Na sua
obra seminal, “A arte de
amar”, o escritor Erich
Fromm aponta que o amor
exige prática,
concentração e
maturidade e que ele não
ocorre por acidente, e
sim pelo esforço que
fazemos ao longo da
existência.
A cada dia da presente
encarnação cursamos uma
aula da vida, entre
provas e exercícios, que
nos levam a crescer,
fazendo e refazendo,
aprofundando-se no amor.
Pequenas atitudes no
cotidiano, lenta e
gradualmente, constroem
edifícios de amor e
espiritualidade,
modificando nossas
heranças, empedernidas
de outras vidas com
pouco amor.
Mudar sempre é preciso,
mas a natureza não dá
saltos, com milagres e
arroubos. No sacrifício,
às vezes silencioso,
crescemos e nos tornamos
diferentes, pois é essa
fé que Deus coloca em
nós, quando nos permite
mais uma encarnação.