Tormentos da
Obsessão
Manoel Philomeno
de Miranda
(Parte 20)
Damos
prosseguimento
ao
estudo metódico
e sequencial do
livro Tormentos
da Obsessão, obra de
autoria de
Manoel Philomeno
de Miranda,
psicografada por
Divaldo P.
Franco
e publicada em 2001.
Questões
preliminares
A. Por que em
determinados
casos a
faculdade
mediúnica é
suspensa?
A perda e a
suspensão da
mediunidade são
efeitos naturais
das Leis
soberanas, que
fazem parte do
ministério a que
se entregam
todos aqueles
que pretendem
servir ao Bem,
em razão da não
propriedade
desses recursos,
mas apenas da
possibilidade de
sua utilização
para fins
edificantes e
libertadores.
São uma
verdadeira
providência
superior para
advertir os
incautos e
trazê-los de
volta ao caminho
do dever, o que
nem sempre,
porém, sucede.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
11 – O insucesso
de Ambrósio.)
B. Em casos como
o de Ambrósio,
cujo estado era
péssimo, o labor
fluidoterapêutico
é também
utilizado?
Sim. Foi o que
ocorreu com
Ambrósio.
Segundo Dr.
Inácio, o labor
inicial seria fluidoterapêutico,
com o objetivo
de desvesti-lo
das couraças
vibratórias em
que se
encontrava
envolvido, até
ser possível,
mais tarde,
chegar ao seu
psiquismo
anestesiado
pelas energias
dos algozes que
o entorpeceram
desde os dias
quando
transitava no
corpo físico.
Fluidoterapia e
oração eram,
naquele momento,
recursos
indispensáveis.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
11 – O insucesso
de Ambrósio.)
C. Além da
fluidoterapia e
da prece, algum
outro recurso
foi utilizado no
caso de
Ambrósio?
Sim.
Organizou-se,
sob a direção de
Eurípedes
Barsanulfo, uma
sessão especial
com vistas a
estabelecer um
diálogo com os
algozes do
infeliz
companheiro.
Eurípedes
sintetizou assim
o programa a ser
desenvolvido: “A
transferência do
nosso querido
paciente para
este recinto não
rompeu os
vínculos
energéticos
mantidos com
alguns dos
verdugos que o
retinham na
furna de
aflições. Foi
deslocado
espiritualmente,
sim, mas as
fixações
psíquicas
encontram-se-lhe
imantadas
através do
perispírito
denso de
energias
morbosas. Iremos
tentar deslocar
algumas das
mentes que
prosseguem
vergastando-o,
atraindo os seus
emissores de
pensamentos
destrutivos a
conveniente e
breve diálogo,
para, em ocasião
própria,
torná-lo mais
prolongado,
mediante cuja
terapia
procuraremos
liberá-lo das
camadas
concêntricas de
amargura e de
culpa, de
necessidade de
punição e de
fuga de si
mesmo, até o
momento de o
despertarmos do
sono reparador,
que lhe foi
imposto por
força das
circunstâncias”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
12 – Terapia
Especial.)
Texto para
leitura
105. Por
que a
mediunidade é,
às vezes,
suspensa
– Inspirado e
açulado por
Entidades
vulgares dos
comportamentos
do sexo
ultrajado,
vampirizadoras
das energias
humanas,
Ambrósio acabou
empurrado para
atitudes
públicas e
particulares
reprocháveis,
gerando vexame
nas pessoas
sinceramente
vinculadas à
Doutrina
Espírita e
embaraçando
aquelas outras
menos informadas
com relação às
propostas
expendidas,
todas estranhas
aos cânones
espiritistas.
Não demorou
muito e começou
a sentir a
mudança radical
que passou a
operar-se em
torno da
faculdade
mediúnica. Os
Espíritos
nobres,
rechaçados pela
sua vacuidade e
presunção, foram
afastados por
ele mesmo, e
outros, de
elevação
suspeita,
pseudossábios e
perversos,
começaram a
influenciá-lo,
especialmente
uma legião de
artistas
plásticos do fim
do século
passado e começo
deste, que
mantinham as
paixões que os
consumiram, nele
encontrando
campo psíquico
para o
prosseguimento
das alucinações
a que se
entregaram. Os
efeitos físicos
foram cessando,
e sob a tutela
das insinuações
perturbadoras,
começou a
preencher por
conta própria os
espaços
mediúnicos com
astúcia e
manobras
espúrias, sem
entender a lição
silenciosa que
lhe era
ministrada pelos
Guias
espirituais,
chamando-lhe a
atenção aos
retos deveres, à
honestidade e ao
afastamento das
companhias
malsãs de ambos
os planos da
vida. Comentando
tais fatos, Dr.
Inácio explicou:
“A perda e a
suspensão da
mediunidade são
efeitos naturais
das Leis
soberanas, que
fazem parte do
ministério a que
se entregam
todos aqueles
que pretendem
servir ao Bem,
em razão da não
propriedade
desses recursos,
mas apenas da
possibilidade de
sua utilização
para fins
edificantes e
libertadores.
São uma
verdadeira
providência
superior para
advertir os
incautos e
trazê-los de
volta ao caminho
do dever, o que
nem sempre,
porém, sucede”.
Fascinado pela
chamada vida
social, recalque
natural de
dificuldades
vividas na
infância,
Ambrósio passou
a desfilar como
ser excepcional,
que provocava
exclamação e
inveja nos
círculos
frívolos dos
meios em que
comparecia
festivamente.
Distanciando-se
dos enfermos e
sofredores,
fez-se rude no
trato com as
demais pessoas,
subestimando-as,
soberbo nas
expressões
comportamentais,
verdadeiro astro
da mediunidade
de ocasião, e em
tudo quanto
realizava em
nome da
Caridade,
disfarçava
embutidos os
sentimentos de
autopromoção e
exibicionismo,
longe, portanto,
do amor ao Bem e
do culto
irrestrito do
dever.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
11 – O insucesso
de Ambrósio.)
106.
Estrela das
festas fúteis
– Não é difícil
compreender que,
agindo assim,
Ambrósio passou
da obsessão
simples para a
fascinação e,
por fim, tombou,
aturdido, na
subjugação, que
o fez mais
agressivo,
quando não
totalmente
vulgar. Nesse
estado de
alienação
espiritual e
moral, tornou-se
a estrela das
festas da
futilidade,
aplaudido pelos
incautos, seus
semelhantes, e
mentalmente foi
acometido pelos
acicates dos
inimigos
desencarnados
que o exploravam
e o induziam à
perda do contato
com os
Benfeitores da
Vida Maior.
Acrescentou Dr.
Inácio: “Numa
noite de horror,
após a exibição
em uma das
promoções que
realizava com
frequência para
lisonjear o
próprio ego, foi
acometido de uma
isquemia
cerebral
inesperada, e,
não obstante
atendido com
urgência,
padeceu um bom
par de meses em
tratamento
hospitalar,
sucumbindo sob o
assédio dos
inimigos que o
arrastaram para
a repugnante
região de onde
foi agora
retirado. A
mediunidade é
ponte de
serviço, pela
qual chegaram à
Terra as
informações do
mundo
espiritual,
ensejando a
Allan Kardec a
construção da
incomparável
Obra que legou à
humanidade como
patrimônio
indestrutível
para os tempos
do futuro. No
entanto não é
imprescindível
para a
preservação da
Doutrina, que a
dispensa, sendo
o seu exercício,
sem a prudência
e orientação do
Espiritismo,
sempre um risco
de imprevisíveis
consequências
para o seu
usuário, assim
como para todos
aqueles que
compartilham das
experiências sem
controle”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
11 – O insucesso
de Ambrósio.)
107. A
importância do
labor
fluidoterapêutico
– Dr. Inácio e
Miranda foram
ver Ambrósio e
assistiram a uma
cena inesperada.
O enfermo
encontrava-se
sob forte
indução
hipnótica ainda
em sono
provocado. O
aspecto horrendo
permanecia como
na véspera.
Assistido por
enfermeiros
dedicados,
gritava com
regular
frequência, como
se continuasse
sob açoites e
lapidações que
experimentara.
Os odores
fétidos, embora
diminuídos, em
razão do
ambiente
assepsiado,
continuavam,
causando algum
mal-estar.
“Nosso amigo
encontra-se em
sono profundo
que lhe foi
aplicado —
esclareceu Dr.
Inácio — porque,
ao despertar,
face ao longo
período em que
esteve
prisioneiro,
poderia sair
correndo em
desespero,
pensando fugir
da rocha a que
se encontrava
atado. O nosso
labor inicial é
fluidoterapêutico,
a fim de
desvesti-lo das
couraças
vibratórias em
que se encontra
envolvido, até
podermos chegar
mais tarde ao
seu psiquismo
anestesiado
pelas energias
dos algozes que
o entorpeceram
desde os dias
quando
transitava no
corpo físico.”
Era necessário,
então, naquele
momento, orar
para que fosse
ele envolvido em
vibrações de
harmonia,
dissipando assim
as camadas de
energia
deletéria que o
subjugavam
mantendo as
imagens cruéis
que o
dilaceravam
mentalmente. Com
a prece,
lentamente uma
suave claridade
em tons
alaranjados
desceu sobre o
enfermo e um
suave perfume
invadiu o
ambiente
contrastando com
as emanações
enfermiças que
foram
ultrapassadas.
Após alguns
minutos de
oração
silenciosa, que
se transformaram
em bálsamo para
o internado,
Miranda saiu o
recinto,
deixando o
enfermo entregue
à equipe de
enfermagem.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
11 – O insucesso
de Ambrósio.)
108. Uma
sessão especial
– Mais tarde, em
um horário
previamente
fixado, Miranda
e outros
companheiros se
encontravam na
enfermaria onde
se recuperava
Ambrósio. Dr.
Inácio
requisitara a
presença de duas
damas, a fim de
contribuírem com
as suas
faculdades
mediúnicas na
atividade
programada. Eles
estavam em
silêncio e
recolhimento,
quando deram
entrada no
agradável
recinto o
venerando
Eurípedes
Barsanulfo e
Dona Maria
Modesto. A
enfermaria
mantinha-se em
penumbra e
pairava a
agradável
psicosfera amena
que fora
providenciada
desde a manhã. O
grupo
compunha-se, ao
todo, de oito
participantes.
Tomando a
palavra,
Eurípedes
sintetizou o
programa a ser
desenvolvido: “A
transferência do
nosso querido
paciente para
este recinto não
rompeu os
vínculos
energéticos
mantidos com
alguns dos
verdugos que o
retinham na
furna de
aflições. Foi
deslocado
espiritualmente,
sim, mas as
fixações
psíquicas
encontram-se-lhe
imantadas
através do
perispírito
denso de
energias
morbosas. Iremos
tentar deslocar
algumas das
mentes que
prosseguem
vergastando-o,
atraindo os seus
emissores de
pensamentos
destrutivos a
conveniente e
breve diálogo,
para, em ocasião
própria,
torná-lo mais
prolongado,
mediante cuja
terapia
procuraremos
liberá-lo das
camadas
concêntricas de
amargura e de
culpa, de
necessidade de
punição e de
fuga de si
mesmo, até o
momento de o
despertarmos do
sono reparador,
que lhe foi
imposto por
força das
circunstâncias”.
Em seguida,
Eurípedes
levantou-se e
proferiu
comovida oração:
— Jesus,
Incomparável
benfeitor! Tu
que elegeste o
amor como
solução para
todos os graves
problemas
humanos,
inunda-nos desse
sublime tesouro,
para bem
atendermos aos
deveres que nos
dizem respeito
neste momento.
Logo a morte se
Te assenhoreou
no Gólgota, e o
teu corpo foi
inumado,
desceste em
espírito ao
Abismo, a fim de
buscar Judas,
que houvera
enlouquecido,
deixando-se
arrastar pelas
forças hediondas
da Treva, e o
libertaste para
recomeçar novas
experiências
iluminativas...
Incapazes de
agir com a Tua
superior vontade
e poderosa
energia,
ajudaste-nos a
retirar da
região aflitiva
o Teu discípulo
desvairado,
agora
necessitado de
socorro
específico, para
que as pesadas
escamas da
ignorância e da
loucura
sejam-lhe
igualmente
liberadas.
Porque se
acumpliciou com
a sombra, perdeu
o contato com a
Tua claridade
mirífica,
permanecendo
nesta demorada
situação de
horror.
Ajuda-nos a
libertá-lo
daqueles que lhe
engendraram a
escravidão, e,
não obstante o
largo período de
impiedade com
que o
seviciaram,
ainda teimam em
reconduzi-lo
para os
hediondos sítios
onde esteve até
há pouco.
Penetra-nos com
a Tua sabedoria
e guia-nos no
difícil dédalo,
cujo acesso está
ao nosso
alcance, para
que não nos
percamos nas
suas rotas
mentirosas.
Irriga-nos de
ternura e
conduze-nos com
segurança no
labor que
realizaremos em
Tua homenagem.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
12 – Terapia
Especial.)
109.
Diálogo com o
agente das
sombras
– Quando
Eurípedes
concluiu a
oração, pairavam
no ar vibrações
harmoniosas,
interrompidas
somente pela
agitação de
Ambrósio que, no
entanto, estava
mais calmo.
Poucos minutos
após, uma das
damas convidadas
começou o transe
psicofônico
atormentado,
agitando-se e
blasfemando em
desconcerto
emocional
profundo, com a
voz alterada e
roufenha.
Palavras
agressivas e
gestos de
violência
denotavam o
baixo nível
evolutivo do
comunicante
desencarnado,
enquanto
exteriorizava
vibrações
morbíficas,
penosas.
Eurípedes,
profundamente
concentrado,
deixou-o falar,
facultando maior
entrosamento com
a médium, e,
enquanto todos
se uniam em
prece
silenciosa, o
visitante
blasonou,
agressivo: —
Com qual direito
os senhores se
adentram em
nosso recinto de
justiça, sem
nosso
consentimento,
com a presunção
de libertarem o
réprobo e infame
criminoso? Onde
ele estiver, não
conseguirá ficar
livre dos nossos
vínculos que
foram muito bem
fixados durante
os seus largos
anos de
dependência do
nosso alimento
mental. Não lhes
parece muita a
audácia da
invasão?
Sem qualquer
desagrado ou
agressividade
como revide, o
Benfeitor
esclareceu: —
Não ignoramos o
seu relato e o
lamentamos
muito, tendo em
vista a sua
consciência de
parcial
responsabilidade
no que nos
narra, o que
torna o irmão
acusado,
recém-libertado
de sua região,
como sendo
vítima de si
mesmo, mas
também do caro
visitante. Não
somos
responsáveis
pela apontada
invasão da sua
área para ajudar
o aflito que
pôde fruir de
lucidez e anelar
pela libertação,
recordando-se
que também é
filho do Amor.
Foi ele próprio
quem nos
propiciou a
busca, terminada
a prova
reparadora que
se impôs, ao
permitir-se o
conúbio moral
com os amigos...
Cada qual
sintoniza com
aquilo e aqueles
com os quais se
compraz. No
momento em que
muda o
direcionamento
da aspiração,
passa a
sintonizar
noutra faixa
psíquica e
emocional,
estabelecendo
novos
compromissos...
(Tormentos da
Obsessão, cap.
12 – Terapia
Especial.)
(Continua no
próximo número.)