EURÍPEDES KÜHL
euripedes.kuhl@terra.com.br
Ribeirão Preto,
SP (Brasil)
|
|
Cassação do
livre-arbítrio:
reencarnações
compulsórias
Ação Divina
Compulsória
Decorrente da
análise dos
ensinos dos
Espíritos
Superiores, peço
licença para,
com muito
respeito,
lucubrar sobre a
provável ação
divina
compulsória de
cassação
temporária
do
livre-arbítrio,
referente a
reencarnações
punitivas.
Como disse, não
passa de uma
reflexão.
Não desconsidero
que o
livre-arbítrio é
liberdade que o
Espírito tem
para agir, no
bem ou no mal...
Na Revista
Espírita de
1866, p. 156,
Allan Kardec
deixou
registrado que
“o
livre-arbítrio é
uma das
prerrogativas do
homem, que tem
um círculo no
qual pode se
envolver
livremente; essa
liberdade de
ação tem por
limites as leis
da Natureza, que
ninguém pode
transpor”.
O Espírito
Emmanuel, em “O
Consolador”, Ed.
FEB, à questão
132, consigna
que “sobre o
livre-arbítrio
pairam as
determinações
divinas baseadas
na lei do amor,
sagrada e
única”.
Considerando
Kardec e
Emmanuel,
imagino que
quando alguém
age
ininterruptamente
em contrário às
Leis Divinas,
causando mal a
si mesmo e a
outrem, chega um
momento em que,
por bondade, o
estatuto dessas
Leis impede-o de
prosseguir nesse
procedimento.
Com base nas
incontáveis
informações
contidas na
literatura
espírita quanto
à pedagogia da
dor, penso que o
livre-arbítrio
pode ser
temporariamente
cassado. Voltará
ao Espírito que
o teve suspenso
quando houver
arrependimento
sincero e
reconstrução dos
danos.
Minha ilação se
apoia nas
seguintes
informações:
1) Questão nº
262 de “O Livro
dos Espíritos”,
de Allan Kardec:
Deus pode
impor certa
existência a um
Espírito quando
este, pela sua
inferioridade ou
má vontade, não
se mostra apto a
compreender o
que lhe seria
mais útil, e
quando vê que
tal existência
servirá para a
purificação e o
progresso do
Espírito, ao
mesmo tempo em
que lhe sirva de
expiação.
É o caso daquele
Espírito que,
obtendo uma ou
várias chances
de melhoria
moral, teima em
cometer erros
sobre erros.
2) Item nº 8 do
Cap. V de “O
Evangelho
segundo o
Espiritismo”, de
Allan Kardec:
As tribulações
podem ser
impostas a
Espíritos
endurecidos, ou
extremamente
ignorantes, para
levá-los a fazer
uma escolha com
conhecimento de
causa.
(Grifei.)
3) Espírito
Manoel P.
Miranda, em “Nas
Fronteiras da
Loucura”, 9ª
Ed., 1997, p. 9,
LEAL,
Salvador/BA:
Quando não
funcionem os
estímulos para o
progresso e o
Espírito deseje
postergá-lo,
imposições da
própria Lei
jungem-no ao
processo de
crescimento,
mediante as
expiações
lenificadoras
que o depuram,
cooperando para
a eliminação das
sedimentadas
mazelas que o
martirizam...
4) Léon Denis,
em “O Problema
do Ser, do
Destino e da
Dor”, 17ª Ed.,
1993, p. 176,
FEB, Rio:
Inteligências
diretoras,
visando a
proveito,
evolução e
expurgo do nosso
passado, fazem
elas próprias,
em alguns casos,
a difícil
escolha de
nossas provas.
5) Manoel P.
Miranda, em “Nos
Bastidores da
Obsessão”, 2ª
Ed., 1976, p.
229, FEB, Rio:
Pacientes há,
rebeldes de tal
monta, que o
melhor
medicamento para
a saúde deles é
a continuação do
sofrimento em
que se
encontram...
6) Emmanuel, em
"O Consolador",
já citado e
agora à questão
n.º 96, oferta
precisa
informação
quanto ao
Espírito
envelhecido nos
abusos do mundo,
portador de
doenças
incuráveis,
estas como
estação de
tratamento e de
cura e quanto
às enfermidades
d'alma,
persistentes: "podem
reclamar várias
estações
sucessivas, com
a mesma
intensidade nos
processos
regeneradores".
Obs.: Informação
coadjuvante à
compulsoriedade
na vida de
Espíritos
rebeldes,
prestada pelo
Espírito
Anacleto, em
“Missionários da
Luz”, pp. 333 a
335, 21ª Ed.,
1988, FEB, Rio:
Bons
Espíritos
auxiliam
Espíritos
enfermos por até
dez vezes
consecutivas,
mas se estas
oportunidades
voam sem
proveito, o
atendido é
entregue à
própria sorte,
até que adote
nova resolução.
Quando a sós
aprender lições
novas e se
melhorar,
voltará a ser
socorrido.
7) Espírito
“Irmão João”, em
“Memórias de Um
Suicida”, 5ª
Ed., 1975, pp.
260/261, Ed.
FEB, Rio: A
reencarnação
punitiva é
medicamentação,
apenas! Um
gênero de
tratamento que a
urgência e a
gravidade do mal
impõem ao
enfermo!
(Espíritos
suicidas sem
condições de
algo tentarem
voluntariamente.)
Operação
dolorosa que nos
pesa fazer, mas
à qual não
vacilamos em
conduzir os
pacientes,
certos de que
somente depois
de realizada é
que entrarão
eles em
convalescença.
Obs.: Às pp. 271
e 272 dessa
mesma obra há
novas
informações
referentes a
reencarnações
compulsórias.
8) Inolvidável
esclarecimento,
qual enérgico
alerta, é-nos
dado pelo
Assistente
Áulus, em “Nos
Domínios da
Mediunidade”,
Cap. 15, pp. 139
a 141, 8ª Ed.,
1976, FEB, Rio:
Espíritos
infortunados que
se comprazem na
loucura sem se
fatigarem serão
levados a prisão
regeneradora,
pela Lei. (...)
Há dolorosas
reencarnações
que significam
luta expiatória
para almas
necrosadas no
vício. Exemplos:
o mongolismo, a
hidrocefalia, a
paralisia, a
cegueira, a
epilepsia
secundária, o
idiotismo, o
aleijão de
nascença e
muitos outros
recursos.
9) Espírito
Silas, em “Ação
e Reação”, Cap.
15, p. 209, 5ª
Ed., 1976, FEB,
Rio: O homem
que tiraniza a
mulher,
furtando-lhe os
direitos e
cometendo
abusos, em nome
de sua pretensa
superioridade,
queda-se a tal
ponto que,
inconsciente e
desequilibrado,
terá
renascimento
doloroso, com
inversão sexual
compulsória por
imposição dos
agentes da Lei
Divina.
Renascerá em
corpo feminino
para que, no
extremo
desconforto
íntimo, aprenda
a venerar na
mulher, sua irmã
e companheira,
filha e mãe.
Pedagogia da dor
Pelas
informações
acima é dito que
os Espíritos que
perpetram sérias
desobediências
às Leis Divinas
não permanecem
indefinidamente
nesse
descaminho. Há
um momento em
que as Leis
Divinas,
compulsoriamente,
a benefício
deles, dão um
“basta” nos seus
descaminhos, com
forte indução do
seu retorno ao
bem.
Jesus definiu a
Lei de Justiça
quando
asseverou: “a
cada um, segundo
suas obras” e
assim é que
chega um
tempo-limite
àquele que teima
em permanecer no
erro para que se
arrependa, cesse
o mau proceder e
reconstrua sua
caminhada
evolutiva. Não o
fazendo de moto
próprio, agirão
a seu favor
mecanismos
divinos,
impingindo-lhe
momentos
difíceis,
obstaculizando-lhe
a continuidade
em tal proceder,
passando a ter
por companhia a
dor. Isso porque
todos os
Espíritos foram
criados com o
fanal da
felicidade,
estatuído por
Deus.
No tema em tela,
referente a
repetidos abusos
do
livre-arbítrio,
quase sempre em
detrimento do
próximo, a dor é
o instrumento de
que lança mão a
Providência
Divina, em favor
dos réprobos.
Cito agora
também, e em
complemento às
minhas
anotações,
alguns
apontamentos
registrados na
abençoada
literatura
espírita:
a. Iniciando com
Kardec, vou ao
quase final de
“O Livro dos
Espíritos”, 4ª
Parte, “Das
penas e gozos
futuros”, cap.
II, item
“Expiação e
arrependimento”,
e encontro:
Questão 1004: Em
que se baseia a
duração dos
sofrimentos do
culpado?
“No tempo
necessário a que
se melhore”.
Ainda com
Kardec, em “O
Evangelho
segundo o
Espiritismo”,
109ª Ed., 1994,
FEB, RJ/RJ:
-
No cap. XIV,
item 9, p. 242:
Com efeito,
quantos há que,
em vez de
resistirem aos
maus pendores,
se comprazem
neles. A esses
ficam reservados
o pranto e os
gemidos em
existências
posteriores.
Admirai, no
entanto, a
bondade de Deus,
que nunca fecha
a porta ao
arrependimento.
Vem um dia em
que ao culpado,
cansado de
sofrer, com o
orgulho afinal
abatido, Deus
abre os braços
para receber o
filho pródigo
que se lhe lança
aos pés.
-
No cap. XXVII,
item 21, p. 380:
O homem sofre
sempre a
consequência de
suas faltas; não
há uma só
infração à lei
de Deus que
fique sem a
correspondente
punição. A
severidade do
castigo é
proporcionada à
gravidade da
falta.
Indeterminada é
a duração do
castigo, para
qualquer falta;
fica subordinada
ao
arrependimento
do culpado e ao
seu retorno à
senda do bem.
b. Léon Denis,
em “O Problema
do Ser, do
Destino e da
Dor”, 3ª Parte,
item XXVI – A
Dor –, p. 380,
17ª Ed., 1993,
FEB, RJ/RJ:
“(...) É, pois,
realmente, pelo
amor que nos
tem, que Deus
envia o
sofrimento.
Fere-nos,
corrige-nos como
a mãe corrige o
filho para
educá-lo e
melhorá-lo”.
c. André Luiz,
Espírito, com
psicografia de
F. C. Xavier, em
“Entre a Terra e
o Céu”, cap.
XXI, p. 134, 13ª
Ed., 1990, FEB,
RJ/RJ:
“A dor é o
grande e
abençoado
remédio.
Reeduca-nos a
atividade
mental. (...)
Depois do poder
de Deus, é a
única força
capaz de alterar
o rumo de nossos
pensamentos,
compelindo-nos a
indispensáveis
modificações”.
Obs.: Sou dos
que têm grande
respeito e
gratidão pelo
Espírito André
Luiz. Assim,
considero que o
primeiro grande
ensinamento que
ele nos trouxe,
maioria pela
abençoada
psicografia de
F. C. Xavier e
W. Vieira (Série
André Luiz: A
Vida no Mundo
Espiritual),
refere-se
justamente à
narrativa dos
sofridos anos em
que perambulou
pelo umbral,
após
desencarnar. Só
conseguiu se
livrar de tão
difícil situação
quando se voltou
para o Supremo
Autor da
Natureza e em
sentida prece
suplicou amparo,
com sincero
remorso pela
forma como
vivera quando
encarnado
(“Nosso Lar”,
cap. 2, pp. 23 e
24, 48ª Ed.,
1998, FEB,
RJ/RJ).