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Brasil
Ano 9 - N° 457 - 20 de Março de 2016
PAULO SALERNO
pgfsalerno@gmail.com
Porto Alegre, RS (Brasil)
 


Bezerra de Menezes:  

“Necessitamos de Jesus
mais do que nunca”

A frase acima foi dita pelo conhecido Benfeitor espiritual no encerramento da XVIII Conferência Estadual Espírita, por intermédio de Divaldo Pereira Franco

Com o tema central Construindo a Consciência da Imortalidade foi desenvolvida mais uma edição da Conferência Estadual Espírita, no período de 4 a 6 de março de 2016, no ExpoTrade Convention Center, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba (PR). Contribuindo para a construção de uma compreensão sobre a imortalidade, os conferencistas Divaldo Pereira Franco, Alberto Almeida, André Trigueiro e Haroldo Dutra Dias abordaram temas sobre a consciência da vida espiritual e a imortalidade do ser humano.

Na abertura, Giovana Beira e Matheus Moretti apresentaram belíssimas interpretações musicais, encantando o público formado por cerca de dez mil pessoas. Esse magno evento da Federação Espírita do Paraná – FEP -, foi comandado por Adriano Lino Greca, Presidente da FEP, que em suas considerações apresentou breve resumo da história da Conferência Estadual Espírita, homenageando antigos e atuais participantes, destacando Divaldo Franco e José Raul Teixeira, que participaram de todas as edições. Raul Teixeira, presente em todo o evento, participou como convidado especial.

Na oportunidade, foi lançado a obra Vida e Valores, uma coletânea de textos selecionados do programa homônimo realizado com Raul Teixeira. Adriano Greca presenteou Raul Teixeira com um exemplar da obra. 

Conferência de abertura – 4 de março 

Divaldo Franco, desenvolvendo o tema Estudos sobre a Existência de Deus, fez um breve relato histórico, desde o Século XVII, relativo à aceitação de Deus por parte de pensadores e cientistas daquela época, chegando mesmo a afirmarem que o homem não necessitava de Deus, substituindo-O pela lógica e a razão. As teorias de Pierre Gassendi, John Locke, Thomas Hobbes e Johannes Kleper; do iluminista Voltaire, as do político e revolucionário francês Pierre Gaspard Chaumette; do matemático Jacob Dupont; a filosofia do pai do Positivismo, Auguste Comte; o pessimismo de Friedrich Nietzsche; de Lord Bacon, foram brevemente apresentadas, assim como as de Isaac Newton e outros.

No Século XX, destacou o surgimento do movimento hippie exaltando o materialismo, apregoando a morte de Deus, que a ética não tinha nenhum sentido, e que a família era desnecessária; do conjunto The Beatles; de Hanna Wolf; o ceticismo holandês; a filosofia utilitarista.

Destacando a existência de Deus, Divaldo apresentou a tese do Dr. Abraham Cressy Morrison, químico americano e presidente da Academia de Ciências de Nova Iorque, que desenvolveu sete razões pelas quais um cientista acreditaria na existência de Deus: a lei de probabilidades; a vida; os instintos dos animais; o fenômeno da vida com os genes e cromossomos; a inteligência/razão; o equilíbrio do ecossistema; e a imaginação.

A conclusão desse cientista americano possui pontos de contato com os ensinamentos espíritas, principalmente os relacionados com o conteúdo das perguntas e respostas de números 1 e 4 de O Livro dos Espíritos, onde os Espíritos Superiores afirmam que Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas; e que a prova de sua existência está em um axioma aplicado à Ciência: todo efeito tem uma causa; todo efeito inteligente tem uma causa inteligente.

O sentido ético da vida, destacou o Professor Divaldo, é o Amor, e todo aquele que ama possui alegria de viver. Sobre o Amor, Albert Einstein afirmava ser a força maior que rege o Universo; e que a Humanidade estava necessitando de uma nova bomba, a do Amor. Levando o público a uma reflexão, indagou: Como está a sua vida, o que fazes dela na Terra, ela tem uma meta, um ideal? Encaminhando para uma resposta, o notável expositor afirmou que a meta essencial é a imortalidade. O Amor é convivência, frisou. A força mais poderosa do mundo é o Amor, pois que Deus ama sempre.

Elevando o padrão vibratório e emocional do imenso público, Divaldo narrou a comovente história de Leland Stanford Junior e de sua família. Depois da desencarnação do menino Leland, a família fundou a Universidade Stanford, nos Estados Unidos, uma das mais importantes universidades no mundo.

Finalizando, conclamou ao cultivo da beleza da vida e a alegria de viver, por meio da adoção de um sentido psicológico profundo para a existência e da transformação moral para melhor. Após recitar o Poema de Gratidão, de Amélia Rodrigues, que se constitui em uma verdadeira prece, Divaldo Franco foi largamente aplaudido. 

Segundo dia da Conferência - 5 de março 
 

1 – Haroldo Dutra Dias 

Desenvolvendo o tema Evangelho da Imortalidade, Haroldo Dias apresentou rico e profícuo ensinamento a respeito da ressurreição, dizendo que o Evangelho do Cristo é o sol da imortalidade. Ampliando a compreensão sobre a ressurreição, o

conferencista de Minas Gerais construiu uma reflexão sobre a ação do Cristo ao livrar o homem obsidiado por um Espírito mau. Retirado esse, o homem sentindo-se liberto, conforme a parábola, adorna a casa, e outros Espíritos maus voltam a habitar, a fazerem-se presentes na vida daquele homem, pois que o mesmo não realizou as reformas estruturais. A reforma foi superficial, somente de fachada, não havendo a transformação íntima para melhor.

As palavras do Cristo, os Seus ensinamentos, são para sempre, e devem ser aceitos e postos em prática para as transformações, as mudanças estruturais profundas do Espírito imortal, conforme apregoado pelo Mestre ao sentenciar que vinha para que as criaturas tivessem vida, vida em abundância, ao sintonizar com as pautas espirituais, com os valores da imortalidade.

Apoiando-se nos ensinamentos do Espírito Scheilla, psicografados por Francisco Cândido Xavier, e contidos no livro Passos da Vida, o lúcido conferencista destacou os pontos mortos, criações negativas que a criatura faz ao relacionar-se com o próximo à margem da Lei Divina, morrendo para a vida, embora continue vivendo a sua existência momentânea. Esses mortos abandonam a vida ao guardar mágoas, rancores, ódios, desejos de vingança, etc. construindo um ponto morto. O perdão é o bálsamo para cicatrizar, é o medicamento que fará com que a criatura morta para a vida espiritual, embora viva no corpo físico, ressuscite para a vida imortal. Alcançando a liberdade de Espírito, ao livrar-se das estruturas negativas, e estabelecidas as práticas do amor, a criatura ressuscita espiritualmente.

As relações, ao longo da vida, e das múltiplas existências, criam vínculos negativos com as criaturas com que se relaciona, caracterizando um ponto morto, núcleos de provação. A ressurreição é estabelecer as mudanças profundas, vivenciando o amor em plenitude. Ponto morto significa plantio livre e colheita coercitiva, ensinou Haroldo Dutra Dias. Ao desfazer-se desses pontos mortos, criados ao longo das múltiplas existências, o Espírito logrará alcançar a plenitude. Sanear esses focos é ir em direção às paragens celestes.

A amargura, o rancor, o ódio, os pesares, os desencantos, são pontos mortos que o ser constrói quando as relações interpessoais acontecem à margem da Lei Divina. A ação ressuscitadora do Cristo é o exercício da bondade, do perdão, da compreensão, ou seja, a vivência do Amor. O Evangelho do Cristo é o sol da imortalidade. A saúde moral deve ser preservada, imunizando-se e evitando viver mergulhado nos vícios, nas imperfeições.

O Cristo veio libertar as criaturas humanas da morte, não da morte do corpo físico, mas do jugo, dos pontos mortos que escravizam o indivíduo. Quando esse resolve aceitar e a praticar o Amor, ressuscita para a vida espiritual. Os atributos, de que todos são possuidores, quando mal utilizados, ao fazer mau uso da liberdade, acarretam a morte. O Cristo, isto é, quando a Sua mensagem de Amor é aceita e colocada em prática, provoca a ressurreição do Espírito.

Jesus é o Mestre da ressurreição. Seu Evangelho é vida em abundância para todos os que optam por entregarem a sua vida ao Cristo. A ressurreição não diz respeito a morte do corpo físico, mas a morte das imperfeições, dos pontos mortos criados por cada indivíduo. Finalizando, Haroldo recitou a mensagem Confia Sempre, contida na obra Cartas do Coração, de autoria do Espírito Meimei e psicografia de Francisco Cândido Xavier. 
 

2 – Alberto Almeida 

Após breve intervalo, Alberto Almeida assomou à tribuna para desenvolver o tema Aquém e além do cérebro - A Imortalidade. Recitando o soneto Adeus, de Auta de Souza, psicografado por Chico Xavier, o médico homeopata de Belém/PA, produziu uma análise sobre as

psicografias de Francisco Cândido Xavier na obra Parnaso de Além-túmulo, afirmando e confirmando a imortalidade, quando os seus autores, já fora da matéria densa, voltaram a escrever, agora pela mediunidade do maior médium do Século XX, guardando perfeita identidade com as suas próprias produções literárias registradas quando se encontravam reencarnados.

A filosofia espiritualista, afirmando a imortalidade da criatura humana, se contrapõe à filosofia materialista. Alberto Almeida apresentou os estudos e as conclusões a que chegaram notáveis pesquisadores da mente e do cérebro humano, dos Séculos XIX e XX, sejam da escola materialista, seja da espiritualista. O conhecimento produzido, base para o avanço das pesquisas, tem produzido uma compreensão mais clara sobre as funções cerebrais físicas e extrafísicas, a memória.

A memória, segundo alguns estudiosos, está presente no cérebro de forma holográfica, conforme apontam os resultados das pesquisas, concluindo, também, que o Universo é um grande holograma. Nessa área perquiridora da mente e do cérebro estão presentes duas escolas: a cerebrocêntrica; e a espiritocêntrica, segundo palavras de Alberto Almeida, concluindo que o cérebro não se explica pelo paradigma materialista, conclusão, essa, que está em acordo com renomados pesquisadores.

Enriquecendo a temática, Alberto Almeida narrou interessantes experiências suas, como terapeuta, de casos médicos, cujos pacientes compreenderam a anterioridade das causas e as consequências que estavam recolhendo na atualidade. As cargas genéticas, que estão presentes nas reencarnações, são adequadas às necessidades do Espírito que reencarna, explicando as anomalias do ser, consoante o entendimento espírita.

Modernos pesquisadores, voltados aos casos denominados de experiências de quase morte – EQM -, estão procurando demonstrar que há uma mente, em perfeita lucidez, que é capaz de registrar, de perceber fatos e sensações, apesar de o cérebro físico não apresentar qualquer registro de funções cerebrais, conforme diagnóstico clínico. Allan Kardec, em a Introdução de O Livro dos Espíritos, registra que o Espírito é uma realidade palpável. Todo o processo de doença no corpo físico é uma terapia para o Espírito. O Espiritismo é uma doutrina formosa que respeita o corpo, instrumento adequado ao Espírito em sua caminhada rumo ao Criador. Alberto Almeida finalizou, assim como iniciou, recitando o soneto Adeus, de Auta de Souza/Chico Xavier. 

3 – Haroldo Dutra Dias 

No período da tarde, Haroldo Dutra Dias voltou a se pronunciar, abordando o tema O Espírito Imortal. O conferencista apoiou-se no Prefácio de Emmanuel, psicografado por Chico Xavier, e que consta da obra Nosso Lar, que retrata o mundo espiritual. O mais difícil na vida, disse o conferencista, é viver a imortalidade. É necessário possuir coragem para olhar para si mesmo, reconhecendo-se, estabelecendo uma autoconfrontação, recompondo o destino, mudando o que necessita ser ajustado.

A luta humana é a ferramenta de aperfeiçoamento no local em que Deus o colocou, elevando-se, reconstruindo-se, restaurando-se, reparando e colocando-se consciencialmente face a face. As realizações exteriores são necessárias, porém, a essência são as realizações íntimas, são as conquistas éticas e morais. O que há de imortal dentro de você? O que permanece, o perene ou o transitório? Fazendo um alerta, frisou que somente permanecerá o que for condizente com as Leis do Altíssimo, a pureza espiritual, a sabedoria e o amor. Tudo o mais é de natureza transitória.

O bem e o mal ainda fazem parte do Espírito imortal, cabe a cada um escolher qual deles deseja estimular. A viagem interior é uma viagem de percurso difícil, com escolhas ímpares e tentadoras. Algumas escolhas apontam objetivos transitórios, outras permanentes. Você vive como alguém que vai morrer, ou como alguém que vai viver para sempre? Indagou Haroldo Dutra.

A Doutrina Espírita pretende alterar o modo de pensar dos indivíduos, despertando-o para a imortalidade, afirmando que as existências são solidárias entre si. Isto é, a anterior possui reflexos sobre a posterior.

O difícil, disse o conferencista, não é aceitar a imortalidade, mas viver como um Espírito imortal. O difícil é olhar para as pessoas com quem se relaciona e constatar que essas relações contam a própria história. Se pretende viver como Espírito imortal, ao encontrar alguém, procure não ver somente o corpo, mas o Espírito que ali está. O corpo é transitório, o Espírito é imortal, perene. A vida é uma sequência, tudo o que foi articulado te alcançará. Viver como Espírito imortal é posicionar-se no presente, no agora, pois que, as oportunidades são únicas, singulares. Com bela mensagem de Emmanuel, Haroldo Dutra Dias encerrou a sua conferência. 
 

4 – André Trigueiro 

André Trigueiro, jornalista, abordou a temática A Valorização da Vida, focando o suicídio, cuja introdução foi a narrativa de ocorrência suicida de jovem de 16 anos em Porto Alegre, que já havia feito uma tentativa. Tratado, recuperou-se. Conseguiu convencer seus pais e seu psiquiatra de que se encontrava bem. Assim, anuíram, deixando-o que se reunisse com os amigos e fazer uma festa em seu lar, sem a presença dos pais.

Utilizando-se desse subterfúgio, buscou a rede social, foi estimulado ao ato suicida, concretizando-o, apesar de tentativas de ajudá-lo.

As estatísticas sobre as mortes são alarmantes, quer por homicídio, suicídio, quer por acidentes de trânsito. Em todas essas ocorrências há incidência de muita dor aos familiares e amigos, e nesse campo, tanto para prevenir como para remediar com a atenção amorosa existe, por exemplo, a proposta do atendimento através do Centro de Valorização da Vida – CVV -, que, com voluntários distribuídos pelo Brasil, está preparado para oferecer apoio emocional a todos que precisam.

Mostram, também, as estatísticas, que para cada suicídio concretizado há pelo menos vinte tentativas. Próximos a esses há mais 5 ou 6 pessoas que sofrem em consequência, e portanto, há a necessidade de se reconhecer e conceder o respeito pelo luto.

A Organização Mundial de Saúde informa e orienta que há uma fórmula para se falar de, e sobre os suicídios: não abrir generosos espaços na mídia; não divulgar o método; e não enaltecer as qualidades do suicida. Segundo estudos de André Trigueiro é necessário falar de suicídio, informando que é um caso de saúde pública. Diz mais, o conferencista, que 90% dos casos o suicídio é previsível.

A depressão, o uso de substâncias químicas, lícitas ou ilícitas e a esquizofrenia são psicopatologias associadas ao suicídio. Por outro lado, a Doutrina Espírita possui as melhores informações e ensinamentos para que as dores e os sofrimentos sejam compreendidos. As influências do meio, o preconceito contra a mulher, a estigmatização do idoso, são outros fatores influenciadores ao suicídio. Os suicidólogos descobriram que há uma causa prevalente – a família -, quando essa não se comporta com amor, carinho, acolhimento e afeto, tende a ser um fator motivador ao suicídio.

É necessário que se tenha carinho e acolhimento amoroso aos suicidas. Apesar de qualquer situação, persevere até atingir o seu objetivo, conte sempre com a ajuda de seu próximo, utilize-se de seu próprio esforço, faça por você mesmo. Finalizada a sua abordagem, André Trigueiro foi vivamente aplaudido de pé, demoradamente. 

5 – Divaldo Franco 

Divaldo Franco retornou ao palco para discorrer sobre A Consciência da Imortalidade - I, afirmando a justeza como Allan Kardec trabalhou e orientou o comportamento da Doutrina Espírita e as relações com a ciência, caminhando com ela passo a passo, e avançando onde a ciência deteve-se. O homem jamais se deteve na busca do conhecimento, assim, notáveis pesquisadores, cientistas e pensadores, de todos os tempos, e principalmente após a segunda metade do Século XX, se aplicaram em avançar na aquisição do conhecimento, propiciando ao homem condições melhores para as suas experiências de vida, de relações sociais, tecnológicas.

Os cientistas James Jeans e V. Axel Firsoff, através de suas análises e descobertas sobre o Universo e as partículas de mente, corroboram os preceitos da Doutrina Espírita. Outros, igualmente, caminham nessa direção, como Michael Persinger, ao fazer experiências com um capacete que emite ondas eletromagnéticas, de pósitrons, nos lobos temporais. As pessoas submetidas a essas experiências teriam tido “visões” e sentiram presenças espirituais. O Dr. Persinger atribui esses fenômenos à influência dessas ondas eletromagnéticas. Nessas pesquisas ele realizou uma descoberta inusitada, a existência de peculiar luminosidade, de um ponto de luz no interior do cérebro.

Buscando confirmar o que observara, o Dr. Persinger convidou o Dr. Vilayanur Ramachandran, pesquisador indiano, radicado nos Estados Unidos da América para fazer as suas experiências visando confirmar e ampliar o conhecimento até aquele momento sobre o ponto luminoso. Constatou, o Dr. Vilayanur, que ao pronunciar a palavra Deus, no idioma que fosse, aquele ponto ampliava a sua luminosidade. Dean Hamer, pesquisando a origem da vida humana, descobriu que uma das causas é a presença de Deus.

A par de todas essas pesquisas, o autoconhecimento propicia a perfeita integração, ou vinculação com Deus, pois que Deus está presente no homem. O psicólogo transpessoal Stanislav Grof constatou, em seus estudos, a reencarnação e a influência dos Espíritos na vida das pessoas, a imortalidade da alma e a sua anterioridade.

Esse ponto de luz já era conhecido pelos chineses há dois mil anos a.C. Igualmente os chacras, ou centros de força, possuem a propriedade de emanar fótons. Charles Richet, prêmio Nobel de fisiologia, afirma que a criatura humana possui um sexto sentido.

Sete séculos antes de Cristo, Heródoto de Halicarnasso escreveu sobre Creso, rei da Lídia. Pesava sobre Creso a espada de Dâmocles. Creso enviou embaixadores aos templos de todas as nações para que interrogassem os deuses sobre o que fazia naquele momento o rei Creso na cidade de Sardes, na Lídia. Na data e hora aprazada a pergunta foi feita. Os embaixadores foram voltando e narrando ao rei as respostas dos deuses. Somente os embaixadores que voltaram do Templo de Delfos lograram obter dos deuses a resposta certa, coincidindo com o que fazia o rei naquele momento. A história se desdobra e o rei Creso é derrotado pelos Persas, conforme vaticinava as previsões.

Danah Zohar, autora da obra O Homem Quântico, examinou a questão do ponto luminoso no cérebro. Ela e outros denominaram esse ponto como sendo o “Ponto de Deus”. Ela é conhecida por seu trabalho sobre a inteligência espiritual - QS.

A vida possui um sentido pleno, como assevera Victor Frankl. O sentido da vida é tornar a imortalidade como a meta a ser alcançada, é dar a vida um objetivo psicológico, é amar sem condicionantes. Divaldo sempre muito inspirado apresentou algumas histórias vivenciadas por Francisco Cândido Xavier, extraindo o conteúdo doutrinário e moral, ampliando a gama de informações para uma reflexão a respeito da imortalidade e da transformação moral.

Destacou, o Embaixador da Paz no Mundo, que é o momento de os indivíduos encontrarem Deus dentro de si. Finalizando, afirmou que cada um foi convidado para tornar o mundo melhor, melhorando-se nos aspectos éticos e morais, amando-se e amando o próximo. O público de pé não poupou esforços em aplaudir demoradamente o ilustre conferencista. 

6 – Alberto Almeida 

No período noturno, o público foi contemplado com a excepcional apresentação do Coral do Centro Espírita Ildefonso Correa. Com a presença, entre outras, de Marta Antunes, vice-presidente da Federação Espírita Brasileira, as atividades tiveram prosseguimento com o lançamento do volume 29 do Momento Espírita, em comemoração da realização da XVIII Conferência Estadual Espírita.

Desafios e contradições de como viver a imortalidade no dia a dia foi o tema desenvolvido por Alberto Almeida, de Belém/PA. Alberto Almeida narrou as expressivas experiências de materialização realizadas com a médium Ana Prado, comprovando que essas ocorrências transcendem a vida corporal.

A filosofia espírita, com sua aplicabilidade, possuidora de uma ética, e uma proposta doutrinária, faculta aos que a aceitam a possibilidade de mudar a forma de pensar, de agir, adotando um jeito, uma forma de ser. A Doutrina Espírita apresenta uma dinâmica de comprometimento de mudanças. Ser espírita é assumir um compromisso de colocar em prática, fora do Centro Espírita, os postulados doutrinários, passando a vivenciá-los em todos os lugares e momentos, tornando-se em um diferencial, convivendo da melhor forma o tempo todo.

Ser espírita é ser paciente, é dar o testemunho nas horas mais impróprias, aprendendo sempre e em qualquer circunstância. É fazer uma reflexão sobre o Evangelho de Jesus a qualquer instante e não somente nas horas e momentos predeterminados. Ser espírita, às vezes, é recuar, cedendo espaço e oportunidades. Ser espírita é testemunhar na adversidade, até mesmo na hora da desencarnação, é valorizar todos os momentos, é desmaterializar-se, espiritualizando-se. O conhecimento sobre a imortalidade é construído paulatinamente, frisou o expositor paraense.

Finalizando, Alberto Almeida narrou a história do marido com suas quatro esposas. Cada qual era amada com gradações e intensidades diferentes, em uma escala descendentes, da 1ª para a 4ª. Estando por desencarnar ele chama, a partir da 1ª e pergunta se estaria disposta a acompanhá-lo na morte. Da 1ª a 3ª nenhuma delas aceitou a proposta. A 4ª, que o amava muito, embora tenha sido sempre desprezada e desvalorizada, aceitou o convite. O significado dessas esposas é: a 1ª corresponde ao corpo; a 2ª são as máscaras sociais; a 3ª representa os papéis domésticos; e a 4ª esposa é a imortalidade, indissociável de cada criatura.

A atitude de Jesus, frisou, foi tão importante que o seu exemplo foi de profundidade, de qualidade, revolucionou a terra e os seus seguidores, os cristãos. Alberto Almeida encerrou sua participação receitando um poema de Maria Dolores, com a psicografia de Chico Xavier. 

Encerramento da Conferência – 6 de março 

Com o esperado sucesso, a XVIII Conferência Estadual Espírita chegou ao seu final, com duas intervenções. Uma sob a responsabilidade de André Trigueiro e outra comandada por Divaldo Pereira Franco, como atividades de encerramento. 

1 – André Trigueiro 

André Trigueiro desenvolveu o tema O Evangelho da Sustentabilidade, afirmando que um dos objetivos mais importantes do Evangelho de Jesus é a cultura da paz, um convite ao diálogo, à tolerância e ao exercício do perdão. Assim, Trigueiro relembrou o conceito do verdadeiro espírita cunhado por Allan Kardec e publicado em o Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XVII, item 4. O verdadeiro espírita, enfatizou o expositor, é todo aquele que percorre o caminho da reforma íntima, pacificando-se, convidando-se a amar-se, amando o próximo.

Despertando consciências adormecidas, Trigueiro disse não ser possível desenvolver e usufruir-se de uma cultura de paz enquanto o ambiente se encontra vilipendiado. O estopim para a atual crise na Síria, disse, foi a seca e a consequente falta de alimentos e água, fruto de uma verdadeira catástrofe hídrica. Por outro lado, o Papa Francisco, mobilizando os católicos, publicou a primeira Encíclica da Igreja sobre o meio-ambiente, intitulada Louvado Seja. Para que a humanidade possa desfrutar de paz, será necessário uma constante atenção com a preservação ambiental. O exemplo vem do Quênia, através da pesquisadora e Prêmio Nobel Ambiental, Wangari Maathal. A bióloga queniana criou o chamado cinturão verde, plantando trinta milhões de mudas de árvores no Quênia, incentivando o plantio de árvores por mulheres pobres visando desenvolver entre os quenianos uma consciência de luta pela melhoria das condições de vida, sempre associada aos cuidados com o meio-ambiente. É um projeto de promoção da paz através da redução da destruição ambiental.

Destacou, o expositor, as informações contidas na obra Colapso, de Jared Diamond. Ser sustentável é respeitar o limite e a capacidade de suporte do planeta. É necessário reconhecer em tudo um limite. Segundo arqueologistas, a Ilha de Páscoa, no Pacífico, foi devastada por que teve a sua floresta destruída e a capacidade de vida entrou em colapso, extinguindo a civilização ali residente. Outros exemplos, na mesma linha, foram apresentados, como o furacão Katrina nos EUA. André Trigueiro informou que o impacto social sobre o meio-ambiente tende a gerar crises climáticas, e em todas as ocorrências há a ação do homem, pelas escolhas que faz, pelo modo de vida, de relacionamento, de consumo.

Referindo-se às religiões, disse que alguns segmentos já estão desenvolvendo atividades promotoras da prevenção, e do despertar de consciências, posicionando-se a favor da sustentabilidade. E o Espiritismo? Quais as ações que estão sendo realizadas? Qual é o estado ambiental de um mundo de regeneração? Indagou Trigueiro. Cada indivíduo é responsável pela construção de um planeta sustentável. As escolhas que são feitas e como são encaminhadas refletem na imortalidade, na vida espiritual. O futuro, salientou, é agora, conscientizar-se sobre a imortalidade é para já.

O Espiritismo foi o percursor de vários pensamentos relativos à sustentabilidade, à preservação e à cultura ecológica. No seu livro Espiritismo e Ecologia, disse, há várias informações que corroboram que há uma estreita relação entre o Espiritismo e a ecologia, principalmente em A Gênese. Os espíritas também possuem responsabilidades em relação aos animais que servem à nutrição do homem.

Na obra Após a Tempestade, de Joanna de Ângelis/Divaldo Franco, o capítulo 3, Poluição e Psicosfera, refere-se a ação danosa do homem em a natureza, seja na crosta ou na psicosfera do planeta, que é formada pelos pensamentos e sentimentos dos homens encarnados e desencarnados. Outro capítulo, da mesma obra, trata sobre a ecologia espiritual.

É necessário que a criatura humana se conscientize para consumir somente o que for necessário, rejeitando o supérfluo. (Questão 705, de O Livro dos Espíritos) É preciso ter coragem para ser cristão, espírita de verdade, é preciso ter coragem para fazer o que deve ser feito.  

2 - Divaldo Franco 

A atividade final foi presidida por Adriano Lino Greca, Presidente da Federação Espírita do Paraná, que ao encerrar a XVIII Conferência Estadual Espírita, fez os agradecimentos aos funcionários e voluntários da Federação, divulgando que estiveram presentes 185 caravanas de 13 Estados Brasileiros. Presentes, também, representação da Itália, da Suécia e do Paraguai. Os números de acessos através do Facebook, da Internet, e visualizações pela FEBTV, audiência pela Web Rádio Fraternidade, foram impressionantes, atingindo cerca de noventa mil ocorrências. Informou, também, que a XIX Conferência Estadual Espírita será realizada no período de 17 a 19 de março de 2017.

Assumindo a tribuna, Divaldo Franco discorreu sobre a Consciência da Imortalidade – II, descrevendo os momentos que se sucederam na Rússia a partir do ano de 1902, envolvendo o escritor Leon Tolstoi, autor de Anna Karenina e O Reino dos Céus está em Vós, entre outras obras. Enfrentando problemas de ordem política muito graves, o escritor russo, sendo possuidor de título nobiliárquico, renunciou ao mesmo, passando a viver entre os camponeses, tornando-se um deles.

Seu amor pela Rússia era profundo, assim, preocupado com a situação em que viviam os russos, sob o governo do Czar Nicolau II, escreveu uma carta ao soberano alertando-o sobre a situação em que viviam os russos, que a glória da Terra é de natureza transitória. Posicionava-se contra a pena de morte, a escravidão e as injustiças sociais. Previu, na missiva, a tragédia que se abateria sobre a sua amada Rússia A partir dessa carta, Tolstoi conservou a sua consciência tranquila, por ter feito advertência ao soberano.

Convertido ao cristianismo, - Tolstoi era um fiel devoto da Igreja Ortodoxa Russa -, passou a viver na simplicidade, como os homens do campo, vestindo-se modestamente. No cristianismo descobriu que a imortalidade era para tornar as pessoas mais gentis, afáveis, melhores do que se encontravam. Excomungado pela Igreja Ortodoxa Russa, seus livros foram proibidos, e os títulos nobiliárquicos lhe foram retirados.

Tolstoi entendia que o conhecimento deveria ser aplicado para alcançar transformações para melhor. Sendo um pacifista e adepto da não-violência, Tolstoi escreveu para Mohandas Karamchand Gandhi, líder da libertação do povo indiano e paquistanês, que defendia o direito à dignidade, de cidadania, o direito à liberdade. Tolstoi e Gandhi trocaram inúmeras correspondências. Não há regime político que possa arrancar da consciência o anseio à liberdade.

Gandhi, passando a viver no meio dos Párias, como um deles, tornou-se uma sombra protetora para os desvalidos, e eles passaram a ter em Gandhi a sua voz, que se levantava divulgando a paz, a imortalidade, a liberdade, amando. Gandhi afirmava que se fossem perdidas todas as orientações éticas/morais do mundo, e restasse somente o Sermão da Montanha, nada se perderia. Gandhi divulgava ser necessário introjetar o Reino dos Céus dentro do coração, como ele próprio o fez.

O líder indiano, sabendo da existência do movimento liderado por Martin Luther King Jr, escreveu-lhe uma carta de estímulo a manter-se liderando o processo de extinção da segregação racial nos EUA. O sonho de Martin Luther King Jr se concretizou.

O pensamento científico, disse Divaldo, vem contribuindo para a confirmação dos postulados da Doutrina Espírita. Dentre muitos experimentos e confirmações está o Projeto da decodificação do Genoma Humano, que concluiu que a ciência sabe como Deus criou a vida. No Universo há uma ordem moral que rege tudo, com harmonia e sabedoria. A ciência, desta forma, vai conseguindo confirmar os postulados da Doutrina Espírita, embora o homem ainda não tenha conseguido compreender os aspectos espirituais, éticos e morais, estampados na doutrina codificada por Allan Kardec.

Um expoente da música, Ludwig van Beethoven, foi alguém que conseguiu introjetar no coração o Evangelho de Jesus. A comprovação disso é a Sonata ao Luar, composta especialmente para uma cega, que declarou, ao ouvi-la, estar vendo o luar. É necessário apreender a consciência da imortalidade e não somente o conhecimento sobre ela.

Estando Divaldo Franco na Cidade do Cabo, na África do Sul, realizando atividades doutrinárias e hospedado em um hotel custeado pelos seus amigos que financiaram a sua viagem, foi advertido pelo Espírito Joanna de Ângelis, sua mentora espiritual, a abraçar um garçom africans específico. Relutou, chegando a imaginar tratar-se de uma obsessão, porém, Joanna insistiu. Como geralmente acontece em alguns locais, o café é servido sempre muito quente, e junto, invariavelmente vem o leite frio.

Ocorreu a Divaldo solicitar àquele garçom que providenciasse uma jarra de leite bem quente. Feito o pedido, e para demonstrar a sua gratidão, Divaldo Franco abraçou-o firmemente. O servidor sentiu-se constrangido, e ao mesmo tempo alegre pelo gesto. O grupo, atendendo um hábito, providenciou uma gorjeta, que foi cotizada entre eles, e Divaldo, dando-lhe outro abraço, discretamente colocou aquela importância na mão do garçom. No dia imediato, estando Divaldo com uma indisposição estomacal ficou no apartamento. O garçom, notando a falta de Divaldo entre o grupo da família amiga e patrocinadora, indagou o motivo da falta. Informado que se encontrava indisposto, imediatamente foi ter com Divaldo, oferecendo-lhe diversas espécies de chás e torradas, instando Divaldo a comer.

Assim, os dois tiveram um tempo e um local adequado para conversarem um pouco. O garçom explicou que no dia anterior havia planejado o seu suicídio e que, devido àquele abraço, desistiu. Estava com câncer de próstata, já com metástase, e que a família estava passando necessidades. Divaldo disse-lhe que ele não tinha o direito de suicidar-se, que o câncer é só uma palavra que mete medo. Quem ama não morre, transfere-se para a vida espiritual. O garçom informou que Divaldo havia sido a terceira pessoa branca que lhe tocou.

Joanna de Ângelis ultimamente vem orientando Divaldo para que divulgue a necessidade de se olhar e se preocupar, dando a atenção devida aos invisíveis, aqueles que estão à margem da sociedade por inúmeros motivos, e que geralmente as pessoas não notam a presença. Estamos em trânsito, e vamos nos despedir dessa indumentária e adentar na imortalidade. Outro aspecto a ser desenvolvido é a empatia, isto é, penetrar no sentimento do outro. Nós, os cristãos novos devemos introjetar que o Reino dos Céus está dentro de nós, colocando-nos em favor do próximo, amando-o, disse Divaldo Franco.

Finalizando a conferência, Divaldo Franco emprestou a sua psicofonia ao Espírito Bezerra de Menezes, que se pronunciou dizendo para que não nos desesperemos, para que não deixemos que o desencanto abra feridas na intimidade de cada um. O corpo, disse, é o instrumento do Espírito que merece respeito. Instou-nos a reflexionar profundamente sobre as lições do Evangelho de Jesus, conduzindo-nos pelas informações filosóficas da Doutrina Espírita. "Necessitamos, continuou Bezerra, de Jesus mais do que nunca. O Mestre nos espera, sede feliz, aceitando o testemunho cristão, e que o nosso perfume seja o da caridade, edificando a vida nova."

Entre outros estímulos, Bezerra de Menezes informou que devemos aceitar a convocação para o desenvolvimento do conhecimento, da ética e da alegria do cristianismo, a compreender a lei de causa e efeito. A dor é a bênção aos eleitos, e que devemos celebrar o Reino de Deus em todos os corações. Com desejos de paz e plenitude, a mensagem foi encerrada.

Aplaudidíssimo Divaldo cedeu lugar na tribuna para Adriano Greca encerrar oficialmente a Conferência, agradecendo e rendendo graças a Deus e a Jesus.


Nota do autor
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As fotos que ilustram esta reportagem são de Jorge Moehlecke.




 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita