Na seção de Cartas da edição
453 desta revista, publicada
em 21/2/2016 -
http://www.oconsolador.com.br/ano9/453/cartas.html
-, Fernando P. Ribeiro, de
Bagé (RS), fez inúmeras
considerações a respeito do
termo expiação, que ele
entende ser de origem
católica.
De sua mensagem, destacamos
o trecho abaixo:
“Falar que tenho que
resgatar minhas dívidas (e
tenho) através da dor e do
penar seria desconhecer e
analisar a sublime essência
do amor que paga dívidas
escuras e faz nascer novo
dia (sempre) nos horizontes
da alma.
Creio que a casa do amado
Pai é mais generosa que
qualquer figuração de
magnanimidade que até hoje
apresentou-se no mundo, pelo
pensamento religioso!
Cada caso é um caso; mas
penso que estamos aqui para
nosso aperfeiçoamento e
nossa programação é para
superar e não criar
obstáculos e sombras! Afinal
nosso Mestre é Jesus, que
nos envia tudo o que é da
Vontade do Pai!”
A primeira vez que o termo
expiação apareceu na
principal obra espírita –
O Livro dos Espíritos –
tal se deu na parte VI da
Introdução do mencionado
livro, em que Allan Kardec
nos apresenta um resumo dos
pontos principais da
doutrina espírita:
“Os Espíritos não ocupam
perpetuamente a mesma
categoria. Todos se melhoram
passando pelos diferentes
graus da hierarquia
espírita. Esta melhora se
efetua por meio da
encarnação, que é imposta a
uns como expiação, a outros,
como missão. A vida material
é uma prova que lhes cumpre
sofrer repetidamente, até
que hajam atingido a
absoluta perfeição moral.” (O
Livro dos Espíritos,
Introd., VI.)
Outra referência ao termo
expiação verificou-se no
final do resumo a que nos
reportamos:
“... (eles) ensinam também
não haver faltas
irremissíveis, que a
expiação não possa apagar.
Meio de consegui-lo encontra
o homem nas diferentes
existências que lhe permitem
avançar, conformemente aos
seus desejos e esforços, na
senda do progresso, para a
perfeição, que é o seu
destino final.” (Obra
citada, ibidem.)
A partir daí o termo
expiação aparece 37 vezes ao
longo das questões que
constituem O Livro dos
Espíritos, a saber:
questões ou itens n. 113,
132, 167, 178, 199, 224,
246, 262, 264, 267, 273,
313, 337, 373, 374, 399,
602, 676, 720, 724, 746,
770, 872, 891, 920, 931,
934, 940, 949, 953, 983,
984, 986, 987, 998, 999 e
1.013, fato que nos parece
natural tendo em vista a
natureza do mundo em que
vivemos – um planeta de
expiação e provas, como é
expressamente dito na
questão 931 d´O Livro dos
Espíritos e no cap. III,
item 4, d´O Evangelho
segundo o Espiritismo.
Apesar da natureza do nosso
orbe, Kardec, reportando-se
à condição da Terra, fez uma
observação importante que é
preciso aqui recordar:
“Não há crer, no entanto,
que todo sofrimento
suportado neste mundo denote
a existência de uma
determinada falta. Muitas
vezes são simples provas
buscadas pelo Espírito para
concluir a sua depuração e
ativar o seu progresso.
Assim, a expiação serve
sempre de prova, mas nem
sempre a prova é uma
expiação. Provas e
expiações, todavia, são
sempre sinais de relativa
inferioridade, porquanto o
que é perfeito não precisa
ser provado. Pode, pois, um
Espírito haver chegado a
certo grau de elevação e,
nada obstante, desejoso de
adiantar-se mais, solicitar
uma missão, uma tarefa a
executar, pela qual tanto
mais recompensado será, se
sair vitorioso, quanto mais
rude haja sido a luta. Tais
são, especialmente, essas
pessoas de instintos
naturalmente bons, de alma
elevada, de nobres
sentimentos inatos, que
parece nada de mau haverem
trazido de suas precedentes
existências e que sofrem,
com resignação toda cristã,
as maiores dores, somente
pedindo a Deus que as possam
suportar sem murmurar.” (O
Evangelho segundo o
Espiritismo, cap. V,
item 9.)
Inerente, como vimos, à
condição dos habitantes da
Terra, não é difícil
compreender, lendo as obras
de Kardec acima citadas, que
a expiação nem sempre se
manifesta com objetivo de
ajuste ou punição, visto que
em muitos casos trata-se
apenas de uma medida
educativa, o que nos parece
muito claro no ensinamento
abaixo reproduzido:
262, “a” – Quando o Espírito
goza do livre-arbítrio, a
escolha da existência
corporal dependerá sempre
exclusivamente de sua
vontade, ou essa existência
lhe pode ser imposta, como
expiação, pela vontade de
Deus?
“Deus sabe esperar, não
apressa a expiação. Todavia,
pode impor certa existência
a um Espírito, quando este,
pela sua inferioridade ou má
vontade, não se mostra apto
a compreender o que lhe
seria mais útil, e quando vê
que tal existência servirá
para a purificação e o
progresso do Espírito, ao
mesmo tempo que lhe sirva de
expiação.” (O Livro dos
Espíritos, questão 262
“a”.)
Além da tolerância
mencionada no trecho acima,
é bom lembrar que a bondade
de Deus se nos revela
também, atenuando os rigores
de uma possível expiação, ao
admitir que o mal que
praticamos possa ser, pelo
menos em parte, anulado pelo
bem que fazemos, como o
apóstolo Pedro nos ensina em
sua primeira carta
apostólica:
“Antes de tudo, mantende
entre vós uma ardente
caridade, porque a caridade
cobre a multidão dos
pecados.” (1ª Pedro 4:8.)
É como Divaldo Franco
costuma dizer em suas
palestras: “O bem que
fazemos anula o mal que
fizemos”.
Nosso futuro, feliz ou
infeliz, depende, pois,
exclusivamente de nós e de
nosso comportamento perante
Deus, perante o próximo e
perante nós mesmos.
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