Chico andava triste com o
falecimento de seu ex-patrão
e amigo. Sentindo-se
adoecido e frágil, é
considerado tuberculoso, tão
fraco e febril estava.
Corria o ano de 1940.
Em certa manhã ensolarada,
vendo-o tão triste, sentado
à entrada da porta,
Emmanuel, seu dedicado Guia,
põe-lhe a mão no ombro e
diz: Chico, procure reagir,
senão você falirá. e se
chegar agora aqui,
desencarnado, chegará
inegavelmente como um homem
de bem, porque já realizou
algo, mas deixará por fazer
muita coisa prometida e nos
colocará em situação
sobremodo delicada, pois que
levamos anos a organizar os
planos de sua reencarnação.
Procure, pois, reagir. “a
tristeza”, meu filho, é
“cupim do coração”, traz
moléstia grave. Muitas
doenças têm como causa um
movimento explosivo de
cólera, um aborrecimento, um
atrito, um ato de revolta,
um desejo insatisfeito. São
os rins que se tocam, é o
coração que recebe, em
cheio, a punhalada de um
ódio, é o fígado que todo se
ingurgita com a angústia de
um orgulho ofendido, são os
pulmões que se mostram
enfraquecidos, por falta do
oxigênio de nosso otimismo,
da nossa confiança em nós
mesmos e em Deus.
Amanhã irei mostrar-lhe a
“fazenda do pai”, a
“natureza”, para que você a
sinta, compreenda e possa
dela traduzir a mensagem
amorosa e retirar os
remédios mais santos e
eficientes para curar-se,
ser mais útil e feliz. E se
você como penso, assimilar o
que lhe vou mostrar, para
certificar-se de que o bem
que fazemos é o nosso bem,
que quem dá recebe mais,
ficará curado, porque vai
mudar de vida, agir de outra
forma.
E na manhã seguinte, de
fato, Emmanuel ensinou ao
Chico, primeiramente, a
orar, mesmo com o rádio
trabalhando alto, rádio com
que o presenteara o irmão
Figner. Ensinou-lhe, depois,
a tomar vagarosamente o café
da manhã, a fim de
“senti-lo” e analisar seu
plantio, a sua colheita, a
sua história, tocante; e
assim fez com o pão,
traduzindo-lhe a lição
magistral.
Depois partiu para o
trabalho, ainda acompanhado
do bondoso conselheiro e
amigo, atendendo e
correspondendo, atenciosa e
alegremente, como era
aconselhado, a todos os
cumprimentos, principalmente
quando de um “vá com Deus”,
“Deus lhe pague”, “Deus lhe
ajude”, saídos dos corações
que beneficiamos e que são
luzes que entram pela nossa
alma, sentimentos de paz que
chegam ao nosso coração como
remédios curadores. E
caminho afora, nessa manhã
clara de sol, o abnegado
Emmanuel foi mostrando-lhe
todos os valores da “fazenda
do pai”.
Cada pormenor do valioso
patrimônio apresentava, com
a explicação dada, uma
significação particular. A
árvore, o caminho, a nuvem,
a poeira, que é o “mata
borrão” dos charcos,
simbolizando uns o desvelo
do homem e outros, a
misericórdia de Deus; o
frio, a ponte, que serve a
pobres e ricos, a maus e
bons, que tem uma serventia.
Chico, você já foi ponte
para alguém? pergunta-lhe o
caro Emmanuel.
E ele, sem saber como
responder ao iluminado Guia,
cala-se e vai guardando os
ensinos recebidos, com amor,
atenção e respeito. Em
sonho, recebe a graça final.
E dias depois, como previra
Emmanuel, o querido irmão
está curado, forte, alegre e
feliz.
Do livro
Lindos casos de Chico Xavier,
de Ramiro Gama.
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