A Vida no Outro Mundo
Cairbar
Schutel
Parte 16
Continuamos nesta edição
o estudo metódico e
sequencial do livro A
Vida no Outro Mundo,
de autoria de Cairbar
Schutel, publicado
originalmente em 1932
pela Casa Editora O
Clarim, de Matão (SP).
Questões preliminares
A. Como explicar as
convulsões da agonia que
se observam, às vezes,
no momento da morte?
Essas convulsões são
indícios da luta do
Espírito que, às vezes,
procura romper os elos
resistentes, e, em
outras, se agarra ao
corpo do qual uma força
irresistível o arrebata
com violência, molécula
por molécula. Quanto
menos vê o Espírito além
da vida corporal, tanto
mais se lhe apega, e,
assim, sente que ela lhe
foge e quer retê-la; em
vez de se abandonar ao
movimento que o empolga,
resiste com todas as
forças e pode mesmo
prolongar a luta por
dias, semanas e meses
inteiros. (A Vida no
Outro Mundo – Cap. XIV -
O Passamento.)
B. Há Espíritos que,
mesmo após a
desencarnação, pensam
que não morreram e
acreditam que continuam
a viver em um corpo
material?
Sim. Na morte violenta,
por exemplo, o
desprendimento da alma
só começa depois da
morte e não pode
completar-se
rapidamente. O Espírito,
colhido de improviso,
fica como que aturdido,
e sente, e pensa, e
acredita-se vivo,
prolongando-se esta
ilusão até que
compreenda seu estado.
Este estado
intermediário entre a
vida corporal e a
espiritual é dos mais
interessantes, porque
apresenta o espetáculo
singular de um Espírito
que julga material o seu
corpo fluídico,
experimentando, ao mesmo
tempo, todas as
sensações da vida
orgânica! (A Vida no
Outro Mundo – Cap. XIV -
O Passamento.)
C. De forma didática,
como definir o estado do
Espírito por ocasião da
morte?
Esse estado pode ser
assim resumido: - Tanto
maior é o sofrimento,
quanto mais lento for o
desprendimento do
perispírito; a presteza
deste desprendimento
está na razão direta do
adiantamento moral do
Espírito; para o
Espírito
desmaterializado, de
consciência pura, a
morte é qual um sono
breve, isento de agonia,
e cujo despertar é
suavíssimo. (A Vida
no Outro Mundo – Cap.
XIV - O Passamento.)
Texto para leitura
198. Nos casos de morte
natural, o Espírito pode
já ter recuperado a sua
lucidez, de molde a
tornar-se testemunha
consciente da extinção
do corpo,
considerando-se feliz
por tê-lo deixado. Para
ele, a perturbação é
quase nula, ou antes,
não passa de ligeiro
sono calmo, do qual
desperta com indizível
impressão de esperança e
ventura. (A Vida no
Outro Mundo – Cap. XIV -
O Passamento.)
199. No homem
materializado e sensual,
que mais viveu do corpo
que do espírito, para o
qual a vida espiritual
nada significa, nem
sequer lhe toca o
pensamento, tudo
contribui para estreitar
os laços materiais.
Quando a morte se
aproxima, o
desprendimento,
conquanto se opere
gradualmente também,
demanda contínuos
esforços. (A Vida no
Outro Mundo – Cap. XIV -
O Passamento.)
200. As convulsões da
agonia são indícios da
luta do Espírito que, às
vezes, procura romper os
elos resistentes, e, em
outras, se agarra ao
corpo do qual uma força
irresistível o arrebata
com violência, molécula
por molécula. (A Vida
no Outro Mundo – Cap.
XIV - O Passamento.)
201. Quanto menos vê o
Espírito além da vida
corporal, tanto mais se
lhe apega, e, assim,
sente que ela lhe foge e
quer retê-la; em vez de
se abandonar ao
movimento que o empolga,
resiste com todas as
forças e pode mesmo
prolongar a luta por
dias, semanas e meses
inteiros. (A Vida no
Outro Mundo – Cap. XIV -
O Passamento.)
202. Claro que, nesse
momento, o Espírito não
possui toda a lucidez,
visto como a perturbação
de muito se antecipou à
morte; mas nem por isso
sofre menos, e o vácuo
em que se acha, e a
incerteza do que lhe
sucederá, agravam-lhe as
angústias. (A Vida no
Outro Mundo – Cap. XIV -
O Passamento.)
203. Chega, então, a
morte, e nem por isso
está tudo terminado; a
perturbação continua,
ele sente que vive, mas
não define se material
ou espiritualmente, e
luta, e luta ainda, até
que as últimas ligações
do perispírito se tenham
de todo rompido. A morte
pôs termo à moléstia
efetiva, mas não lhe
sustou as consequências
e, enquanto existirem
pontos de contato do
perispírito com o corpo,
o Espírito se ressentirá
e sofrerá com as suas
impressões. (A Vida
no Outro Mundo – Cap.
XIV - O Passamento.)
204. Bem diversa é a
situação do Espírito
desmaterializado, mesmo
nas enfermidades mais
cruéis! Sendo frágeis os
laços fluídicos que o
prendem ao corpo,
desfazem-se suavemente;
depois, a confiança do
futuro entrevisto em
pensamento ou na
realidade, como sucede
algumas vezes, fá-lo
encarar a morte qual
redenção, e, as suas
consequências, como
prova, advindo-lhe daí
uma calma resignada, que
lhe ameniza o
sofrimento. Após a
morte, rotos os laços,
nem uma só reação
dolorosa existe que o
afete; o despertar é
lépido, desembaraçado;
por sensações únicas, o
alívio, a alegria! (A
Vida no Outro Mundo –
Cap. XIV - O Passamento.)
205. Na morte violenta,
as sensações não são
precisamente as mesmas.
Nenhuma desagregação
inicial se deu com
vistas à separação do
perispírito, ao passo
que a vida orgânica em
plena exuberância de
força é, subitamente,
aniquilada. (A Vida
no Outro Mundo – Cap.
XIV - O Passamento.)
206. Nestas condições, o
desprendimento só começa
depois da morte e não
pode completar-se
rapidamente. O Espírito,
colhido de improviso,
fica como que aturdido,
e sente, e pensa, e
acredita-se vivo,
prolongando-se esta
ilusão até que
compreenda o seu estado.
(A Vida no Outro
Mundo – Cap. XIV - O
Passamento.)
207. Este estado
intermediário entre a
vida corporal e a
espiritual é dos mais
interessantes, porque
apresenta o espetáculo
singular de um Espírito
que julga material o seu
corpo fluídico,
experimentando, ao mesmo
tempo, todas as
sensações da vida
orgânica! Além disso,
dentro desse caso, há
uma série infinita de
modalidades, que variam
segundo os conhecimentos
e progressos morais do
Espírito. (A Vida no
Outro Mundo – Cap. XIV -
O Passamento.)
208. Para aqueles que se
purificam em alto grau,
a situação pouco dura,
porque já possuem, em
si, como que um
desprendimento
antecipado, cujo termo a
morte mais súbita não
faz senão apressar.
Outros há para os quais
a situação se prolonga
por anos inteiros. É
situação, aliás, muito
frequente, até nos casos
de morte comum, que,
nada tendo de penosa
para Espíritos
adiantados, torna-se
horrível para os
atrasados. (A Vida no
Outro Mundo – Cap. XIV -
O Passamento.)
209. No suicida,
principalmente, excede
toda a expectativa.
Preso ao corpo por todas
as suas fibras, o
perispírito faz
repercutir, no Espírito,
todas as sensações
daquele, com sofrimentos
cruciantes. (A Vida
no Outro Mundo – Cap.
XIV - O Passamento.)
210. O estado do
Espírito, por ocasião da
morte, pode então ser
assim resumido: - Tanto
maior é o sofrimento,
quanto mais lento for o
desprendimento do
perispírito; a presteza
deste desprendimento
está na razão direta do
adiantamento moral do
Espírito; para o
Espírito
desmaterializado, de
consciência pura, a
morte é qual um sono
breve, isento de agonia,
e cujo despertar é
suavíssimo. (A Vida
no Outro Mundo – Cap.
XIV - O Passamento.)
211. Para que cada qual
trabalhe na sua
purificação, reprima as
más tendências e domine
as paixões, abdicando
das vantagens imediatas
em prol do futuro, não
basta crer, mas
compreender. Devemos
considerar esta vida sob
um ponto de vista que
satisfaça, ao mesmo
tempo, a razão, a
lógica, o bom senso e o
conceito em que temos a
grandeza, a bondade, e a
justiça de Deus. (A
Vida no Outro Mundo –
Cap. XIV - O Passamento.)
212. Considerado deste
ponto de vista, o
Espiritismo, pela fé
inabalável que insinua,
é, de quantas doutrinas
filosóficas conhecemos,
a que exerce mais
poderosa influência. O
espírita sério não se
limita a crer, porque
compreende, e compreende
porque raciocina; a vida
futura é uma realidade
que se desenrola
incessantemente a seus
olhos; uma realidade que
ele toca e vê, por assim
dizer, a cada passo, de
modo que a dúvida não
pode empolgá-lo, ou ter
guarida em sua alma.
(A Vida no Outro Mundo –
Cap. XIV - O
Passamento.)
213. A vida corporal,
tão limitada,
amesquinha-se diante da
vida espiritual, da
verdadeira vida. Que lhe
importam os incidentes
da jornada se ele
compreende a causa e
utilidade das
vicissitudes humanas,
quando suportadas com
resignação? A alma
eleva-se-lhe nas
relações com o mundo
invisível; os laços
fluídicos, que o ligam à
matéria, enfraquecem-se,
operando-se, por
antecipação, um
desprendimento parcial
que facilita a passagem
outra vida. A
perturbação consequente
à transição pouco
perdura, porque, uma vez
franqueada o passado,
logo se reconhece no seu
novo estado, nada
estranhando, antes
compreendendo a situação
em que se encontra.
(A Vida no Outro Mundo –
Cap. XIV - O Passamento.)
214. Com certeza, não é
só o Espiritismo que nos
assegura tão auspicioso
resultado, nem ele tem a
pretensão de ser o meio
exclusivo, a garantia
única de salvação para
as almas. Força é
confessar, porém, que
pelos conhecimentos que
fornece, pelos
sentimentos que inspira,
como pelas disposições
em que coloca o
Espírito, fazendo-lhe
compreender a
necessidade de
melhorar-se, facilita
enormemente a salvação.
(A Vida no Outro
Mundo – Cap. XIV - O
Passamento.)
215. E ele dá algo mais,
e a cada um: os meios de
facilitar o
desprendimento de outros
Espíritos ao deixarem o
invólucro material,
abreviando-lhes a
perturbação pela
evocação e pela prece.
Pela prece sincera, que
é magnetização
espiritual, provoca-se a
desagregação mais rápida
do fluido perispiritual;
pela evocação
criteriosa, sábia,
prudente, com palavras
de benevolência e
conforto, combate-se o
entorpecimento do
Espírito, ajudando-o a
reconhecer-se mais cedo,
e, se é sofredor,
insinua-se-lhe o
arrependimento, único
meio de abreviar os seus
sofrimentos. (A Vida
no Outro Mundo – Cap.
XIV - O Passamento.) (Continua no próximo
número.)
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