Damos continuidade nesta edição ao estudo do livro Obras Póstumas, publicado depois da desencarnação de Allan Kardec, mas composto com textos de sua autoria. O presente estudo baseia-se na tradução feita pelo Dr. Guillon Ribeiro, publicada pela editora da Federação Espírita Brasileira.
Questões para debate
41. Têm os Espíritos um corpo fluídico que sobrevive à morte corpórea?
42. Qual é a função do perispírito?
43. Onde na criatura humana se localiza o perispírito?
44. Qual o papel do perispírito na vida de uma pessoa?
45. As manifestações dos Espíritos são sempre espontâneas?
46. O perispírito pode tornar-se visível aos nossos olhos?
47. O perispírito tem também, além da invisibilidade, o atributo de penetrabilidade?
48. Quais são as manifestações visuais mais comuns?
49. A aparição pode tornar-se tangível?
50. Pode o Espírito aparecer a uma única pessoa dentre várias então presentes?
Respostas às questões propostas
41. Têm os Espíritos um corpo fluídico que sobrevive à morte corpórea?
Sim. Eles têm um corpo fluídico ao qual se dá o nome de perispírito. Sua substância é haurida no fluido universal, ou cósmico, que o forma e o alimenta, como o ar forma e alimenta o corpo material do homem. O perispírito é mais ou menos etéreo segundo os mundos e segundo o grau de depuração do Espírito. Nos mundos dos Espíritos inferiores, a sua natureza é mais grosseira e se aproxima mais da matéria bruta. O Espírito conserva seu perispírito durante a encarnação; o corpo não é para ele senão um segundo envoltório mais grosseiro, mais resistente, apropriado às funções que deve cumprir, e do qual ele se despoja na morte. (Obras Póstumas, O perispírito como princípio das manifestações.)
42. Qual é a função do perispírito?
Ele é o intermediário entre o Espírito e o corpo; é o órgão de transmissão de todas as sensações. Para aquelas que vêm do exterior, pode-se dizer que o corpo recebe a impressão, o perispírito a transmite, e o Espírito, o ser sensível e inteligente, a recebe. Quando o ato parte da iniciativa do Espírito, pode-se dizer que o Espírito quer, o perispírito transmite, e o corpo executa. (Obras Póstumas, O perispírito como princípio das manifestações.)
43. Onde na criatura humana se localiza o perispírito?
Ele não está encerrado nos limites do corpo, como numa caixa. Dada a sua natureza fluídica, ele é expansível, irradia-se ao redor e forma em torno do corpo uma atmosfera que o pensamento e a força de vontade podem estender mais ou menos; de onde se segue que as pessoas que, de nenhum modo, não estão em contato corporal, podem estar pelo seu perispírito e transmitir-se impressões e mesmo a intuição dos seus pensamentos. (Obras Póstumas, O perispírito como princípio das manifestações.)
44. Qual o papel do perispírito na vida de uma pessoa?
Sendo um dos elementos constitutivos do homem, o perispírito desempenha um papel importante em todos os fenômenos psicológicos e, até certo ponto, nos fenômenos fisiológicos e patológicos. É por meio do perispírito que os Espíritos agem sobre a matéria inerte e produzem os diferentes fenômenos das manifestações, tais como pancadas e ruídos de todas as espécies, levantamento de objetos, transportados ou projetados no espaço. (Obras Póstumas, O perispírito como princípio das manifestações.)
45. As manifestações dos Espíritos são sempre espontâneas?
Não. Podem ser também provocadas. As espontâneas ocorrem inopinadamente e de improviso, e se produzem, frequentemente, nas pessoas mais estranhas às ideias espíritas. Em certos casos, e sob o império de certas circunstâncias, as manifestações podem ser provocadas pela vontade, sob a influência de pessoas dotadas, para esse efeito, de faculdades especiais. (Obras Póstumas, O perispírito como princípio das manifestações.)
46. O perispírito pode tornar-se visível aos nossos olhos?
Sim. Por sua natureza, e em seu estado normal, o perispírito é invisível, e tem isso em comum com uma multidão de fluidos que sabemos existir e que, entretanto, jamais vimos; mas ele pode também, do mesmo modo que certos fluidos, sofrer modificações que o tornam perceptível à visão, seja por uma espécie de condensação, seja por uma mudança na disposição molecular. Ele pode mesmo adquirir as propriedades de um corpo sólido e tangível, e instantaneamente retomar seu estado etéreo e invisível. Esses diferentes estados do perispírito são o resultado da vontade do Espírito, e não de uma causa física exterior, como no gás. Quando um Espírito aparece, é que ele coloca o seu perispírito no estado necessário para torná-lo visível. Mas a sua vontade nem sempre basta: é necessário, para que essa modificação do perispírito possa se operar, um concurso de circunstâncias independentes dele; é necessário, por outro lado, que o Espírito tenha a permissão de se fazer ver por tal pessoa, o que nem sempre lhe é concedido, ou não o é senão em certas circunstâncias, por motivos que não podemos apreciar. (Obras Póstumas, Manifestações visuais.)
47. O perispírito tem também, além da invisibilidade, o atributo de penetrabilidade?
Sim. Devido à sua natureza etérea, detém ele o atributo da penetrabilidade, ou seja, nenhuma matéria lhe constitui obstáculo; ele as atravessa todas, como a luz atravessa os corpos transparentes. É por isso que não há clausura que possa se opor à entrada dos Espíritos; eles vão visitar o prisioneiro em seu cárcere tão facilmente quanto a um homem que está no meio dos campos. (Obras Póstumas, Manifestações visuais.)
48. Quais são as manifestações visuais mais comuns?
As mais comuns ocorrem no sono, por intermédio dos sonhos: são as visões. As aparições propriamente ditas ocorrem no estado de vigília, e se apresentam, geralmente, sob uma forma vaporosa e diáfana, algumas vezes vagas e indecisas; de outras vezes, nitidamente acentuadas, a ponto de se poder fazer dela uma descrição muito precisa. Os passos, o aspecto são semelhantes ao que era o Espírito quando encarnado. Mas, podendo tomar todas as aparências, o Espírito pode se apresentar sob aquela que melhor pode fazê-lo reconhecer-se, se tal é o seu desejo. Também, ainda que, como Espírito, não tenha nenhuma enfermidade corpórea, pode mostrar-se estropiado, coxo, ferido, com cicatrizes, se isso for necessário à sua identificação. (Obras Póstumas, Manifestações visuais.)
49. A aparição pode tornar-se tangível?
Sim. Pode ela ter todas as aparências de um corpo sólido, a ponto de produzir uma ilusão completa e de fazer crer que se está diante de um ser corpóreo. Em alguns casos, e sob o império de certas circunstâncias, a tangibilidade pode tornar-se real, quer dizer, que se pode tocar, apalpar, sentir a mesma resistência, o mesmo calor que da parte de um corpo vivo, o que não impede de se desvanecer com a rapidez do raio. (Obras Póstumas, Manifestações visuais.)
50. Pode o Espírito aparecer a uma única pessoa dentre várias então presentes?
Pode. Isso se explica pela necessidade, para que o fenômeno se produza, de haver uma combinação entre o fluido perispiritual do Espírito e o da pessoa. É preciso, para isso, que haja entre esses fluidos uma espécie de afinidade que favoreça a combinação; se o Espírito não encontra a aptidão orgânica necessária, o fenômeno da aparição pode não se reproduzir. Se a aptidão existe, o Espírito está livre para aproveitá-la ou não; de onde resulta que, se duas pessoas igualmente dotadas sob esse aspecto se encontrem juntas, o Espírito pode operar a combinação fluídica com apenas uma delas, não o fazendo com a outra, que então não o verá. (Obras Póstumas, Manifestações visuais.)