Uma leitora de Minas Gerais,
que nos solicitou ficasse no
anonimato, enviou-nos a
seguinte pergunta: "Os
Espíritos das trevas podem
ou conseguem
comandar/dirigir um processo
reencarnatório?"
Antes de responder-lhe,
consultamos alguns
colaboradores de nossa
revista que se notabilizam
pelo seu profundo
conhecimento das obras
básicas e complementares da
doutrina espírita. A
resposta que ora damos à
leitora é, pois, uma síntese
dos estudos que fizemos, com
a importante participação
dos estudiosos a que nos
referimos.
A finalidade da reencarnação
está explicitada nas
questões 166 a 171 d´O
Livro dos Espíritos, de
Allan Kardec, adiante
reproduzidas:
166. Como pode a alma, que
não alcançou a perfeição
durante a vida corpórea,
acabar de depurar-se?
“Sofrendo a prova de uma
nova existência.”
a) Como realiza essa nova
existência? Será pela sua
transformação como Espírito?
“Depurando-se, a alma
indubitavelmente experimenta
uma transformação, mas para
isso necessária lhe é a
prova da vida corporal.”
b) A alma passa então por
muitas existências
corporais?
“Sim, todos contamos muitas
existências. Os que dizem o
contrário pretendem
manter-vos na ignorância em
que eles próprios se
encontram. Esse o desejo
deles.”
c) Parece resultar desse
princípio que a alma, depois
de haver deixado um corpo,
toma outro, ou, então, que
reencarna em novo corpo. É
assim que se deve entender?
“Evidentemente.”
167. Qual o fim objetivado
com a reencarnação?
“Expiação, melhoramento
progressivo da Humanidade.
Sem isto, onde a justiça?”
168. É limitado o número das
existências corporais, ou o
Espírito reencarna
perpetuamente?
“A cada nova existência, o
Espírito dá um passo para
diante na senda do
progresso. Desde que se ache
limpo de todas as impurezas,
não tem mais necessidade das
provas da vida corporal.”
169. É invariável o número
das encarnações para todos
os Espíritos?
“Não; aquele que caminha
depressa, a muitas provas se
forra. Todavia, as
encarnações sucessivas são
sempre muito numerosas,
porquanto o progresso é
quase infinito.”
170. O que fica sendo o
Espírito depois da sua
última encarnação?
“Espírito bem-aventurado;
puro Espírito.”
171. Em que se funda o dogma
da reencarnação?
“Na justiça de Deus e na
revelação, pois
incessantemente repetimos: o
bom pai deixa sempre aberta
a seus filhos uma porta para
o arrependimento. Não te diz
a razão que seria injusto
privar para sempre da
felicidade eterna todos
aqueles de quem não dependeu
o melhorarem-se? Não são
filhos de Deus todos os
homens? Só entre os egoístas
se encontram a iniquidade, o
ódio implacável e os
castigos sem remissão.”
Nota-se com facilidade que a
reencarnação tem por fim o
progresso da criatura humana
e, como tal, se insere na
Lei de Justiça, que é
supervisionada por Espíritos
superiores, prepostos de
Jesus, modelo e guia da
Humanidade e governador
espiritual do mundo em que
vivemos.
Caso não existisse o
processo reencarnatório,
verificar-se-ia a estagnação
no processo evolutivo, visto
que aspectos importantes e
mesmo fundamentais na
aquisição do conhecimento e
no aprimoramento do
sentimento só podemos
encontrar nas experiências
relativas ao estado de
encarnação. O
envelhecimento, as doenças,
os desafios do lar, a luta
pelo pão de cada dia, as
filas, o desemprego, a perda
dos entes queridos e a
própria morte corpórea – eis
exemplos de fatos ou
acontecimentos só possíveis
nas experiências
reencarnatórias.
A reencarnação tem, pois, um
propósito definido que
jamais será de punição ou
castigo, mas de
oportunidades com vistas ao
melhoramento da criatura
humana, ainda que esse
objetivo necessite
eventualmente, para
operar-se, do contributo da
dor.
Encontra-se, assim, a
reencarnação, em sua
generalidade, ligada aos
planos superiores que
regulam a vida do planeta, o
que não exclui a hipótese de
estar o processo
reencarnatório, em alguns
casos, enraizado nos planos
inferiores, como é
mencionado pelo Instrutor
Druso no cap. 3 do livro
Ação e Reação, obra
mediúnica escrita por André
Luiz por intermédio de
Francisco Cândido Xavier. A
uma pergunta de André Luiz –
se há reencarnações em
perfeita conexão com os
planos infernais – Druso
afirmou que sim, explicando
que tais renascimentos na
carne possuem geralmente
característicos de trabalho
expiatório, sendo tais
empreendimentos planejados e
executados a partir dali
mesmo, ou seja, da colônia
espiritual onde eles se
encontravam, por benfeitores
credenciados para agir e
ajudar em nome do Senhor.
Em outro livro de sua lavra
– Missionários da Luz,
cap.12 – André Luiz nos
informa que grande
percentagem de reencarnações
na Crosta se processa em
moldes padronizados para
todos, no campo de
manifestações puramente
evolutivas. Evidentemente,
boa parte não obedece ao
mesmo programa, motivo pelo
qual as colônias espirituais
mais elevadas mantêm
serviços especiais para a
reencarnação de
trabalhadores e
missionários.
Quanto à questão proposta
pela leitora, entendemos que
pode haver, sim,
reencarnações programadas em
conexão com as trevas. Mas,
por trás do fato, sem que
seus condutores o saibam,
existe sempre,
supervisionando o processo,
a ação dos Espíritos
protetores.
Divaldo Franco, no seminário
Tormentos da Obsessão,
baseado na obra de Manoel
Philomeno de Miranda, narra
um fato interessante
pertinente ao tema:
Faz muitos anos, eu estava
psicografando o livro
Dimensões da Verdade, de
Joanna de Ângelis, e há um
capítulo muito curioso nesse
livro (penso que é o 4º
capítulo) em que Joanna de
Ângelis narra que muitas
vezes entidades são
programadas para
reencarnarem em meios nobres
para criarem embaraços. E
que essas entidades seriam
encarnadas por técnicos
espirituais afeiçoados à
perversidade. Tratar-se-ia
de espíritos muito
intelectualizados, sem
desenvolvimento moral, que
enviariam à Terra os seus
cômpares para criarem
situações embaraçosas. Por
exemplo: determinada
doutrina do pensamento
aparece, enriquecedora para
a humanidade e esses
espíritos reencarnariam para
torpedeá-la, criarem
dissensões, divisões, para
gerarem controvérsias dentro
daquela doutrina. No caso em
tela, o Espiritismo é uma
doutrina libertadora e uma
pessoa dita espírita se
apegaria a determinados
ângulos só para criar
embaraços. São aqueles aos
quais chamamos “donos da
verdade”. Só eles é que
sabem tudo. Só eles é que
são dignos de respeito e de
méritos. Sua função é vigiar
os outros, mas não fazem
nada. Podem ser excelentes
intelectuais, porém jamais
desceram do trono da sua
vacuidade para serem
humanos, para estenderem a
mão, para participar.
Então dizia Joanna de
Ângelis, àquela época, que
indivíduos que tais estavam
vinculados a estes grandes
mentores da perversidade e
eram por eles reencarnados.
Isso me criou um pouco de
confusão mental. Mas eu
aceitei e aguardei o tempo.
Oportunamente, conhecendo
determinado cidadão e
vendo-lhe a forma de
interpretar os conceitos
lógicos do Espiritismo, a
maneira como ele complicava
a coisa e como era armado
contra tudo e contra todos,
perguntei-lhe:
— O senhor é mesmo espírita?
O senhor leu, por acaso, “O
Evangelho segundo o
Espiritismo”?
E ele respondeu-me:
— Não me venha para cá com
"O Evangelho segundo o
Espiritismo"! Allan Kardec
escreveu essa obra para
agradar a Igreja...
Então voltei a perguntar:
—- E “O Livro dos
Espíritos”? O senhor já leu?
Ele disse-me enfaticamente:
— Ah! Esse é fundamental!
Eu então redargui:
— Mas Jesus está lá, meu
senhor... Todo o terceiro
livro, que são as Leis
Morais, é daí que saiu o
Evangelho! E o quarto livro,
donde nascem as esperanças e
consolações, nos dão as
obras terminais,
especialmente “A Gênese” no
seu caráter interpretativo
das lições de Jesus...
Ele então me olhou com um
certo escárnio, tão cruel
que me desmontou.
Nesse momento Joanna me
disse: - É um dos que foram
programados para criar
embaraços...
Então ele havia sido
programado por entidades
perversas.
Em uma reunião mediúnica
nossa, ela trouxe um dos
técnicos desencarnados para
se comunicar. O doutrinador
ficou embaraçado. Ele
impedia que o doutrinador
falasse, exibia uma
argumentação muito volumosa
no som, mas sem nenhum
conteúdo e, quando ele se
afastou, Joanna me disse que
ele tinha a pretensão de ser
um programador de
reencarnação. Só que ele é o
efeito da Bondade Divina.
Acima dele está a
Misericórdia Divina que o
permite, pois as criaturas o
necessitam.
Então estava claro: Ele
poderia agir porque o Senhor
da Vida permite que assim
seja, face as nossas
necessidades. Então não
seria de estranhar que esses
espíritos perversos,
provindos de regiões de
muita maldade, que os
católicos chamam de inferno,
se acreditem possuidores de
uma força incomum. No
entanto, possuem-na porque
lhes é concedida
temporariamente para que se
tornem agentes da Lei. Eles
são os braços da Lei Maior
em ação, até quando à Lei ou
a Deus interesse esse
processo. Ao final, esses
espíritos também serão
“absorvidos” pela
reencarnação. Daí os
obsessores reencarnam-se
como qualquer um de nós
outros.
Esperamos que as explicações
acima possam contribuir de
alguma forma para o
esclarecimento da leitora e
de todos os que se
interessem pelo tema
examinado.
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