Chico trocava cartas
frequentemente com o então
presidente da FEB Sr.
Wantuil e em muitas ocasiões
manifestou sua preocupação
quanto ao avanço da Doutrina
Espírita. Preocupações
ainda recorrentes nos dias
de hoje! Em uma dessas
cartas, escrita em 31 de
julho de 1946, refere Chico
a Wantuil:
“[...] Continuo fazendo
votos a Deus para que tudo
aí se processe calmamente.
Sentindo a delicadeza da
hora que atravessamos, rogo
a Jesus nos guie na luta e
te inspire na ação. Tenho
receio de que se forme uma
ala de descontentes e
revoltados em torno de tua
administração que vem
produzindo tantos frutos
benéficos e substanciais.
Encontro-me, porém, em
prece, pedindo ao Alto nos
ajude e ilumine a todos
[...]”.
Seis dias depois, Chico
escreve novamente a Wantuil
e, logo no início, refere-se
às preocupações de ambos em
relação à Assembleia da FEB
que se aproximava.
Reconhece, mais do que
ninguém, os frutos benéficos
e substanciais que a
administração de Wantuil de
Freitas produz.
Este fato o leva a recear
que se forme uma ala de
descontentes e revoltados,
pois sabe-se, que quando o
trabalhador se empenha e
persevera na obra do bem os
resultados positivos se
fazem sentir, mas logo
surgem aqueles que não se
afinam com tais resultados.
Que sempre pensam poder
fazer melhor. Que sentem
inveja e ciúme. Que se
revoltam por não serem
responsáveis pelo êxito. Ou,
ainda, aqueles que, tendo
uma outra ótica da tarefa,
não se conformam com os
métodos adotados.
Wantuil tem condições de
argumentar, sugerir e
modificar. Está à altura
dessa tarefa. E consoante o
espírito de liberdade
existente entre ambos,
quando não estão de acordo
sobre algum ponto não há
constrangimento nessa
discordância, mas, sim,
troca de ideias até que o
pensamento se harmonize para
o bom êxito do labor a que
se dedicam.
As tarefas dos dois, embora
diferentes, sempre se
completaram. Um exemplo até
hoje.
Do livro Testemunhos de
Chico Xavier, de Suely
Caldas Schubert, 2ª edição.
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